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Usina Hidrelétrica de Itaipu: mudanças entre as edições

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|fundação              = {{dtlink|17|5|1974}} (constituição da entidade)<ref name="fundacao1">ITAIPU BINACIONAL. Itaipu: 30 anos de operação. Uma usina de recordes. Foz do Iguaçu, 2014. Edição própria. Pp. 28. CDD 621.312134</ref>
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'''Usina Hidrelétrica de Itaipu''' ({{lang-es|''Itaipú''}}, {{lang-gn|''Itaipu''}}) é uma [[usina hidrelétrica]] binacional localizada no [[Rio Paraná]], na fronteira entre o [[Brasil]] e o [[Paraguai]]. A barragem foi construída pelos dois países entre 1975 e 1982, período em que ambos eram governados por [[Ditadura militar|ditaduras militares]]. O nome ''Itaipu'' foi tirado de uma ilha que existia perto do local de construção. Na família linguística [[Língua tupi-guarani|tupi-guarani]], o termo significa "pedra na qual a água faz barulho", através da junção dos termos ''itá'' (pedra), i (água) e ''pu'' (barulho).<ref>NAVARRO, E. A. ''Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos''. 3ª edição. São Paulo. Global. 2005. p. 69.</ref>
'''Usina Hidrelétrica de Itaipu''' ({{lang-es|''Itaipú''}}, {{lang-gn|''Itaipu''}}) é uma [[hidrelétrica]] binacional localizada no [[Rio Paraná]], na fronteira entre o [[Brasil]] e o [[Paraguai]]. A barragem foi construída pelos dois países entre 1975 e 1982. O nome ''Itaipu'' foi tirado de uma ilha que existia perto do local de construção. Na família linguística [[Língua tupi-guarani|tupi-guarani]], o termo significa "pedra na qual a água faz barulho", através da junção dos termos ''itá'' (pedra), i (água) e ''pu'' (barulho).<ref>NAVARRO, E. A. ''Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos''. 3ª edição. São Paulo. Global. 2005. p. 69.</ref> Quando foi concluída, era a maior barragem do mundo, título que manteve por 21 anos até a construção da [[Barragem das Três Gargantas|Hidrelétrica das Três Gargantas]], na [[China]], em 2003.


A Itaipu Binacional, operadora da usina, é a líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de megawatts-hora (MWh) desde o início de sua operação.<ref name="2,4 Bilhoes">[http://exame.abril.com.br/tecnologia/usina-de-itaipu-rompe-barreira-inedita-de-geracao-de-energia/] Exame. Visualizado em 30 de janeiro de 2017</ref><ref name="2.5bi CanalEnergia">{{Citar web |url=https://www.canalenergia.com.br/noticias/53042336/brasil-e-paraguai-comemoram-a-marca-de-25-bilhoes-de-mwh-produzidos-por-itaipu |título=Brasil e Paraguai comemoram a marca de 2,5 bilhões de MWh produzidos por Itaipu |publicado=Canal Energia |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref><ref name="2.5bi EBC">{{Citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-11/itaipu-comemora-marca-de-25-bilhoes-de-mwh-de-energia-limpa-e-renovavel |título=Itaipu comemora marca de 2,5 bilhões de MWh de energia limpa e renovável |publicado=EBC Agência Brasil |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref><ref name="2.5bi G1">{{Citar web |url=https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/em-33-anos-de-funcionamento-itaipu-chega-a-marca-de-25-bilhoes-de-megawatts-de-energia-gerada.ghtml |título=Em 33 anos de funcionamento, Itaipu chega à marca de 2,5 bilhões de megawatts de energia gerada |publicado=Portal G1 |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref><ref name="2.5bi Terra">{{Citar web |url=https://www.terra.com.br/noticias/brasil/catve/videos/itaipu-comemora-25-bilhoes-de-mwh-de-energia-limpa-e-renovavel,8528015.html |título=Itaipu comemora 2,5 bilhões de MWh de energia limpa e renovável |publicado=CATVE Portal Terra |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref> A [[Barragem das Três Gargantas|Hidrelétrica das Três Gargantas]], na [[China]], produziu cerca de 800 milhões de MWh desde o início de sua operação, com uma potência instalada 60% maior do que a de Itaipu (22.500 [[Megawatt|MW]] contra 14.000 [[Megawatt|MW]]).<ref>[https://www.itaipu.gov.br/energia/comparacoes Comparações] Itaipu Binacional. Visitado em 18 de novembro de 2015</ref><ref>[https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/producao-de-itaipu-atinge-nova-marca-historica-23-bilhoes-de-mwh Produção de Itaipu atinge nova marca histórica: 2,4 bilhões de MWh] Itaipu Bi-nacional - acessado em 18 de novembro de 2015</ref>  
A Itaipu Binacional, operadora da usina, é a [[Lista das maiores usinas hidrelétricas do mundo|líder mundial em produção de energia limpa e renovável]], tendo produzido mais de 2,5 bilhões de megawatts-hora (MWh) desde o início de sua operação.<ref name="2,4 Bilhoes">[http://exame.abril.com.br/tecnologia/usina-de-itaipu-rompe-barreira-inedita-de-geracao-de-energia/] Exame. Visualizado em 30 de janeiro de 2017</ref><ref name="2.5bi CanalEnergia">{{Citar web |url=https://www.canalenergia.com.br/noticias/53042336/brasil-e-paraguai-comemoram-a-marca-de-25-bilhoes-de-mwh-produzidos-por-itaipu |título=Brasil e Paraguai comemoram a marca de 2,5 bilhões de MWh produzidos por Itaipu |publicado=Canal Energia |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref><ref name="2.5bi EBC">{{Citar web |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-11/itaipu-comemora-marca-de-25-bilhoes-de-mwh-de-energia-limpa-e-renovavel |título=Itaipu comemora marca de 2,5 bilhões de MWh de energia limpa e renovável |publicado=EBC Agência Brasil |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref><ref name="2.5bi G1">{{Citar web |url=https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/em-33-anos-de-funcionamento-itaipu-chega-a-marca-de-25-bilhoes-de-megawatts-de-energia-gerada.ghtml |título=Em 33 anos de funcionamento, Itaipu chega à marca de 2,5 bilhões de megawatts de energia gerada |publicado=Portal G1 |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref><ref name="2.5bi Terra">{{Citar web |url=https://www.terra.com.br/noticias/brasil/catve/videos/itaipu-comemora-25-bilhoes-de-mwh-de-energia-limpa-e-renovavel,8528015.html |título=Itaipu comemora 2,5 bilhões de MWh de energia limpa e renovável |publicado=CATVE Portal Terra |acessadoem=10 de dezembro de 2017}}</ref> Três Gargantas produziu cerca de 800 milhões de MWh desde o início de sua operação, com uma potência instalada 60% maior do que a de Itaipu (22,5 mil [[Megawatt|MW]] contra 14 mil [[Megawatt|MW]]).<ref>[https://www.itaipu.gov.br/energia/comparacoes Comparações] Itaipu Binacional. Visitado em 18 de novembro de 2015</ref><ref>[https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/producao-de-itaipu-atinge-nova-marca-historica-23-bilhoes-de-mwh Produção de Itaipu atinge nova marca histórica: 2,4 bilhões de MWh] Itaipu Bi-nacional - acessado em 18 de novembro de 2015</ref>


Em termos de recorde anual de produção de energia, a usina de Itaipu ocupa o primeiro lugar ao superar seu próprio recorde <ref>[http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2013/12/itaipu-bate-recorde-e-e-bicampea-de-producao-mundial-de-energia-eletrica.html] G1. Acessado em 30 de janeiro de 2017.</ref> que era de 98,6 milhões de MWh.<ref>[http://g1.globo.com/economia/noticia/itaipu-ultrapassa-tres-gargantas-e-reassume-lideranca-mundial-na-producao-de-energia.ghtml] G1</ref><ref name="Recorde Mundial">[http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2017/01/itaipu-quebra-recorde-mundial-de-producao-de-energia-em-2016.html] G1. Acessado em 30 de janeiro de 2017.</ref> Em 2016, a usina de Itaipu Binacional realizou um feito histórico ao produzir, em um único ano calendário, mais de 100 milhões de MWh de energia limpa e renovável. No total, em 2016, foram produzidos 103.098.366 MWh de energia.<ref name = "Itaipu Binacional">{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/geracao |título=Geração de Energia |publicado=Itaipu Binacional |acessadoem=12 de março de 2018}}</ref><ref name="Recorde Mundial"/>
Em termos de recorde anual de produção de energia, a usina de Itaipu ocupa o primeiro lugar ao superar seu próprio recorde <ref>[http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2013/12/itaipu-bate-recorde-e-e-bicampea-de-producao-mundial-de-energia-eletrica.html] G1. Acessado em 30 de janeiro de 2017.</ref> que era de 98,6 milhões de MWh.<ref>[http://g1.globo.com/economia/noticia/itaipu-ultrapassa-tres-gargantas-e-reassume-lideranca-mundial-na-producao-de-energia.ghtml] G1</ref><ref name="Recorde Mundial">[http://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2017/01/itaipu-quebra-recorde-mundial-de-producao-de-energia-em-2016.html] G1. Acessado em 30 de janeiro de 2017.</ref> Em 2016, a usina de Itaipu Binacional realizou um feito histórico ao produzir, em um único ano calendário, mais de 100 milhões de MWh de energia limpa e renovável. No total, em 2016, foram produzidos {{Fmtn|103098366}} MWh de energia.<ref name="Recorde Mundial"/><ref name = "Itaipu Binacional">{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/geracao |título=Geração de Energia |publicado=Itaipu Binacional |acessadoem=12 de março de 2018}}</ref>


O seu lago possui uma área de 1.350 km<sup>2</sup>, indo de [[Foz do Iguaçu]], no Brasil e [[Ciudad del Este]], no Paraguai, até [[Guaíra (Paraná)|Guaíra]] e [[Salto del Guairá]], 150 km ao norte. Possuindo 20 [[turbina hidráulica|unidades geradoras]] de 700 MW cada e projeto hidráulico de 118 m, Itaipu tem uma potência de geração (capacidade) de 14.000 MW. É um empreendimento binacional administrado por Brasil e Paraguai no rio Paraná na seção de fronteira entre os dois países, a 15 km ao norte da [[Ponte Internacional da Amizade|Ponte da Amizade]]. A Usina de Itaipu fazia parte da lista oficial de candidatas para as [[Sete Maravilhas do Mundo Moderno]], elaborada em 1995 pela revista ''Popular Mechanics'', dos [[Estados Unidos]], mas não ganhou o título.<ref>{{Citation
O seu lago possui uma área de {{Fmtn|1350}} km<sup>2</sup>, indo de [[Foz do Iguaçu]], no Brasil e [[Ciudad del Este]], no Paraguai, até [[Guaíra (Paraná)|Guaíra]] e [[Salto del Guairá]], 150&nbsp;km ao norte. Possuindo 20 [[turbina hidráulica|unidades geradoras]] de 700 MW cada e projeto hidráulico de 118 m, Itaipu tem uma potência de geração (capacidade) de 14 mil MW. É um empreendimento binacional administrado por Brasil e Paraguai no rio Paraná na seção de fronteira entre os dois países, a 15&nbsp;km ao norte da [[Ponte Internacional da Amizade|Ponte da Amizade]]. A Usina de Itaipu fazia parte da lista oficial de candidatas para as [[Sete Maravilhas do Mundo Moderno]], elaborada em 1995 pela revista ''Popular Mechanics'', dos [[Estados Unidos]], mas não ganhou o título.<ref>{{Citation
|último = Pope
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|primeiro = Gregory T.
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== História ==
== História ==


=== Antecedentes ===
=== Projeto ===
[[Ficheiro:ItaipuAerea2AAL.jpg|thumb|esquerda|[[Fotografia aérea]] da usina]]
[[Imagem:Itaipu Schrift.JPG|thumb|upright=1.4|esquerda|Símbolo de Itaipu Binacional.]]


A Usina de Itaipu foi resultado de intensas negociações entre os dois países durante a [[década de 1960]]. Em 22 de julho de 1966,<ref>[http://www.gazetadopovo.com.br/edicao30mil/conteudo.phtml?tl=1&id=1210006&tit=guas-furtadas Águas furtadas] Jornal Gazeta do Povo - n° 30.000 - acessado em 8 de dezembro de 2012</ref> os ministros das Relações Exteriores do [[Brasil]], [[Juracy Magalhães]], e do [[Paraguai]], [[Sapena Pastor]], assinaram a "Ata do Iguaçu", uma declaração conjunta de interesse mútuo para estudar o aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do [[Rio Paraná]] "desde e inclusive o [[Salto de Sete Quedas]] até a foz do [[Rio Iguaçu]]".<ref>[http://www.itaipu.gov.br/index.php?q=node/356 Notícias]Site Itaipu {{Wayback|url=http://www.itaipu.gov.br/index.php?q=node%2F356 |date=20090629225817 }}</ref> O [[Tratado de Itaipu]], que legalmente deu origem à usina, foi assinado em 1973.
A usina hidrelétrica de Itaipu começou a ser pensada ainda na década de 1960, quando foram assinados os primeiros acordos de cooperação entre Brasil e Paraguai.<ref name="IPEA">{{citar web |url=http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2328:catid=28&Itemid=23 |titulo=História - Usina Hidrelétrica de Itaipu|data=28 de maio de 2010 |acessodata=2 de junho de 2019 |editor=[[Ipea]]}}</ref> Em 22 de julho de 1966,<ref>[http://www.gazetadopovo.com.br/edicao30mil/conteudo.phtml?tl=1&id=1210006&tit=guas-furtadas Águas furtadas] Jornal Gazeta do Povo - n° 30.000 - acessado em 8 de dezembro de 2012</ref> os ministros das Relações Exteriores do [[Brasil]], [[Juracy Magalhães]], e do [[Paraguai]], [[Sapena Pastor]], assinaram a "Ata do Iguaçu", uma declaração conjunta de interesse mútuo para estudar o aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do [[Rio Paraná]] "desde e inclusive o [[Salto de Sete Quedas]] até a foz do [[Rio Iguaçu]]".<ref>[http://www.itaipu.gov.br/index.php?q=node/356 Notícias] Site Itaipu {{Wayback|url=http://www.itaipu.gov.br/index.php?q=node%2F356 |date=20090629225817 }}</ref>


Os termos do tratado, que expira em 2023, têm sido objeto de descontentamento generalizado por parte do [[Paraguai]]. O governo do presidente [[Fernando Lugo]] (2008-2012) prometeu renegociar os termos do tratado com o [[Brasil]], que permaneceu por muito tempo hostil a qualquer tipo de renegociação.<ref>[http://www.opendemocracy.net/article/democracy_power/politics_protest/paraguay_fernando_lugo Nickson, Andrew, (2008) Paraguay: Lugo versus the Colorado Machine, Open Democracy 20 February 2008] Open Democracy - acessado em 2013</ref>
As primeiras pesquisas de campo para a elaboração do projeto foram feitas em pequenas balsas por técnicos brasileiros e paraguaios. O local escolhido para a construção foi um ponto do rio conhecido como Itaipu, que em tupi quer dizer "a pedra que canta". As dimensões do projeto também foram traçadas desde o início: a área da hidrelétrica vai de [[Foz do Iguaçu]], no Brasil, e [[Ciudad del Este]], no sul do Paraguai, até [[Guaíra (Paraná)|Guaíra]] e [[Salto del Guairá]], no norte deste país.<ref name="IPEA"/>


Em julho de 2009, houve uma renegociação do Tratado de Itaipu, pela qual o Brasil aceitou passar a pagar o triplo do que pagava ao Paraguai pelo direito de uso da eletricidade produzida por Itaipu. O direito de uso é um excedente ao preço da energia que é pago diretamente ao governo paraguaio, ou seja não pode ser deduzido da dívida assumida pelo Paraguai.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/economia/itaipu-entenda-como-a-negociacao-entre-brasil-paraguai-2770220|título=Itaipu: entenda como é a negociação entre Brasil e Paraguai|data=12 de maio de 2011|publicado=[[O Globo]]|acessodata=2 de fevereiro de 2012}}</ref> No total, entretanto o preço total da energia subiu de US$ 45,31 por MWh para US$ 50,93 por MWh. Ainda por esse acordo, o Brasil passou a permitir que o excedente da energia paraguaia seja vendido diretamente às empresas brasileiras, se assim preferirem os paraguaios.<ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/8169139.stm Why Brazil gave way on Itaipu dam]  Retrieved 2009-07-26.</ref><ref>[http://www.nytimes.com/2009/07/27/world/americas/27paraguay.html?ref=world Energy Deal With Brazil Gives Boost to Paraguay] [[New York Times]], July 27, 2009</ref>
A formalização do empreendimento se deu com a assinatura do [[Tratado de Itaipu]] em 1973, que estabeleceu os pontos para o financiamento da obra e a operação da empresa, num modelo de sociedade binacional, pertencente às duas nações em partes iguais. Pelo documento, cada um dos países tem direito a 50% da energia produzida. Caso uma das partes não use toda a cota, deve vender o excedente ao parceiro a preço de custo.<ref name="IPEA"/><ref>[http://www.gazetadopovo.com.br/edicao30mil/conteudo.phtml?tl=1&id=1210006&tit=guas-furtadas Águas furtadas] Jornal Gazeta do Povo - edição comemorativa de n° 30.000 - acessado em 8 de dezembro de 2012</ref>


O acordo entre os presidentes [[Luiz Inácio Lula da Silva|Lula]] e [[Fernando Lugo]] permite que a energia de outras fontes (não de Itaipu) possa ser vendida a terceiros. Esta alteração  não ocorreu. Não está inclusa nas notas reversais. Durante décadas, pelos termos do acordo, o Brasil pagou pelo MWh um valor bastante inferior ao preço de mercado, como contrapartida pelos gastos na construção da barragem e instalação da usina.{{carece de fontes}}
=== Construção ===


(Conforme publicado pelo ''Diario ABC'' do Paraguai em 26 de julho de 2013 sob o título ''Itaipú a favor de Brasil, en contra de Paraguay''). "A lei federal brasileira 5899 de 5 de julho de 1973 obrigou a que as empresas brasileiras de distribuição da região sul e sudeste comprassem partes da potência de ITAIPU destinada ao Brasil, proporcionais a seus mercados próprios, ainda a preços superiores.
[[Imagem:Itaipu 204.jpg|thumb|[[Maquete]] da usina durante a sua construção.]]
A compra era portanto compulsória, independente da necessidade ou do preço. No ano de 1995, por exemplo, 10 anos depois do início da comercialização da energia de Itaipu, o presidente da Companhia Paranaense de Eletricidade - Copel - reclamava que o custo da energia de ITAIPU era cinquenta por cento superior ao custo de geração própria da empresa." Esta situação perdurou por muitos anos. Em curtos espaços de tempo, quando a valorização da moeda brasileira foi excessiva, Itaipu apresentava tarifas competitivas em relação à produção interna brasileira.{{carece de fontes}}
[[Ficheiro:Itaipu Aerea.jpg|thumb|[[Fotografia aérea]] da usina]]


=== Início da obra ===
Em 1970, o consórcio formado pelas empresas PNC e [[ELC Electroconsult]] (da [[Itália]]) venceu a concorrência internacional para a realização dos estudos de viabilidade e para a elaboração do projeto da obra. O início do trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 26 de abril de 1973, [[Brasil]] e [[Paraguai]] assinaram o [[Tratado de Itaipu]], instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do [[Rio Paraná]] pelos dois países. Em 17 de maio de 1974, foi criada a entidade Itaipu Binacional, para gerenciar a construção da usina. O início efetivo das obras ocorreu em janeiro de 1975. Um consórcio de construtoras, liderado pela [[Grupo Andrade Gutierrez|Andrade Gutierrez]], executou o projeto.<ref>{{citar web|url=http://www.terra.com.br/istoedinheiro-temp/especiais/quemequem/serv-construcaopesada.htm|título=Quem é Quem - Serviços - Terra|acessodata=3 de Dezembro de 2014|data=22 de Agosto de 2014 |publicado=Terra.com.br|língua=Portguês}}</ref>
[[Ficheiro:Parag.1973yr.Itaipú.jpeg|thumb|direita|[[Selo]] da Usina de Itaipu de 1973. Scott C363.]]
Em 1970, o consórcio formado pelas empresas PNC e [[ELC Electroconsult]] (da [[Itália]]) venceu a concorrência internacional para a realização dos estudos de viabilidade e para a elaboração do projeto da obra. O início do trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 26 de abril de 1973, [[Brasil]] e [[Paraguai]] assinaram o [[Tratado de Itaipu]], instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do [[Rio Paraná]] pelos dois países. Em 17 de maio de 1974, foi criada a entidade Itaipu Binacional, para gerenciar a construção da usina. O início efetivo das obras ocorreu em janeiro do ano seguinte. Um consórcio de construtoras, liderado pela [[Mendes Júnior]], executou o projeto{{carece de fontes|data=Março de 2008}}.


Para a construção, foram usados 40.000 trabalhadores diretos. Para o material, foram usados 12.570.000 m<sup>3</sup> de concreto (o equivalente a 210 estádios [[Maracanã|Jornalista Mário Filho]]) e uma quantidade de ferro equivalente a 380 [[Torre Eiffel|Torres Eiffel]].
Entre 1975 e 1978, mais de 9 mil casas e um hospital foram construídos nas margens do [[rio Paraná]] para abrigar os trabalhadores que construíam a usina. Na época da construção, Foz do Iguaçu era uma cidade com apenas duas ruas asfaltadas e cerca de 20 mil habitantes. Em dez anos, a população aumentou para {{Fmtn|101447}} pessoas.<ref name="IPEA"/>


Comparando a construção da hidrelétrica de Itaipu com o [[Eurotúnel]] (que liga [[França]] e [[Reino Unido]] sob o [[Canal da Mancha]]) foram utilizados 15 vezes mais concreto e o volume de escavações foi 8,5 vezes maior.
A obra levou 10 anos para ser concluída e aglutinou cerca de 40 mil trabalhadores. Foram usadas mais de 50 milhões de toneladas de terra e rocha, que foram escavadas para ser feito o deslocamento do curso do rio Paraná, o sétimo maior do mundo. A quantidade de concreto usado para construir a usina seria suficiente para erguer 210 estádios do tamanho do [[Estádio do Maracanã|Maracanã]], sendo que a quantidade total de ferro e o aço utilizados no empreendimento poderia ser usada para construir 380 [[Torre Eiffel|Torres Eiffel]].<ref name="IPEA"/> O volume de escavação de terra e rocha em Itaipu é 8,5 vezes maior que o do [[Eurotúnel]] e o volume de concreto é 15 vezes maior.<ref name = "Itaipu Binacional" />


=== Acordo Tripartite ===
=== Acordo Tripartite ===
[[Ficheiro:Itaipu at night.jpg|thumb|esquerda|Itaipu à noite.]]
No dia [[14 de outubro]] de [[1978]], foi aberto o canal de desvio do [[Rio Paraná]], que permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto. Outro marco importante, na área diplomática, foi a assinatura do Acordo Tripartite entre [[Brasil]], [[Paraguai]] e [[Argentina]], em 19 de outubro de 1979, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do [[Rio Paraná]] desde as [[Sete Quedas]] até a foz do [[Rio da Prata]]. Este acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. À época, quando os três países eram governados por ditaduras militares, havia o temor que o [[Brasil]] em um eventual conflito com a [[Argentina]], abrisse completamente as comportas de Itaipu, aumentando os níveis de água do [[Rio da Prata]] e inundando a cidade de [[Buenos Aires]].


Entretanto, caso houvesse o rompimento da represa de Itaipu, na verdade boa parte da água seria absorvida pela profunda calha do Rio Paraná poucos quilômetros depois da barragem e a Argentina ainda estaria protegida pela represa da [[Hidroeléctrica de Yacyretá|Usina de Yacyretá]], localizada 400km abaixo de Itaipu. <ref>[http://mundoestranho.abril.com.br/materia/e-verdade-que-o-brasil-pode-inundar-a-argentina-usando-a-hidreletrica-de-itaipu É verdade que o Brasil pode inundar a Argentina usando a hidrelétrica de Itaipu?] Revista Mundo Estranho</ref>
No dia 14 de outubro de 1978, foi aberto o canal de desvio do [[Rio Paraná]], que permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto. Outro marco importante, na área diplomática, foi a assinatura do Acordo Tripartite entre [[Brasil]], [[Paraguai]] e [[Argentina]], em 19 de outubro de 1979, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do [[Rio Paraná]] desde as [[Sete Quedas]] até a foz do [[Rio da Prata]]. Este acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. À época, quando os três países eram governados por ditaduras militares, havia o temor que o [[Brasil]] em um eventual conflito com a [[Argentina]], abrisse completamente as comportas de Itaipu, aumentando os níveis de água do [[Rio da Prata]] e inundando a cidade de [[Buenos Aires]]. Entretanto, caso houvesse o rompimento da represa de Itaipu, na verdade boa parte da água seria absorvida pela profunda calha do Rio Paraná poucos quilômetros depois da barragem e a Argentina ainda estaria protegida pela represa da [[Hidroeléctrica de Yacyretá|Usina de Yacyretá]], localizada 400&nbsp;km abaixo de Itaipu.<ref>[http://mundoestranho.abril.com.br/materia/e-verdade-que-o-brasil-pode-inundar-a-argentina-usando-a-hidreletrica-de-itaipu É verdade que o Brasil pode inundar a Argentina usando a hidrelétrica de Itaipu?] Revista Mundo Estranho</ref>
{{limpar}}


=== Inauguração e expansão ===
=== Inauguração e expansão ===
[[Ficheiro:Itaipu 3285.jpg|thumb|direita|upright|Construção na usina em setembro de 2003.]]
O reservatório da usina começou a ser formado em 13 de outubro de 1982,<ref>{{Citar web |url=http://jie.itaipu.gov.br/node/48598 |título=Lago de Itaipu Completa 29 Anos |publicado=Jornal de Itaipu Eletrônico |editor=JIE |data=13 de outubro de 2011 |acessodata=1 de julho de 2015}}</ref> quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro, devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época. Em 5 de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu<ref name="EntradaOperacao"/>. As 20 unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano.


As duas últimas das 20 unidades geradoras projetadas entraram em operação entre setembro de [[2006]] e março de [[2007]], elevando a capacidade instalada de Itaipu para 14.000 MW, concluindo a execução da obra. Este aumento da capacidade permite que 18 unidades geradoras permaneçam gerando energia o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/inauguracao-de-duas-unidades-geradoras-marca-inicio-de-nova-fase-de-itaipu |título=Inauguração de duas unidades geradoras marca início de nova fase de Itaipu |publicado=Jornal de Itaipu Eletrônico |editor=JIE |data=14 de maio de 2007 |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
O reservatório da usina começou a ser formado em 13 de outubro de 1982,<ref>{{Citar web |url=http://jie.itaipu.gov.br/node/48598 |título=Lago de Itaipu Completa 29 Anos |publicado=Jornal de Itaipu Eletrônico |editor=JIE |data=13 de outubro de 2011 |acessodata=1 de julho de 2015}}</ref> quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro, devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época. Em 5 de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu.<ref name="EntradaOperacao"/> As 20 unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano.
[[Imagem:Placa Itaipu.jpg|thumb|esquerda|Placa comemorativa em alusão ao recorde de produção de energia.]]


A potência nominal de cada unidade geradora ([[turbina]] e [[gerador]]) é de 700 MW. No entanto, devido ao fato de a queda bruta real ser um pouco maior do que a queda bruta projetada, a potência disponível em cada unidade geradora é de aproximadamente 750 MW na maior parte do tempo, aumentando a capacidade de geração de energia da usina.
As duas últimas das 20 unidades geradoras projetadas entraram em operação entre setembro de 2006 e março de 2007, elevando a capacidade instalada de Itaipu para 14 mil MW, concluindo a execução da obra. Este aumento da capacidade permite que 18 unidades geradoras permaneçam gerando energia o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/inauguracao-de-duas-unidades-geradoras-marca-inicio-de-nova-fase-de-itaipu |título=Inauguração de duas unidades geradoras marca início de nova fase de Itaipu |publicado=Jornal de Itaipu Eletrônico |editor=JIE |data=14 de maio de 2007 |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>


Para efeito de comparação, a vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]] teria capacidade para alimentar pouco mais de duas unidades geradoras. A Itaipu produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com o aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em níveis normais em toda a bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de MWh em um ano.
A capacidade de geração da usina é de 14 GW por ano, sendo que a potência nominal de cada unidade geradora ([[turbina]] e [[gerador]]) é de 700 MW. No entanto, devido ao fato de a queda bruta real ser um pouco maior do que a queda bruta projetada, a potência disponível em cada unidade geradora é de aproximadamente 750 MW na maior parte do tempo, aumentando a capacidade de geração de energia da usina. Em 2004, quando completou 20 anos de atividade, a usina já havia gerado energia suficiente para abastecer o mundo durante 36 dias.<ref name="IPEA"/>
{{panorama|Topo itaipu panorama.jpg|1100px|Vista panorâmica do topo da barragem.}}
 
Para efeito de comparação, a vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]] teria capacidade para alimentar pouco mais de duas unidades geradoras. A Itaipu produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com o aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em níveis normais em toda a bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de MWh em um ano.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/noticia/itaipu-mantem-recorde-de-geracao-mesmo-com-producao-excepcional-de-tres-gar |titulo=Itaipu mantém recorde de geração, mesmo com produção excepcional de Três Gargantas {{!}} ITAIPU BINACIONAL |acessodata=2021-10-07 |website=www.itaipu.gov.br}}</ref>


=== Blecaute de 2009 ===
=== Renegociação do Tratado de Itaipu e blecaute ===
{{Artigo principal|Queda de energia no Brasil em 2009}}
{{Artigo principal|Queda de energia no Brasil em 2009}}
[[Imagem:Lugo e Lula (2009) II.jpg|thumb|[[Fernando Lugo]] e [[Luiz Inácio Lula da Silva]] durante reunião no [[Palácio Itamaraty]] em 2009.]]


Um grande blecaute de [[energia elétrica]] afetou 30% do território [[brasil]]eiro e grande parte do [[Paraguai]] na noite de terça-feira, 10 de novembro de 2009.<ref name="terra">[http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4094129-EI8139,00-Apagao+atinge+SP+MG+MT+Rio+e+GO.html Problema em Itaipu causa apagão em 10 Estados do País], Terra Notícias, 10/11/2009</ref> É considerado um dos maiores apagões ocorridos no [[Brasil]], podendo ter a mesma grandeza ou ser até maior que o [[blecaute de 11 de março de 1999]].<ref>[http://www.jb.com.br/pais/noticias/2009/11/12/ons-apagao-teve-mesma-grandeza-ou-foi-maior-que-em-1999/ Sobre apagão] Jornal JB - acessado em fevereiro de 2015</ref>
Os termos do tratado têm sido objeto de descontentamento generalizado por parte do [[Paraguai]]. O governo do presidente [[Fernando Lugo]] (2008-2012) prometeu renegociar os termos do tratado com o [[Brasil]], que permaneceu por muito tempo hostil a qualquer tipo de renegociação.<ref>[http://www.opendemocracy.net/article/democracy_power/politics_protest/paraguay_fernando_lugo Nickson, Andrew, (2008) Paraguay: Lugo versus the Colorado Machine, Open Democracy 20 February 2008] Open Democracy - acessado em 2013</ref> Em julho de 2009, houve uma renegociação do Tratado de Itaipu, pela qual o Brasil aceitou passar a pagar o triplo do que pagava ao Paraguai pelo direito de uso da eletricidade produzida por Itaipu. O direito de uso é um excedente ao preço da energia que é pago diretamente ao governo paraguaio, ou seja não pode ser deduzido da dívida assumida pelo Paraguai.<ref>{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/economia/itaipu-entenda-como-a-negociacao-entre-brasil-paraguai-2770220|título=Itaipu: entenda como é a negociação entre Brasil e Paraguai|data=12 de maio de 2011|publicado=[[O Globo]]|acessodata=2 de fevereiro de 2012}}</ref> No total, entretanto o preço total da energia subiu de 45,31 dólares por MWh para 50,93 dólares por MWh. Ainda por esse acordo, o Brasil passou a permitir que o excedente da energia paraguaia seja vendido diretamente às empresas brasileiras, se assim preferirem os paraguaios.<ref>[http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/8169139.stm Why Brazil gave way on Itaipu dam] Retrieved 2009-07-26.</ref><ref>[http://www.nytimes.com/2009/07/27/world/americas/27paraguay.html?ref=world Energy Deal With Brazil Gives Boost to Paraguay] [[New York Times]], 27 de julho de 2009</ref>


O início do [[blecaute]] se deu às 22:13 em uma [[subestação]] de energia elétrica de Furnas, localizada no [[município]] de [[Ivaiporã]], no [[Paraná]], devido a problemas em três linhas de transmissão nos estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Paraná]], impedindo que a energia gerada pela usina de Itaipu pudesse ser transmitida para os consumidores brasileiros.<ref name="oglobo">[http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1374288-5598,00-APOS+APAGAO+ITAIPU+DIZ+QUE+OPERA+EM+CONDICOES+NORMAIS.html Após apagão em parte do país, Itaipu diz que opera normalmente], Globo Com, 11/11/2009</ref> O blecaute afetou vários [[município]]s de 18 [[Unidades federativas do Brasil|estados]].<ref>[http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1374813-5598,00-MINISTERIO+DE+MINAS+E+ENERGIA+DIZ+QUE+APAGAO+ATINGIU+ESTADOS+BRASILEIROS.html Ministérios de Minas e Energias diz que apagão atingiu estados brasileiros] G1. Acessada em 15 de junho de 2012.</ref>
Um grande blecaute de [[energia elétrica]] afetou 30% do território [[brasil]]eiro e grande parte do [[Paraguai]] na noite de terça-feira, 10 de novembro de 2009.<ref name="terra">[http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4094129-EI8139,00-Apagao+atinge+SP+MG+MT+Rio+e+GO.html Problema em Itaipu causa apagão em 10 Estados do País], Terra Notícias, 10/11/2009</ref> É considerado um dos maiores apagões ocorridos no [[Brasil]], podendo ter a mesma grandeza ou ser até maior que o [[blecaute de 11 de março de 1999]].<ref>[http://www.jb.com.br/pais/noticias/2009/11/12/ons-apagao-teve-mesma-grandeza-ou-foi-maior-que-em-1999/ Sobre apagão] Jornal JB - acessado em fevereiro de 2015</ref> O início do [[blecaute]] se deu às 22h13 em uma [[subestação]] de energia elétrica de Furnas, localizada no [[município]] de [[Ivaiporã]], no [[Paraná]], devido a problemas em três linhas de transmissão nos estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Paraná]], impedindo que a energia gerada pela usina de Itaipu pudesse ser transmitida para os consumidores brasileiros.<ref name="oglobo">[http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1374288-5598,00-APOS+APAGAO+ITAIPU+DIZ+QUE+OPERA+EM+CONDICOES+NORMAIS.html Após apagão em parte do país, Itaipu diz que opera normalmente], Globo Com, 11/11/2009</ref> O blecaute afetou vários [[município]]s de 18 [[Unidades federativas do Brasil|estados]].<ref>[http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1374813-5598,00-MINISTERIO+DE+MINAS+E+ENERGIA+DIZ+QUE+APAGAO+ATINGIU+ESTADOS+BRASILEIROS.html Ministérios de Minas e Energias diz que apagão atingiu estados brasileiros] G1. Acessada em 15 de junho de 2012.</ref>


== Itaipu Binacional ==
{{panorama|Topo itaipu panorama.jpg|1100px|Vista panorâmica do topo da barragem.}}
 
== Características ==
 
=== Administração ===
{{Info/Empresa
{{Info/Empresa
  |nome_empresa        = Itaipu Binacional
  |nome_empresa        = Itaipu Binacional
Linha 104: Linha 103:
  |presidente          =  
  |presidente          =  
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  |vice-presidente    =  
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  |principais pessoas  = [[Joaquim Silva e Luna]]<br />Ernst Ferdinand Bergen Schmidt
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  |num empregados      =  
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  |tipo empresa        = Empresa binacional
Linha 129: Linha 128:
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  |rodapé              =  
}}
}}
A '''Itaipu Binacional''' é uma entidade binacional pertencente à [[República Federativa do Brasil]] e à [[República do Paraguai]]. Foi constituída pelo [[Tratado de Itaipu]] para a operação da usina hidrelétrica. Seu aspecto de empresa jurídica de direito privado binacional deve-se às ordens jurídicas de ambos os países às quais está submetida.<ref>Luiz Felipe de Matos. [http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6428&revista_caderno=19 Empresas binacionais Brasil-Argentina – Um tipo de sociedade empresarial desconhecido]</ref> [[Alcântara Cyclone Space]], outra "Empresa Binacional" no Brasil -- classificação em relação à [[natureza jurídica]].<ref>IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [http://concla.ibge.gov.br/estrutura/natjur-estrutura/natureza-juridica-2014/227-5-empresa-binacional 227-5 - empresa binacional]</ref> -- foi encerrada em 2015.<ref>{{Citar web|obra=DefesaNet|título=DefesaNet - Especial Espaço -  Exclusivo – Brasil Rompe com a Ucrânia na ACS|URL=http://www.defesanet.com.br/space/noticia/19832/-Exclusivo-%25E2%2580%2593-Brasil-Rompe-com-a-Ucrania-na-ACS/|acessadoem=2015-11-08}}</ref>
A '''Itaipu Binacional''' é uma entidade binacional pertencente à [[República Federativa do Brasil]] e à [[República do Paraguai]]. Foi constituída pelo [[Tratado de Itaipu]] para a operação da usina hidrelétrica. Seu aspecto de empresa jurídica de direito privado binacional deve-se às ordens jurídicas de ambos os países às quais está submetida.<ref>Luiz Felipe de Matos. [http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6428&revista_caderno=19 Empresas binacionais Brasil-Argentina – Um tipo de sociedade empresarial desconhecido]</ref> [[Alcântara Cyclone Space]], outra "Empresa Binacional" no Brasil—classificação em relação à [[natureza jurídica]].<ref>IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. [http://concla.ibge.gov.br/estrutura/natjur-estrutura/natureza-juridica-2014/227-5-empresa-binacional 227-5 - empresa binacional]</ref>—foi encerrada em 2015.<ref>{{Citar web|obra=DefesaNet|título=DefesaNet - Especial Espaço -  Exclusivo – Brasil Rompe com a Ucrânia na ACS|URL=http://www.defesanet.com.br/space/noticia/19832/-Exclusivo-%25E2%2580%2593-Brasil-Rompe-com-a-Ucrania-na-ACS/|acessadoem=2015-11-08}}</ref>


Os países possuem a mesma participação na entidade: a [[Eletrobras]] possui 50% e a Administração Nacional de Eletricidade (''Administración Nacional de Eletricidad'', ANDE) com os outros 50%, representando o Brasil e o Paraguai respectivamente. Ambos indicam paritariamente os doze membros do Conselho de Administração. Dos seis membros de indicação brasileira, um é da Eletrobras e outro do [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|Ministério das Relações Exteriores]]. O Conselho elege a Diretoria Executiva também de forma paritária.<ref>Randolpho Gomes. [http://www.iabnacional.org.br/IMG/pdf/doc-5411.pdf Indicação 073/2011]. Rio de Janeiro: Instituto dos Advogados Brasileiros, 8 de agosto de 2011.</ref>
Os países possuem a mesma participação na entidade: a [[Eletrobras]] possui 50% e a Administração Nacional de Eletricidade (''Administración Nacional de Eletricidad'', ANDE) com os outros 50%, representando o Brasil e o Paraguai respectivamente. Ambos indicam paritariamente os doze membros do Conselho de Administração. Dos seis membros de indicação brasileira, um é da Eletrobrás e outro do [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|Ministério das Relações Exteriores]]. O Conselho elege a Diretoria Executiva também de forma paritária.<ref>Randolpho Gomes. [http://www.iabnacional.org.br/IMG/pdf/doc-5411.pdf Indicação 073/2011]. Rio de Janeiro: Instituto dos Advogados Brasileiros, 8 de agosto de 2011.</ref>


== Estatísticas ==
=== Barragem e vazão ===
[[Imagem:Itaipu_Binacional_Eingang_(14505357348)_(2).jpg|thumb|Entrada da usina.]]
[[Ficheiro:Itaipu Eingang.JPG|thumb|Entrada do complexo de Itaipu]]
[[Imagem:Itaipu-Wasserkraftwerk Kontrollraum.JPG|thumb|Sala de controle de Itaipu]]
[[Imagem:Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu 14.jpg|thumb|Entrada da usina.]]
[[Imagem:Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu 11.jpg|thumb|Sala de controle de Itaipu]]
[[Imagem:Itaipu Décembre 2007 - Intérieur du barrage.jpg|thumb|Espaço no interior da estrutura da Usina]]
[[Imagem:Itaipu Décembre 2007 - Intérieur du barrage.jpg|thumb|Espaço no interior da estrutura da Usina]]
[[Imagem:Itaipu_35556.jpg|thumb|Tubos da usina]]
[[Imagem:Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu 06.jpg|thumb|Eixo que acopla a turbina ao gerador]]
[[Imagem:Generator_in_Itaipu-Staudamm_(14668998636)_(2).jpg|thumb|Eixo que acopla a turbina ao gerador]]
 
O comprimento total da barragem é 7.919 metros. A elevação da crista é de 225 metros. A barragem de Itaipu é constituída basicamente por seis seções: barragem lateral direita, barragem principal, estrutura de desvio, barragem de terra direita, [[barragem de enrocamento]] e barragem de terra esquerda.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/barragem |título=Barragem de Itaipu |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref> A barragem principal tem 196 metros de [[Altura (medida)|altura]], o que é equivalente a um prédio de 65 andares.<ref name = "Itaipu Binacional" />
 
A vazão máxima do vertedouro de Itaipu é de 62,2 mil metros cúbicos de água por segundo, o que corresponde a 40 vezes a vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]]. A vazão de duas turbinas de Itaipu (700 m<sup>3</sup> de água por segundo cada) corresponde aproximadamente à vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]] (cerca de 1,5 mil m<sup>3</sup> de água por segundo).<ref name="Vertedouro de Itaipu">{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/vertedouro |título=Vertedouro de Itaipu |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
 
=== Geração de energia ===
Existem 20 unidades geradoras, sendo dez na [[frequência]] da rede elétrica paraguaia (50 [[Hertz|Hz]]) e dez na frequência da rede elétrica brasileira (60&nbsp;Hz). As unidades de 50&nbsp;Hz têm [[potência]] nominal de 823,6 MVA, [[fator de potência]] de 0,85 e peso de 3.343 toneladas. As unidades de 60&nbsp;Hz têm potência nominal de 737,0 MVA, fator de potência de 0,95 e peso de {{Fmtn|3242}} toneladas. Todas as unidades têm [[tensão elétrica|tensão]] nominal de 18 [[Volt|kV]]. As [[turbina]]s são do tipo [[Turbina Francis|francis]], com potência nominal de 715 [[Megawatt|MW]] e vazão nominal de 690 m<sup>3</sup> por segundo.<ref>{{citar livro|autorlink =Itaipu Binacional |data=2009 |título=Hidrelétrica de Itaipu: Aspectos de Engenharia |isbn=9788561885021}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/unidades-geradoras |título=Unidades Geradoras |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=9 de julho de 2015}}</ref> Uma subestação blindada em gás de [[hexafluoreto de enxofre]] (SF<sub>6</sub>), que permite uma grande compactação do projeto. Para cada grupo gerador existe um banco de [[transformador]]es monofásicos, elevando a tensão de 18 kV para 500 kV. O [[Brasil]] teria que queimar 536 mil barris de petróleo por dia para gerar em usinas termelétricas a potência de Itaipu.<ref name = "Itaipu Binacional" />
 
Em 32 anos de operação, a Itaipu Binacional é líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de MWh.<ref name="2,4 Bilhoes"/><ref name="2.5bi CanalEnergia"/><ref name="2.5bi EBC"/><ref name="2.5bi G1"/><ref name="2.5bi Terra"/> Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, fornece cerca de 17% da energia consumida no Brasil e 75% no Paraguai. Sua maior produção anual foi estabelecida em 2016, com {{Fmtn|103068366}} de MWh.<ref name="Recorde Mundial"/><ref name="Itaipu Binacional"/> O recorde anterior ocorreu em 2013, com a geração de {{Fmtn|98630035}} de MWh.<ref name = "Itaipu Binacional"/>


=== Construção ===
Apesar de gerar menos do que em anos de recorde, Itaipu atingiu em 2014 o melhor índice de eficiência operacional dos 32 anos, com 99,3%. Na prática, isso significa que a operação da usina, que tem o objetivo de maximizar a utilização da água (energia disponível), atendendo as demandas dos sistemas elétricos brasileiro e paraguaio, teve quase zero de perdas. Ou seja, da água que poderia ser turbinada, quase nada foi vertido em 2014. Tudo o que chegou de água turbinável foi usado na produção de energia.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/fator-de-capacidade-operativa |título=Fator de Capacidade Operativa |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
* O curso do [[rio Paraná]], sétimo mais extenso do mundo, foi deslocado consumindo 50 milhões de toneladas de terra e rocha.<ref name = "Itaipu Binacional" />
* A quantidade de [[concreto]] usado para construir a Usina de Itaipu seria suficiente para construir 210 estádios de [[futebol]] do tamanho do [[Estádio do Maracanã]].<ref name = "Itaipu Binacional" />
* O [[ferro]] e o [[aço]] utilizados permitiriam a construção de 380 [[Torre Eiffel|Torres Eiffel]].<ref name = "Itaipu Binacional" />
* O volume de escavação de terra e rocha em Itaipu é 8,5 vezes maior que o do [[Eurotúnel]] e o volume de concreto é 15 vezes maior.<ref name = "Itaipu Binacional" />
* A sua construção envolveu o trabalho direto de 40 mil pessoas.<ref name = "Itaipu Binacional" />
* Construída no final dos anos 70 pela [[Grupo Andrade Gutierrez|Andrade Gutierrez]].<ref>{{citar web|url=http://www.terra.com.br/istoedinheiro-temp/especiais/quemequem/serv-construcaopesada.htm|título=Quem é Quem - Serviços - Terra|acessodata=3 de Dezembro de 2014|data=22 de Agosto de 2014 |publicado=Terra.com.br|língua=Portguês}}</ref>


=== Geração e barragem ===
==== Produção anual ====
* O comprimento total da barragem é 7.919 metros. A elevação da crista é de 225 metros. A barragem de Itaipu é constituída basicamente por seis seções: barragem lateral direita, barragem principal, estrutura de desvio, barragem de terra direita, barragem de enrocamento e barragem de terra esquerda.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/barragem |título=Barragem de Itaipu |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
* A vazão máxima do vertedouro de Itaipu é de 62,2 mil metros cúbicos de água por segundo, o que corresponde a 40 vezes a vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]]. A vazão de duas turbinas de Itaipu (700 m<sup>3</sup> de água por segundo cada) corresponde aproximadamente à vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]] (cerca de 1.500 m<sup>3</sup> de água por segundo).<ref name="Vertedouro de Itaipu">{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/vertedouro |título=Vertedouro de Itaipu |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
* O [[Brasil]] teria que queimar 536 mil barris de petróleo por dia para gerar em usinas termelétricas a potência de Itaipu.<ref name = "Itaipu Binacional" />
* A barragem principal tem 196 metros de [[Altura (medida)|altura]], o que é equivalente a um prédio de 65 andares.<ref name = "Itaipu Binacional" />


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| 2017
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| 20
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| 96 387<ref name="Itaipu Binacional"/>
| 96 387<ref name="Itaipu Binacional"/>
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|2018
|20
|96 585<ref name="Itaipu Binacional" />
|-  
|2019
|20
|79 445<ref name="Itaipu Binacional" />
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|20
|76 382<ref name="Itaipu Binacional" />
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* Barragem
=== Sistema de transmissão ===
** A [[barragem]], de 7.919 metros, é feita de concreto, enrocamento e terra.
O sistema de transmissão de Itaipu conecta a três subestações situadas dentro da Central Hidrelétrica (duas subestações isoladas a gás, uma de 50&nbsp;Hz e outra de 60&nbsp;Hz, instadas dentro da Casa de Máquinas, e uma convencional de 50&nbsp;Hz na Margem Direita) com os Sistemas Interconectados paraguaio e brasileiro.<ref name="Sistemas de Transmissão">{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/sistemas-de-transmissao-de-itaipu |título=Sistemas de Transmissão de Itaipu |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
 
* Unidades geradoras
** Existem 20 unidades geradoras, sendo dez na [[frequência]] da rede elétrica paraguaia (50 [[Hertz|Hz]]) e dez na frequência da rede elétrica brasileira (60&nbsp;Hz).
** As unidades de 50&nbsp;Hz têm [[potência]] nominal de 823,6 MVA, [[fator de potência]] de 0,85 e peso de 3.343 toneladas.
** As unidades de 60&nbsp;Hz têm potência nominal de 737,0 MVA, fator de potência de 0,95 e peso de 3.242 toneladas.
** Todas as unidades têm [[tensão elétrica|tensão]] nominal de 18 [[Volt|kV]].
* As [[turbina]]s são do tipo [[Turbina Francis|francis]], com potência nominal de 715 [[Megawatt|MW]] e vazão nominal de 690 m<sup>3</sup> por segundo.<ref>{{citar livro|autorlink =Itaipu Binacional |data=2009 |título=Hidrelétrica de Itaipu: Aspectos de Engenharia |isbn=9788561885021}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/unidades-geradoras |título=Unidades Geradoras |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=9 de julho de 2015}}</ref>
 
* Subestação: blindada em gás de [[hexafluoreto de enxofre]] (SF<sub>6</sub>), que permite uma grande compactação do projeto. Para cada grupo gerador existe um banco de [[transformador]]es monofásicos, elevando a tensão de 18 kV para 500 kV.
 
* Vazão
** A vazão máxima do vertedouro de Itaipu é de 62,2 mil metros cúbicos de água por segundo, o que corresponde a 40 vezes a vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]].<ref name="Vertedouro de Itaipu" />
** A vazão de duas turbinas de Itaipu (700 m<sup>3</sup> de água por segundo cada), corresponde aproximadamente à vazão média das [[Cataratas do Iguaçu]] (cerca de 1.500 m<sup>3</sup> por segundo).
 
=== Desempenho ===
 
Em 32 anos de operação, a Itaipu Binacional é líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de MWh<ref name="2,4 Bilhoes"/><ref name="2.5bi CanalEnergia"/><ref name="2.5bi EBC"/><ref name="2.5bi G1"/><ref name="2.5bi Terra"/>. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece cerca de 17% da energia consumida no Brasil e 75% no Paraguai. Sua maior produção anual foi estabelecida em 2016, com 103.068.366 de MWh.<ref name="Itaipu Binacional"/><ref name="Recorde Mundial"/> O recorde anterior ocorreu em 2013, com a geração de 98.630.035 de MWh.<ref name = "Itaipu Binacional"/>
 
Apesar de gerar menos do que em anos de recorde, Itaipu atingiu em 2014 o melhor índice de eficiência operacional dos 32 anos, com 99,3%. Na prática, isso significa que a operação da usina, que tem o objetivo de maximizar a utilização da água (energia disponível), atendendo as demandas dos sistemas elétricos brasileiro e paraguaio, teve quase zero de perdas. Ou seja, da água que poderia ser turbinada, quase nada foi vertido em 2014. Tudo o que chegou de água turbinável foi usado na produção de energia.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/fator-de-capacidade-operativa |título=Fator de Capacidade Operativa |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
 
=== Sistema de Transmissão ===
O sistema de transmissão de Itaipu conecta a três subestações situadas dentro da Central Hidrelétrica (duas subestações isoladas a gás, uma de 50 Hz e outra de 60 Hz, instadas dentro da Casa de Máquinas, e uma convencional de 50 Hz na Margem Direita) com os Sistemas Interconectados paraguaio e brasileiro.<ref name="Sistemas de Transmissão">{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/sistemas-de-transmissao-de-itaipu |título=Sistemas de Transmissão de Itaipu |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>


==== Subestações ====
==== Subestações ====
* SE-ITAIPU 60 Hz (Subestação de Itaipu 60 Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 10&nbsp;km de extensão) transmitem toda a energia do setor de 60&nbsp;Hz até a SE-Foz do Iguaçu 60Hz (Subestação de Foz do Iguaçu 60 Hz), que eleva a tensão para 765 kV.
* SE-ITAIPU 60&nbsp;Hz (Subestação de Itaipu 60&nbsp;Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 10&nbsp;km de extensão) transmitem toda a energia do setor de 60&nbsp;Hz até a SE-Foz do Iguaçu 60&nbsp;Hz (Subestação de Foz do Iguaçu 60&nbsp;Hz), que eleva a tensão para 765 kV.
* SE-ITAIPU 50 Hz (Subestação de Itaipu 50 Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 2&nbsp;km de extensão) até a SE-MD 500 kV (Subestação da Margem Direita 500 kV).
* SE-ITAIPU 50&nbsp;Hz (Subestação de Itaipu 50&nbsp;Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 2&nbsp;km de extensão) até a SE-MD 500 kV (Subestação da Margem Direita 500 kV).
* SE-MD (Subestação da Margem Direita): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 9&nbsp;km de extensão) transmitem a revenda de energia do Paraguai para o Brasil (até a SE-Foz do Iguaçu 50 Hz - Subestação de Foz do Iguaçu 50 Hz). Para o sistema paraguaio, saem 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-ACARAY (Subestação de Acaray), 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-CYO (Subestação de Carayao) e mais 1 linha de transmissão de 500 kV (com cerca de 300 km) até ES-Villa Hayes (Subestação de Villa Hayes, em Assunção, capital do país).
* SE-MD (Subestação da Margem Direita): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 9&nbsp;km de extensão) transmitem a revenda de energia do Paraguai para o Brasil (até a SE-Foz do Iguaçu 50&nbsp;Hz - Subestação de Foz do Iguaçu 50&nbsp;Hz). Para o sistema paraguaio, saem 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-ACARAY (Subestação de Acaray), 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-CYO (Subestação de Carayao) e mais 1 linha de transmissão de 500 kV (com cerca de 300&nbsp;km) até ES-Villa Hayes (Subestação de Villa Hayes, em Assunção, capital do país).


==== Interligação com Sistema Brasileiro ====
==== Interligação com Sistema Brasileiro ====
O escoamento da energia de Itaipu para o sistema interligado brasileiro, a partir da subestação de Foz do Iguaçu no Paraná, é realizado por [[Eletrobras Furnas|Furnas]] e [[Companhia Paranaense de Energia|Copel]]. A energia em 50 Hz utiliza o sistema de corrente contínua de Furnas (Elo CC) e a energia em 60 Hz utiliza o sistema de 765 kV de Furnas e o sistema de 525 kV da Copel. E o ONS (Operador Nacional do Sistema) é o responsável pela coordenação e controle da operação da transmissão.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/integracao-ao-sistema-brasileiro |título=Integração ao Sistema Brasileiro |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
O escoamento da energia de Itaipu para o sistema interligado brasileiro, a partir da subestação de Foz do Iguaçu no Paraná, é realizado por [[Eletrobras Furnas|Furnas]] e [[Companhia Paranaense de Energia|Copel]]. A energia em 50&nbsp;Hz utiliza o sistema de corrente contínua de Furnas (Elo CC) e a energia em 60&nbsp;Hz utiliza o sistema de 765 kV de Furnas e o sistema de 525 kV da Copel. E o ONS (Operador Nacional do Sistema) é o responsável pela coordenação e controle da operação da transmissão.<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/integracao-ao-sistema-brasileiro |título=Integração ao Sistema Brasileiro |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>


* SE-Foz do Iguaçu 50 Hz: O pátio de corrente contínua ([[Corrente contínua em alta tensão]]), que recebe a energia em 50&nbsp;Hz. Devido à incompatibilidade entre as frequências e as vantagens da transmissão em grandes distâncias, a energia é convertida através de circuitos [[retificador]]es para ±600 kV e transmitida por duas linhas até [[Ibiúna]] (São Paulo). Em Ibiúna, a energia é convertida para 60&nbsp;Hz, interligando-se ao sistema do [[Região Sudeste do Brasil|Sudeste]].
* SE-Foz do Iguaçu 50&nbsp;Hz: O pátio de corrente contínua ([[Corrente contínua em alta tensão]]), que recebe a energia em 50&nbsp;Hz. Devido à incompatibilidade entre as frequências e as vantagens da transmissão em grandes distâncias, a energia é convertida através de circuitos [[retificador]]es para ±600 kV e transmitida por duas linhas até [[Ibiúna]] (São Paulo). Em Ibiúna, a energia é convertida para 60&nbsp;Hz, interligando-se ao sistema do [[Região Sudeste do Brasil|Sudeste]].
* SE-Foz do Iguaçu 60Hz: O pátio de corrente alternada, que recebe a energia em 60&nbsp;Hz e eleva para 765 kV, saindo três linhas de transmissão. É o nível de tensão mais elevado existente no Brasil. As linhas seguem para as subestações de [[Ivaiporã]] (Paraná) e [[Itaberá]] (São Paulo), até chegarem à subestação Tijuco Preto que fica localizada no [[distrito]] de [[Quatinga (distrito de Mogi das Cruzes)|Quatinga]] em [[Mogi das Cruzes]] (São Paulo).
* SE-Foz do Iguaçu 60&nbsp;Hz: O pátio de corrente alternada, que recebe a energia em 60&nbsp;Hz e eleva para 765 kV, saindo três linhas de transmissão. É o nível de tensão mais elevado existente no Brasil. As linhas seguem para as subestações de [[Ivaiporã]] (Paraná) e [[Itaberá]] (São Paulo), até chegarem à subestação Tijuco Preto que fica localizada no [[distrito]] de [[Quatinga (distrito de Mogi das Cruzes)|Quatinga]] em [[Mogi das Cruzes]] (São Paulo).


==== Interligação com Sistema Paraguaio ====
==== Interligação com Sistema Paraguaio ====
O escoamento da energia de Itaipu para o Paraguai é feito nas tensões de 500 kV e 220 kV a partir da subestação da Margem Direita para as subestações de [[Rio Acaray|Acaray]], [[Carayaó|Carayao]] e [[Villa Hayes]].<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/integracao-ao-sistema-paraguaio |título=Integração ao Sistema Paraguaio |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
O escoamento da energia de Itaipu para o Paraguai é feito nas tensões de 500 kV e 220 kV a partir da subestação da Margem Direita para as subestações de [[Rio Acaray|Acaray]], [[Carayaó|Carayao]] e [[Villa Hayes]].<ref>{{Citar web |url=https://www.itaipu.gov.br/energia/integracao-ao-sistema-paraguaio |título=Integração ao Sistema Paraguaio |publicado=Itaipu Binacional |acessodata=2 de julho de 2015}}</ref>
 
{{clr}}
=== ''Royalties'' ===
Nos 170 km de extensão, entre [[Foz do Iguaçu]] e [[Guaíra]], o Reservatório de Itaipu atinge áreas de 16 [[município]]s brasileiros, dos quais 15 no [[Unidades federativas do Brasil|estado]] do [[Paraná]] e um em [[Mato Grosso do Sul]]. Como compensação, Itaipu paga [[royalties]] a esses municípios, proporcionalmente à área de terra alagada. No Paraguai, os recursos dos royalties são repassados ao Ministerio de Hacienda (Ministério da Fazenda), que já recebeu, desde 1985, mais de US$ 4,5 bilhões. No Brasil, o Tesouro Nacional recebeu em royalties mais de US$ 4,8 bilhões, sendo que a divisão, de acordo com a [[Lei dos Royalties|Lei dos ''Royalties'']] em vigor desde 1991,<ref>{{Citar web|url=https://www.itaipu.gov.br/responsabilidade/royalties|titulo=Royalties|acessodata=2 de julho de 2015|publicado=Itaipu Binacional}}</ref> é:
* 10% para órgãos federais;
* 45% da compensação repassada aos Estados;
* 45% aos municípios.
Os royalties são aplicados na melhoria da qualidade de vida da população, nas áreas de educação, saúde, moradia e saneamento básico.<ref>{{Citar web|url=https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/perguntas-frequentes|titulo=Perguntas Frequentes|acessodata=21 de junho de 2015|publicado=Itaipu Binacional}}</ref>
{{panorama|Itaipu_panorama.jpg|1100px|Vista panorâmica da barragem.}}
{{panorama|Itaipu_panorama.jpg|1100px|Vista panorâmica da barragem.}}


== Impacto ==
== Impacto ==
=== Econômico ===
[[Imagem:Usina Hidroelétrica Itaipu Binacional - Itaipu Dam - Mapa do Complexo Turístico Itaipu - Itaipu Tourist Complex map (16738806124).jpg|thumb|Mapa do complexo turístico de Itaipu.]]
Nos 170&nbsp;km de extensão, entre [[Foz do Iguaçu]] e [[Guaíra]], o Reservatório de Itaipu atinge áreas de 16 [[município]]s brasileiros, dos quais 15 no [[Unidades federativas do Brasil|estado]] do [[Paraná]] e um em [[Mato Grosso do Sul]]. Como compensação, Itaipu paga [[royalties]] a esses municípios, proporcionalmente à área de terra alagada. No Paraguai, os recursos dos royalties são repassados ao Ministério de Hacienda (Ministério da Fazenda), que já recebeu, desde 1985, mais de 4,5 bilhões de dólares. No Brasil, o Tesouro Nacional recebeu em royalties mais de 4,8 bilhões de dólares, sendo que a divisão, de acordo com a [[Lei dos Royalties|Lei dos ''Royalties'']] em vigor desde 1991,<ref>{{Citar web|url=https://www.itaipu.gov.br/responsabilidade/royalties|titulo=Royalties|acessodata=2 de julho de 2015|publicado=Itaipu Binacional}}</ref> é: 10% para órgãos federais; 45% da compensação repassada aos Estados e 45% aos municípios. Os royalties são aplicados na melhoria da qualidade de vida da população, nas áreas de educação, saúde, moradia e saneamento básico.<ref>{{Citar web|url=https://www.itaipu.gov.br/sala-de-imprensa/perguntas-frequentes|titulo=Perguntas Frequentes|acessodata=21 de junho de 2015|publicado=Itaipu Binacional}}</ref>
A grandiosidade da usina contribui para que [[Foz do Iguaçu]] seja mundialmente conhecido como um dos mais importantes destinos turísticos do Brasil. Desde que foi aberta à visitação, Itaipu já recebeu mais de 16 milhões de visitantes.<ref>[http://www.itaipu.gov.br/turismo/estatisticas Estatísticas - Turismo] Itaipu Binacional, Outubro de 2012</ref> Para receber os visitantes, o Complexo Turístico Itaipu oferece opções de visitas pelas áreas internas e externas da usina.
=== Ambiental ===
[[Imagem:Salto das Sete Quedas.jpg|thumb|O [[Salto das Sete Quedas]] ficou submerso a partir de 1982, com a construção da hidrelétrica de Itaipu.]]
[[Ficheiro:Medio ambiente - Itaipú.jpg|thumb|Lago formado pela construção de Itaipu.]]
[[Ficheiro:Medio ambiente - Itaipú.jpg|thumb|Lago formado pela construção de Itaipu.]]
[[Ficheiro:Por-do-sol 001.jpg|thumb|[[Pôr do sol]] no Lago de Itaipu.]]


=== Reservatórios ===
Com o fechamento das eclusas da barragem de Itaipu, uma área de 1,5 mil km<sup>2</sup> de florestas e terras agriculturáveis foi inundada. A cachoeira de [[Salto de Sete Quedas|Sete Quedas]], uma das mais fascinantes formações naturais do planeta, desapareceu. Semanas antes do preenchimento do reservatório, foi realizada uma operação de salvamento dos animais selvagens, denominada ''Mymba kuera'' (que em guarani quer dizer "pega-bicho"). Equipes de voluntários conseguiram capturar mais de 4,5 mil bichos, entre macacos, lagartos, porcos-espinhos, roedores, aranhas, tartarugas e diversas espécies. Esses animais foram levados para as regiões vizinhas protegidas da água.<ref name="impacto ambiental">[http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo2B/Hidraulica/ambiental.htm Impacto Ambiental] site do CEPA - fevereiro de 2012</ref> No total, mais de 35 mil animais que viviam na área a ser inundada pelo lago precisaram ser removidos.<ref name="IPEA"/>


Embora seja apenas o sétimo do Brasil em tamanho -- atrás de [[Usina hidrelétrica de Sobradinho|Sobradinho]], [[Usina hidrelétrica de Tucuruí|Tucuruí]], [[Usina hidrelétrica de Porto Primavera|Porto Primavera]], [[Balbina]], [[Usina hidrelétrica de Serra da Mesa|Serra da Mesa]] e [[Usina Hidrelétrica de Furnas|Furnas]] --, o reservatório de Itaipu tem o maior aproveitamento/capacidade em relação à [[área]] inundada. Para a [[potência]] instalada de 14.000 MW, foram alagados 1.350 km<sup>2</sup>.
O município de [[Guaíra (Paraná)|Guaíra]] foi o mais afetado devido à perda das Sete Quedas, um dos pontos turísticos mais conhecidos do país na época e responsável por parte importante da receita local. A construção do lago de Itaipu inundou o salto em 1982. A cidade recebeu 80 milhões de dólares a título de compensação financeira entre 1985 e maio de 2016, mas alega que o ressarcimento não foi condizente ao prejuízo causado.<ref>{{citar web |url=https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/21/orfa-do-salto-de-sete-quedas-guaira-podera-receber-mais-royalties-de-itaipu |titulo=Órfã do Salto de Sete Quedas, Guaíra poderá receber mais royalties de Itaipu |editor=[[Senado do Brasil]] |data=21 de setembro de 2016 |acessodata=2 de junho de 2019}}</ref>


A usina mais potente no Brasil, depois de Itaipu, Tucuruí, tem capacidade instalada de 8.370 MW, mas houve necessidade de inundar uma área de 2.430 km<sup>2</sup>. Itaipu é beneficiada por ser a última usina da Bacia do Rio Paraná classificada como a fio d’[[água]], isto é, utiliza toda a água que chega ao reservatório, mantendo uma reserva mínima para garantir a operacionalidade.
=== Social ===
{{VT|Brasiguaios}}
[[Imagem:Vila A de Itaipu.jpg|thumb|Vila A, [[bairro]] de [[Foz do Iguaçu]] criado para abrigar os trabalhadores da usina.]]


=== Ambiental ===
Durante a instalação da Itaipu, foi necessária a desapropriação de {{Fmtn|42444}} pessoas, das quais {{Fmtn|38440}} eram trabalhadore(a)s do campo, o que gerou inúmeros problemas sociais.<ref name="impactos sociais">[http://www.artigos.etc.br/historico-sobre-usinas-hidreletricas-e-seus-impactos-ambientais-no-brasil.html Histórico sobre Usinas Hidrelétricas e seus impactos ambientais no Brasil] Site Artigos - acesso em 29/11/2010.</ref> Parte dessas famílias viviam às margens do [[Rio Paraná]] e foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Algumas se refugiaram na cidade de [[Medianeira (Paraná)|Medianeira]], uma cidade não muito longe da confluência dos rios [[Rio Iguaçu|Iguaçu]] e [[Rio Paraná|Paraná]]. Algumas dessas famílias vieram, eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o [[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]].<ref>Branford, Sue and Jan Rocha. Cutting the Wire: The Story of the Landless Movement in Brazil. London: Latin American Bureau, 2002.</ref><ref>{{citar livro|nome = Marcia|sobrenome = Sprandel|título = Brasiguaios : conflito e identidade em fronteiras internacionais.|ano = 1992|isbn = |editora = Universidade Federal do Rio de Janeiro}}</ref>
Com o fechamento das eclusas da barragem de Itaipu, uma área de 1.500 km<sup>2</sup> de florestas e terras agriculturáveis foi inundada. A cachoeira de [[Salto de Sete Quedas|Sete Quedas]], uma das mais fascinantes formações naturais do planeta, desapareceu. Semanas antes do preenchimento do reservatório, foi realizada uma operação de salvamento dos animais selvagens, denominada ''Mymba kuera'' (que em guarani quer dizer "pega-bicho"). Equipes de voluntários conseguiram capturar mais de 4.500 bichos, entre macacos, lagartos, porcos-espinhos, roedores, aranhas, tartarugas e diversas espécies. Esses animais foram levados para as regiões vizinhas protegidas da água.<ref name="impacto ambiental">[http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo2B/Hidraulica/ambiental.htm Impacto Ambiental] site do CEPA - fevereiro de 2012</ref>
 
O espelho d'água da usina alagou diversas propriedades de moradores do extremo oeste do Estado do [[Paraná]]. As indenizações foram suficientes para que os agricultores comprassem novas terras no [[Brasil]]. Sendo as terras no [[Paraguai]] mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o fenômeno social dos [[brasiguaios]] - brasileiros e seus familiares que residem em terras [[paraguai]]as na fronteira com o [[Brasil]].<ref name=":0">{{citar web|URL = http://www.imi.ox.ac.uk/publications/the-impact-of-land-policies-on-international-migration-the-case-of-the-brasiguaios|título = The impact of land policies on international migration: The case of the Brasiguaios|data = 08/09/2014|acessadoem = 20/09/2014|autor = Estrada, Marcos|publicado = International Migration Institute: University of Oxford}}</ref>


=== Social ===
Segundo um relatório produzido ao longo de três anos pela [[Procuradoria Geral da República]], a construção da usina hidrelétrica gerou graves violações de direitos dos [[Povos indígenas do Brasil|povos indígenas]], com adulteração de procedimentos para subestimar o número de índios que habitavam a região. Para criar o lago artificial, por exemplo, a obra inundou cerca de 135 mil hectares e transferiu 40 mil pessoas entre índios e não índios no Paraná. Na área afetada estavam diversos territórios considerados sagrados pelos índios [[guaranis]], como os [[Salto de Sete Quedas]].<ref name="PGR">{{citar web |url=https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/04/construcao-de-itaipu-provocou-graves-violacoes-de-direitos-indigenas-diz-pgr.shtml |titulo=Construção de Itaipu provocou graves violações de direitos indígenas, diz PGR |editor=[[Folha de S.Paulo]] |data=25 de abril de 2019 |acessodata=2 de junho de 2019}}</ref>
Durante a instalação da Itaipu, foi necessária a desapropriação de 42.444 pessoas, das quais 38.440 eram trabalhadore(a)s do campo, o que gerou inúmeros problemas sociais.<ref name="impactos sociais">[http://www.artigos.etc.br/historico-sobre-usinas-hidreletricas-e-seus-impactos-ambientais-no-brasil.html Histórico sobre Usinas Hidrelétricas e seus impactos ambientais no Brasil] Site Artigos - acesso em 29/11/2010.</ref> Parte dessas famílias viviam às margens do [[Rio Paraná]] e foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Algumas se refugiaram na cidade de [[Medianeira (Paraná)|Medianeira]], uma cidade não muito longe da confluência dos rios [[Rio Iguaçu|Iguaçu]] e [[Rio Paraná|Paraná]]. Algumas dessas famílias vieram, eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o [[Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]].<ref>Branford, Sue and Jan Rocha. Cutting the Wire: The Story of the Landless Movement in Brazil. London: Latin American Bureau, 2002.</ref>


==== Brasiguaios ====
O estudo concluiu que apenas uma pequena parcela da comunidade indígena de Ocoy foi reconhecida como indígena pela [[Funai]], na época gerida por um general do Exército, e depois reassentada "em condições piores do que as que enfrentava antes". "Todas as demais localidades existentes entre Foz do Iguaçu e Guaíra foram completamente ignoradas e as famílias indígenas que nelas viviam foram tratadas como posseiros e invasores (porque não tinha documentos das terras), sendo delas expulsas sem nenhum ressarcimento", diz o relatório organizado pelos procuradores da República Gustavo Kenner, João Akira Omoto, Julio José Araujo Junior e pela antropóloga Luciana Maria de Moura Ramos, nomeada analista pericial da PGR.<ref name="PGR"/>
{{principal|Brasiguaios}}
O espelho d'água da usina alagou diversas propriedades de moradores do extremo oeste do Estado do [[Paraná]]. As indenizações foram suficientes para que os agricultores comprassem novas terras no [[Brasil]]. Sendo as terras no [[Paraguai]] mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o fenômeno social dos [[brasiguaios]] - brasileiros e seus familiares que residem em terras [[paraguai]]as na fronteira com o [[Brasil]].


{{panorama|Itaipu à noite.jpg|1200px|Vista panorâmica da usina à noite}}
{{panorama|Itaipu à noite.jpg|1200px|Vista panorâmica da usina à noite}}
== Turismo ==
[[Ficheiro:Itaipu entrance.jpg|thumb|Entrada do complexo de Itaipu]]
A grandiosidade da usina contribui para que [[Foz do Iguaçu]] seja mundialmente conhecido como um dos mais importantes destinos turísticos do Brasil. Desde que foi aberta à visitação, Itaipu já recebeu mais de 16 milhões de visitantes.<ref>[http://www.itaipu.gov.br/turismo/estatisticas Estatísticas - Turismo] Itaipu Binacional, Outubro de 2012 </ref> Para receber os visitantes, o Complexo Turístico Itaipu oferece opções de visitas pelas áreas internas e externas da usina.


== Ver também ==
== Ver também ==
{{dividir em colunas}}
*[[Salto de Sete Quedas]]
*[[Salto de Sete Quedas]]
*[[Lago de Itaipu]]
*[[Lago de Itaipu]]
Linha 394: Linha 380:
*[[Alcantara Cyclone Space]]
*[[Alcantara Cyclone Space]]
*[[Entidade Binacional Yacyretá]]
*[[Entidade Binacional Yacyretá]]
* [[Lista de usinas hidrelétricas do Brasil]]
*[[Lista de usinas hidrelétricas do Brasil]]
*[[Lista das maiores usinas hidrelétricas do mundo]]{{dividir em colunas fim}}


{{referências|col=2}}
{{referências|col=2}}


== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
{{Commons|Itaipu Dam}}
{{Commonscat|Itaipu Dam}}
* {{Link|url=|título=|pt|2=http://www.itaipu.gov.br|3=Itaipu Binacional}}
* {{oficial|http://www.itaipu.gov.br}}
* {{Link|url=|título=|pt|2=http://maps.google.com/maps?ll=-25.415411,-54.597073&spn=0.141226,0.240704&t=k&hl=en|3=Imagem de Satélite da Barragem|4=no [[Google Maps]]}}
* [http://www.itaipu.gov.br/sites/default/files/anexos_fckeditor/institucional/pt/tratadoitaipu.doc Tratado de Itaipu]
* {{Link|url=|título=|en|2=http://www.economist.com/world/asia/displaystory.cfm?story_id=6982326|3=''The Three Gorges dam''}}
* [http://maps.google.com/maps?ll=-25.415411,-54.597073&spn=0.141226,0.240704&t=k&hl=en Imagem de satélite da barragem] no [[Google Maps]]
* {{Link|url=|título=|en|2=http://www.terradaily.com/reports/Chinas_Three_Gorges_Dam_Nears_Completion.html|3=''China Three Gorges Dam Nears Completion''}}
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Edição atual tal como às 19h56min de 4 de abril de 2022

Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional
Itaipu geral.jpg
Imagem aérea da Usina de Itaipu.
Localização
Localização Predefinição:Wikidata location
Rio Paraná
Predefinição:Info/AuxMapa
Dados gerais
Proprietário República Federativa do Brasil e República do Paraguai
Operador Itaipu Binacional
Período de construção 1975-1982
Data de inauguração 5 de maio de 1984 (entrada em operação 1ª unidade geradora)[1]
Características
Altura 196 m
Fundação 17 de maio de 1974 (constituição da entidade)[2]
Reservatório
Área alagada 1 350 km²
Capacidade de geração 14 000 MW
Unidades geradoras 20
Website
www.itaipu.gov.br
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Usina Hidrelétrica de Itaipu (em Predefinição:Língua com nome, Predefinição:Lang-gn) é uma hidrelétrica binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A barragem foi construída pelos dois países entre 1975 e 1982. O nome Itaipu foi tirado de uma ilha que existia perto do local de construção. Na família linguística tupi-guarani, o termo significa "pedra na qual a água faz barulho", através da junção dos termos itá (pedra), i (água) e pu (barulho).[3] Quando foi concluída, era a maior barragem do mundo, título que manteve por 21 anos até a construção da Hidrelétrica das Três Gargantas, na China, em 2003.

A Itaipu Binacional, operadora da usina, é a líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de megawatts-hora (MWh) desde o início de sua operação.[4][5][6][7][8] Três Gargantas produziu cerca de 800 milhões de MWh desde o início de sua operação, com uma potência instalada 60% maior do que a de Itaipu (22,5 mil MW contra 14 mil MW).[9][10]

Em termos de recorde anual de produção de energia, a usina de Itaipu ocupa o primeiro lugar ao superar seu próprio recorde [11] que era de 98,6 milhões de MWh.[12][13] Em 2016, a usina de Itaipu Binacional realizou um feito histórico ao produzir, em um único ano calendário, mais de 100 milhões de MWh de energia limpa e renovável. No total, em 2016, foram produzidos 103 098 366 MWh de energia.[13][14]

O seu lago possui uma área de 1 350 km2, indo de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad del Este, no Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, 150 km ao norte. Possuindo 20 unidades geradoras de 700 MW cada e projeto hidráulico de 118 m, Itaipu tem uma potência de geração (capacidade) de 14 mil MW. É um empreendimento binacional administrado por Brasil e Paraguai no rio Paraná na seção de fronteira entre os dois países, a 15 km ao norte da Ponte da Amizade. A Usina de Itaipu fazia parte da lista oficial de candidatas para as Sete Maravilhas do Mundo Moderno, elaborada em 1995 pela revista Popular Mechanics, dos Estados Unidos, mas não ganhou o título.[15]

Etimologia

Itaipu é uma palavra de origem tupi-guarani que significa "pedra que canta", através da junção de itá = pedra [16] e ipo'ú = cantora,[17] ou então "pedra na qual a água faz barulho", através da junção de itá (pedra), y (água, rio), e pu (barulho).[18] Era o nome da pequena ilha que havia no atual local da usina, antes da obra.[19]

História

Projeto

Símbolo de Itaipu Binacional.

A usina hidrelétrica de Itaipu começou a ser pensada ainda na década de 1960, quando foram assinados os primeiros acordos de cooperação entre Brasil e Paraguai.[20] Em 22 de julho de 1966,[21] os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, e do Paraguai, Sapena Pastor, assinaram a "Ata do Iguaçu", uma declaração conjunta de interesse mútuo para estudar o aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do Rio Paraná "desde e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu".[22]

As primeiras pesquisas de campo para a elaboração do projeto foram feitas em pequenas balsas por técnicos brasileiros e paraguaios. O local escolhido para a construção foi um ponto do rio conhecido como Itaipu, que em tupi quer dizer "a pedra que canta". As dimensões do projeto também foram traçadas desde o início: a área da hidrelétrica vai de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este, no sul do Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, no norte deste país.[20]

A formalização do empreendimento se deu com a assinatura do Tratado de Itaipu em 1973, que estabeleceu os pontos para o financiamento da obra e a operação da empresa, num modelo de sociedade binacional, pertencente às duas nações em partes iguais. Pelo documento, cada um dos países tem direito a 50% da energia produzida. Caso uma das partes não use toda a cota, deve vender o excedente ao parceiro a preço de custo.[20][23]

Construção

Maquete da usina durante a sua construção.

Em 1970, o consórcio formado pelas empresas PNC e ELC Electroconsult (da Itália) venceu a concorrência internacional para a realização dos estudos de viabilidade e para a elaboração do projeto da obra. O início do trabalho se deu em fevereiro de 1971. Em 26 de abril de 1973, Brasil e Paraguai assinaram o Tratado de Itaipu, instrumento legal para o aproveitamento hidrelétrico do Rio Paraná pelos dois países. Em 17 de maio de 1974, foi criada a entidade Itaipu Binacional, para gerenciar a construção da usina. O início efetivo das obras ocorreu em janeiro de 1975. Um consórcio de construtoras, liderado pela Andrade Gutierrez, executou o projeto.[24]

Entre 1975 e 1978, mais de 9 mil casas e um hospital foram construídos nas margens do rio Paraná para abrigar os trabalhadores que construíam a usina. Na época da construção, Foz do Iguaçu era uma cidade com apenas duas ruas asfaltadas e cerca de 20 mil habitantes. Em dez anos, a população aumentou para 101 447 pessoas.[20]

A obra levou 10 anos para ser concluída e aglutinou cerca de 40 mil trabalhadores. Foram usadas mais de 50 milhões de toneladas de terra e rocha, que foram escavadas para ser feito o deslocamento do curso do rio Paraná, o sétimo maior do mundo. A quantidade de concreto usado para construir a usina seria suficiente para erguer 210 estádios do tamanho do Maracanã, sendo que a quantidade total de ferro e o aço utilizados no empreendimento poderia ser usada para construir 380 Torres Eiffel.[20] O volume de escavação de terra e rocha em Itaipu é 8,5 vezes maior que o do Eurotúnel e o volume de concreto é 15 vezes maior.[14]

Acordo Tripartite

No dia 14 de outubro de 1978, foi aberto o canal de desvio do Rio Paraná, que permitiu secar um trecho do leito original do rio para ali ser construída a barragem principal, em concreto. Outro marco importante, na área diplomática, foi a assinatura do Acordo Tripartite entre Brasil, Paraguai e Argentina, em 19 de outubro de 1979, para aproveitamento dos recursos hidráulicos no trecho do Rio Paraná desde as Sete Quedas até a foz do Rio da Prata. Este acordo estabeleceu os níveis do rio e as variações permitidas para os diferentes empreendimentos hidrelétricos na bacia comum aos três países. À época, quando os três países eram governados por ditaduras militares, havia o temor que o Brasil em um eventual conflito com a Argentina, abrisse completamente as comportas de Itaipu, aumentando os níveis de água do Rio da Prata e inundando a cidade de Buenos Aires. Entretanto, caso houvesse o rompimento da represa de Itaipu, na verdade boa parte da água seria absorvida pela profunda calha do Rio Paraná poucos quilômetros depois da barragem e a Argentina ainda estaria protegida pela represa da Usina de Yacyretá, localizada 400 km abaixo de Itaipu.[25]

Inauguração e expansão

O reservatório da usina começou a ser formado em 13 de outubro de 1982,[26] quando foram concluídas as obras da barragem e as comportas do canal de desvio foram fechadas. Nesse período, as águas subiram 100 metros e chegaram às comportas do vertedouro às 10 horas do dia 27 de outubro, devido às chuvas fortes e enchentes que ocorreram na época. Em 5 de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu.[1] As 20 unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano.

Placa comemorativa em alusão ao recorde de produção de energia.

As duas últimas das 20 unidades geradoras projetadas entraram em operação entre setembro de 2006 e março de 2007, elevando a capacidade instalada de Itaipu para 14 mil MW, concluindo a execução da obra. Este aumento da capacidade permite que 18 unidades geradoras permaneçam gerando energia o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção.[27]

A capacidade de geração da usina é de 14 GW por ano, sendo que a potência nominal de cada unidade geradora (turbina e gerador) é de 700 MW. No entanto, devido ao fato de a queda bruta real ser um pouco maior do que a queda bruta projetada, a potência disponível em cada unidade geradora é de aproximadamente 750 MW na maior parte do tempo, aumentando a capacidade de geração de energia da usina. Em 2004, quando completou 20 anos de atividade, a usina já havia gerado energia suficiente para abastecer o mundo durante 36 dias.[20]

Para efeito de comparação, a vazão média das Cataratas do Iguaçu teria capacidade para alimentar pouco mais de duas unidades geradoras. A Itaipu produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (MWh) por ano. Com o aumento da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em níveis normais em toda a bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de MWh em um ano.[28]

Renegociação do Tratado de Itaipu e blecaute

Os termos do tratado têm sido objeto de descontentamento generalizado por parte do Paraguai. O governo do presidente Fernando Lugo (2008-2012) prometeu renegociar os termos do tratado com o Brasil, que permaneceu por muito tempo hostil a qualquer tipo de renegociação.[29] Em julho de 2009, houve uma renegociação do Tratado de Itaipu, pela qual o Brasil aceitou passar a pagar o triplo do que pagava ao Paraguai pelo direito de uso da eletricidade produzida por Itaipu. O direito de uso é um excedente ao preço da energia que é pago diretamente ao governo paraguaio, ou seja não pode ser deduzido da dívida assumida pelo Paraguai.[30] No total, entretanto o preço total da energia subiu de 45,31 dólares por MWh para 50,93 dólares por MWh. Ainda por esse acordo, o Brasil passou a permitir que o excedente da energia paraguaia seja vendido diretamente às empresas brasileiras, se assim preferirem os paraguaios.[31][32]

Um grande blecaute de energia elétrica afetou 30% do território brasileiro e grande parte do Paraguai na noite de terça-feira, 10 de novembro de 2009.[33] É considerado um dos maiores apagões ocorridos no Brasil, podendo ter a mesma grandeza ou ser até maior que o blecaute de 11 de março de 1999.[34] O início do blecaute se deu às 22h13 em uma subestação de energia elétrica de Furnas, localizada no município de Ivaiporã, no Paraná, devido a problemas em três linhas de transmissão nos estados de São Paulo e Paraná, impedindo que a energia gerada pela usina de Itaipu pudesse ser transmitida para os consumidores brasileiros.[35] O blecaute afetou vários municípios de 18 estados.[36]

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Vista panorâmica do topo da barragem.

Características

Administração

Itaipu Binacional
Empresa binacional
Atividade Geração de hidroeletricidade
Fundação 17 de maio de 1974 (constituição da entidade)[2][37][38]
Pessoas-chave Joaquim Silva e Luna
Ernst Ferdinand Bergen Schmidt
Produtos Energia elétrica
Acionistas Eletrobras
ANDE
(50%)
Website oficial www.itaipu.gov.py
www.itaipu.gov.br

A Itaipu Binacional é uma entidade binacional pertencente à República Federativa do Brasil e à República do Paraguai. Foi constituída pelo Tratado de Itaipu para a operação da usina hidrelétrica. Seu aspecto de empresa jurídica de direito privado binacional deve-se às ordens jurídicas de ambos os países às quais está submetida.[39] Alcântara Cyclone Space, outra "Empresa Binacional" no Brasil—classificação em relação à natureza jurídica.[40]—foi encerrada em 2015.[41]

Os países possuem a mesma participação na entidade: a Eletrobras possui 50% e a Administração Nacional de Eletricidade (Administración Nacional de Eletricidad, ANDE) com os outros 50%, representando o Brasil e o Paraguai respectivamente. Ambos indicam paritariamente os doze membros do Conselho de Administração. Dos seis membros de indicação brasileira, um é da Eletrobrás e outro do Ministério das Relações Exteriores. O Conselho elege a Diretoria Executiva também de forma paritária.[42]

Barragem e vazão

Entrada do complexo de Itaipu
Entrada da usina.
Sala de controle de Itaipu
Espaço no interior da estrutura da Usina
Eixo que acopla a turbina ao gerador

O comprimento total da barragem é 7.919 metros. A elevação da crista é de 225 metros. A barragem de Itaipu é constituída basicamente por seis seções: barragem lateral direita, barragem principal, estrutura de desvio, barragem de terra direita, barragem de enrocamento e barragem de terra esquerda.[43] A barragem principal tem 196 metros de altura, o que é equivalente a um prédio de 65 andares.[14]

A vazão máxima do vertedouro de Itaipu é de 62,2 mil metros cúbicos de água por segundo, o que corresponde a 40 vezes a vazão média das Cataratas do Iguaçu. A vazão de duas turbinas de Itaipu (700 m3 de água por segundo cada) corresponde aproximadamente à vazão média das Cataratas do Iguaçu (cerca de 1,5 mil m3 de água por segundo).[44]

Geração de energia

Existem 20 unidades geradoras, sendo dez na frequência da rede elétrica paraguaia (50 Hz) e dez na frequência da rede elétrica brasileira (60 Hz). As unidades de 50 Hz têm potência nominal de 823,6 MVA, fator de potência de 0,85 e peso de 3.343 toneladas. As unidades de 60 Hz têm potência nominal de 737,0 MVA, fator de potência de 0,95 e peso de 3 242 toneladas. Todas as unidades têm tensão nominal de 18 kV. As turbinas são do tipo francis, com potência nominal de 715 MW e vazão nominal de 690 m3 por segundo.[45][46] Uma subestação blindada em gás de hexafluoreto de enxofre (SF6), que permite uma grande compactação do projeto. Para cada grupo gerador existe um banco de transformadores monofásicos, elevando a tensão de 18 kV para 500 kV. O Brasil teria que queimar 536 mil barris de petróleo por dia para gerar em usinas termelétricas a potência de Itaipu.[14]

Em 32 anos de operação, a Itaipu Binacional é líder mundial em produção de energia limpa e renovável, tendo produzido mais de 2,5 bilhões de MWh.[4][5][6][7][8] Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, fornece cerca de 17% da energia consumida no Brasil e 75% no Paraguai. Sua maior produção anual foi estabelecida em 2016, com 103 068 366 de MWh.[13][14] O recorde anterior ocorreu em 2013, com a geração de 98 630 035 de MWh.[14]

Apesar de gerar menos do que em anos de recorde, Itaipu atingiu em 2014 o melhor índice de eficiência operacional dos 32 anos, com 99,3%. Na prática, isso significa que a operação da usina, que tem o objetivo de maximizar a utilização da água (energia disponível), atendendo as demandas dos sistemas elétricos brasileiro e paraguaio, teve quase zero de perdas. Ou seja, da água que poderia ser turbinada, quase nada foi vertido em 2014. Tudo o que chegou de água turbinável foi usado na produção de energia.[47]

Produção anual

Produção anual de energia
Ano Número de
unidades instaladas
GWh
1982 0 0
1983 0 0
1984 0–2 277
1985 2–3 6 327
1986 3–6 21 853
1987 6–9 35 807
1988 9–12 38 508
1989 12–15 47 230
1990 15–16 53 090
1991 16–18 57 517
1992 18 52 268
1993 18 59 997
1994 18 69 394
1995 18 77 212
1996 18 81 654
1997 18 89 237
1998 18 87 845
1999 18 90 001
2000 18 93 428
2001 18 79 307
2002 18 82 914
2003 18 89 151
2004 18 89 911
2005 18 87 971
2006 19 92 690
2007 20 90 620
2008 20 94 685
2009 20 91 651
2010 20 85 970
2011 20 92 245
2012 20 98 287
2013 20 98 630[14]
2014 20 87 795
2015 20 89 215[14]
2016 20 103 098[13][14]
2017 20 96 387[14]
2018 20 96 585[14]
2019 20 79 445[14]
2020 20 76 382[14]

Sistema de transmissão

O sistema de transmissão de Itaipu conecta a três subestações situadas dentro da Central Hidrelétrica (duas subestações isoladas a gás, uma de 50 Hz e outra de 60 Hz, instadas dentro da Casa de Máquinas, e uma convencional de 50 Hz na Margem Direita) com os Sistemas Interconectados paraguaio e brasileiro.[48]

Subestações

  • SE-ITAIPU 60 Hz (Subestação de Itaipu 60 Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 10 km de extensão) transmitem toda a energia do setor de 60 Hz até a SE-Foz do Iguaçu 60 Hz (Subestação de Foz do Iguaçu 60 Hz), que eleva a tensão para 765 kV.
  • SE-ITAIPU 50 Hz (Subestação de Itaipu 50 Hz): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 2 km de extensão) até a SE-MD 500 kV (Subestação da Margem Direita 500 kV).
  • SE-MD (Subestação da Margem Direita): 4 linhas de transmissão de 500 kV (com cerca de 9 km de extensão) transmitem a revenda de energia do Paraguai para o Brasil (até a SE-Foz do Iguaçu 50 Hz - Subestação de Foz do Iguaçu 50 Hz). Para o sistema paraguaio, saem 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-ACARAY (Subestação de Acaray), 2 linhas de transmissão de 220 kV até ES-CYO (Subestação de Carayao) e mais 1 linha de transmissão de 500 kV (com cerca de 300 km) até ES-Villa Hayes (Subestação de Villa Hayes, em Assunção, capital do país).

Interligação com Sistema Brasileiro

O escoamento da energia de Itaipu para o sistema interligado brasileiro, a partir da subestação de Foz do Iguaçu no Paraná, é realizado por Furnas e Copel. A energia em 50 Hz utiliza o sistema de corrente contínua de Furnas (Elo CC) e a energia em 60 Hz utiliza o sistema de 765 kV de Furnas e o sistema de 525 kV da Copel. E o ONS (Operador Nacional do Sistema) é o responsável pela coordenação e controle da operação da transmissão.[49]

  • SE-Foz do Iguaçu 50 Hz: O pátio de corrente contínua (Corrente contínua em alta tensão), que recebe a energia em 50 Hz. Devido à incompatibilidade entre as frequências e as vantagens da transmissão em grandes distâncias, a energia é convertida através de circuitos retificadores para ±600 kV e transmitida por duas linhas até Ibiúna (São Paulo). Em Ibiúna, a energia é convertida para 60 Hz, interligando-se ao sistema do Sudeste.
  • SE-Foz do Iguaçu 60 Hz: O pátio de corrente alternada, que recebe a energia em 60 Hz e eleva para 765 kV, saindo três linhas de transmissão. É o nível de tensão mais elevado existente no Brasil. As linhas seguem para as subestações de Ivaiporã (Paraná) e Itaberá (São Paulo), até chegarem à subestação Tijuco Preto que fica localizada no distrito de Quatinga em Mogi das Cruzes (São Paulo).

Interligação com Sistema Paraguaio

O escoamento da energia de Itaipu para o Paraguai é feito nas tensões de 500 kV e 220 kV a partir da subestação da Margem Direita para as subestações de Acaray, Carayao e Villa Hayes.[50]

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Vista panorâmica da barragem.

Impacto

Econômico

Mapa do complexo turístico de Itaipu.

Nos 170 km de extensão, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, o Reservatório de Itaipu atinge áreas de 16 municípios brasileiros, dos quais 15 no estado do Paraná e um em Mato Grosso do Sul. Como compensação, Itaipu paga royalties a esses municípios, proporcionalmente à área de terra alagada. No Paraguai, os recursos dos royalties são repassados ao Ministério de Hacienda (Ministério da Fazenda), que já recebeu, desde 1985, mais de 4,5 bilhões de dólares. No Brasil, o Tesouro Nacional recebeu em royalties mais de 4,8 bilhões de dólares, sendo que a divisão, de acordo com a Lei dos Royalties em vigor desde 1991,[51] é: 10% para órgãos federais; 45% da compensação repassada aos Estados e 45% aos municípios. Os royalties são aplicados na melhoria da qualidade de vida da população, nas áreas de educação, saúde, moradia e saneamento básico.[52]

A grandiosidade da usina contribui para que Foz do Iguaçu seja mundialmente conhecido como um dos mais importantes destinos turísticos do Brasil. Desde que foi aberta à visitação, Itaipu já recebeu mais de 16 milhões de visitantes.[53] Para receber os visitantes, o Complexo Turístico Itaipu oferece opções de visitas pelas áreas internas e externas da usina.

Ambiental

O Salto das Sete Quedas ficou submerso a partir de 1982, com a construção da hidrelétrica de Itaipu.
Lago formado pela construção de Itaipu.

Com o fechamento das eclusas da barragem de Itaipu, uma área de 1,5 mil km2 de florestas e terras agriculturáveis foi inundada. A cachoeira de Sete Quedas, uma das mais fascinantes formações naturais do planeta, desapareceu. Semanas antes do preenchimento do reservatório, foi realizada uma operação de salvamento dos animais selvagens, denominada Mymba kuera (que em guarani quer dizer "pega-bicho"). Equipes de voluntários conseguiram capturar mais de 4,5 mil bichos, entre macacos, lagartos, porcos-espinhos, roedores, aranhas, tartarugas e diversas espécies. Esses animais foram levados para as regiões vizinhas protegidas da água.[54] No total, mais de 35 mil animais que viviam na área a ser inundada pelo lago precisaram ser removidos.[20]

O município de Guaíra foi o mais afetado devido à perda das Sete Quedas, um dos pontos turísticos mais conhecidos do país na época e responsável por parte importante da receita local. A construção do lago de Itaipu inundou o salto em 1982. A cidade recebeu 80 milhões de dólares a título de compensação financeira entre 1985 e maio de 2016, mas alega que o ressarcimento não foi condizente ao prejuízo causado.[55]

Social

Predefinição:VT

Vila A, bairro de Foz do Iguaçu criado para abrigar os trabalhadores da usina.

Durante a instalação da Itaipu, foi necessária a desapropriação de 42 444 pessoas, das quais 38 440 eram trabalhadore(a)s do campo, o que gerou inúmeros problemas sociais.[56] Parte dessas famílias viviam às margens do Rio Paraná e foram desalojadas, a fim de abrir caminho para a represa. Algumas se refugiaram na cidade de Medianeira, uma cidade não muito longe da confluência dos rios Iguaçu e Paraná. Algumas dessas famílias vieram, eventualmente, a ser membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.[57][58]

O espelho d'água da usina alagou diversas propriedades de moradores do extremo oeste do Estado do Paraná. As indenizações foram suficientes para que os agricultores comprassem novas terras no Brasil. Sendo as terras no Paraguai mais baratas, milhares emigraram para esse país, criando o fenômeno social dos brasiguaios - brasileiros e seus familiares que residem em terras paraguaias na fronteira com o Brasil.[59]

Segundo um relatório produzido ao longo de três anos pela Procuradoria Geral da República, a construção da usina hidrelétrica gerou graves violações de direitos dos povos indígenas, com adulteração de procedimentos para subestimar o número de índios que habitavam a região. Para criar o lago artificial, por exemplo, a obra inundou cerca de 135 mil hectares e transferiu 40 mil pessoas entre índios e não índios no Paraná. Na área afetada estavam diversos territórios considerados sagrados pelos índios guaranis, como os Salto de Sete Quedas.[60]

O estudo concluiu que apenas uma pequena parcela da comunidade indígena de Ocoy foi reconhecida como indígena pela Funai, na época gerida por um general do Exército, e depois reassentada "em condições piores do que as que enfrentava antes". "Todas as demais localidades existentes entre Foz do Iguaçu e Guaíra foram completamente ignoradas e as famílias indígenas que nelas viviam foram tratadas como posseiros e invasores (porque não tinha documentos das terras), sendo delas expulsas sem nenhum ressarcimento", diz o relatório organizado pelos procuradores da República Gustavo Kenner, João Akira Omoto, Julio José Araujo Junior e pela antropóloga Luciana Maria de Moura Ramos, nomeada analista pericial da PGR.[60]

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Vista panorâmica da usina à noite

Ver também

Referências

  1. 1,0 1,1 MONTEIRO, Nilson. Itaipu, a luz. Itaipu Binacional, Assessoria de Comunicação Social. Curitiba, 2000. 2ª edição. Pp. 98. CDU 621.331.21
  2. 2,0 2,1 ITAIPU BINACIONAL. Itaipu: 30 anos de operação. Uma usina de recordes. Foz do Iguaçu, 2014. Edição própria. Pp. 28. CDD 621.312134
  3. NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3ª edição. São Paulo. Global. 2005. p. 69.
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