Ilha TiririPredefinição:LangIfPredefinição:LangIf | |
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Estuário do Rio Paraíba | |
Geografia física | |
País | Brasil Predefinição:Country data Paraíba |
Localização | Oceano Atlântico |
Altitude média | Predefinição:Formatnumif |
Área | Predefinição:Formatnumif |
Perímetro | Predefinição:Formatnumif |
Largura | Predefinição:Formatnumif |
Comprimento | Predefinição:Formatnumif |
População | Predefinição:Formatnumif |
A Ilha Tiriri (também conhecida como Ilha do Tiriri) é uma ilha brasileira do município de Santa Rita, estado da Paraíba. Situada no estuário do Rio Paraíba do Norte, Tiriri é a terceira em dimensão das ilhas paraibanas, depois das ilhas da Restinga e Stuart, e faz parte do complexo sistema de canais do estuário.[2]
Tiriri está localizada defronte a João Pessoa, capital do estado, e sob suas águas turvas encontram-se a barca italiana Antonietti, encalhada em um banco de areia desde 1873, e o barco francês Chargeau d’Flote, que encalhou em 1712.[3]
Etimologia
Alguns estudiosos da língua tupi-guarani traduzem esse topônimo como derivado de su-y-ry-ry, que significa «pássaro que faz barulho», referindo-se ao tiriri, comum em alagados,[4] tese contudo pouco sustentável por não haver registros da ocorrência dessa ave na Paraíba.[5] Uma segunda versão propõe que o nome se refere ao molusco bivalve (Mytella charruana), vulgarmente chamado siriri ou sururu, comum no litoral Nordeste do Brasil, onde é usado como alimento em grande escala.[6] Para o historiador Coriolando de Medeiros, o termo quer dizer «terra que treme».[7]
A tese mais aceita, contudo, é que o nome da ilha originou-se do termo tupi tiri'rika, gerúndio de tiri'ri («arrastar-se»), numa alusão ao comportamento da tiririca, um tipo de planta comum em solos de mata espessa e que corta como navalha.[8]
História
Em Tiriri chegou a funcionar a primeira fábrica produtora de cimento da América Latina, no século XIX, cujas ruínas podem ser vistas ainda hoje.[9] O funcionamento dessa fábrica gerou posteriormente a chamada «Questão da Ilha Tiriri», contenda levada aos tribunais.[9][6]
O cimento de Tiriri não teria sido descoberto, contudo, se não fosse um feliz acaso. Entre 1887 e 1890, o português Antônio Varandas de Carvalho andava pela ilha acompanhado de um colega inglês quando a dupla parou para descansar.[6] De repente, Varandas notou que a lama acumulada no varapau em que se apoiava para perscrutar os mangues secava com certa rapidez, obtendo consistência de argamassa.[6] Pesquisas posteriores revelaram que Tiriri era, nada menos, que um imenso veio de pedra calcária de muito boa qualidade.[6]
Segundo o historiador Ademar Vidal, antes de a fábrica de cimento funcionar, já morava em Tiriri o químico inglês Thomas G. Downes. Meses depois chegou o forneiro Cornell C. T. Fitzgerald e o mecânico Charles A. Harrinson, acompanhado do gerente Jean B. La Vallée, um franco-inglês casado com uma francesa.[6] Também fazia parte dos seletos moradores da ilha o engenheiro civil gaúcho Luís Felipe Alves, casado com uma norte-americana, bem como o técnico brasileiro José Pinto de Oliveira, formado pela Universidade de Filadélfia (EUA). Essa comunidade majoritariamente estrangeira habitou na ilha até 1902.[6]
No começo do século XX, Tiriri despertou a curiosidade do botânico Philipp von Luetzelburg, que em 1922, incumbido pela Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (atual Dnocs), descobriu 227 espécies de plantas no solo da ilha.[10][6]
Sobre tal achado, há no Dicionário Corográfico da Paraíba, escrito por Coriolando de Medeiros em 1950, a seguinte menção sobre a riqueza florística da ilha:
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(...) pertencente ao município de Santa Rita e formada pelo rio Gargaú, ao deitar-se à margem esquerda do Paraíba, a ilha, parece, foi um pedaço destacado do continente, pois o seu solo é fertilíssimo, e a sua flora, tão variada que o sábio botânico Luetzelburg, visitando o local, colheu assunto para um artigo, dizendo estar ali um verdadeiro jardim botânico.[7]
Características
Com uma superfície de aproximadamente 490 hectares (4,9 km²),[1] a ilha é recoberta de manguezais e de Mata Atlântica de restinga, embora um terço dessa cobertura tenha sido derrubada desde a implantação da fábrica de cimento Portland, no fim do século 19, e mais recentemente para a fazenda de camarões em operação.[9]
Tiriri tem fauna semelhante às das outras ilhas do estuário do rio Paraíba, o que inclui aves, crustáceos, eventuais répteis e pequenos roedores e diversos tipos de peixes. Em 2006, um levantamento mais preciso da avifauna do estuário do rio Paraíba revelou a ocorrência de 89 espécies de aves endêmicas ou migratórias.[11] Nenhum levantamento de espécies da fauna terrestre existentes na ilha foi feito até os dias atuais.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 Google.com (Setembro de 2012). «Google Maps Area Calculator Tool». Daft Logic. Consultado em 20 de novembro de 2012
- ↑ OLIVEIRA, Gilberto Osório de (1959). Os rios de açúcar do Nordeste Oriental, volume 3. [S.l.]: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. 154 páginas
- ↑ Adm. do sítio web (2005). «Naufrágios da Paraíba». Brasil Mergulho. Consultado em 25 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 25 de janeiro de 2009
- ↑ Redat. do Aulete (2007). «Verbete Siriri». Dicionários Caldas Aulete. Consultado em 25 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 30 de dezembro de 2013
- ↑ Adm. do sítio web (2012). «João-porca (Lochmias nematura)». Avibase – The world bird database. Consultado em 27 de janeiro de 2014
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 6,6 6,7 Hilton Gouvêa (20 de março de 2007). «Ilhas do rio Paraíba: belas paisagens». Jornal A União. Consultado em 25 de janeiro de 2014
- ↑ 7,0 7,1 MEDEIROS, Coriolando de (1950). Dictionário corográfico do Estado da Paraíba. [S.l.]: Departamento de Imprensa Nacional. 269 páginas
- ↑ FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa. [S.l.]: Nova Fronteira. 681 páginas
- ↑ 9,0 9,1 9,2 Banco do Brasil (2012). «Programa de Desenvolvimento do Turismo» (PDF). Prodetur II. Consultado em 25 de janeiro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 29 de setembro de 2007
- ↑ LUETZELBURG, Philipp von (1922). Estudo botanico do Nordéste, Volume 1. [S.l.]: Dnocs. 130 páginas
- ↑ ARAÚJO, Helder et alii (2006). «Composição da avifauna em complexos estuarinos no estado da Paraíba». Múseu Emílio Goeldi. Consultado em 27 de janeiro de 2014