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José de Alencar: mudanças entre as edições

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|ocupação             = Crítico, romancista, dramaturgo, político, jornalista, escritor
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'''José Martiniano de Alencar''' ([[Messejana (Fortaleza)|Messejana]], {{dtlink|lang=br|1|5|1829}} — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], {{dtlink|lang=br|12|12|1877}}) foi um [[escritor]] e [[político]] [[Brasileiros|brasileiro]]. É notável como escritor por ter sido o fundador do romance de temática nacional, e por ser o [[patrono]] da cadeira fundada por [[Machado de Assis]] na [[Academia Brasileira de Letras]]. Na carreira política, foi notória a sua tenaz defesa da [[escravidão no Brasil]] quando [[Ministro da Justiça do Brasil|ministro da Justiça]] do [[segundo reinado]].<ref>{{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0810200808.htm|titulo=Folha de S.Paulo - Alencar, o escravista - 08/10/2008|acessodata=2016-02-13|website=www1.folha.uol.com.br}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.bbm.usp.br/node/104|titulo=José de Alencar (1829 - 1877), escritos políticos {{!}} BIBLIOTECA BRASILIANA GUITA E JOSÉ MINDLIN|acessodata=2016-02-13|website=www.bbm.usp.br}}</ref><ref>MENDES, Mírian Lúcia Brandão. A retórica escravista: as emoções no discurso das cartas de Alencar a favor da escravidão. EID&A - ''Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação'', Ilhéus, n. 7, p. 183-194, dez.2014. Disponível em: <http://www.uesc.br/revistas/eidea/revistas/revista7/eid&a_n7_12_mirian.pdf>. Acesso: 2016.</ref><ref>{{Citar web|titulo = José de Alencar, biografia do fundador do romance de temática nacional - Guia do Estudante|url = http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_415367.shtml|website = guiadoestudante.abril.com.br|acessodata = 2016-02-13}}</ref><ref>{{Citar web|titulo = .:: José de Alencar - Só Literatura ::.|url = http://www.soliteratura.com.br/romantismo/romantismo12.php|website = www.soliteratura.com.br|acessodata = 2016-02-13}}</ref><ref>{{Citar web|titulo = José de Alencar - Biografia - UOL Educação|url = http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-alencar.jhtm|website = educacao.uol.com.br|acessodata = 2016-02-13}}</ref>
'''José Martiniano de Alencar''' ([[Fortaleza|Messejana]], {{dtlink|lang=br|1|5|1829}} — [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], {{dtlink|lang=br|12|12|1877}}) foi um [[escritor]] e [[político]] [[Brasileiros|brasileiro]]. É notável como escritor por ter sido o fundador do romance de temática nacional, e por ser o [[patrono]] da cadeira fundada por [[Machado de Assis]] na [[Academia Brasileira de Letras]].<ref>{{Citar web|titulo = José de Alencar, biografia do fundador do romance de temática nacional - Guia do Estudante|url = http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_415367.shtml|website = guiadoestudante.abril.com.br|acessodata = 2016-02-13|arquivourl = https://web.archive.org/web/20160205133853/http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_415367.shtml|arquivodata = 2016-02-05|urlmorta = yes}}</ref><ref>{{Citar web|titulo = .:: José de Alencar - Só Literatura ::.|url = http://www.soliteratura.com.br/romantismo/romantismo12.php|website = www.soliteratura.com.br|acessodata = 2016-02-13}}</ref><ref>{{Citar web|titulo = José de Alencar - Biografia - UOL Educação|url = http://educacao.uol.com.br/biografias/jose-de-alencar.jhtm|website = educacao.uol.com.br|acessodata = 2016-02-13}}</ref>


Filho ilegítimo do padre e mais tarde senador [[José Martiniano Pereira de Alencar]] e de sua prima D. Ana Josefina de Alencar,<ref name=":0">{{Citar web|titulo = Semira Adler Vainsencher: JOSÉ DE ALENCAR|url = http://semiraadlervainsencher.blogspot.fr/2009/05/jose-de-alencar.html|website = semiraadlervainsencher.blogspot.fr|acessodata = 2016-02-13}}</ref> era irmão do [[Leonel Martiniano de Alencar|barão de Alencar]], sobrinho de [[Tristão Gonçalves]], neto de [[Bárbara de Alencar]] e primo em segundo grau do [[Guálter Martiniano de Alencar Araripe|barão de Exu]].<ref>{{Citar web|título = Genealogia Pernambucana|URL = http://www.araujo.eti.br/descend.asp?numPessoa=6198&dir=genxdir/|obra = www.araujo.eti.br|acessadoem = 2015-09-29}}</ref> Formou-se em [[Direito]], iniciando-se na atividade literária no [[Correio Mercantil]] e no [[Diário do Rio de Janeiro]]. Casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), sendo pai do embaixador [[Augusto Cochrane de Alencar]].
Na carreira política, foi notória a sua tenaz defesa da [[escravidão no Brasil]] quando [[Ministro da Justiça do Brasil|ministro da Justiça]] do [[segundo reinado]] (ver [[Gabinete Itaboraí (1868)|Gabinete Itaboraí de 1868]]).<ref>{{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0810200808.htm|titulo=Folha de S.Paulo - Alencar, o escravista - 08/10/2008|acessodata=2016-02-13|website=www1.folha.uol.com.br}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.bbm.usp.br/node/104|titulo=José de Alencar (1829 - 1877), escritos políticos {{!}} BIBLIOTECA BRASILIANA GUITA E JOSÉ MINDLIN|acessodata=2016-02-13|website=www.bbm.usp.br}}</ref><ref>MENDES, Mírian Lúcia Brandão. A retórica escravista: as emoções no discurso das cartas de Alencar a favor da escravidão. EID&A - ''Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação'', Ilhéus, n. 7, p. 183-194, dez.2014. Disponível em: <http://www.uesc.br/revistas/eidea/revistas/revista7/eid&a_n7_12_mirian.pdf>. Acesso: 2016.</ref> Era neto de [[Bárbara de Alencar]], uma heroína da [[Revolução Pernambucana]].<ref>{{Citar web|url=https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2909200124.htm|título=História apaga rosto de primeira presa política do Brasil|publicado=Folha de S.Paulo|acessodata=19-6-2019}}</ref>


== Biografia ==
== Biografia ==
[[Imagem:Casa José de Alencar (by Tom Junior).jpg|thumb|esquerda|[[Casa de José de Alencar]] em [[Messejana (Fortaleza)|Messejana]], hoje um distrito de [[Fortaleza]].]]
[[Imagem:Casa José de Alencar (by Tom Junior).jpg|thumb|esquerda|[[Casa de José de Alencar]] em [[Messejana (Fortaleza)|Messejana]], hoje um distrito de [[Fortaleza]].]]
José de Alencar nasceu em 1829 em [[Messejana (Fortaleza)|Messejana]], que à época de seu nascimento gozava do estatuto de [[município]] (tendo perdido tal categoria em 1921, sendo integrado na cidade de [[Fortaleza]]). Nascido de uma relação ilegítima e considerada escandalosa à época, visto que seu pai era [[Padre|sacerdote da igreja Católica,]] teve sua paternidade reconhecida através de uma "Escritura de Reconhecimento e Perfilhação de Filhos Espúrios" em 1859, que registrava que "o padre [[José Martiniano de Alencar]], já sendo clérigo de Ordens Sacras, contraiu amizade ilícita e particular com dona [[Bárbara de Alencar|Ana Josefina de Alencar]], sua prima no primeiro grau, e dela tem tido desde aquele tempo até doze filhos".<ref name=":0" /> José de Alencar foi o primogênito do casal, e seu apelido em casa era Cazuza.<ref name=":0" />
José de Alencar nasceu em maio de 1829 em [[Messejana (Fortaleza)|Messejana]], que à época de seu nascimento gozava do estatuto de [[município]] (tendo perdido tal categoria em 1921, sendo integrado na cidade de [[Fortaleza]]). Nascido de uma relação ilegítima e considerada escandalosa à época, visto que seus progenitores eram primos<ref>{{Citar web|ultimo=https://www.opovo.com.br|url=https://especiais.opovo.com.br/josedealencar190anos/|titulo=Especiais O POVO|acessodata=2022-05-11|website=especiais.opovo.com.br|lingua=pt-br}}</ref> e seu pai era [[Padre|sacerdote da igreja Católica,]]<ref>{{Citar web|url=https://www.culturagenial.com/obras-de-jose-de-alencar/|titulo=7 melhores obras de José de Alencar (com resumo e curiosidades)|acessodata=2022-05-11|website=Cultura Genial|lingua=pt-br}}</ref> teve sua paternidade reconhecida através de uma "Escritura de Reconhecimento e Perfilhação de Filhos Espúrios" em 1859, que registrava que "o padre [[José Martiniano Pereira de Alencar|José Martiniano de Alencar]], já sendo clérigo de Ordens Sacras, contraiu amizade ilícita e particular com dona Ana Josefina de Alencar, sua prima no primeiro grau, e dela tem tido desde aquele tempo até doze filhos".<ref name=":0" /> José de Alencar foi o primogênito do casal, e seu apelido em casa era Cazuza.<ref name=":0" /> Era irmão de [[Leonel Martiniano de Alencar]], sobrinho de [[Tristão Gonçalves]], neto de [[Bárbara de Alencar]] e primo em segundo grau de [[Guálter Martiniano de Alencar Araripe]].<ref>{{Citar web|título = Genealogia Pernambucana|URL = http://www.araujo.eti.br/descend.asp?numPessoa=6198&dir=genxdir/|obra = www.araujo.eti.br|acessadoem = 2015-09-29}}</ref>  


Sete anos antes do seu nascimento, em 1822, [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]] havia proclamado a [[Independência do Brasil]] e tornara-se imperador do Brasil. Dois anos após o seu nascimento, em 1831, o monarca, cedendo a pressões internas e externas, abdicaria em favor do filho e retornaria para Portugal. É nesse cenário político de disputas pelo poder que o jovem escritor crescerá, acompanhando o pai, que seria senador e, posteriormente, governador do estado do Ceará.
Sete anos antes do seu nascimento, em 1822, [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]] havia proclamado a [[Independência do Brasil]] e tornara-se imperador do Brasil. Dois anos após o seu nascimento, em 1831, o monarca, cedendo a pressões internas e externas, abdicaria em favor do filho e retornaria para Portugal. É nesse cenário político de disputas pelo poder que o jovem escritor crescerá, acompanhando o pai, que seria senador e, posteriormente, governador do estado do Ceará.


Transferiu-se para a capital do [[Império do Brasil]], o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à [[Faculdade de Direito de São Paulo]], começando o curso de direito em 1846. Fundou, na época, a revista ''Ensaios Literários'', onde publicou o artigo ''questões de estilo''. Formou-se em direito, em 1850, e, em 1854 estreou como folhetinista no ''Correio Mercantil''. Em 1856, publicou o primeiro romance, ''[[Cinco Minutos]]'', seguido de ''[[A Viuvinha]]'' em 1857. Mas é com ''[[O Guarani]]'' em 1857 que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.
Transferiu-se para a capital do [[Império do Brasil]], o [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à [[Faculdade de Direito de São Paulo]], começando o curso de direito em 1846. Fundou, na época, a revista ''Ensaios Literários'', onde publicou o artigo ''questões de estilo''. Formou-se em direito, em 1850, e, em 1854 estreou como folhetinista no ''[[Correio Mercantil]]''. Casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), com quem teve seis filhos, entre eles o escritor [[Mário de Alencar]] e o embaixador [[Augusto Cochrane de Alencar]].
[[Ficheiro:José de Alencar 1877-1878-2.jpg|thumb|esquerda|O jovem José de Alencar.]]
 
Em 1856, publicou o primeiro romance, ''[[Cinco Minutos]]'', seguido de ''[[A Viuvinha]]'' em 1857. Mas é com ''[[O Guarani]]'' em 1857 que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.
 
José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a [[Trilogia indianista de José de Alencar|trilogia indigenista]]: ''[[O Guarani]]'' (1857), ''[[Iracema]]'' (1865) e ''[[Ubirajara (livro)|Ubirajara]]'' (1874). O primeiro fala sobre o amor do índio Peri com a mulher branca Ceci. O segundo, epopeia sobre a origem do [[Ceará]], tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da [[Iraúna-grande|graúna]]". O terceiro tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.
 
Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860, ingressou na política, como deputado provincial no Ceará, sempre militando pelo [[Partido Conservador (Brasil Império)]]. Em 1868, tornou-se [[ministro da Justiça]], ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador [[D. Pedro II do Brasil]] não o escolhido por ser muito jovem ainda.
{{Trilogia Indianista}}
{{Trilogia Indianista}}
José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a [[Trilogia indianista de José de Alencar|trilogia indigenista]]: ''[[O Guarani]]'' (1857), ''[[Iracema]]'' (1865) e ''[[Ubirajara (livro)|Ubirajara]]'' (1874). O primeiro fala sobre o amor do índio Peri com a mulher branca Ceci. O segundo, epopeia sobre a origem do [[Ceará]], tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da [[Iraúna-grande|graúna]]". O terceiro tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.
Em 1872, se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca confirmada, poderia ser, na verdade, filho de [[Machado de Assis]], o que, para alguns, daria respaldo para o [[enredo]] principal do romance [[Dom Casmurro]]. Produziu também romances urbanos ([[Senhora (livro)|Senhora]], 1875; [[Encarnação (romance)|Encarnação]], escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas ([[O Gaúcho]], 1870; [[O Sertanejo]], 1875) e históricos (''[[Guerra dos Mascates]]'', 1873), além de peças para o [[teatro]].  


Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860, ingressou na política, como deputado estadual no Ceará, sempre militando pelo [[Partido Conservador (Brasil Império)]]. Em 1868, tornou-se [[ministro da Justiça]], ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador [[D. Pedro II do Brasil]] não o escolhido por ser muito jovem ainda.
Viajou para a [[Europa]] em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro em [[dezembro]] do mesmo ano, vitimado pela [[tuberculose]]. Machado de Assis, que esteve no [[velório]] de Alencar, impressionou-se com a [[pobreza]] em que a família Alencar vivia. Em sua coluna História de Quinze Dias na revista [[Ilustração Brasileira]], escreveu: "Toda a história destes quinze dias está resumida em um só instante, e num acontecimento único: a morte de José de Alencar. Ao pé desse fúnebre sucesso, tudo o mais empalidece." Seu corpo foi primeiramente sepultado no [[Cemitério de São Francisco Xavier (Rio de Janeiro)|Cemitério de São Francisco Xavier]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], depois foi [[exumação|exumado]] para o [[Cemitério de São João Batista (Rio de Janeiro)|Cemitério de São João Batista]], também no Rio de Janeiro. Sua esposa Georgiana faleceu treze anos depois e foi sepultada ao lado do marido em 1913.
[[Ficheiro:José de Alencar 1877-1878-2.jpg|thumb|O jovem José de Alencar.]]
Em 1872, se tornou pai de [[Mário de Alencar]], o qual, segundo uma história nunca confirmada, poderia ser, na verdade, filho de [[Machado de Assis]], o que, para alguns, daria respaldo para o [[enredo]] principal do romance [[Dom Casmurro]]. Produziu também romances urbanos ([[Senhora (livro)|Senhora]], 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas ([[O Gaúcho]], 1870; [[O Sertanejo]], 1875) e históricos (''[[Guerra dos Mascates]]'', 1873), além de peças para o [[teatro]].  


Viajou para a [[Europa]] em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro no mesmo ano, vitimado pela [[tuberculose]]. Machado de Assis, que esteve no [[velório]] de Alencar, impressionou-se com a [[pobreza]] que a família Alencar vivia. Seu corpo foi primeiramente sepultado no [[Cemitério de São Francisco Xavier (Rio de Janeiro)|Cemitério de São Francisco Xavier]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], depois foi [[exumação|exumado]] para o [[Cemitério de São João Batista (Rio de Janeiro)|Cemitério de São João Batista]], também no Rio de Janeiro. Sua esposa Georgiana faleceu treze anos depois e foi sepultada ao lado do marido em 1913.
== Homenagens ==
== Homenagens ==
Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do [[Flamengo (bairro do Rio de Janeiro)|Flamengo]], em sua homenagem, foi erguida, em 1897, uma [[estátua]] no largo do Catete, largo este que foi rebatizado como [[praça José de Alencar]].   
Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do [[Flamengo (bairro do Rio de Janeiro)|Flamengo]], em sua homenagem, foi erguida, em 1897, uma [[estátua]] no largo do Catete, largo este que foi rebatizado como [[praça José de Alencar]].   
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Em [[Fortaleza]], em 1910, foi erguido o [[Theatro José de Alencar]]. A [[Praça José de Alencar (Fortaleza)|Praça José de Alencar]] e a [[estação José de Alencar]] da [[Linha Sul do Metrô de Fortaleza|Linha Sul]] do [[metrô de Fortaleza]] são, também, homenagens da sua cidade natal.
Em [[Fortaleza]], em 1910, foi erguido o [[Theatro José de Alencar]]. A [[Praça José de Alencar (Fortaleza)|Praça José de Alencar]] e a [[estação José de Alencar]] da [[Linha Sul do Metrô de Fortaleza|Linha Sul]] do [[metrô de Fortaleza]] são, também, homenagens da sua cidade natal.


[[José de Alencar (Iguatu)|José de Alencar]] também tornou-se o nome de um [[distritos do Brasil|distrito]] do [[municípios do Brasil|município]] de [[Iguatu (Ceará)|Iguatu]], no Ceará.
[[José de Alencar (Iguatu)|José de Alencar]] também tornou-se o nome de um [[distritos do Brasil|distrito]] do [[Município (Brasil)|município]] de [[Iguatu (Ceará)|Iguatu]], no Ceará.


=== [[Ficheiro:Lorbeerkranz.png|40px]] Academia Brasileira de Letras ===
=== [[Ficheiro:Lorbeerkranz.png|40px]] Academia Brasileira de Letras ===
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== Características da obra de Alencar ==
== Características da obra de Alencar ==
[[Imagem:Oguarani.jpg|thumb|180px|esquerda|''O Guarani'', 1ª Edição, 1857.]]
[[Imagem:Oguarani.jpg|thumb|318x318px|''O Guarani'', 1ª Edição, 1857.]]
Uma característica marcante de sua obra é o ''[[nacionalismo]]'', tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consolidação da [[Independência do Brasil|Independência]], Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país.
Uma característica marcante de sua obra é o ''[[nacionalismo]]'', tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consolidação da [[Independência do Brasil|Independência]], Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país.


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*O [[História pré-cabralina do Brasil|período pré-cabralino]] - ''[[Ubirajara (livro)|Ubirajara]]''.
*O [[História pré-cabralina do Brasil|período pré-cabralino]] - ''[[Ubirajara (livro)|Ubirajara]]''.
*A fase de formação da nacionalidade - ''[[Iracema]]'' e ''[[O Guarani]]''.
*A fase de formação da nacionalidade - ''[[Iracema]]'' e ''[[O Guarani]]''.
*A ocupação do território, a [[Colonização do Brasil|colonização]] e o sentimento [[nacionalismo|nativista]] - ''[[As Minas de Prata]]'' (o [[bandeirantismo]]) e ''[[Guerra dos Mascates (livro)|Guerra dos Mascates]]'' (rebelião colonial).
*A ocupação do território, a [[Colonização do Brasil|colonização]] e o sentimento [[nacionalismo|nativista]] - ''[[As Minas de Prata]]'' (o [[Bandeirantes|bandeirantismo]]) e ''[[Guerra dos Mascates (livro)|Guerra dos Mascates]]'' (rebelião colonial).
*O presente, a vida urbana de seu tempo, a [[burguesia]] [[Rio de Janeiro (estado)|fluminense]] do [[século XIX]] - os romances urbanos ''[[Diva]]'', ''[[Lucíola]]'', ''[[Senhora (livro)|Senhora]]'' e outros.
*O presente, a vida urbana de seu tempo, a [[burguesia]] [[Rio de Janeiro (estado)|fluminense]] do [[século XIX]] - os romances urbanos ''[[Diva]]'', ''[[Lucíola]]'', ''[[Senhora (livro)|Senhora]]'' e outros.
[[Imagem:Monumento a José de Alencar.jpg|thumb|180px|Monumento a José de Alencar na [[praça José de Alencar]], no Rio de Janeiro.]]
[[Imagem:Monumento a José de Alencar.jpg|thumb|334x334px|Monumento a José de Alencar na [[praça José de Alencar]], no Rio de Janeiro.]]


== Resumo biográfico (cronologia) ==
== Resumo biográfico (cronologia) ==
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**Publica com grande repercussão ''[[O Guarani]]'', primeiro em folhetins, depois em livro.
**Publica com grande repercussão ''[[O Guarani]]'', primeiro em folhetins, depois em livro.
*'''1860'''
*'''1860'''
**Falece o pai do escritor -  José Martiniano de Alencar -, que fora revolucionário e político influente.
**Falece o pai do escritor -  [[José Martiniano Pereira de Alencar|José Martiniano de Alencar]] -, que fora revolucionário e político influente.
*'''1861'''
*'''1861'''
**Elege-se [[deputado]]. Reeleito em várias legislaturas subsequentes.
**Elege-se [[deputado]]. Reeleito em várias legislaturas subsequentes.
*'''1865'''
*'''1865'''
**Nasce o seu filho Augusto de Alencar
**Nasce o seu filho Augusto de Alencar.
*'''1868'''
*'''1868'''
**[[Ministério da Justiça (Brasil)|Ministro da Justiça]] durante dois anos no [[Gabinete Conservador]].
**[[Ministério da Justiça (Brasil)|Ministro da Justiça]] durante dois anos no Gabinete Conservador.
*'''1870'''
*'''1870'''
**Abandona a carreira política, magoado com o [[imperador]] [[D. Pedro II do Brasil|dom Pedro II]].
**Abandona a carreira política, magoado com o [[imperador]] [[D. Pedro II do Brasil|dom Pedro II]]. De acordo com [[Oliveira Lima]], Pedro II teria ponderado sobre o porquê de Alencar, quando Ministro da Justiça no [[Gabinete Itaboraí (1868)|Gabinete Itaboraí]], ter demitido o chefe de polícia do Pará, "''o qual, no exercício de suas funções, descobrira e denunciara ligações entre criminosos do Pará e habitantes do Ceará que eram influências eleitorais''" (Oliveira Lima, 2021, p. 130).<ref>LIMA, Oliveira. O império Brazileiro, 1822-1889.São Paulo: Foro editorial/Avis Rara, 2021. pág. 130. ISBN 978-65-5957-065-2</ref>
*'''1872'''.
**Nasce o seu filho [[Mário de Alencar]].
*'''1877'''
*'''1877'''
**Vítima de tuberculose, viaja para a [[Europa]], tentando curar-se. Faleceu no Rio de Janeiro em 12 de dezembro.
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* ''[[O Crédito]]'', 1857
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*''[[O Demônio Familiar]]'', 1857
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*''[[As asas de um anjo]]'', 1858
*''As asas de um anjo'', 1858
*''Mãe'', 1860
*''Mãe'', 1860
*''A expiação'', 1867
*''A expiação'', 1867
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=== Crítica e polêmica ===
=== Crítica e polêmica ===
*''Cartas sobre a confederação dos tamoios'', 1865
*''Cartas sobre a confederação dos tamoios'', 1865
*''[http://www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/revista/volumes_anteriores/volume1numero1/RESENHAS/volume1resenha1.pdf Ao imperador: cartas políticas de Erasmo]'' [http://www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/revista/volumes_anteriores/volume1numero1/RESENHAS/volume1resenha1.pdf e ''Novas cartas políticas de Erasmo'', 1865]
*''[https://web.archive.org/web/20151119004219/http://www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/revista/volumes_anteriores/volume1numero1/RESENHAS/volume1resenha1.pdf Ao imperador: cartas políticas de Erasmo]'' [https://web.archive.org/web/20151119004219/http://www.cefetsp.br/edu/sertaozinho/revista/volumes_anteriores/volume1numero1/RESENHAS/volume1resenha1.pdf e ''Novas cartas políticas de Erasmo'', 1865]
*''Ao povo: cartas políticas de Erasmo'', 1866
*''Ao povo: cartas políticas de Erasmo'', 1866
*''O sistema representativo'', 1866
*''O sistema representativo'', 1866


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== Bibliografia ==
== Bibliografia ==
*ALENCAR, José Martiniano de, Perfis Parlamentares 01, Câmara dos Deputados, 1977.
* ALENCAR, José Martiniano de, Perfis Parlamentares 01, Câmara dos Deputados, 1977.
*ALENCAR, José de, 1829-1877; Cinco minutos & A viuvinha / José de Alencar. - 29. ed. - São paulo: Ática, 2010.; 136 p.
* ALENCAR, José de, 1829-1877; Cinco minutos & A viuvinha / José de Alencar. - 29. ed. - São Paulo: Ática, 2010.; 136 p.


== Outras ==
== Outras ==
*''O garatuja, 1873 (Ernst Mahle em 2006 escreveu ópera baseda na novela, [[:en:O Garatuja|O Garatuja]])
*''O garatuja, 1873 (Ernst Mahle em 2006 escreveu ópera baseada na novela, [[:en:O Garatuja|O Garatuja]])''


==Ligações externas==
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*[http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=71 Acesse a literatura de José de Alencar no portal Domínio Público]
*[http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=71 Acesse a literatura de José de Alencar no portal Domínio Público]
*[http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=239 Perfil no sítio da Academia Brasileira de Letras]
*[http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=239 Perfil no sítio da Academia Brasileira de Letras]


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Edição atual tal como às 12h47min de 11 de maio de 2022

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Predefinição:Info/Escritor

José de Alencar
Ministro da Justiça do Brasil Brasil
Período 16 de julho de 1868
a 10 de janeiro de 1870
Monarca Pedro II
Antecessor(a) Manuel Francisco Ribeiro de Andrada
Sucessor(a) Joaquim Otávio Nébias
Partido Partido Conservador

José Martiniano de Alencar (Messejana, 1 de maio de 1829Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1877) foi um escritor e político brasileiro. É notável como escritor por ter sido o fundador do romance de temática nacional, e por ser o patrono da cadeira fundada por Machado de Assis na Academia Brasileira de Letras.[1][2][3]

Na carreira política, foi notória a sua tenaz defesa da escravidão no Brasil quando ministro da Justiça do segundo reinado (ver Gabinete Itaboraí de 1868).[4][5][6] Era neto de Bárbara de Alencar, uma heroína da Revolução Pernambucana.[7]

Biografia

José de Alencar nasceu em maio de 1829 em Messejana, que à época de seu nascimento gozava do estatuto de município (tendo perdido tal categoria em 1921, sendo integrado na cidade de Fortaleza). Nascido de uma relação ilegítima e considerada escandalosa à época, visto que seus progenitores eram primos[8] e seu pai era sacerdote da igreja Católica,[9] teve sua paternidade reconhecida através de uma "Escritura de Reconhecimento e Perfilhação de Filhos Espúrios" em 1859, que registrava que "o padre José Martiniano de Alencar, já sendo clérigo de Ordens Sacras, contraiu amizade ilícita e particular com dona Ana Josefina de Alencar, sua prima no primeiro grau, e dela tem tido desde aquele tempo até doze filhos".[10] José de Alencar foi o primogênito do casal, e seu apelido em casa era Cazuza.[10] Era irmão de Leonel Martiniano de Alencar, sobrinho de Tristão Gonçalves, neto de Bárbara de Alencar e primo em segundo grau de Guálter Martiniano de Alencar Araripe.[11]

Sete anos antes do seu nascimento, em 1822, D. Pedro I havia proclamado a Independência do Brasil e tornara-se imperador do Brasil. Dois anos após o seu nascimento, em 1831, o monarca, cedendo a pressões internas e externas, abdicaria em favor do filho e retornaria para Portugal. É nesse cenário político de disputas pelo poder que o jovem escritor crescerá, acompanhando o pai, que seria senador e, posteriormente, governador do estado do Ceará.

Transferiu-se para a capital do Império do Brasil, o Rio de Janeiro, e José de Alencar, então com onze anos, foi matriculado no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844, matriculou-se nos cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, começando o curso de direito em 1846. Fundou, na época, a revista Ensaios Literários, onde publicou o artigo questões de estilo. Formou-se em direito, em 1850, e, em 1854 estreou como folhetinista no Correio Mercantil. Casou-se com Georgiana Augusta Cochrane (1846-1913), com quem teve seis filhos, entre eles o escritor Mário de Alencar e o embaixador Augusto Cochrane de Alencar.

O jovem José de Alencar.

Em 1856, publicou o primeiro romance, Cinco Minutos, seguido de A Viuvinha em 1857. Mas é com O Guarani em 1857 que alcançou notoriedade. Estes romances foram publicados todos em jornais e só depois em livros.

José de Alencar foi mais longe nos romances que completam a trilogia indigenista: O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874). O primeiro fala sobre o amor do índio Peri com a mulher branca Ceci. O segundo, epopeia sobre a origem do Ceará, tem como personagem principal a índia Iracema, a "virgem dos lábios de mel" e "cabelos tão escuros como a asa da graúna". O terceiro tem por personagem Ubirajara, valente guerreiro indígena que durante a história cresce em direção à maturidade.

Em 1859, tornou-se chefe da Secretaria do Ministério da Justiça, sendo depois consultor do mesmo. Em 1860, ingressou na política, como deputado provincial no Ceará, sempre militando pelo Partido Conservador (Brasil Império). Em 1868, tornou-se ministro da Justiça, ocupando o cargo até janeiro de 1870. Em 1869, candidatou-se ao senado do Império, tendo o Imperador D. Pedro II do Brasil não o escolhido por ser muito jovem ainda. Predefinição:Trilogia Indianista Em 1872, se tornou pai de Mário de Alencar, o qual, segundo uma história nunca confirmada, poderia ser, na verdade, filho de Machado de Assis, o que, para alguns, daria respaldo para o enredo principal do romance Dom Casmurro. Produziu também romances urbanos (Senhora, 1875; Encarnação, escrito em 1877, ano de sua morte e divulgado em 1893), regionalistas (O Gaúcho, 1870; O Sertanejo, 1875) e históricos (Guerra dos Mascates, 1873), além de peças para o teatro.

Viajou para a Europa em 1877, para tentar um tratamento médico, porém não teve sucesso. Faleceu no Rio de Janeiro em dezembro do mesmo ano, vitimado pela tuberculose. Machado de Assis, que esteve no velório de Alencar, impressionou-se com a pobreza em que a família Alencar vivia. Em sua coluna História de Quinze Dias na revista Ilustração Brasileira, escreveu: "Toda a história destes quinze dias está resumida em um só instante, e num acontecimento único: a morte de José de Alencar. Ao pé desse fúnebre sucesso, tudo o mais empalidece." Seu corpo foi primeiramente sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro, depois foi exumado para o Cemitério de São João Batista, também no Rio de Janeiro. Sua esposa Georgiana faleceu treze anos depois e foi sepultada ao lado do marido em 1913.

Homenagens

Na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Flamengo, em sua homenagem, foi erguida, em 1897, uma estátua no largo do Catete, largo este que foi rebatizado como praça José de Alencar.

Em Fortaleza, em 1910, foi erguido o Theatro José de Alencar. A Praça José de Alencar e a estação José de Alencar da Linha Sul do metrô de Fortaleza são, também, homenagens da sua cidade natal.

José de Alencar também tornou-se o nome de um distrito do município de Iguatu, no Ceará.

Lorbeerkranz.png Academia Brasileira de Letras

Grande expoente da literatura brasileira do século XIX, não alcançou a fundação do Silogeu Brasileiro. Coube-lhe, entretanto, a homenagem de ser patrono da cadeira 23 da academia.

Nas discussões que antecederam a fundação da academia, seu nome foi defendido por Machado de Assis para ser o primeiro patrono, ou seja, nominar a cadeira 1. Mas não poderia haver hierarquia nessa escolha, e resultou que Adelino Fontoura, um autor quase desconhecido, veio a ser o patrono efetivo. Sobre esta escolha, registrou Afrânio Peixoto:

"Novidade de nossa Academia foi, em falta de antecedentes, criarem-nos, espiritualmente, nos patronos. Machado de Assis, o primeiro da companhia, por vários títulos, quis dar a José de Alencar a primazia que tem, e deve ter, na literatura nacional. A justiça não guiou a vários dos seus companheiros. Luís Murat, por sentimento exclusivamente, entendeu honrar um amigo morto, infeliz poeta, menos poeta que infeliz, Adelino Fontoura."

Características da obra de Alencar

O Guarani, 1ª Edição, 1857.

Uma característica marcante de sua obra é o nacionalismo, tanto nos temas quanto nas inovações no uso da língua portuguesa. Em um momento de consolidação da Independência, Alencar representou um dos mais sinceros esforços patrióticos em povoar o Brasil com conhecimento e cultura próprios, em construir novos caminhos para a literatura no país.

A obra de José de Alencar pode ser dividida em dois grupos distintos.

Quanto ao espaço geográficoː
Quanto à evolução históricaː
Monumento a José de Alencar na praça José de Alencar, no Rio de Janeiro.

Resumo biográfico (cronologia)

Obras

Romances

Teatro

Crônica

  • Ao correr da pena, 1874
  • Ao correr da pena (folhetins inéditos), 2017 (organizado por Wilton José Marques)

Autobiografia

Crítica e polêmica

Referências

  1. «José de Alencar, biografia do fundador do romance de temática nacional - Guia do Estudante». guiadoestudante.abril.com.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2016. Arquivado do original em 5 de fevereiro de 2016 
  2. «.:: José de Alencar - Só Literatura ::.». www.soliteratura.com.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2016 
  3. «José de Alencar - Biografia - UOL Educação». educacao.uol.com.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2016 
  4. «Folha de S.Paulo - Alencar, o escravista - 08/10/2008». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2016 
  5. «José de Alencar (1829 - 1877), escritos políticos | BIBLIOTECA BRASILIANA GUITA E JOSÉ MINDLIN». www.bbm.usp.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2016 
  6. MENDES, Mírian Lúcia Brandão. A retórica escravista: as emoções no discurso das cartas de Alencar a favor da escravidão. EID&A - Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, Ilhéus, n. 7, p. 183-194, dez.2014. Disponível em: <http://www.uesc.br/revistas/eidea/revistas/revista7/eid&a_n7_12_mirian.pdf>. Acesso: 2016.
  7. «História apaga rosto de primeira presa política do Brasil». Folha de S.Paulo. Consultado em 19 de junho de 2019 
  8. https://www.opovo.com.br. «Especiais O POVO». especiais.opovo.com.br (em português). Consultado em 11 de maio de 2022 
  9. «7 melhores obras de José de Alencar (com resumo e curiosidades)». Cultura Genial (em português). Consultado em 11 de maio de 2022 
  10. 10,0 10,1 Erro de citação: Marca <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadas :0
  11. «Genealogia Pernambucana». www.araujo.eti.br. Consultado em 29 de setembro de 2015 
  12. LIMA, Oliveira. O império Brazileiro, 1822-1889.São Paulo: Foro editorial/Avis Rara, 2021. pág. 130. ISBN 978-65-5957-065-2

Bibliografia

  • ALENCAR, José Martiniano de, Perfis Parlamentares 01, Câmara dos Deputados, 1977.
  • ALENCAR, José de, 1829-1877; Cinco minutos & A viuvinha / José de Alencar. - 29. ed. - São Paulo: Ática, 2010.; 136 p.

Outras

  • O garatuja, 1873 (Ernst Mahle em 2006 escreveu ópera baseada na novela, O Garatuja)

Ligações externas

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  1. RedirecionamentoPredefinição:fim
Precedido por
Martim Francisco Ribeiro de Andrada
Ministro da Justiça do Brasil
1868 — 1870
Sucedido por
Joaquim Otávio Nébias
Precedido por
Lorbeerkranz.png ABL - patrono da cadeira 23
Sucedido por
Machado de Assis
(fundador)

Predefinição:Academia Brasileira de LetrasPredefinição:Romantismo

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