imported>DAR7 Sem resumo de edição |
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{{Não confundir|Mato Grosso do Sul}} | |||
{{desambigexplicada|o estado|Mato Grosso (desambiguação)}} | |||
{{Mais notas|data=junho de 2020}} | |||
{{Info/Estado do Brasil | |||
| nome = Mato Grosso | | nome = Mato Grosso | ||
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| | | descrição_brasão = Brasão de Mato Grosso | ||
| | | descrição_bandeira = Bandeira de Mato Grosso | ||
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| | | lema = Virtute Plusquam Auro | ||
(traduzido do latim, significa: "Pela virtude mais do que pelo ouro") | |||
| mapa = Brazil | | hino = [[Hino de Mato Grosso]] | ||
| localização = Mato Grosso in Brazil.svg | |||
| mapa = Brazil Mato Grosso location map.svg | |||
| região = Centro-Oeste | | região = Centro-Oeste | ||
| capital = Cuiabá | | capital = [[Cuiabá]] | ||
| vizinhos = [[ | | vizinhos = [[Amazonas]], [[Pará]], (N); [[Tocantins]], [[Goiás]] (L); [[Mato Grosso do Sul]] (S); [[Rondônia]] e [[Bolívia]] (O). | ||
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| governador = [[Mauro Mendes]] | |||
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| | | vice_governador = [[Otaviano Pivetta]] | ||
| | | partido_vice = [[Partido Democrático Trabalhista|PDT]] | ||
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| | | senador1 = [[Jayme Campos]] ([[União Brasil|UNIÃO]]) | ||
< | | senador2 = [[Carlos Fávaro]] ([[Partido Social Democrático (2011)|PSD]]) | ||
| | | senador3 = [[Wellington Fagundes]] ([[Partido da República|PL]]) | ||
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| | | população_estimada_ref= <ref name="IBGE_POP">{{Citar web |ultimo=IBGE |primeiro=IBGE |url=https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/mt.html |título=Estimativa Populacional 2021 |data=27 de agosto de 2021 |acessodata=28 de agosto de 2021 |publicado=ibge.gov.br}}</ref> | ||
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| gentílico = Mato-grossense | | gentílico = Mato-grossense | ||
| | |maior_cidade=Cuiabá}} | ||
'''Mato Grosso''' é uma das 27 [[unidades federativas do Brasil|unidades federativas]] do [[Brasil]]. Está localizado na [[Região Centro-Oeste do Brasil|região Centro-Oeste]]. Tem a porção norte de seu território ocupada pela [[região geoeconômica Amazônica do Brasil|Amazônia Legal]], sendo o sul do estado pertencente ao [[Região geoeconômica Centro-Sul do Brasil|Centro-Sul do Brasil]]. Extensas planícies e amplos planaltos dominam a área, sendo que a maior parte destes (cerca de 74%) se encontra abaixo dos seiscentos metros de altitude. [[Rio Juruena|Juruena]], [[Rio Manuel Teles Pires|Teles Pires]], [[Rio Xingu|Xingu]], [[Rio Araguaia|Araguaia]], [[Rio Paraguai|Paraguai]], [[Rio Guaporé]], [[Rio Piqueri|Piqueri]], [[Rio São Lourenço (Mato Grosso)|São Lourenço]], [[Rio das Mortes (Mato Grosso)|das Mortes]], [[Rio Vermelho (Mato Grosso)|Rio Vermelho]] e [[Rio Cuiabá|Cuiabá]] são os rios principais. | |||
Tem como limites os estados do [[Amazonas]], [[Pará]] (norte); [[Tocantins]], [[Goiás]] (leste); [[Mato Grosso do Sul]] (sul); [[Rondônia]] e a [[Bolívia]] (oeste), país vizinho. Ocupa uma área equivalente à da [[Venezuela]] e não muito menor do que a vizinha Bolívia. Mato Grosso está organizado em 22 microrregiões e cinco mesorregiões, dividindo-se em 141 municípios, sendo os mais populosos e importantes: a capital [[Cuiabá]], [[Várzea Grande (Mato Grosso)|Várzea Grande]], [[Rondonópolis]], [[Sinop]], [[Tangará da Serra]], [[Barra do Garças]] e [[Cáceres (Mato Grosso)|Cáceres]]. | |||
[[ | Pelo [[Tratado de Tordesilhas]] (de 7 de junho de 1494), o território do atual estado de Mato Grosso pertencia à [[Espanha]]. Os jesuítas, a serviço dos espanhóis, criaram os primeiros núcleos, de onde foram expulsos pelos [[bandeirantes]] paulistas em 1680. Em 1718, a descoberta do ouro acelerou o povoamento. Em 1748, para garantir a nova fronteira, [[Portugal]] criou a capitania de Mato Grosso e, lá, construiu um eficiente sistema de defesa. O [[Tratado de Madrid (1750)|Tratado de Madri]], de 1750, reconheceu as conquistas bandeirantes na região de Mato Grosso, para dirimir questões de limites entre [[Portugal]] e [[Espanha]]. Com a chegada dos seringueiros, pecuaristas e exploradores de erva-mate na primeira metade do século XIX, o estado retomou o desenvolvimento. Em 1977, a parte sul do estado foi legalmente desmembrada, formando, assim, um novo estado, [[Mato Grosso do Sul]], o que na prática só se daria em 1979. | ||
== História == | == História == | ||
{{artigo principal| | {{artigo principal|História de Mato Grosso}} | ||
===Colonização europeia=== | |||
[[Imagem:Configuração da chapada das minas do Mato Grosso.jpg|esquerda|thumb|Mapa do século XVIII da região]] | |||
O primeiro europeu a desbravar a área que viria a constituir o [[Unidades federativas do Brasil|estado]] de Mato Grosso foi o português [[Aleixo Garcia]] (há quem lhe atribua, sem provas decisivas, a nacionalidade [[Espanha|espanhola]]), náufrago da esquadra de [[Juan Díaz de Solís]]. Em 1525, ele atravessou a [[Mesopotâmia argentina|mesopotâmia]] formada pelos rios [[rio Paraná|Paraná]] e [[rio Paraguai|Paraguai]] e, à frente de uma expedição que chegou a contar com 2 000 homens, avançou até a [[Bolívia]]. De volta, com grande quantidade de prata e cobre, Garcia foi morto por índios [[paiaguás]]. [[Sebastião Caboto]] também penetrou na região em 1526 e subiu o Paraguai até alcançar o domínio dos [[guaranis]], com os quais travou relações de amizade e de quem recebeu, como presente, peças de metais preciosos. | |||
Os fantásticos relatos sobre imensas riquezas do interior do [[América do Sul|continente sul-americano]] acenderam as ambições de [[portugueses]] e [[espanhóis]]. Os primeiros, a partir de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], lançaram-se em audaciosas incursões, nas quais prepararam índios e alargaram as [[fronteira]]s do [[Brasil]]. As [[entradas e bandeiras|bandeiras paulistas]] chocaram-se com tropas espanholas do [[cabildo colonial|cabildo]] de [[Assunção]] e com resistência das missões jesuíticas. | |||
Desde 1632, os bandeirantes conheciam, de passagem e de lutas, a região onde os [[Companhia de Jesus|jesuítas]] haviam localizado as suas reduções de [[povo indígena|índios]] e que os espanhóis percorriam como terra sua. Antônio Pires de Campos chegou criança, em 1672, com a bandeira paterna, às depois famosas minas dos Martírios. Já adulto, retomou o caminho da serra misteriosa e navegou, de contracorrente, os rios [[rio Paraguai|Paraguai]] e [[Rio São Lourenço (Mato Grosso)|São Lourenço]], embicando [[Cuiabá]] acima, até o atual Porto de São Gonçalo Velho, onde se chocou com os índios coxiponés. | |||
===Corrida do ouro=== | |||
[[Ficheiro:Plano da capital de Vila Bela do Mato Grosso.jpg|thumb|esquerda|Mapa português para colonização de [[Vila Bela da Santíssima Trindade]], primeira capital da Capitania de Mato Grosso]] | |||
A notícia de índios pouco ariscos e descuidados logo se espalhou. Em 1718, um bandeirante de [[Sorocaba]], [[Pascoal Moreira Cabral Leme]], descendente de índios, subiu o [[Rio Coxipó]] até atingir a aldeia destruída dos coxiponés, onde deu início à rancharia de uma base de operações. Às margens do Coxipó e do [[rio Cuiabá|Cuiabá]], Cabral Leme descobriu abundante jazida de ouro. A caça ao índio cedeu vez, então, às atividades mineradoras. Em [[8 de abril]] de [[1719]], foi lavrado o termo de fundação do arraial de [[Cuiabá]], e aclamou-se Pascoal guarda-mor regente "para poder guardar todos os ribeiros de ouro, socavar, examinar, fazer composições com os mineiros e botar bandeiras, tanto aurinas, como ao inimigo bárbaro". | |||
A notícia da descoberta de [[ouro]] não tardou em transpor os sertões, dando motivo a uma corrida sem precedentes para o [[oeste]]. A viagem até [[Cuiabá]], distante mais de quinhentas léguas do [[litoral]] [[Oceano Atlântico|atlântico]], exigia de quatro a seis meses, e era arriscada e difícil em consequência do desconforto, das [[febre]]s e dos ataques indígenas.<ref>{{Citar web|url=https://www.academia.edu/23155128/Um_Governo_de_Engon%25C3%25A7os_Metr%25C3%25B3pole_e_Sertanistas_na_Expans%25C3%25A3o_dos_Dom%25C3%25ADnios_Portugueses_aos_Sert%25C3%25B5es_do_Cuiab%25C3%25A1_1721-1728_|titulo=Um Governo de Engonços: Metrópole e Sertanistas na Expansão dos Domínios Portugueses aos Sertões do Cuiabá (1721-1728)|acessodata=2016-03-12|obra=www.academia.edu}}</ref> Rodrigo César de Meneses, capitão-general da [[capitania de São Paulo]], chegou a Cuiabá no fim de 1726 e ali permaneceu cerca de um ano e meio. A localidade recebeu o título de [[Cuiabá|Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá]]. Constituiu-se a câmara e nomeou-se um corpo de funcionários encarregados de dar cumprimento ao rigoroso regulamento fiscal da coroa. Em 1729, foi criado o lugar de ouvidor. | |||
===Problemas de fronteiras=== | |||
[[Ficheiro:Brazil in 1709.svg|thumb|Divisão administrativa do Brasil após a [[Guerra dos Emboabas]].]] | |||
O [[Tratado de Madrid (1750)|Tratado de Madri]], de 1750, reconheceu as conquistas bandeirantes na região de Mato Grosso, para dirimir questões de limites entre [[Portugal]] e [[Espanha]]. Outro tratado, de 1761, modificou o anterior, ao proibir construções fortificadas na faixa de [[fronteira]]. Os espanhóis exigiram a evacuação de [[Santa Rosa (Rio Grande do Sul)|Santa Rosa]], ocupada e fortificada por [[Rolim de Moura]], que resolveu enfrentá-los. Travou-se luta, sem vantagem decisiva para nenhuma das partes. Afinal, os castelhanos se retiraram em 1766, já sob o governo do sucessor de Rolim, seu sobrinho João Pedro da Câmara. Expulsos os jesuítas das missões espanholas, em 1767, a situação tornou-se mais tranquila para Portugal. | |||
[[Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres]], que governou de 1772 a 1789, tomou, porém, a iniciativa de reforçar o esquema defensivo. Construiu, à margem do [[Rio Guaporé]], o Forte Real do Príncipe da Beira, no qual chegaram a trabalhar mais de duzentos obreiros e, no sul, sobre o [[Rio Paraguai]], abaixo do [[Rio Miranda]], o Presídio de Nova Coimbra. Fundou Vila Maria (mais tarde São Luís de Cáceres, ou simplesmente [[Cáceres (Mato Grosso)|Cáceres]]), Casalvasco, [[Salinas]] e Corixa Grande. Criticou severamente o novo tratado luso-espanhol de [[1777]] ([[Tratado de Santo Ildefonso]]) no tocante a Mato Grosso, por achar que encerrava concessões prejudiciais a [[Portugal]]. Usou no levantamento cartográfico e na delimitação de fronteiras os serviços de dois [[astrônomo]]s e [[matemático]]s [[brasileiro]]s recém-formados em [[Coimbra]], [[Francisco José de Lacerda e Almeida]] e [[Antônio Pires da Silva Pontes Leme|Antônio Pires da Silva Pontes]], e dos geógrafos capitães Ricardo Francisco de Almeida Serra e [[Joaquim José Ferreira]]. | |||
[[Caetano Pinto de Miranda Montenegro]], o futuro Marquês de Vila Real de Praia Grande, chegou a [[Cuiabá]] em 1796 para assumir o cargo de [[capitão-general]], com recomendação da metrópole para elaborar um plano de defesa que protegesse a capitania contra qualquer tentativa de invasão. A guerra com os espanhóis foi deflagrada em 1801, quando Lázaro de Ribera, à frente de oitocentos homens, atacou o [[Forte de Coimbra]], defendido bravamente por [[Ricardo Franco]], com apenas cem homens, que conseguiram repelir o invasor. A paz, todavia, só foi firmada em [[Badajoz]], em 6 de maio de 1802. A capitania, com meio século de vida autônoma, consolidou sua estabilidade territorial e neutralizou de imediato o perigo de novas invasões. | |||
No fim do [[Brasil Colônia|período colonial]], registrou-se certo declínio da capitania. [[Cuiabá]] e [[Vila Bela (Mato Grosso)|Vila Bela]] haviam sido elevadas à categoria de [[cidade]]. Em 20 de agosto de 1821, Magessi foi deposto pela "tropa, clero, nobreza e povo", como "ambicioso em extremo, concussionário insaciável, hipócrita". Formou-se, em [[Cuiabá]], uma junta governativa que jurou lealdade ao [[Pedro I do Brasil|príncipe dom Pedro]] e outra, dissidente, em [[Vila Bela da Santíssima Trindade]], com o que se estabeleceu a dualidade de poder. | |||
Em abril de 1878, em função do [[Tratado de Ayacucho]], foram enviadas, para [[Corumbá]], as "Plantas Geográficas dos Rios Guaporé e Mamoré", sendo que a cartografia para delimitar os limites fronteiriços dos rios Guaporé e Mamoré foi levantada e apresentada pela Segunda Seção Brasileira, sediada na mesma cidade, tendo sido todas chanceladas pelos delegados brasileiros e bolivianos. Continuando, a descrição diz "Destas cabeceiras continuam os limites pelo leito do mesmo rio até sua confluência com o Guaporé, e depois pelo leito deste e do Mamoré até sua confluência com o Beni, onde principia o Rio Madeira". Em 1878 e 1879, houve troca de notas da chancelaria boliviana com a embaixada do Brasil em [[La Paz]], acusando o recebimento e aprovando a "Carta Geral", conforme ajustado na Sétima Conferência da Comissão Mista. | |||
===Século XIX=== | |||
[[Ficheiro:O Coronel Carneiro de Campos, prisioneiro no Paraguai.jpg|thumb|esquerda|upright|Coronel [[Frederico Carneiro de Campos]] prisioneiro no [[Paraguai]].]] | |||
A notícia da [[independência do Brasil]] , que ocorreu em 7 de setembro de 1822, só chegou na [[província]] de Mato Grosso em 22 de janeiro de 1823. A demora deve-se ao fato de que o difícil acesso a Mato Grosso àquela época, sobretudo no período de chuvas, dificultou a chegada imediata da notícia da independência. Logo depois, um governo provisório único substituiu as duas juntas e foi instalado em [[Cuiabá]], o que transformou [[Vila Bela da Santíssima Trindade]] em "capital destronada". As lutas entre as tendências conservadora e liberal refletiram-se na província durante o primeiro reinado e a regência. Foi montada, em [[Cuiabá]], a tipografia na qual seria impresso o primeiro jornal da província, a "Tifis Matogrossense", cujo primeiro número circulou em 14 de agosto de 1839. A situação econômico-financeira da província se agravou, com um ''deficit'' orçamentário crescente. | |||
Os governos se sucederam sem acontecimentos de maior relevo até a [[Guerra do Paraguai]]. Uma guarda defensiva montada em 1850 no Morro do Pão de Açúcar pelo governador [[João José da Costa Pimentel]] irritou o governo paraguaio. Pimentel então recuou ante gestões diplomáticas realizadas em [[Assunção]]. Foi substituído pelo [[capitão de fragata]] [[Augusto João Manuel Leverger]], barão de Melgaço, cujo primeiro governo durou de 1851 a 1857. Leverger recebeu ordem de concentrar toda a força militar da província no baixo [[rio Paraguai|Paraguai]], para esperar os navios que deveriam subir o rio com ou sem licença de [[Francisco Solano López]]. Mudou-se, então, para o [[Forte de Coimbra]], onde permaneceu cerca de dois anos. | |||
O coronel [[Frederico Carneiro de Campos]], nomeado presidente provincial em 1864, subia o [[rio Paraguai]] para assumir o posto quando seu navio — o Marquês de Olinda — foi atacado e aprisionado por uma [[belonave]] paraguaia. Logo que o Paraguai rompeu as hostilidades, revelou-se a fraqueza do sistema defensivo brasileiro em Mato Grosso, prevista por Leverger. Caiu logo [[forte de Coimbra|Coimbra]], após dois dias de resistência. Em seguida, foi a vez de [[Corumbá]] e da colônia de [[Dourados]]. A guerra seguiu seu curso, marcada por episódios como a retirada de [[Laguna (Santa Catarina)|Laguna]], a retomada e subsequente abandono de Corumbá. Dessa cidade, as tropas brasileiras trouxeram para [[Cuiabá]] uma epidemia de [[varíola]] que teve efeitos devastadores. Para o povo, 1867 seria o "ano das bexigas", mais que da retomada de Corumbá. | |||
Os últimos anos do [[Império do Brasil|império]] registraram um lento desenvolvimento da província, governada de outubro de 1884 a novembro de 1885 pelo general [[Floriano Peixoto]]. Em 9 de agosto de 1889, assumiu a presidência o coronel [[Ernesto Augusto da Cunha Matos]], sob cujo governo se realizou a eleição de que saíram vitoriosos os liberais — triunfo celebrado em Cuiabá com um pomposo baile em 7 de dezembro, pouco antes de chegar à cidade a notícia da [[Proclamação da República do Brasil|queda da monarquia]]. | |||
[[Imagem:Generoso_Ponce.jpg|thumb|upright|[[Generoso Ponce]]]] | |||
As aspirações [[república|republicanas]] e [[federalismo|federalistas]] em Mato Grosso tinham tido expressão confusa em várias revoltas, mas no remanso do segundo reinado as agitações se aplacaram. As campanhas pela [[Abolicionismo no Brasil|abolição]] e pela república tiveram ali repercussão modesta. Ao iniciar-se o período republicano, Mato Grosso tinha uma população calculada em oitenta mil habitantes. A província ficava segregada: sem [[ferrovia|estradas de ferro]], eram necessários cerca de trinta dias de viagem, passando por três países estrangeiros, para atingi-la, a partir do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], por via fluvial. | |||
Nas primeiras décadas do período republicano a violência foi usada em disputas políticas e econômicas, com [[Conflitos pelo governo de Mato Grosso na Primeira República|conflitos armados pelo governo estadual]], conflitos em geral entre [[Coronelismo|coronéis]] por poder e terras, [[Saque|saques]] a cidades, como [[Paranaíba]], execuções de opositores, como o Massacre da Baía do Garcez, em 1901, e tentativas de conseguir autonomia para o sul, que já naquela época tinha sentimento separatista. Houve também um [[República Transatlântica do Mato Grosso|projeto]] de separar o Mato Grosso do Brasil em 1892.<ref name="arruda 12-14">{{Citar tese|ultimo=Arruda|primeiro=Larissa Rodrigues Vacari de|ano=2013|titulo=Disputas oligárquicas: as práticas políticas das elites mato-grossenses 1892-1906|url=https://repositorio.ufscar.br/handle/ufscar/1032|editora=UFSCar|local=São Carlos|tipo=Dissertação|acessodata=23 de abril de 2021|páginas=12-14}}</ref> | |||
Em | Em 1892 a oposição pegou em armas e derrubou o presidente estadual [[Manuel José Murtinho|Manuel Murtinho]] em 1º de fevereiro.<ref>Arruda 2013, pp. 62-63.</ref> Porém em 7 de maio [[Generoso Ponce]], à frente de 4 000 homens, iniciou o cerco às forças adversárias na capital e dominou-as em menos de uma semana. Em 22 de junho, caiu Corumbá. Vitorioso seu Partido Republicano, Murtinho retornou ao poder. Surgiu mais tarde, entretanto, uma desavença entre os dois líderes, Ponce e Murtinho. O rompimento consumou-se em dezembro de 1898, com uma declaração pública de Manuel Murtinho, apoiado por seu irmão [[Joaquim Murtinho]], ministro da Fazenda do presidente [[Campos Sales]]. Seus partidários conquistaram o poder, num ambiente de grande violência. Mais tarde, contudo, Ponce e Murtinho reconciliaram-se e formaram novo agrupamento político. | ||
=== Século XX === | |||
[[File:Matto Grosso - do Atlas dos Estados Unidos do Brazil, por Theodoro Sampaio - 1, Acervo do Museu Paulista da USP cropped color edited.jpg|left|thumb|Mapa do estado de Mato Grosso por [[Teodoro Sampaio]], 1908]] | |||
A vitória dessa corrente política se deu com o movimento armado de 1906, que culminou na morte do presidente [[Antônio Pais de Barros (político)|Antônio (Totó) Pais de Barros]]. Seguiu-se um período de interinidade na presidência. Generoso Ponce foi afinal eleito em [[1907]]. A economia do estado melhorou com a abertura de vias férreas a partir do leste ([[Jupiá]], [[Três Lagoas]] e [[Água Clara]]) e do oeste ([[Porto Esperança]], [[Miranda (Mato Grosso do Sul)|Miranda]] e [[Aquidauana]]), para se encontrarem em [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]]. A ligação ferroviária com [[São Paulo (estado)|São Paulo]] foi fator de progresso para Mato Grosso, por intensificar o comércio e valorizar as terras da região. | |||
Com o novo presidente, Joaquim Augusto da Costa Marques, que assumiu em 1911, avultaram as pressões da companhia Mate Laranjeira no sentido de renovar o arrendamento dos seus extensos ervais no sul do [[estado (subdivisão)|estado]]. A pretensão suscitou nova divergência entre Murtinho e Ponce: o primeiro defendia a prorrogação do contrato até 1930, com opção para a compra de 1 000 000 a 2 000 000 de hectares, enquanto Ponce queria a divisão da área em lotes de 450 hectares, que seriam oferecidos a arrendamento em hasta pública. Morto Ponce, a empresa ganhou novo trunfo com o apoio do senador situacionista Antônio Azeredo. Mas o antigo presidente do estado, [[Pedro Celestino Corrêa da Costa]], tomou posição contrária. Os deputados estaduais hostis à prorrogação do contrato fizeram obstrução e impediram que ela fosse aprovada. Finalmente, a Mate Laranjeira foi frustrada em suas pretensões, com a aprovação da Lei Número 725, de 24 de agosto de 1915. | |||
O general Caetano Manuel de Faria Albuquerque assumiu o governo em 15 de agosto de 1915. Seus próprios correligionários conservadores tentaram forçá-lo à renúncia, e ele, tendo a seu lado [[Pedro Celestino]], aceitou o apoio da oposição, num movimento que se chamou "caetanada". Contra seu governo organizou-se a rebelião armada, com ajuda da Mate Laranjeira e seus aliados políticos. Na assembleia, foi proposto e aprovado o impedimento do general Caetano de Albuquerque. Consultado, o [[Supremo Tribunal Federal]] não tomou posição definitiva, e o presidente [[Venceslau Brás]] acabou por decretar a intervenção no estado em 10 de janeiro de 1917. Em outubro, no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], os chefes dos dois partidos locais concluíram acordo, mediante o qual indicava o bispo dom Francisco de Aquino Correia para presidente, em caráter suprapartidário. O prelado assumiu em 22 de janeiro de 1918 e fez uma administração conciliadora, assinalada por uma série de iniciativas. A intervenção federal pôs fim á época da luta armada pelo poder.<ref name="arruda 12-14" /> | |||
Até a [[Revolução de 1930]], a administração estadual lutou com graves problemas financeiros. No período pós-revolucionário, sucederam-se os interventores. Em 1932, o general [[Bertoldo Klinger]], comandante militar de Mato Grosso, deu apoio armado à [[Revolução Constitucionalista de 1932]]. Em 7 de outubro de 1935, a [[Assembleia Constituinte]] elegeu governador [[Mário Correia da Costa]]. Incidentes ocorridos em dezembro de 1936, quando foram feridos a bala os senadores [[Vespasiano Martins]] e João Vilas Boas, deram causa à renúncia do governador e a nova intervenção federal. | |||
[[Imagem:Cuiaba.jpg|thumb|right|Vista de [[Cuiabá]], capital e maior cidade do estado]] | |||
A velha ideia da separação da porção sul do estado só veio a triunfar em 1977, por meio de uma lei complementar que desmembrou 357 471,5 km² do estado para criar [[Mato Grosso do Sul]]. Anteriormente, houve ainda a tentativa de transformar [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]] em capital de Mato Grosso, destronando [[Cuiabá]]. A iniciativa da divisão partiu do [[Governo Federal]], que alegava, em primeiro lugar, a impossibilidade de um único governo estadual administrar área tão grande e, em segundo, as nítidas diferenças naturais entre o norte e o sul do estado. A lei entrou em vigor em 1º de janeiro de 1979. A partir de então, todas as projeções pessimistas de que o então norte, com a capital [[Cuiabá]], iria se estagnar, não se concretizaram, pelo contrário, surgindo então um processo de pleno crescimento do estado, aliado com a criação e desenvolvimento de municípios como [[Alta Floresta]], [[Sinop]], [[Tangará da Serra]], [[Primavera do Leste]], [[Campo Novo do Parecis]], [[Sapezal]], [[Campo Verde]], [[Sorriso]], [[Lucas do Rio Verde]], [[Nova Mutum]], que hoje estão entre os maiores contribuintes do [[PIB]] de Mato Grosso. | |||
As políticas econômicas de apoio preferencial à exportação e à ocupação e desenvolvimento da [[Amazônia]] e do [[Região Centro-Oeste do Brasil|Centro-Oeste]], implantadas a partir da [[década de 1970]], levaram a novo surtos de progresso em Mato Grosso. A [[História de Brasília|construção de Brasília]] contribuiu para acabar com a antiga estagnação. Uma vez inaugurada a nova capital, Mato Grosso continuou a atrair mão de obra agrícola de outros estados, pois oferecia as melhores áreas de colonização do país. Graves problemas persistiram, porém, na década de 1980. | |||
== Geografia == | == Geografia == | ||
{{artigo principal|[[ | {{Imagem múltipla | ||
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| image1 = Cidade_de_pedra.JPG | |||
| caption1 = [[Parque Nacional da Chapada dos Guimarães]] | |||
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| caption2 = Cânion da cachoeira do Jatobá, no [[Parque Estadual da Serra de Ricardo Franco]]. | |||
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| caption3 = [[Serra do Roncador]] em [[Barra do Garças]], no leste do estado. | |||
| image4 = Pantanal Mato Grosso Brasil.jpg | |||
| caption4 = [[Parque Nacional do Pantanal Matogrossense]] | |||
| image5 = Clima de Mato Grosso (Köppen).svg | |||
| caption5 = Tipos climáticos de Mato Grosso. | |||
}} | |||
{{artigo principal|Geografia de Mato Grosso}} | |||
O estado de Mato Grosso ocupa uma área de {{fmtn|903207.050}} km²<ref name="IBGE_POP"/> e localiza-se a [[oeste]] do [[Meridiano de Greenwich]] e a [[sul]] da [[Linha do Equador]], tendo [[fuso horário]] -4 horas em relação a hora mundial [[GMT]]. No Brasil, o estado faz parte da região [[Centro-Oeste]], fazendo fronteiras com os estados de [[Mato Grosso do Sul]], [[Goiás]], [[Pará]], [[Amazonas]], [[Rondônia]], [[Tocantins]], além de um país, a [[Bolívia]]. A capital ([[Cuiabá]]) está localizada a 15º35'55.36" lat. e 56º05'47.25" long., sendo conhecida, por isso mesmo, como coração da [[América do Sul]]. | |||
A drenagem da região se faz por meio de dois sistemas, os dos [[rio]]s [[rio Amazonas|Amazonas]] e [[rio Paraguai|Paraguai]]. Ao primeiro, pertencem o [[rio Juruena|Juruena]] e o [[rio Teles Pires|Teles Pires]] (formadores do [[rio Tapajós|Tapajós]]), além do [[rio Xingu|Xingu]] e do [[rio Araguaia|Araguaia]], este na [[fronteira]] com [[Goiás]]. O principal afluente do [[Rio Paraguai]] no estado é o [[Rio Cuiabá]]. | |||
[[Mato Grosso]] | O [[estado (subdivisão)|estado]] de Mato Grosso, um dos campeões do desmatamento no Brasil e no mundo, era revestido por uma [[vegetação]] em que predominavam as [[floresta]]s, como prosseguimento da [[Floresta Amazônica|mata amazônica]]. Na área do [[Pantanal Mato-Grossense]] que permaneceu nos limites do estado ocorria um revestimento vegetal composto de [[cerrado]]s e [[pradaria|campos]]. A zona de [[floresta]]s compreendia 47% da área do estado, os [[cerrado]]s 39% e os [[pradaria|campos]] 14%. | ||
São as seguintes unidades de conservação a nível federal localizadas em Mato Grosso: [[Parque Nacional do Cristalino]]; [[Parque Nacional do Xingu]]; [[Parque Nacional do Pantanal Matogrossense]]; [[Parque Nacional da Chapada dos Guimarães]]; [[Estação Ecológica de Taiamã]]; [[Estação Ecológica da Serra das Araras]]; [[Área de Proteção Ambiental Meandros do Araguaia]]; [[Parque Nacional do Juruena]] e [[Parque Nacional dos Campos Amazônicos]]. | |||
=== Relevo === | === Relevo === | ||
Com [[altitude]]s modestas, o [[relevo]] apresenta grandes [[superfície]]s aplainadas, talhadas em [[rocha]]s [[sedimento|sedimentares]]. Abrange três [[região|regiões]] distintas. Na porção [[centro]]-[[norte]] do [[estado (subdivisão)|estado]], a dos [[chapada|chapadões]] sedimentares e [[planalto]]s [[cristal]]inos (com [[altitude]]s entre quatrocentos e oitocentos metros), que integram o [[Planalto Brasileiro|Planalto Central Brasileiro]]. | |||
Na região do [[planalto arenito-basáltico]], localizada no [[sul]], simples parcela do [[Planalto Meridional|planalto meridional]]. Na parte do [[Pantanal Mato-Grossense]], [[planície|baixada]] da porção [[centro]]-[[oeste|ocidental]]. Ao sul do [[Planalto]] Brasileiro, situa-se o divisor de águas entre as [[bacia hidrográfica|bacias]] dos rios [[rio Paraguai|Paraguai]] e [[rio Amazonas|Amazonas]], constituído em parte pela [[Chapada dos Parecis]]. A maior parte da área é drenada pelos rios da [[Bacia amazônica]]. | |||
A [[planície]] [[aluvião|aluvial]] do médio [[rio Araguaia|Araguaia]] situa-se na região limítrofe entre Mato Grosso e [[Goiás]]. Tem natureza semelhante à da [[planície do Pantanal]]: ampla, está sujeita a [[inundação|inundações]] anuais e deposição periódica de [[aluvião|aluviões]]. Pouco depois dela, para [[oeste]], ficam os contrafortes da [[serra do Roncador]]. | |||
=== Fuso horário === | |||
O [[fuso horário]] em vigor é uma hora menor em relação ao [[Horário de Brasília]] e quatro horas a menos em relação a Greenwich, [[UTC-4]]. Geralmente entre os meses de [[outubro]] e [[fevereiro]] adota-se o [[Horário de Verão]], no qual os relógios são adiantados uma hora para poupar energia. Curiosamente, ainda que em caráter não oficial, alguns municípios do leste do estado, na região conhecida como "Vale do Araguaia", adotam o [[Horário de Brasília]] mesmo sendo obrigados por lei a adotarem o Fuso Horário Oficial de Mato Grosso. | |||
A população, por sua vez, alega que a região já está dentro do fluxo 45° O e, além disso, sofre muita influência do estado de [[Goiás]], uma vez que por se tratar de região de divisa, a capital [[Goiânia]] está muito mais próxima que [[Cuiabá]]. Portanto, municípios como [[Barra do Garças]], [[Alto Araguaia]], [[Canarana (Mato Grosso)|Canarana]], [[Água Boa (Mato Grosso)|Água Boa]] e [[Nova Xavantina]], por exemplo, seguem o Horário de Brasília.<ref>http://rmtonline.globo.com/noticias.asp?em=2&n=508486&p=2|{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }} Barra do Garças adota o Horário de Brasília durante todo o ano, mas Decreto Municipal deixa a cidade sem Horário de Verão</ref> | |||
===Clima=== | |||
O [[estado (subdivisão)|estado]] apresenta sensível variedade de [[clima]]s. Prevalece o [[clima tropical|tropical]] [[umidade|super-úmido]] de [[monção]], com elevada [[temperatura]] média anual, superior a 24º [[celsius|C]] e alta [[chuva|pluviosidade]] (2 000 milímetros anuais); e o [[clima tropical|tropical]], com [[chuva]]s de [[verão]] e [[inverno]] [[seca|seco]], caracterizado por médias de 23 °C no [[planalto]]. | |||
A [[chuva|pluviosidade]] é alta também nesse [[clima]]: excede a média anual de 1 500 milímetros. Já em lugares elevados, como a [[Chapada dos Guimarães]] e a [[Serra do Monte Cristo]], o clima é [[subtropical]], com uma temperatura média anual de Chapada dos Guimarães é de 24 °C, sendo a maior máxima registrada de 40 °C e a menor de 0 °C.<ref>{{citar livro|título=Mato Grosso e Seus Municípios|ultimo=FERREIRA|primeiro=João Carlos Vicente|editora=Buriti|ano=1997|local=Cuiabá|páginas=336|acessodata=01/12/2017}}</ref> | |||
Durante a atuação de uma intensa massa de ar polar, as temperaturas durante a tarde nas cidades do centro-sul e sudoeste do estado podem estar próximas a 10 °C, enquanto que no restante do território as temperaturas ultrapassam os 30 °C. | |||
== Demografia == | |||
[[File:Flávio André Vista da cidade Cuiabá MT.jpg|thumb|esquerda|Imagem aérea de [[Cuiabá]], a maior aglomeração urbana do estado.]] | |||
A população de Mato Grosso para 1.º de julho de 2021 era de {{fmtn|3567234}} habitantes, segundo a estimativa populacional do [[Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]] (IBGE).<ref name="IBGE_POP"/> Mato Grosso é o 17.º [[Estados do Brasil|estado]] mais populoso do Brasil e concentra 1,7% da [[Demografia do Brasil|população brasileira]]. Possui uma densidade demográfica de 3,9 habitantes por quilômetro quadrado. | |||
Pelas características encontradas no estado, o predomínio é de pessoas adultas e com um índice de declínio para jovens e aumento de idosos. Pela média do estado há um predomínio de homens devido a emigração dos outros estados para Mato Grosso, contudo, na [[Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá|grande Cuiabá]] há predomínio de mulheres, semelhante à média brasileira. Mato Grosso ocupa o oitavo lugar entre os maiores [[Índice de Desenvolvimento Humano|índices de desenvolvimento humano]] das unidades federativas do Brasil. | |||
Segundo dados do [[Censo brasileiro de 2010]], obtidos pelo IBGE por meio de pesquisa de autodeclaração, 52,7% da população mato-grossense se identifica como [[Pardos|parda]], 27,1% como [[Brasileiros brancos|branca]], 7,4% como [[Afro-brasileiro|negra]] e 1,1% como [[Brasileiros asiáticos|asiáticos]] ou [[Povos indígenas do Brasil|indígenas]].<ref>{{citar web |url=https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/2093#resultado |titulo=Tabela 2093 |acessodata=7 de Março de 2018 |autor=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística|autorlink=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística}}</ref></small> | |||
Semelhante ao que ocorre em todo território nacional, Mato Grosso é predominantemente povoado por pessoas cristãs, sendo na sua maioria católicos e uma fração menor dividida em inúmeras denominações evangélicas, contando ainda com a presença de religiões afrodescendentes. | |||
=== Municípios mais populosos === | |||
{{Municípios mais populosos de Mato Grosso}} | |||
== Governo e política == | |||
{{Artigo principal|Governo de Mato Grosso}} | |||
{{Anexo|Lista de governadores de Mato Grosso}} | |||
[[Ficheiro:Palacio Paiaguas (Cuiaba).jpg|thumb|[[Palácio Paiaguás]] sede do [[Governo de Mato Grosso|governo do estado]] e [[residência oficial]] do [[Lista de governadores de Mato Grosso|governador]].]] | |||
O estado de Mato Grosso, assim como em uma [[república]], é governado por três poderes, o [[executivo]], representado pelo [[governador]], o [[legislativo]], representado pela [[Assembleia Legislativa de Mato Grosso|Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso]], e o [[judiciário]], representado pelo [[Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso]] e outros tribunais e juízes. Além dos [[três poderes]], o estado também permite a participação popular nas decisões do governo através de [[referendo]]s e [[plebiscito]]s.<ref>{{citar web |url=http://www.stf.jus.br/portal/legislacaoAnotadaAdiAdcAdpf/verLegislacao.asp?lei=259 |arquivourl=https://www.webcitation.org/5ysLNvFcA?url=http://www.stf.jus.br/portal/legislacaoAnotadaAdiAdcAdpf/verLegislacao.asp?lei=259# |arquivodata=22/05/2011 |titulo=Lei nº 9.868 de 10 de novembro de 1999 |autor=Supremo Tribunal Federal (STF) |data=10/11/1999 |acessodata=7/4/2011 |urlmorta=no }}</ref> A atual [[constituição]] do estado foi promulgada em [[1989]], acrescida das alterações resultantes de posteriores [[Emenda Constitucional|Emendas Constitucionais]].<ref name="Legislação de Mato Grosso">{{citar web|url=https://www.al.mt.gov.br/arquivos/legislacao/constituicao_estadual.pdf|título=Constituição de Mato Grosso|data=1989|acessodata=3/7/2011}}</ref> | |||
O [[poder executivo]] mato-grossense está centralizado no [[Lista de governadores de Mato Grosso|governador do estado]], que é eleito em [[sufrágio universal]] e voto direto e secreto pela população para mandatos de até quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um mandato.<ref name="Legislação de Mato Grosso"/> Sua sede é o ''[[Palácio Paiaguás]]'', que desde 1975 é sede do poder executivo e [[residência oficial]] do governador.<ref>{{citar web|título=Palácio Paiaguás completa 30 anos de inauguração|url=http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=212584|acessodata= 12/08/2014|autor=Diario de Cuiabá}}</ref> Nas [[eleições estaduais em Mato Grosso em 2018]], [[Mauro Mendes]] candidatou-se pelo [[Democratas (Brasil)|Democratas]] a governador e foi eleito em 1º turno com 58,69% dos votos válidos.<ref name="estadual 2018">{{citar web|URL =https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/mt/apuracao/governador.ghtml |título = Apuração governador 2018|data = 1 de janeiro de 2019|acessadoem = 1 de janeiro de 2019|autor = |publicado = G1}}</ref> | |||
O [[poder legislativo]] estadual é [[unicameral]], constituído pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, localizada no Centro Político Administrativo. Ela é constituída por 24 [[deputado]]s, que são eleitos a cada quatro anos. No [[Congresso Nacional do Brasil|Congresso Nacional]], a representação mato-grossense é de três senadores e oito deputados federais.<ref>{{citar web|url=http://www.votebrasil.com/noticia/politica/numero-de-deputados-pode-aumentar-nas-proximas-eleicoes|titulo=Número de deputados pode aumentar nas próximas eleições|autor=|data=|publicado=Vote Brasil|acessodata=22/3/2011|arquivourl=https://www.webcitation.org/5ysLlK0s4?url=http://www.votebrasil.com/noticia/politica/numero-de-deputados-pode-aumentar-nas-proximas-eleicoes#|arquivodata=22/05/2011|urlmorta=no}}</ref> O [[poder judiciário]] tem a função de julgar, conforme leis criadas pelo legislativo e regras constitucionais brasileiras, sendo composto por [[desembargador]]es, [[juiz|juízes]] e [[ministro]]s.<ref>{{citar web|url=http://www.infoescola.com/direito/poder-judiciario/|título=Poder Judiciário|data=14 de fevereiro de 2008|publicado=InfoEscola|acessodata=8 de julho de 2011|arquivourl=https://www.webcitation.org/6027sTYFa?url=http://www.infoescola.com/direito/poder-judiciario/#|arquivodata=8 de julho de 2011|urlmorta=no}}</ref> Atualmente, a maior corte do Poder Judiciário mato-grossense é o Tribunal de Justiça de Mato Grosso. | |||
== Subdivisões == | |||
[[Imagem:Regiões Geográficas do Estado de Mato Grosso.svg|thumb|Divisão das regiões intermediárias (vermelho) e imediatas (cinza).]] | |||
{{AP|Lista de municípios de Mato Grosso por população|Lista de municípios de Mato Grosso}} | |||
O Mato Grosso é composto por 141 [[Município (Brasil)|municípios]], que estão distribuídos em 18 [[Regiões geográficas intermediárias e imediatas|regiões geográficas]] imediatas, que por sua vez estão agrupadas em cinco regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do [[Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]] (IBGE) vigente desde 2017.<ref name="IBGE_DTB_2017">{{citar web |url=ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_do_territorio/divisao_regional/divisao_regional_do_brasil/divisao_regional_do_brasil_em_regioes_geograficas_2017/tabelas/regioes_geograficas_composicao_por_municipios_2017_20180911.xls |título=Base de dados por municípios das Regiões Geográficas Imediatas e Intermediárias do Brasil |autor=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) |data=2017 |acessodata=20 de janeiro de 2018}}</ref> | |||
As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a [[Mesorregiões e microrregiões do Brasil|divisão de 1989]]. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões.<ref>{{citar web|url=https://www.ibge.gov.br/geociencias-novoportal/cartas-e-mapas/redes-geograficas/2231-np-divisoes-regionais-do-brasil/15778-divisoes-regionais-do-brasil.html |título=Divisão Regional do Brasil |autor=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) |data=2017 |acessodata=20 de janeiro de 2018 |wayb=20180120174049}}</ref> Na divisão vigente até 2017, os municípios do estado estavam distribuídos em [[Lista de mesorregiões e microrregiões de Mato Grosso|22 microrregiões e cinco mesorregiões]], segundo o IBGE.<ref>{{Citar periódico |autor=Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) |ano=1990 |título=Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas |jornal=Biblioteca IBGE |páginas=127–129 |volume=1 |url=http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv2269_1.pdf |acessadoem=20 de janeiro de 2018 |wayb=20180120174140}}</ref> | |||
== Economia == | |||
{{artigo principal|Economia de Mato Grosso}} | |||
[[Ficheiro:Tree Map-Exportacoes de Mato Grosso (2012).png|thumb|esquerda|upright=1.4|Exportações de Mato Grosso - (2012)<ref name="dataviva.info">{{citar web | titulo=Exportações de Mato Grosso (2012) | obra=Plataforma DataViva | url=http://dataviva.info/apps/builder/tree_map/secex/mt/all/all/hs/?depth=hs_6&value_var=val_usd&color_var=color&controls=true&year=2012 | acessodata=13 de janeiro de 2014 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20150402144036/http://dataviva.info/apps/builder/tree_map/secex/mt/all/all/hs/?depth=hs_6&value_var=val_usd&color_var=color&controls=true&year=2012 | arquivodata=2015-04-02 | urlmorta=yes }}</ref>]] | |||
A pecuária e a [[agricultura]] em terras anteriormente constituintes de florestas ou de cerrado, que foram devastadas com este fim, foram os principais sistemas comerciais de Mato Grosso dos séculos [[século XX|XX]] e [[século XXI|XXI]]. Devido ao crescimento econômico propiciado pelas [[exportação|exportações]], Mato Grosso tornou-se um dos principais produtores e exportadores de [[soja]] do [[Brasil]], entre os municípios que destacam como exportadores está [[Rondonópolis]] maior exportador do Estado.<ref>{{Citar web |url=http://www.noticiaexata.com.br/index.php/minuto-a-minuto/item/10975-rondon%C3%B3polis-%C3%A9-l%C3%ADder-em-exporta%C3%A7%C3%B5es-em-mato-grosso.html# |titulo=Cópia arquivada |acessodata=18 de fevereiro de 2011 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20110706153709/http://www.noticiaexata.com.br/index.php/minuto-a-minuto/item/10975-rondon%C3%B3polis-%C3%A9-l%C3%ADder-em-exporta%C3%A7%C3%B5es-em-mato-grosso.html# |arquivodata=6 de julho de 2011 |urlmorta=yes }}</ref> | |||
Entre os dez municípios mais ricos do Centro-Oeste, 8 são de Mato Grosso, com destaque para [[Alto Taquari]], [[Campos de Júlio]] e [[Sapezal]], que possuem os três maiores PIBs per capita da mesorregião,<ref name="TVCA_NOT">{{citar web|url=http://rmtonline.globo.com/noticias.asp?em=2&p=2&n=421851|titulo=IBGE aponta Cuiabá na 10ª posição entre as capitais mais ricas do país|data=16 de dezembro de 2008|obra=Redação do site TVCA com G1|acessodata=14 de julho de 2009|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110711101822/http://rmtonline.globo.com/noticias.asp?em=2&p=2&n=421851#|arquivodata=11 de julho de 2011|urlmorta=yes}}</ref> e Cuiabá, que é sede de 8 empresas de grande porte, mesma quantidade que [[Belém (Pará)|Belém]] e [[Florianópolis]] e maior número que em [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]].<ref name="REDE_IBGE">{{citar web |url=http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1246&id_pagina=1|titulo=IBGE mostra a nova dinâmica da rede urbana brasileira|data=10 de outubro de 2008 |obra=Regiões de Influência das Cidades - 2008|acessodata=14 de julho de 2009}}</ref> É um dos maiores estados em relação à exploração de minérios. | |||
[[Ficheiro:Ronodonópolis colheita soja (Roosevelt Pinheiro) 28mar09.jpg|miniaturadaimagem|Plantação de [[soja]] em [[Rondonópolis]]; o estado é o maior produtor do Brasil]] | |||
[[Ficheiro:Tocando a Boiada.jpg|thumb|A atividade de condução de boiadas é comum na região de Mato Grosso]] | |||
Em 2012, o crescimento na região de Sinop, Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Matupá se mostrou um forte propulsor para o desenvolvimento econômico do estado, baseado na produção e venda de grãos. As exportações do estado se basearam, naquele ano, em soja (40,59%), milho (17,70%), farelo de soja (16,42%), algodão cru (7,86%) e carne bovina congelada (5,13%)<ref name="dataviva.info"/> | |||
Em dados de 2020, o Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos do país, com uma participação de 28,0%.<ref name="auto">{{Cite web|url=https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/26537-ibge-preve-safra-recorde-de-graos-em-2020|title=IBGE prevê safra recorde de grãos em 2020 | Agência de Notícias}}</ref> É o maior produtor de [[soja]] do Brasil, com 26,9% do total produzido em 2020 (33,0 milhões de toneladas), e o terceiro maior produtor de [[feijão]], com 10,5% da produção brasileira.<ref name="auto"/> Na [[cana-de-açúcar]], o estado está em sexto lugar no Brasil, com dezesseis milhões de toneladas colhidas em 2019/20.<ref>[https://www.goias.gov.br/index.php/servico/95815-goias-e-o-segundo-maior-produtor-de-cana-de-acucar-do-pais Goiás é o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do País]</ref><ref>{{Cite web|url=https://www.conab.gov.br/|title=Conab - Página inicial|website=www.conab.gov.br}}</ref> Em 2017, o Mato Grosso era o maior produtor de [[milho]] do país com 58 milhões de toneladas.<ref>{{Cite web|url=https://www.canalrural.com.br/noticias/quatro-estados-concentram-quase-producao-graos-pais-67407/|title=Quatro estados concentram quase 70% da produção de grãos do país|date=18 de maio de 2017|website=Canal Rural}}</ref> É também o maior produtor de [[algodão]] do Brasil, com cerca de 65% da produção nacional (1,8 dos 2,8 milhões de toneladas colhidos no país em 2018).<ref>{{Cite web|url=https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/08/29/qualidade-do-algodao-de-mt-e-destaque-em-congresso-nacional.ghtml|title=Qualidade do algodão de MT é destaque em congresso nacional|website=G1}}</ref><ref>{{Cite web|url=https://www.agroolhar.com.br/noticias/exibir.asp?id=25834¬icia=mt-segue-como-lider-isolado-na-producao-de-algodao-e-safra-sobe-para-65-em-201718|title=MT segue como líder isolado na produção de algodão e safra sobe para 65% em 2017/18|website=Olhar Direto}}</ref> Na semente de [[girassol]], o estado foi o maior produtor nacional em 2019, com 60 mil toneladas.<ref>{{Cite web|url=https://www.sucessonocampo.com.br/mt-e-o-maior-produtor-de-girassol-do-pais/|title=MT é o maior produtor de girassol do país|date=26 de maio de 2020|website=Sucesso no Campo}}</ref> Na produção de [[mandioca]], o Brasil produziu um total de 17,5 milhões de toneladas em 2019. Mato Grosso produziu 287 mil toneladas neste ano.<ref>{{Cite web|url=http://www.cnpmf.embrapa.br/Base_de_Dados/index_pdf/dados/brasil/mandioca/b1_mandioca.pdf|title=Produção brasileira de mandioca em 2019}}</ref> | |||
Em 2019, o rebanho bovino matogrossense chegou à marca de trinta milhões de cabeças de gado,<ref>{{Cite web|url=https://www.sna.agr.br/rebanho-bovino-de-mato-grosso-chega-a-30-3-milhoes-de-cabecas/|title=You are being redirected...|website=www.sna.agr.br}}</ref> o maior rebanho bovino do país, representando sozinho quase 14% da produção nacional.<ref>{{Cite web|url=https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2018/09/28/mato-grosso-tem-o-maior-rebanho-bovino-do-pais-e-representa-138-da-producao-nacional.ghtml|title=Mato Grosso tem o maior rebanho bovino do país e representa 13,8% da produção nacional|website=G1}}</ref> Em 2018, Mato Grosso era o quinto maior produtor de carne suína do país, com um plantel de aproximadamente 178 mil matrizes e um rebanho em torno de 2,5 milhões de animais.<ref>{{Cite web|url=https://blogs.canalrural.com.br/canalruralmatogrosso/2019/03/20/para-suinocultores-de-mt-entrada-da-carne-suina-dos-eua-no-brasil-agravaria-a-crise-do-setor/|title=Para suinocultores de MT, entrada da carne suína dos EUA no Brasil agravaria a crise do setor|date=20 de mar. de 2019}}</ref><ref>{{Cite web|url=https://www.suinoculturaindustrial.com.br/imprensa/mato-grosso-preve-crescimento-de-67-de-sua-producao-de-suinos-nos-proximos-dez/20181003-164318-l107|title=Mato Grosso prevê crescimento de 67% de sua produção de suínos nos próximos dez anos|website=Suinocultura Industrial}}</ref> | |||
Em 2017, o estado teve 1,15% de participação na mineração nacional (quinto lugar no país). Mato Grosso teve produção de [[ouro]] (8,3 toneladas a um valor de R$ 1 bilhão), principalmente na cidade de [[Peixoto de Azevedo]], e [[estanho]] (536 toneladas a um valor de R$ 16 milhões).<ref>{{Cite web|url=https://www.gov.br/anm/pt-br/pagina-inicial-nova|title=ANM - Página inicial|website=Agência Nacional de Mineração}}</ref> Além disso, nas pedras preciosas, o estado é o 2º maior produtor nacional de [[diamante]], tendo extraído 49 mil quilates no ano de 2017. A cidade de [[Juína]] é a principal nesta atividade no estado.<ref>{{Cite web|url=https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/06/27/com-producao-de-49-mil-quilates-de-diamante-por-ano-mt-ocupa-a-2a-colocacao-no-ranking-nacional.ghtml|title=Com produção de 49 mil quilates de diamante por ano, MT ocupa a 2ª colocação no ranking nacional|website=G1}}</ref> O estado também tem uma pequena produção de [[safira]] e [[jaspe]].<ref>{{Cite web|url=http://www.cprm.gov.br/publique/SGB-Divulga/Canal-Escola/Algumas-Gemas-Classicas-1104.html|title=Serviço Geológico do Brasil|website=www.cprm.gov.br}}</ref> | |||
Mato Grosso tinha em 2017 um PIB industrial de R$ 17,0 bilhões, equivalente a 1,4% da indústria nacional. Empregava naquele ano {{fmtn|141121}} trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: construção (32,0%), alimentos (27,9%), serviços industriais de utilidade pública, como energia elétrica e Água (18,6%), bebidas (4,5%) e derivados do petróleo e biocombustíveis (3,9%). Estes cinco setores concentravam naquele ano 86,9% da indústria do estado.<ref>[http://perfildaindustria.portaldaindustria.com.br/estado/mt Perfil da Indústria de Mato Grosso]</ref> | |||
== Infraestrutura == | |||
=== Transportes === | |||
[[Imagem:Rondonópolis transporte soja (Roosevelt Pinheiro) 28mar09.JPG|thumb|esquerda|Tráfego de caminhões na [[BR-163]] em [[Rondonópolis]]]] | |||
[[Imagem:Aeroporto Internacional Marechal Rondon.JPG|esquerda|thumb|[[Aeroporto Internacional Marechal Rondon]]]] | |||
As principais rodovias de Mato Grosso foram construídas a partir da década de 1970, através do [[Programa de Integração Nacional]]. O Transporte Terrestre atua com grande importância para a economia do estado, permitindo o escoamento da produção agrícola e suprindo as necessidades da circulação de mercadorias. Sendo um grande produtor e exportador agropecuário, o estado necessita de boa infra-estrutura rodoviária, porém, muitas das rodovias encontram-se em péssimas condições de conversação e tráfego.<ref name="Rodovias">{{citar web |url=https://web.archive.org/web/20100317082207/http://www1.dnit.gov.br/rodovias/condicoes/mt.htm |titulo=Principais rodovias de Mato Grosso |editor=[[DNIT]] |acessodata=27 de novembro de 2013}}</ref> | |||
As principais Rodovias Federais que cortam o estado são: [[BR-163]], a partir do sul do Estado, liga [[Cuiabá]] a [[Santarém (Pará)|Santarém]]; [[BR-364]], a partir de [[Goiás]], liga [[Cuiabá]] à Rio Branco no Acre passando por [[Porto Velho]] em Rondônia; [[BR-070]], que liga [[Cuiabá]] a [[Brasília]] e [[BR-158]], a partir de [[Barra do Garças]], segue em direção ao [[Pará]].<ref name="Rodovias"/> | |||
= | Grande parte das rodovias estaduais foram criadas a partir da década de 1970, visando interligar os municípios mato-grossenses, dando acesso aos eixos rodoviários federais. Apesar da enorme importância para a economia estadual, muitas destas rodovias estão em estado crítico de conservação.<ref name="Rodovias"/> | ||
A | A [[Ferronorte]] interliga Mato Grosso ao [[Porto de Santos]], em [[São Paulo (estado)|São Paulo]]. Conta com quatro terminais: [[Alto Araguaia]], [[Alto Taquari]], [[Itiquira (Mato Grosso)]] e [[Rondonópolis]](Sendo este o maior terminal intermodal da América Latina), e são responsáveis pelo escoamento de grande parte da produção agrícola do estado. Atualmente a ferrovia encontra-se em posse/concessão da [[América Latina Logística]]. | ||
Apesar dos rios que banham o estado apresentarem boas condições de navegação, as Hidrovias em Mato Grosso, em geral, são menos utilizadas e envolvem polêmicas com questões ambientais e sociais, sendo que muitas obras encontram-se embargadas atualmente. As principais hidrovias são: [[Rio Paraguai|Paraguai]]-[[Rio Paraná|Paraná]], [[Rio das Mortes (Mato Grosso)|Rio das Mortes]]-[[Rio Araguaia|Araguaia]]-[[Rio Tocantins|Tocantins]] e [[Rio Madeira|Madeira]]-[[Rio Amazonas|Amazonas]]<ref>[http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/hidrovias_e_portos_da_amazonia_legal/mato_grosso_-_hidrovia_e_portos.html|Hidrovias em Mato Grosso] acesso em 27 de novembro de 2013.</ref> | |||
=== | O [[Aeroporto Internacional Marechal Rondon]], localizado no município de [[Várzea Grande (Mato Grosso)|Várzea Grande]], é o principal [[aeroporto]] do estado. Dista oito [[quilômetro]]s do centro de [[Cuiabá]], a capital do estado, sendo o terceiro aeroporto mais movimentado do [[Movimento nos aeroportos do Centro-Oeste|Centro-Oeste]] do Brasil, segundo dados da [[Infraero|Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária]].<ref>{{Citar web |url=http://www.portalbrasil.net/aviacao_aeroportos.htm |titulo=aviacao - aeroportos brasileiros<!-- Titulo gerado automaticamente -->|acessodata= 29 de dezembro de 2010 }}</ref> | ||
=== Educação === | |||
[[Ficheiro:Reitoria_da_UFMT.jpg|thumb|Reitoria da [[UFMT]]]] | |||
O Estado possui diversas escolas de educação básica e instituições de ensino técnico e superior. As principais instituições públicas de educação de Mato Grosso são: [[Instituto Federal de Mato Grosso]] (IFMT); [[Universidade Federal de Mato Grosso]] (UFMT); [[Universidade Federal de Rondonópolis]] (UFR) e [[Universidade do Estado de Mato Grosso]] (UNEMAT). | |||
A [[Universidade Federal de Mato Grosso]] foi criada em 1970. Sua sede encontra-se em [[Cuiabá]], possuindo campi em mais quatro cidades: [[Barra do Garças]], [[Pontal do Araguaia]], [[Sinop]] e [[Várzea Grande (Mato Grosso)|Várzea Grande]]. As atividades de ensino, pesquisa e extensão estão concentradas em 113 cursos de [[graduação]], incluídas as habilitações, e 60 de especialização sustentados em núcleos de investigação e extensão, onde mais de 21 mil estudantes realizam seus estudos.<ref>{{citar web|url=https://ruf.folha.uol.com.br/2019/lista-universidades-instituicoes/universidade-federal-de-mato-grosso-1.shtml|titulo=Ranking Universitário Folha|data=|acessodata=28 de abril de 2020|publicado=Jornal Folha de S.Paulo|ultimo=|primeiro=}}</ref> | |||
=== | A [[Universidade do Estado de Mato Grosso]] foi fundada em 1978, com sede administrativa no município de [[Cáceres (Mato Grosso)|Cáceres]]. Possui câmpus nos municípios de [[Alta Floresta]], [[Alto Araguaia]], [[Barra do Bugres]], [[Cáceres (Mato Grosso)|Cáceres]], [[Colíder]], [[Diamantino]], [[Juara]], [[Luciara]], [[Nova Mutum]], [[Nova Xavantina]], [[Pontes e Lacerda]], [[Sinop]] e [[Tangará da Serra]]. A contribuição desta universidade é bastante relevante, principalmente para o interior de Mato Grosso, formando milhares de profissionais.<ref>{{Citar web|titulo=UNEMAT|url=http://portal.unemat.br/?pg=universidade&conteudo=1|obra=UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO|acessodata=2019-05-04|lingua=pt-br}}</ref> | ||
== Cultura == | |||
{{Artigo principal|Cultura de Mato Grosso}} | |||
=== Música e dança === | |||
[[Imagem:Violadecocho.jpg|thumb|upright|esquerda|[[Viola de cocho]]]] | |||
Mato Grosso preserva manifestações culturais com influências variadas, que ganham expressão em danças cantos e festivais folclóricos em diferentes regiões do estado. As mais conhecidas são o Siriri, dança acompanhada por cantoria, com influências indígenas e africanas, e o Cururu, espécie de desafios de rimas, com origens em manifestações religiosas por homens, que fazem versos e toadas para as mulheres, os maiores festivais de [[Siriri]] e [[Cururu]], ocorrem em Cuiabá e região.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} | |||
A [[viola de cocho]] é um instrumento musical rudimentar típico da [[Bacia do Paraguai]], produzida por mestres artesãos, violeiros e cururueiros. Praticamente desconhecida no Brasil, a viola de cocho já muito aplaudida mundo afora. A viola de cocho só é encontrada no pantanal de Mato Grosso, recebe este nome porque é confeccionada em um tronco de madeira inteiriço, esculpido no formato de uma viola. Com forma e sonoridade singulares, a viola de cocho possui sempre cinco ordens de cordas, denominada prima, contra, corda do meio, canotio e resposta.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} | |||
Outra cultura típica do estado é o [[sertanejo universitário]], um estilo musical que provém de uma mistura da música sertaneja. É considerado o terceiro segmento na evolução da música sertaneja, estando atrás do sertanejo dito raiz e do sertanejo romântico.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} | |||
O [[rasqueado]] cuiabano é a música popular mato-grossense que tem as suas origens nos ritmos que formaram a música popular brasileira o rasqueado é formado por três ritmos que estão na base da formação do povo brasileiro, ou seja, o negro, o índio e o europeu. Os instrumentos utilizados na execução do tradicional rasqueado são o ganzá, o mocho ou adufo (espécie de tambor em forma de banquinho), o violinofone e a imprescindível viola-de-cocho. Porém hoje em dia , novos instrumentos, principalmente os eletrônicos, são empregados por bandas ditas da região urbana.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} | |||
O [[lambadão cuiabano]] (também conhecido simplesmente como lambadão) é um estilo de música e dança característico da baixada cuiabana, especialmente nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande. Trata-se de um ritmo rápido derivado da junção da [[lambada]] e do [[carimbó]] do [[Pará]], que se tornou um ritmo característico da periferia cuiabana e varzea-grandense. O lambadão sofreu um pouco de preconceito, especialmente contra as versões mais sexualizadas da dança, semelhantes ao [[funk carioca]]. Em 2009, foi promovido o Primeiro Festival de Lambadão de Cuiabá com as principais bandas de lambadão como Scort Som, Real Som, Banda Ellus e muitas outras.{{carece de fontes|data=abril de 2017}} | |||
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== | === Esportes === | ||
{{ | No estado nasceram os medalhistas em Mundiais [[Felipe Lima]] na natação<ref>{{citar web | URL = https://swimswam.com/bio/felipe-lima/|título= Felipe Lima Bio| autor = Swim Swam | acessodata = 19 de fevereiro de 2022}}</ref> e [[David Moura]] no judô,<ref>{{citar web | URL = https://www.olimpiadatododia.com.br/judo/393944-aos-34-anos-david-moura-oficializa-aposentadoria-dos-tatames/|título= Aos 34 anos, David Moura oficializa aposentadoria dos tatames| autor = Olimpiadatododia | acessodata = 19 de fevereiro de 2022}}</ref> além dos campeões mundiais de futsal [[Vinícius Elias Teixeira|Vinícius]] e [[Lenísio Teixeira Júnior|Lenísio]].<ref>{{citar web | URL = https://ge.globo.com/jogos-escolares/noticia/embaixador-e-torcedor-a-vida-dupla-de-lenisio-nos-jogos-escolares-da-juventude.ghtml|título= Embaixador e torcedor: a vida dupla de Lenísio nos Jogos Escolares da Juventude| autor = Globoesporte | acessodata = 19 de fevereiro de 2022}}</ref> | ||
== | == Ver também == | ||
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Edição atual tal como às 13h17min de 27 de agosto de 2022
Mato Grosso é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado na região Centro-Oeste. Tem a porção norte de seu território ocupada pela Amazônia Legal, sendo o sul do estado pertencente ao Centro-Sul do Brasil. Extensas planícies e amplos planaltos dominam a área, sendo que a maior parte destes (cerca de 74%) se encontra abaixo dos seiscentos metros de altitude. Juruena, Teles Pires, Xingu, Araguaia, Paraguai, Rio Guaporé, Piqueri, São Lourenço, das Mortes, Rio Vermelho e Cuiabá são os rios principais.
Tem como limites os estados do Amazonas, Pará (norte); Tocantins, Goiás (leste); Mato Grosso do Sul (sul); Rondônia e a Bolívia (oeste), país vizinho. Ocupa uma área equivalente à da Venezuela e não muito menor do que a vizinha Bolívia. Mato Grosso está organizado em 22 microrregiões e cinco mesorregiões, dividindo-se em 141 municípios, sendo os mais populosos e importantes: a capital Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop, Tangará da Serra, Barra do Garças e Cáceres.
Pelo Tratado de Tordesilhas (de 7 de junho de 1494), o território do atual estado de Mato Grosso pertencia à Espanha. Os jesuítas, a serviço dos espanhóis, criaram os primeiros núcleos, de onde foram expulsos pelos bandeirantes paulistas em 1680. Em 1718, a descoberta do ouro acelerou o povoamento. Em 1748, para garantir a nova fronteira, Portugal criou a capitania de Mato Grosso e, lá, construiu um eficiente sistema de defesa. O Tratado de Madri, de 1750, reconheceu as conquistas bandeirantes na região de Mato Grosso, para dirimir questões de limites entre Portugal e Espanha. Com a chegada dos seringueiros, pecuaristas e exploradores de erva-mate na primeira metade do século XIX, o estado retomou o desenvolvimento. Em 1977, a parte sul do estado foi legalmente desmembrada, formando, assim, um novo estado, Mato Grosso do Sul, o que na prática só se daria em 1979.
História
Colonização europeia
O primeiro europeu a desbravar a área que viria a constituir o estado de Mato Grosso foi o português Aleixo Garcia (há quem lhe atribua, sem provas decisivas, a nacionalidade espanhola), náufrago da esquadra de Juan Díaz de Solís. Em 1525, ele atravessou a mesopotâmia formada pelos rios Paraná e Paraguai e, à frente de uma expedição que chegou a contar com 2 000 homens, avançou até a Bolívia. De volta, com grande quantidade de prata e cobre, Garcia foi morto por índios paiaguás. Sebastião Caboto também penetrou na região em 1526 e subiu o Paraguai até alcançar o domínio dos guaranis, com os quais travou relações de amizade e de quem recebeu, como presente, peças de metais preciosos.
Os fantásticos relatos sobre imensas riquezas do interior do continente sul-americano acenderam as ambições de portugueses e espanhóis. Os primeiros, a partir de São Paulo, lançaram-se em audaciosas incursões, nas quais prepararam índios e alargaram as fronteiras do Brasil. As bandeiras paulistas chocaram-se com tropas espanholas do cabildo de Assunção e com resistência das missões jesuíticas.
Desde 1632, os bandeirantes conheciam, de passagem e de lutas, a região onde os jesuítas haviam localizado as suas reduções de índios e que os espanhóis percorriam como terra sua. Antônio Pires de Campos chegou criança, em 1672, com a bandeira paterna, às depois famosas minas dos Martírios. Já adulto, retomou o caminho da serra misteriosa e navegou, de contracorrente, os rios Paraguai e São Lourenço, embicando Cuiabá acima, até o atual Porto de São Gonçalo Velho, onde se chocou com os índios coxiponés.
Corrida do ouro
A notícia de índios pouco ariscos e descuidados logo se espalhou. Em 1718, um bandeirante de Sorocaba, Pascoal Moreira Cabral Leme, descendente de índios, subiu o Rio Coxipó até atingir a aldeia destruída dos coxiponés, onde deu início à rancharia de uma base de operações. Às margens do Coxipó e do Cuiabá, Cabral Leme descobriu abundante jazida de ouro. A caça ao índio cedeu vez, então, às atividades mineradoras. Em 8 de abril de 1719, foi lavrado o termo de fundação do arraial de Cuiabá, e aclamou-se Pascoal guarda-mor regente "para poder guardar todos os ribeiros de ouro, socavar, examinar, fazer composições com os mineiros e botar bandeiras, tanto aurinas, como ao inimigo bárbaro".
A notícia da descoberta de ouro não tardou em transpor os sertões, dando motivo a uma corrida sem precedentes para o oeste. A viagem até Cuiabá, distante mais de quinhentas léguas do litoral atlântico, exigia de quatro a seis meses, e era arriscada e difícil em consequência do desconforto, das febres e dos ataques indígenas.[7] Rodrigo César de Meneses, capitão-general da capitania de São Paulo, chegou a Cuiabá no fim de 1726 e ali permaneceu cerca de um ano e meio. A localidade recebeu o título de Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá. Constituiu-se a câmara e nomeou-se um corpo de funcionários encarregados de dar cumprimento ao rigoroso regulamento fiscal da coroa. Em 1729, foi criado o lugar de ouvidor.
Problemas de fronteiras
O Tratado de Madri, de 1750, reconheceu as conquistas bandeirantes na região de Mato Grosso, para dirimir questões de limites entre Portugal e Espanha. Outro tratado, de 1761, modificou o anterior, ao proibir construções fortificadas na faixa de fronteira. Os espanhóis exigiram a evacuação de Santa Rosa, ocupada e fortificada por Rolim de Moura, que resolveu enfrentá-los. Travou-se luta, sem vantagem decisiva para nenhuma das partes. Afinal, os castelhanos se retiraram em 1766, já sob o governo do sucessor de Rolim, seu sobrinho João Pedro da Câmara. Expulsos os jesuítas das missões espanholas, em 1767, a situação tornou-se mais tranquila para Portugal.
Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, que governou de 1772 a 1789, tomou, porém, a iniciativa de reforçar o esquema defensivo. Construiu, à margem do Rio Guaporé, o Forte Real do Príncipe da Beira, no qual chegaram a trabalhar mais de duzentos obreiros e, no sul, sobre o Rio Paraguai, abaixo do Rio Miranda, o Presídio de Nova Coimbra. Fundou Vila Maria (mais tarde São Luís de Cáceres, ou simplesmente Cáceres), Casalvasco, Salinas e Corixa Grande. Criticou severamente o novo tratado luso-espanhol de 1777 (Tratado de Santo Ildefonso) no tocante a Mato Grosso, por achar que encerrava concessões prejudiciais a Portugal. Usou no levantamento cartográfico e na delimitação de fronteiras os serviços de dois astrônomos e matemáticos brasileiros recém-formados em Coimbra, Francisco José de Lacerda e Almeida e Antônio Pires da Silva Pontes, e dos geógrafos capitães Ricardo Francisco de Almeida Serra e Joaquim José Ferreira.
Caetano Pinto de Miranda Montenegro, o futuro Marquês de Vila Real de Praia Grande, chegou a Cuiabá em 1796 para assumir o cargo de capitão-general, com recomendação da metrópole para elaborar um plano de defesa que protegesse a capitania contra qualquer tentativa de invasão. A guerra com os espanhóis foi deflagrada em 1801, quando Lázaro de Ribera, à frente de oitocentos homens, atacou o Forte de Coimbra, defendido bravamente por Ricardo Franco, com apenas cem homens, que conseguiram repelir o invasor. A paz, todavia, só foi firmada em Badajoz, em 6 de maio de 1802. A capitania, com meio século de vida autônoma, consolidou sua estabilidade territorial e neutralizou de imediato o perigo de novas invasões.
No fim do período colonial, registrou-se certo declínio da capitania. Cuiabá e Vila Bela haviam sido elevadas à categoria de cidade. Em 20 de agosto de 1821, Magessi foi deposto pela "tropa, clero, nobreza e povo", como "ambicioso em extremo, concussionário insaciável, hipócrita". Formou-se, em Cuiabá, uma junta governativa que jurou lealdade ao príncipe dom Pedro e outra, dissidente, em Vila Bela da Santíssima Trindade, com o que se estabeleceu a dualidade de poder.
Em abril de 1878, em função do Tratado de Ayacucho, foram enviadas, para Corumbá, as "Plantas Geográficas dos Rios Guaporé e Mamoré", sendo que a cartografia para delimitar os limites fronteiriços dos rios Guaporé e Mamoré foi levantada e apresentada pela Segunda Seção Brasileira, sediada na mesma cidade, tendo sido todas chanceladas pelos delegados brasileiros e bolivianos. Continuando, a descrição diz "Destas cabeceiras continuam os limites pelo leito do mesmo rio até sua confluência com o Guaporé, e depois pelo leito deste e do Mamoré até sua confluência com o Beni, onde principia o Rio Madeira". Em 1878 e 1879, houve troca de notas da chancelaria boliviana com a embaixada do Brasil em La Paz, acusando o recebimento e aprovando a "Carta Geral", conforme ajustado na Sétima Conferência da Comissão Mista.
Século XIX
A notícia da independência do Brasil , que ocorreu em 7 de setembro de 1822, só chegou na província de Mato Grosso em 22 de janeiro de 1823. A demora deve-se ao fato de que o difícil acesso a Mato Grosso àquela época, sobretudo no período de chuvas, dificultou a chegada imediata da notícia da independência. Logo depois, um governo provisório único substituiu as duas juntas e foi instalado em Cuiabá, o que transformou Vila Bela da Santíssima Trindade em "capital destronada". As lutas entre as tendências conservadora e liberal refletiram-se na província durante o primeiro reinado e a regência. Foi montada, em Cuiabá, a tipografia na qual seria impresso o primeiro jornal da província, a "Tifis Matogrossense", cujo primeiro número circulou em 14 de agosto de 1839. A situação econômico-financeira da província se agravou, com um deficit orçamentário crescente.
Os governos se sucederam sem acontecimentos de maior relevo até a Guerra do Paraguai. Uma guarda defensiva montada em 1850 no Morro do Pão de Açúcar pelo governador João José da Costa Pimentel irritou o governo paraguaio. Pimentel então recuou ante gestões diplomáticas realizadas em Assunção. Foi substituído pelo capitão de fragata Augusto João Manuel Leverger, barão de Melgaço, cujo primeiro governo durou de 1851 a 1857. Leverger recebeu ordem de concentrar toda a força militar da província no baixo Paraguai, para esperar os navios que deveriam subir o rio com ou sem licença de Francisco Solano López. Mudou-se, então, para o Forte de Coimbra, onde permaneceu cerca de dois anos.
O coronel Frederico Carneiro de Campos, nomeado presidente provincial em 1864, subia o rio Paraguai para assumir o posto quando seu navio — o Marquês de Olinda — foi atacado e aprisionado por uma belonave paraguaia. Logo que o Paraguai rompeu as hostilidades, revelou-se a fraqueza do sistema defensivo brasileiro em Mato Grosso, prevista por Leverger. Caiu logo Coimbra, após dois dias de resistência. Em seguida, foi a vez de Corumbá e da colônia de Dourados. A guerra seguiu seu curso, marcada por episódios como a retirada de Laguna, a retomada e subsequente abandono de Corumbá. Dessa cidade, as tropas brasileiras trouxeram para Cuiabá uma epidemia de varíola que teve efeitos devastadores. Para o povo, 1867 seria o "ano das bexigas", mais que da retomada de Corumbá.
Os últimos anos do império registraram um lento desenvolvimento da província, governada de outubro de 1884 a novembro de 1885 pelo general Floriano Peixoto. Em 9 de agosto de 1889, assumiu a presidência o coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos, sob cujo governo se realizou a eleição de que saíram vitoriosos os liberais — triunfo celebrado em Cuiabá com um pomposo baile em 7 de dezembro, pouco antes de chegar à cidade a notícia da queda da monarquia.
As aspirações republicanas e federalistas em Mato Grosso tinham tido expressão confusa em várias revoltas, mas no remanso do segundo reinado as agitações se aplacaram. As campanhas pela abolição e pela república tiveram ali repercussão modesta. Ao iniciar-se o período republicano, Mato Grosso tinha uma população calculada em oitenta mil habitantes. A província ficava segregada: sem estradas de ferro, eram necessários cerca de trinta dias de viagem, passando por três países estrangeiros, para atingi-la, a partir do Rio de Janeiro, por via fluvial.
Nas primeiras décadas do período republicano a violência foi usada em disputas políticas e econômicas, com conflitos armados pelo governo estadual, conflitos em geral entre coronéis por poder e terras, saques a cidades, como Paranaíba, execuções de opositores, como o Massacre da Baía do Garcez, em 1901, e tentativas de conseguir autonomia para o sul, que já naquela época tinha sentimento separatista. Houve também um projeto de separar o Mato Grosso do Brasil em 1892.[8]
Em 1892 a oposição pegou em armas e derrubou o presidente estadual Manuel Murtinho em 1º de fevereiro.[9] Porém em 7 de maio Generoso Ponce, à frente de 4 000 homens, iniciou o cerco às forças adversárias na capital e dominou-as em menos de uma semana. Em 22 de junho, caiu Corumbá. Vitorioso seu Partido Republicano, Murtinho retornou ao poder. Surgiu mais tarde, entretanto, uma desavença entre os dois líderes, Ponce e Murtinho. O rompimento consumou-se em dezembro de 1898, com uma declaração pública de Manuel Murtinho, apoiado por seu irmão Joaquim Murtinho, ministro da Fazenda do presidente Campos Sales. Seus partidários conquistaram o poder, num ambiente de grande violência. Mais tarde, contudo, Ponce e Murtinho reconciliaram-se e formaram novo agrupamento político.
Século XX
A vitória dessa corrente política se deu com o movimento armado de 1906, que culminou na morte do presidente Antônio (Totó) Pais de Barros. Seguiu-se um período de interinidade na presidência. Generoso Ponce foi afinal eleito em 1907. A economia do estado melhorou com a abertura de vias férreas a partir do leste (Jupiá, Três Lagoas e Água Clara) e do oeste (Porto Esperança, Miranda e Aquidauana), para se encontrarem em Campo Grande. A ligação ferroviária com São Paulo foi fator de progresso para Mato Grosso, por intensificar o comércio e valorizar as terras da região.
Com o novo presidente, Joaquim Augusto da Costa Marques, que assumiu em 1911, avultaram as pressões da companhia Mate Laranjeira no sentido de renovar o arrendamento dos seus extensos ervais no sul do estado. A pretensão suscitou nova divergência entre Murtinho e Ponce: o primeiro defendia a prorrogação do contrato até 1930, com opção para a compra de 1 000 000 a 2 000 000 de hectares, enquanto Ponce queria a divisão da área em lotes de 450 hectares, que seriam oferecidos a arrendamento em hasta pública. Morto Ponce, a empresa ganhou novo trunfo com o apoio do senador situacionista Antônio Azeredo. Mas o antigo presidente do estado, Pedro Celestino Corrêa da Costa, tomou posição contrária. Os deputados estaduais hostis à prorrogação do contrato fizeram obstrução e impediram que ela fosse aprovada. Finalmente, a Mate Laranjeira foi frustrada em suas pretensões, com a aprovação da Lei Número 725, de 24 de agosto de 1915.
O general Caetano Manuel de Faria Albuquerque assumiu o governo em 15 de agosto de 1915. Seus próprios correligionários conservadores tentaram forçá-lo à renúncia, e ele, tendo a seu lado Pedro Celestino, aceitou o apoio da oposição, num movimento que se chamou "caetanada". Contra seu governo organizou-se a rebelião armada, com ajuda da Mate Laranjeira e seus aliados políticos. Na assembleia, foi proposto e aprovado o impedimento do general Caetano de Albuquerque. Consultado, o Supremo Tribunal Federal não tomou posição definitiva, e o presidente Venceslau Brás acabou por decretar a intervenção no estado em 10 de janeiro de 1917. Em outubro, no Rio de Janeiro, os chefes dos dois partidos locais concluíram acordo, mediante o qual indicava o bispo dom Francisco de Aquino Correia para presidente, em caráter suprapartidário. O prelado assumiu em 22 de janeiro de 1918 e fez uma administração conciliadora, assinalada por uma série de iniciativas. A intervenção federal pôs fim á época da luta armada pelo poder.[8]
Até a Revolução de 1930, a administração estadual lutou com graves problemas financeiros. No período pós-revolucionário, sucederam-se os interventores. Em 1932, o general Bertoldo Klinger, comandante militar de Mato Grosso, deu apoio armado à Revolução Constitucionalista de 1932. Em 7 de outubro de 1935, a Assembleia Constituinte elegeu governador Mário Correia da Costa. Incidentes ocorridos em dezembro de 1936, quando foram feridos a bala os senadores Vespasiano Martins e João Vilas Boas, deram causa à renúncia do governador e a nova intervenção federal.
A velha ideia da separação da porção sul do estado só veio a triunfar em 1977, por meio de uma lei complementar que desmembrou 357 471,5 km² do estado para criar Mato Grosso do Sul. Anteriormente, houve ainda a tentativa de transformar Campo Grande em capital de Mato Grosso, destronando Cuiabá. A iniciativa da divisão partiu do Governo Federal, que alegava, em primeiro lugar, a impossibilidade de um único governo estadual administrar área tão grande e, em segundo, as nítidas diferenças naturais entre o norte e o sul do estado. A lei entrou em vigor em 1º de janeiro de 1979. A partir de então, todas as projeções pessimistas de que o então norte, com a capital Cuiabá, iria se estagnar, não se concretizaram, pelo contrário, surgindo então um processo de pleno crescimento do estado, aliado com a criação e desenvolvimento de municípios como Alta Floresta, Sinop, Tangará da Serra, Primavera do Leste, Campo Novo do Parecis, Sapezal, Campo Verde, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, que hoje estão entre os maiores contribuintes do PIB de Mato Grosso.
As políticas econômicas de apoio preferencial à exportação e à ocupação e desenvolvimento da Amazônia e do Centro-Oeste, implantadas a partir da década de 1970, levaram a novo surtos de progresso em Mato Grosso. A construção de Brasília contribuiu para acabar com a antiga estagnação. Uma vez inaugurada a nova capital, Mato Grosso continuou a atrair mão de obra agrícola de outros estados, pois oferecia as melhores áreas de colonização do país. Graves problemas persistiram, porém, na década de 1980.
Geografia
O estado de Mato Grosso ocupa uma área de 903 207,050 km²[2] e localiza-se a oeste do Meridiano de Greenwich e a sul da Linha do Equador, tendo fuso horário -4 horas em relação a hora mundial GMT. No Brasil, o estado faz parte da região Centro-Oeste, fazendo fronteiras com os estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará, Amazonas, Rondônia, Tocantins, além de um país, a Bolívia. A capital (Cuiabá) está localizada a 15º35'55.36" lat. e 56º05'47.25" long., sendo conhecida, por isso mesmo, como coração da América do Sul.
A drenagem da região se faz por meio de dois sistemas, os dos rios Amazonas e Paraguai. Ao primeiro, pertencem o Juruena e o Teles Pires (formadores do Tapajós), além do Xingu e do Araguaia, este na fronteira com Goiás. O principal afluente do Rio Paraguai no estado é o Rio Cuiabá.
O estado de Mato Grosso, um dos campeões do desmatamento no Brasil e no mundo, era revestido por uma vegetação em que predominavam as florestas, como prosseguimento da mata amazônica. Na área do Pantanal Mato-Grossense que permaneceu nos limites do estado ocorria um revestimento vegetal composto de cerrados e campos. A zona de florestas compreendia 47% da área do estado, os cerrados 39% e os campos 14%. São as seguintes unidades de conservação a nível federal localizadas em Mato Grosso: Parque Nacional do Cristalino; Parque Nacional do Xingu; Parque Nacional do Pantanal Matogrossense; Parque Nacional da Chapada dos Guimarães; Estação Ecológica de Taiamã; Estação Ecológica da Serra das Araras; Área de Proteção Ambiental Meandros do Araguaia; Parque Nacional do Juruena e Parque Nacional dos Campos Amazônicos.
Relevo
Com altitudes modestas, o relevo apresenta grandes superfícies aplainadas, talhadas em rochas sedimentares. Abrange três regiões distintas. Na porção centro-norte do estado, a dos chapadões sedimentares e planaltos cristalinos (com altitudes entre quatrocentos e oitocentos metros), que integram o Planalto Central Brasileiro.
Na região do planalto arenito-basáltico, localizada no sul, simples parcela do planalto meridional. Na parte do Pantanal Mato-Grossense, baixada da porção centro-ocidental. Ao sul do Planalto Brasileiro, situa-se o divisor de águas entre as bacias dos rios Paraguai e Amazonas, constituído em parte pela Chapada dos Parecis. A maior parte da área é drenada pelos rios da Bacia amazônica.
A planície aluvial do médio Araguaia situa-se na região limítrofe entre Mato Grosso e Goiás. Tem natureza semelhante à da planície do Pantanal: ampla, está sujeita a inundações anuais e deposição periódica de aluviões. Pouco depois dela, para oeste, ficam os contrafortes da serra do Roncador.
Fuso horário
O fuso horário em vigor é uma hora menor em relação ao Horário de Brasília e quatro horas a menos em relação a Greenwich, UTC-4. Geralmente entre os meses de outubro e fevereiro adota-se o Horário de Verão, no qual os relógios são adiantados uma hora para poupar energia. Curiosamente, ainda que em caráter não oficial, alguns municípios do leste do estado, na região conhecida como "Vale do Araguaia", adotam o Horário de Brasília mesmo sendo obrigados por lei a adotarem o Fuso Horário Oficial de Mato Grosso.
A população, por sua vez, alega que a região já está dentro do fluxo 45° O e, além disso, sofre muita influência do estado de Goiás, uma vez que por se tratar de região de divisa, a capital Goiânia está muito mais próxima que Cuiabá. Portanto, municípios como Barra do Garças, Alto Araguaia, Canarana, Água Boa e Nova Xavantina, por exemplo, seguem o Horário de Brasília.[10]
Clima
O estado apresenta sensível variedade de climas. Prevalece o tropical super-úmido de monção, com elevada temperatura média anual, superior a 24º C e alta pluviosidade (2 000 milímetros anuais); e o tropical, com chuvas de verão e inverno seco, caracterizado por médias de 23 °C no planalto.
A pluviosidade é alta também nesse clima: excede a média anual de 1 500 milímetros. Já em lugares elevados, como a Chapada dos Guimarães e a Serra do Monte Cristo, o clima é subtropical, com uma temperatura média anual de Chapada dos Guimarães é de 24 °C, sendo a maior máxima registrada de 40 °C e a menor de 0 °C.[11]
Durante a atuação de uma intensa massa de ar polar, as temperaturas durante a tarde nas cidades do centro-sul e sudoeste do estado podem estar próximas a 10 °C, enquanto que no restante do território as temperaturas ultrapassam os 30 °C.
Demografia
A população de Mato Grosso para 1.º de julho de 2021 era de 3 567 234 habitantes, segundo a estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).[2] Mato Grosso é o 17.º estado mais populoso do Brasil e concentra 1,7% da população brasileira. Possui uma densidade demográfica de 3,9 habitantes por quilômetro quadrado.
Pelas características encontradas no estado, o predomínio é de pessoas adultas e com um índice de declínio para jovens e aumento de idosos. Pela média do estado há um predomínio de homens devido a emigração dos outros estados para Mato Grosso, contudo, na grande Cuiabá há predomínio de mulheres, semelhante à média brasileira. Mato Grosso ocupa o oitavo lugar entre os maiores índices de desenvolvimento humano das unidades federativas do Brasil.
Segundo dados do Censo brasileiro de 2010, obtidos pelo IBGE por meio de pesquisa de autodeclaração, 52,7% da população mato-grossense se identifica como parda, 27,1% como branca, 7,4% como negra e 1,1% como asiáticos ou indígenas.[12]
Semelhante ao que ocorre em todo território nacional, Mato Grosso é predominantemente povoado por pessoas cristãs, sendo na sua maioria católicos e uma fração menor dividida em inúmeras denominações evangélicas, contando ainda com a presença de religiões afrodescendentes.
Municípios mais populosos
Predefinição:Municípios mais populosos de Mato Grosso
Governo e política
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O estado de Mato Grosso, assim como em uma república, é governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso e outros tribunais e juízes. Além dos três poderes, o estado também permite a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos.[13] A atual constituição do estado foi promulgada em 1989, acrescida das alterações resultantes de posteriores Emendas Constitucionais.[14]
O poder executivo mato-grossense está centralizado no governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto pela população para mandatos de até quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um mandato.[14] Sua sede é o Palácio Paiaguás, que desde 1975 é sede do poder executivo e residência oficial do governador.[15] Nas eleições estaduais em Mato Grosso em 2018, Mauro Mendes candidatou-se pelo Democratas a governador e foi eleito em 1º turno com 58,69% dos votos válidos.[16]
O poder legislativo estadual é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, localizada no Centro Político Administrativo. Ela é constituída por 24 deputados, que são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a representação mato-grossense é de três senadores e oito deputados federais.[17] O poder judiciário tem a função de julgar, conforme leis criadas pelo legislativo e regras constitucionais brasileiras, sendo composto por desembargadores, juízes e ministros.[18] Atualmente, a maior corte do Poder Judiciário mato-grossense é o Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Subdivisões
O Mato Grosso é composto por 141 municípios, que estão distribuídos em 18 regiões geográficas imediatas, que por sua vez estão agrupadas em cinco regiões geográficas intermediárias, segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017.[19]
As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em vigor desde a divisão de 1989. As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões.[20] Na divisão vigente até 2017, os municípios do estado estavam distribuídos em 22 microrregiões e cinco mesorregiões, segundo o IBGE.[21]
Economia
A pecuária e a agricultura em terras anteriormente constituintes de florestas ou de cerrado, que foram devastadas com este fim, foram os principais sistemas comerciais de Mato Grosso dos séculos XX e XXI. Devido ao crescimento econômico propiciado pelas exportações, Mato Grosso tornou-se um dos principais produtores e exportadores de soja do Brasil, entre os municípios que destacam como exportadores está Rondonópolis maior exportador do Estado.[23]
Entre os dez municípios mais ricos do Centro-Oeste, 8 são de Mato Grosso, com destaque para Alto Taquari, Campos de Júlio e Sapezal, que possuem os três maiores PIBs per capita da mesorregião,[24] e Cuiabá, que é sede de 8 empresas de grande porte, mesma quantidade que Belém e Florianópolis e maior número que em Campo Grande.[25] É um dos maiores estados em relação à exploração de minérios.
Em 2012, o crescimento na região de Sinop, Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Matupá se mostrou um forte propulsor para o desenvolvimento econômico do estado, baseado na produção e venda de grãos. As exportações do estado se basearam, naquele ano, em soja (40,59%), milho (17,70%), farelo de soja (16,42%), algodão cru (7,86%) e carne bovina congelada (5,13%)[22]
Em dados de 2020, o Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos do país, com uma participação de 28,0%.[26] É o maior produtor de soja do Brasil, com 26,9% do total produzido em 2020 (33,0 milhões de toneladas), e o terceiro maior produtor de feijão, com 10,5% da produção brasileira.[26] Na cana-de-açúcar, o estado está em sexto lugar no Brasil, com dezesseis milhões de toneladas colhidas em 2019/20.[27][28] Em 2017, o Mato Grosso era o maior produtor de milho do país com 58 milhões de toneladas.[29] É também o maior produtor de algodão do Brasil, com cerca de 65% da produção nacional (1,8 dos 2,8 milhões de toneladas colhidos no país em 2018).[30][31] Na semente de girassol, o estado foi o maior produtor nacional em 2019, com 60 mil toneladas.[32] Na produção de mandioca, o Brasil produziu um total de 17,5 milhões de toneladas em 2019. Mato Grosso produziu 287 mil toneladas neste ano.[33]
Em 2019, o rebanho bovino matogrossense chegou à marca de trinta milhões de cabeças de gado,[34] o maior rebanho bovino do país, representando sozinho quase 14% da produção nacional.[35] Em 2018, Mato Grosso era o quinto maior produtor de carne suína do país, com um plantel de aproximadamente 178 mil matrizes e um rebanho em torno de 2,5 milhões de animais.[36][37]
Em 2017, o estado teve 1,15% de participação na mineração nacional (quinto lugar no país). Mato Grosso teve produção de ouro (8,3 toneladas a um valor de R$ 1 bilhão), principalmente na cidade de Peixoto de Azevedo, e estanho (536 toneladas a um valor de R$ 16 milhões).[38] Além disso, nas pedras preciosas, o estado é o 2º maior produtor nacional de diamante, tendo extraído 49 mil quilates no ano de 2017. A cidade de Juína é a principal nesta atividade no estado.[39] O estado também tem uma pequena produção de safira e jaspe.[40]
Mato Grosso tinha em 2017 um PIB industrial de R$ 17,0 bilhões, equivalente a 1,4% da indústria nacional. Empregava naquele ano 141 121 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: construção (32,0%), alimentos (27,9%), serviços industriais de utilidade pública, como energia elétrica e Água (18,6%), bebidas (4,5%) e derivados do petróleo e biocombustíveis (3,9%). Estes cinco setores concentravam naquele ano 86,9% da indústria do estado.[41]
Infraestrutura
Transportes
As principais rodovias de Mato Grosso foram construídas a partir da década de 1970, através do Programa de Integração Nacional. O Transporte Terrestre atua com grande importância para a economia do estado, permitindo o escoamento da produção agrícola e suprindo as necessidades da circulação de mercadorias. Sendo um grande produtor e exportador agropecuário, o estado necessita de boa infra-estrutura rodoviária, porém, muitas das rodovias encontram-se em péssimas condições de conversação e tráfego.[42]
As principais Rodovias Federais que cortam o estado são: BR-163, a partir do sul do Estado, liga Cuiabá a Santarém; BR-364, a partir de Goiás, liga Cuiabá à Rio Branco no Acre passando por Porto Velho em Rondônia; BR-070, que liga Cuiabá a Brasília e BR-158, a partir de Barra do Garças, segue em direção ao Pará.[42]
Grande parte das rodovias estaduais foram criadas a partir da década de 1970, visando interligar os municípios mato-grossenses, dando acesso aos eixos rodoviários federais. Apesar da enorme importância para a economia estadual, muitas destas rodovias estão em estado crítico de conservação.[42]
A Ferronorte interliga Mato Grosso ao Porto de Santos, em São Paulo. Conta com quatro terminais: Alto Araguaia, Alto Taquari, Itiquira (Mato Grosso) e Rondonópolis(Sendo este o maior terminal intermodal da América Latina), e são responsáveis pelo escoamento de grande parte da produção agrícola do estado. Atualmente a ferrovia encontra-se em posse/concessão da América Latina Logística.
Apesar dos rios que banham o estado apresentarem boas condições de navegação, as Hidrovias em Mato Grosso, em geral, são menos utilizadas e envolvem polêmicas com questões ambientais e sociais, sendo que muitas obras encontram-se embargadas atualmente. As principais hidrovias são: Paraguai-Paraná, Rio das Mortes-Araguaia-Tocantins e Madeira-Amazonas[43]
O Aeroporto Internacional Marechal Rondon, localizado no município de Várzea Grande, é o principal aeroporto do estado. Dista oito quilômetros do centro de Cuiabá, a capital do estado, sendo o terceiro aeroporto mais movimentado do Centro-Oeste do Brasil, segundo dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária.[44]
Educação
O Estado possui diversas escolas de educação básica e instituições de ensino técnico e superior. As principais instituições públicas de educação de Mato Grosso são: Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT); Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) e Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
A Universidade Federal de Mato Grosso foi criada em 1970. Sua sede encontra-se em Cuiabá, possuindo campi em mais quatro cidades: Barra do Garças, Pontal do Araguaia, Sinop e Várzea Grande. As atividades de ensino, pesquisa e extensão estão concentradas em 113 cursos de graduação, incluídas as habilitações, e 60 de especialização sustentados em núcleos de investigação e extensão, onde mais de 21 mil estudantes realizam seus estudos.[45]
A Universidade do Estado de Mato Grosso foi fundada em 1978, com sede administrativa no município de Cáceres. Possui câmpus nos municípios de Alta Floresta, Alto Araguaia, Barra do Bugres, Cáceres, Colíder, Diamantino, Juara, Luciara, Nova Mutum, Nova Xavantina, Pontes e Lacerda, Sinop e Tangará da Serra. A contribuição desta universidade é bastante relevante, principalmente para o interior de Mato Grosso, formando milhares de profissionais.[46]
Cultura
Música e dança
Mato Grosso preserva manifestações culturais com influências variadas, que ganham expressão em danças cantos e festivais folclóricos em diferentes regiões do estado. As mais conhecidas são o Siriri, dança acompanhada por cantoria, com influências indígenas e africanas, e o Cururu, espécie de desafios de rimas, com origens em manifestações religiosas por homens, que fazem versos e toadas para as mulheres, os maiores festivais de Siriri e Cururu, ocorrem em Cuiabá e região.[carece de fontes]
A viola de cocho é um instrumento musical rudimentar típico da Bacia do Paraguai, produzida por mestres artesãos, violeiros e cururueiros. Praticamente desconhecida no Brasil, a viola de cocho já muito aplaudida mundo afora. A viola de cocho só é encontrada no pantanal de Mato Grosso, recebe este nome porque é confeccionada em um tronco de madeira inteiriço, esculpido no formato de uma viola. Com forma e sonoridade singulares, a viola de cocho possui sempre cinco ordens de cordas, denominada prima, contra, corda do meio, canotio e resposta.[carece de fontes]
Outra cultura típica do estado é o sertanejo universitário, um estilo musical que provém de uma mistura da música sertaneja. É considerado o terceiro segmento na evolução da música sertaneja, estando atrás do sertanejo dito raiz e do sertanejo romântico.[carece de fontes]
O rasqueado cuiabano é a música popular mato-grossense que tem as suas origens nos ritmos que formaram a música popular brasileira o rasqueado é formado por três ritmos que estão na base da formação do povo brasileiro, ou seja, o negro, o índio e o europeu. Os instrumentos utilizados na execução do tradicional rasqueado são o ganzá, o mocho ou adufo (espécie de tambor em forma de banquinho), o violinofone e a imprescindível viola-de-cocho. Porém hoje em dia , novos instrumentos, principalmente os eletrônicos, são empregados por bandas ditas da região urbana.[carece de fontes]
O lambadão cuiabano (também conhecido simplesmente como lambadão) é um estilo de música e dança característico da baixada cuiabana, especialmente nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande. Trata-se de um ritmo rápido derivado da junção da lambada e do carimbó do Pará, que se tornou um ritmo característico da periferia cuiabana e varzea-grandense. O lambadão sofreu um pouco de preconceito, especialmente contra as versões mais sexualizadas da dança, semelhantes ao funk carioca. Em 2009, foi promovido o Primeiro Festival de Lambadão de Cuiabá com as principais bandas de lambadão como Scort Som, Real Som, Banda Ellus e muitas outras.[carece de fontes]
Esportes
No estado nasceram os medalhistas em Mundiais Felipe Lima na natação[47] e David Moura no judô,[48] além dos campeões mundiais de futsal Vinícius e Lenísio.[49]
Ver também
- Fórum de Governadores do Brasil Central
- Lista de municípios de Mato Grosso
- Lista dos edifícios mais altos de Mato Grosso
- Escola da Amazônia
- Lista de governadores de Mato Grosso
- Rusga, movimento nativista durante o período regencial
- Parque Indígena do Xingu
Referências
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