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Teatro: mudanças entre as edições

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[[Ficheiro:Epidaurus Theater.jpg|thumb|400px|Vista de antigo teatro na [[Grécia]] - Antiga cidade de [[Epidauro]] (360-350 a.C.).]]
[[Imagem:Epidaurus Theater.jpg|thumb|400px|Vista de antigo teatro na [[Grécia]] - Antiga cidade de [[Epidauro]] (360-350 a.C.).]]
'''Teatro''', do [[Língua grega antiga|grego]] θέατρον (''théatron''), é uma forma de [[arte]] em que um [[ator]] ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar. Com o auxílio de [[dramaturgo]]s ou de situações improvisadas, de [[diretor]]es e técnicos, o espetáculo tem como objetivo apresentar uma situação e despertar [[sentimento]]s no público. Também denomina-se teatro o edifício onde se desenvolve esta forma de arte, podendo também ser local de apresentações para a [[dança]], [[concerto|recitais]], etc.
'''Teatro''', do [[Língua grega antiga|grego]] θέατρον (''théatron''), é uma forma de [[arte]] em que um [[ator]] ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar. Com o auxílio de [[dramaturgo]]s ou de situações improvisadas, de [[Encenador|diretores]] e técnicos, o espetáculo tem como objetivo apresentar uma situação e despertar [[sentimento]]s no público. Também denomina-se teatro o edifício onde se desenvolve esta forma de arte, podendo também ser local de apresentações para a [[dança]], [[concerto|recitais]], etc.


== O termo teatro e seus significados ==
== O termo teatro e seus significados ==
Segundo a Enciclopédia Britânica (ou Encyclopædia Britannica), a palavra '''teatro''' deriva do grego ''theaomai''<ref>[http://www.blueletterbible.org/lang/lexicon/Lexicon.cfm?Strongs=G2300&t=KJV&cscs=Rom ''theomai'']</ref> (θεάομαι) - olhar com atenção, perceber, contemplar (1990, vol. 28:515). ''Theaomai'' não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo; uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto (Theological Dictionary of the New Testament vol.5:pg.315,706)
Segundo a Enciclopédia Britânica (ou [[Encyclopædia Britannica]]), a palavra '''teatro''' deriva do grego ''theaomai''<ref>{{Citar web|titulo=Definição de "theaomai" conforme usado na Bíblia|url=https://www.blueletterbible.org/kjv/gen/1/1/s_1001|obra=Blue Letter Bible|acessodata=2019-05-30|lingua=en|data=|publicado=|ultimo=|primeiro=|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190530161832/https://www.blueletterbible.org/lang/lexicon/Lexicon.cfm?Strongs=G2300&t=KJV&cscs=Rom|arquivodata=30-05-2019}}</ref> (θεάομαι) - olhar com atenção, perceber, contemplar (1990, vol. 28:515). ''Theaomai'' não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo; uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto.<ref>{{Citar livro|título=Theological dictionary of the Old Testament|ultimo=Botterweck|primeiro=G. Johannes|ultimo2=Fabry|primeiro2=Heinz-Josef|data=1986|editora=Eerdmans|volume=5|local=Grand Rapids, Mich.|páginas=315, 706|total-páginas=543|isbn=0802823386|oclc=700991|acessodata=}}</ref>


O '''teatro''', mais do que ser um local público onde se vê, é o lugar condensado da vivência das [[ambiguidade]]s e [[paradoxo]]s, onde as coisas são tomadas em mais de uma forma ou sentido. [[Robson Camargo]] assim o define (2005:1):
O '''teatro''', mais do que ser um local público onde se vê, é o lugar condensado da vivência das [[ambiguidade]]s e [[paradoxo]]s, onde as coisas são tomadas em mais de uma forma ou sentido. Robson Camargo assim o define (2005:1):


{{quote1|O vocábulo grego '''Théatron''' (θέατρον) estabelece o lugar físico do espectador, "lugar onde se vai para ver" e onde, simultaneamente, acontece o [[drama]] como seu complemento visto, real e imaginário. Assim, o representado no palco é imaginado de outras formas pela plateia. Toda reflexão que tenha o [[drama]] como objeto precisa se apoiar numa [[tríade teatral]]: quem vê, o que se vê, e o imaginado. O teatro é um fenômeno que existe nos espaços do presente e do imaginário, nos tempos individuais e coletivos que se formam neste espaço" ("O Espetáculo do Melodrama").|[[Robson Camargo]]. O Espetáculo do Melodrama. 2005}}
{{quote1|O vocábulo grego '''Théatron''' (θέατρον) estabelece o lugar físico do espectador, "lugar onde se vai para ver" e onde, simultaneamente, acontece o [[drama]] como seu complemento visto, real e imaginário. Assim, o representado no palco é imaginado de outras formas pela plateia. Toda reflexão que tenha o drama como objeto precisa se apoiar numa [[tríade teatral]]: quem vê, o que se vê, e o imaginado. O teatro é um fenômeno que existe nos espaços do presente e do imaginário, nos tempos individuais e coletivos que se formam neste espaço" ("O Espetáculo do Melodrama").|Robson Camargo. O Espetáculo do Melodrama. 2005}}


[[Jaco Guinsburg]] por sua vez, descreve a expressão cênica como formada por uma ''"tríade básica - atuante, texto e público"'', sem a qual o teatro não teria existência (1980:5). Atuantes não são apenas os atores, podendo ser objetos (como no teatro de bonecos) ou outras formas ou funções atuantes (animais ou coisas); o texto, por outro lado, não é apenas o texto escrito ou o falado no palco, pois o teatro '''não''' é uma arte literária ou, como afirma Marco de Marinis (1982), no teatro há um '''texto espetacular'''. [[Algirdas Julius Greimas|Greimas]] em seu estudo da narratologia usa o termo [[actante]] em vez de atuante, para definir este primeiro elemento que desenvolve a narração (Greimas, A. J. y Courtes, J., 1990). (''Actante'' em: ''Semiótica. Diccionario razonado de la teoría del lenguaje.'' Madrid: Gredos).
[[Jaco Guinsburg]] por sua vez, descreve a expressão cênica como formada por uma ''"tríade básica - atuante, texto e público"'', sem a qual o teatro não teria existência (1980:5). Atuantes não são apenas os atores, podendo ser objetos (como no teatro de bonecos) ou outras formas ou funções atuantes (animais ou coisas); o texto, por outro lado, não é apenas o texto escrito ou o falado no palco, pois o teatro '''não''' é uma arte literária ou, como afirma Marco de Marinis (1982), no teatro há um '''texto espetacular'''. [[Algirdas Julius Greimas|Greimas]] em seu estudo da narratologia usa o termo [[actante]] em vez de atuante, para definir este primeiro elemento que desenvolve a narração.<ref>{{Citar livro|título=Semiótica: diccionario razonado de la teoría del lenguaje|ultimo=Greimas|primeiro=Algirdas Julien|ultimo2=Ballón Aguirre|primeiro2=Enrique|ultimo3=Campodónico Carrión|primeiro3=Hermis|data=1982–1991|editora=Gredos|local=Madrid|páginas=|lingua=es|capitulo=actante|isbn=8424914589|oclc=644342080|autorlink=Algirdas Julius Greimas|acessodata=}}</ref>
[[Imagem:Fernando de la Mora 007 Teatro Municipal.jpg|miniaturadaimagem|Teatro  de [[Fernando de la Mora]], no Paraguai.]]


== Aristóteles e a importância do espetáculo na Tragédia==
== Aristóteles e a importância do espetáculo na Tragédia ==
{{quote1|[[Aristóteles]], ao final de sua ''[[Poética]]'', escrita entre [[335]] e [[323]] AC, aponta que a tragédia pode ser lida, e, mesmo assim, sem ter o movimento da cena (gestos, etc), sem ser apresentada ao vivo, terá seu efeito sobre o leitor, igualando-se assim a [[Epopeia]] na forma lida. Entretanto, por possuir componentes extras, a música e o espetáculo, a [[Tragédia]], segundo Aristóteles, '''torna-se superior a [[Epopeia]], pois contém ''"todos os elementos da epopeia"'' e, além disso, contém ''o que não é pouco, a melopeia (música) e o espetáculo cênico'''''. Ambos ''acrescem a intensidade dos prazeres e são próprios da tragédia''. (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462a,p.&nbsp;268.). O teatro também, ainda segundo Aristóteles, além da vantagem de ''"ter evidência representativa quer na leitura, quer na cena"'', possui poder de síntese, pois nele ''"resulta mais grato o condensado que o difuso por largo tempo"'' (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462b,p.&nbsp;269.)|Aristóteles (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462b,p.&nbsp;269.)}}
{{quote1|[[Aristóteles]], ao final de sua ''[[Poética]]'', escrita entre [[335]] e [[323]] a.C., aponta que a tragédia pode ser lida, e, mesmo assim, sem ter o movimento da cena (gestos, etc), sem ser apresentada ao vivo, terá seu efeito sobre o leitor, igualando-se assim a [[Epopeia]] na forma lida. Entretanto, por possuir componentes extras, a música e o espetáculo, a [[Tragédia]], segundo Aristóteles, '''torna-se superior a Epopeia, pois contém ''"todos os elementos da epopeia"'' e, além disso, contém ''o que não é pouco, a melopeia (música) e o espetáculo cênico'''''. Ambos ''acrescem a intensidade dos prazeres e são próprios da tragédia''. (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462a,p.&nbsp;268.). O teatro também, ainda segundo Aristóteles, além da vantagem de ''"ter evidência representativa quer na leitura, quer na cena"'', possui poder de síntese, pois nele ''"resulta mais grato o condensado que o difuso por largo tempo"'' (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462b,p.&nbsp;269.)|Aristóteles (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462b,p.&nbsp;269.)}}


[[Natya Shastra]] - (Nātyaśāstra नाट्य शास्त्र), junto com a ''[[Poética]]'' de Aristóteles, é um dos mais antigos textos sobre o teatro, o trabalho do ator, a produção de espetáculo e a dramaturgia clássica da [[Índia]]. Seus escritos descrevem a [[dança]] e a [[música]] clássica da Índia, que são partes fundantes do teatro nesta cultura. Foi escrito provavelmente entre os séculos 200 antes de Cristo e 200 da era cristã. Bharatamuni seria o autor do tratado, Bharata, significa 'ator', Bharatamuni pode ser traduzido como o sábio Bharata ou o ator sábio (Mota, 2006)
[[Natya Shastra]] - (Nātyaśāstra नाट्य शास्त्र), junto com a ''[[Poética]]'' de Aristóteles, é um dos mais antigos textos sobre o teatro, o trabalho do ator, a produção de espetáculo e a dramaturgia clássica da [[Índia]]. Seus escritos descrevem a [[dança]] e a [[música]] clássica da Índia, que são partes fundantes do teatro nesta cultura. Foi escrito provavelmente entre os séculos 200 antes de Cristo e 200 da era cristã. Bharatamuni seria o autor do tratado, Bharata, significa 'ator', Bharatamuni pode ser traduzido como o sábio Bharata ou o ator sábio.<ref>{{citar periódico|sobrenome=Mota|nome=Marcus|ano=2006|título=Natyasastra: Teoria Teatral e a Amplitude da Cena|url=http://www.revistafenix.pro.br/PDF9/3.Dossie.Marcus_Mota.pdf|periódico=Fênix: Revista de História e Estudos Sociais|local=Uberlândia|publicado=NEHAC da Universidade Federal de Uberlândia|volume=3|issn=1807-6971|acessodata=|número=4}}</ref>


== Origens da arte teatral ==
== Origens da arte teatral ==
[[Ficheiro:Delphi amphitheater from above dsc06297.jpg|thumb|O antigo teatro de [[Delfos]] ([[Grécia]]).]]
[[Imagem:Delphi amphitheater from above dsc06297.jpg|thumb|O antigo teatro de [[Delfos]] ([[Grécia]]).]]
Existem várias teorias sobre a origem do teatro. Segundo Oscar G. Brockett, nenhuma delas pode ser comprovada, pois existem poucas evidências e mais especulações. Antropólogos ao final do século XIX e no início do XX, elaboraram a hipótese de que este teria surgido a partir dos rituais primitivos (History of Theatre. Allyn e Bacon 1995 pg. 1). Outra hipótese seria o surgimento a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido a partir de danças, jogos, imitações. Os rituais na história da humanidade começam por volta de 80.000 anos AC.
Existem várias teorias sobre a origem do teatro. Segundo Oscar G. Brockett, nenhuma delas pode ser comprovada, pois existem poucas evidências e mais especulações. Antropólogos ao final do século XIX e no início do XX, elaboraram a hipótese de que este teria surgido a partir dos rituais primitivos.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/30109459|título=History of the theatre|ultimo=Brockett, Oscar G.|primeiro=|data=1995|editora=Allyn and Bacon|edicao=7ª|local=Boston, EUA|página=1|páginas=|lingua=en|isbn=0205164838|oclc=30109459|acessodata=}}</ref> Outra hipótese seria o surgimento a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido a partir de danças, jogos, imitações. Os rituais na história da humanidade começam por volta de 80 mil anos a.C..


O primeiro evento com diálogos registrado foi uma apresentação anual de peças sagradas no Antigo [[Egito]] do mito de [[Osíris]] e [[Ísis]], por volta de 2500 AC (Staton e Banham 1996 pg. 241), que conta a história da morte e ressurreição de Osíris e a coroação de Horus ( Brockett, pg. 9). A palavra 'teatro' e o conceito de teatro, como algo independente da religião, só surgiram na Grécia de Pisístrato (560-510a.C.), tirano ateniense que estabeleceu uma dinâmica de produção para a tragédia e que possibilitou o desenvolvimento das especificidades dessa modalidade. As representações mais conhecidas e a primeira teorização sobre teatro vieram dos antigos [[gregos]], sendo a primeira obra escrita de que se tem notícia, a [[Poética]] de [[Aristóteles]].
O primeiro evento com diálogos registrado foi uma apresentação anual de peças sagradas no Antigo [[Egito]] do mito de [[Osíris]] e [[Ísis]], por volta de 2500 a.C.,<ref>{{Citar livro|título=Cambridge paperback guide to theatre|ultimo=Stanton, Sarah.|primeiro=|ultimo2=Banham, Martin.|data=1996|editora=Cambridge University Press|local=Cambridge, Reino Unido|página=241|páginas=|isbn=0521446546|oclc=33101743|acessodata=}}</ref> que conta a história da morte e ressurreição de Osíris e a coroação de Horus.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/30109459|título=History of the theatre|ultimo=Brockett|primeiro=Oscar G.|data=1995|editora=Allyn and Bacon|edicao=7ª|local=Boston, EUA|página=9|páginas=|lingua=en|isbn=0205164838|oclc=30109459|acessodata=}}</ref> A palavra 'teatro' e o conceito de teatro, como algo independente da religião, só surgiram na Grécia de Pisístrato (560-510 a.C.), tirano ateniense que estabeleceu uma dinâmica de produção para a tragédia e que possibilitou o desenvolvimento das especificidades dessa modalidade. As representações mais conhecidas e a primeira teorização sobre teatro vieram dos antigos [[gregos]], sendo a primeira obra escrita de que se tem notícia, a [[Poética]] de [[Aristóteles]].


Aristóteles afirma que a tragédia surgiu de improvisações feitas pelos chefes dos [[ditirambos]], um hino cantado e dançado em honra a [[Dioniso]], o deus grego da fertilidade e do vinho. O ditirambo, como descreve Brockett, provavelmente consistia de uma história improvisada cantada pelo líder do coro e um refrão tradicional, cantado pelo coro. Este foi transformado em uma "composição literária" por Arion (625-585AC), o primeiro a registrar por escrito ditirambos e dar a eles títulos.
Aristóteles afirma que a tragédia surgiu de improvisações feitas pelos chefes dos [[ditirambos]], um hino cantado e dançado em honra a [[Dioniso]], o deus grego da fertilidade e do vinho. O ditirambo, como descreve Brockett, provavelmente consistia de uma história improvisada cantada pelo líder do coro e um refrão tradicional, cantado pelo coro. Este foi transformado em uma "composição literária" por Arion (625-585 a.C.), o primeiro a registrar por escrito ditirambos e dar a eles títulos.


As formas teatrais orientais foram registradas por volta do ano 1000 AC, com o drama sânscrito do antigo teatro Indu. O que poderíamos considerar como 'teatro chinês' também data da mesma época, enquanto as formas teatrais japonesas [[Kabuki]], [[Nô]] e [[Kyogen]] têm registros apenas no século XVII DC.
As formas teatrais orientais foram registradas por volta do ano 1000 a.C., com o drama sânscrito do antigo teatro Indu. O que poderíamos considerar como 'teatro chinês' também data da mesma época, enquanto as formas teatrais japonesas [[Kabuki]], [[Nô]] e [[Kyogen]] têm registros apenas no século XVII d.C..


== Grécia antiga ==
== Grécia antiga ==
Gerald Else, importante helenista norte americano (1908-1982), considera que o teatro (drama) foi uma criação deliberada e não resultado de um processo evolutivo. Se os festivais gregos, antes de 534 a.C eram desempenhados por [[rapsodo]]s, na forma oral, em [[534]] a.C [[Téspis]] junta os elementos orais destas festividades com o coro, para criar uma forma primitiva de drama que seria desenvolvida totalmente somente a partir de [[Ésquilo]], com a adição de um segundo ator (Brockett, p.&nbsp;16).
Gerald Else, importante helenista norte americano (1908-1982), considera que o teatro (drama) foi uma criação deliberada e não resultado de uma evolução. Se os festivais gregos, antes de 534 a.C. eram desempenhados por [[rapsodo]]s, na forma oral, em [[534]] a.C. [[Téspis]] junta os elementos orais destas festividades com o coro, para criar uma forma primitiva de drama que seria desenvolvida totalmente somente a partir de [[Ésquilo]], com a adição de um segundo ator.<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/30109459|título=History of the theatre|ultimo=Brockett|primeiro=Oscar G.|data=1995|editora=Allyn and Bacon|edicao=7ª|local=Boston, EUA|página=16|páginas=|lingua=en|isbn=0205164838|oclc=30109459|acessodata=}}</ref>


O primeiro diretor de coro conhecido foi [[Téspis de Ática|Tespis]], convidado pelo tirano [[Pisístrato]] oficialmente para dirigir a procissão de [[Atenas]].<ref>[http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-teatro/teatro-na-antiguidade-5.php Teatro na Antiguidade] ''Portal São Francisco''.</ref> Téspis desenvolveu o uso de [[máscara]]s para representar pois, em razão do grande número de participantes, era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras. O "[[Coro (desambiguação)|coro]]" era composto pelos narradores da história, [[rapsodo]]s que através de representação, [[Canção|canções]] e [[dança]]s, relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e o [[espectador]], e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o "[[Corifeu]]", que era um representante do coro que se comunicava com a plateia. Em uma dessas procissões, Téspis inova ao subir em um "[[tablado]]" (Thymele – altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (''hypócrites''), surgindo assim os diálogos.
O primeiro diretor de coro conhecido foi [[Téspis de Ática|Tespis]], convidado pelo tirano [[Pisístrato]] oficialmente para dirigir a procissão de [[Atenas]].<ref>[http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-teatro/teatro-na-antiguidade-5.php Teatro na Antiguidade] ''Portal São Francisco''.</ref> Téspis desenvolveu o uso de [[máscara]]s para representar pois, em razão do grande número de participantes, era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras. O "[[Coro (desambiguação)|coro]]" era composto pelos narradores da história, [[rapsodo]]s que através de representação, [[Canção|canções]] e [[dança]]s, relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e o [[espectador]], e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o "[[Corifeu]]", que era um representante do coro que se comunicava com a plateia. Em uma dessas procissões, Téspis inova ao subir em um "[[tablado]]" (Thymele – altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (''hypócrites''), surgindo assim os diálogos.
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Muitas das [[tragédia]]s gregas escritas se perderam e, na atualidade, são três os tragediógrafos conhecidos e considerados importantes: [[Ésquilo]], [[Sófocles]] e [[Eurípedes]]. As datas abaixo são aproximadas.
Muitas das [[tragédia]]s gregas escritas se perderam e, na atualidade, são três os tragediógrafos conhecidos e considerados importantes: [[Ésquilo]], [[Sófocles]] e [[Eurípedes]]. As datas abaixo são aproximadas.


* '''[[Ésquilo]]''' (525 a.C a [[456 a.C.]].)
* '''[[Ésquilo]]''' (525 a.C. a [[456 a.C.]])
* '''[[Sófocles]]''' (497 a.C. a [[406 a.C.]])
* '''[[Sófocles]]''' (497 a.C. a [[406 a.C.]])
* '''[[Eurípedes]]''' (485 a.C. a 406 a.C.)
* '''[[Eurípedes]]''' (485 a.C. a 406 a.C.)
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== Teatro em Portugal ==
== Teatro em Portugal ==
[[Ficheiro:Auto_de_Inês_Pereira_de_Gil_Vicente.jpg|thumb|Frontispício do Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente.]]
[[Imagem:Auto_de_Inês_Pereira_de_Gil_Vicente.jpg|thumb|Frontispício do Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente]]
;[[Gil Vicente]]
;[[Gil Vicente]]
([[1465]] – [[1536]]?)
([[1465]] – [[1536]]?) É considerado o fundador do teatro [[Portugal|português]], no [[século XVI]].
É considerado o fundador do teatro [[Portugal|português]], no [[século XVI]].


;[[António Ferreira]]
;[[António Ferreira]]
([[Lisboa]], [[1528]] – [[1569]])
([[Lisboa]], [[1528]] – [[1569]]) Estudou em [[Coimbra]] e também foi o [[Aluno|discípulo]] mais famoso de [[Sá de Miranda]], tendo sido um dos impulsionadores da cultura [[Renascença|renascentista]] em Portugal. Escreveu em [[1587]] a primeira tragédia do [[classicismo]] renascentista português, ''Castro'', inspirada nos amores de [[Pedro I de Portugal|D. Pedro I]] e [[Inês de Castro|D. Inês de Castro]], traduzida para o [[Língua inglesa|inglês]] em [[1597]], e posteriormente, para o [[Língua francesa|francês]] e o [[Língua alemã|alemão]].
Estudou em [[Coimbra]] e também foi o [[discípulo]] mais famoso de [[Sá de Miranda]], tendo sido um dos impulsionadores da cultura [[Renascença|renascentista]] em Portugal. Escreveu em [[1587]] a primeira tragédia do [[classicismo]] [[Renascença|renascentista]] português, ''Castro'', inspirada nos amores de [[D. Pedro I]] e [[Inês de Castro|D. Inês de Castro]], traduzida para o [[Língua inglesa|inglês]] em [[1597]], e posteriormente, para o [[Língua francesa|francês]] e o [[Língua alemã|alemão]].


;[[José I de Portugal|D. José]], rei de Portugal
;[[José I de Portugal|D. José]], rei de Portugal
Após a morte de D. João V (em 1750), D. José inicia uma profunda reestruturação da política cultural. Para tal conta com o apoio de Sebastião de Carvalho e Mello entre outros. Os esforços comuns proporcionam a contratação dos melhores [[castrato|castrados]], compositores e instrumentistas. Simultaneamente é contratada uma equipa encabeçada pelo arquitecto e cenógrafo bolonhês Giovanni Carlo Sicinio Galli Bibiena, que concebe entre 1752 e 1755 três teatros de corte em Portugal. O Teatro do Forte, igualmente denominado por Teatro da Sala do Embaixadores, e que estava localizado no Torreão erigido por Filippo Terzi no Palacio da Ribeira, tendo sido inaugurado em Setembro de 1752. O segundo dos teatros construídos pelo arquitecto [[Giovanni Carlo Galli da Bibbiena|Galli da Bibbiena]] foi o [[Teatro Real de Salvaterra de Magos]], localizado no palácio real dessa vila ribatejana, tendo sido inaugurado a 21 de janeiro de 1753. Finalmente é inaugurado em [[Lisboa]], a [[31 de março]] de [[1755]], a [[Ópera do Tejo|Casa da Ópera]] (na continuação do [[Palácio da Ribeira]]), mais conhecido por Ópera do Tejo, por se situar junto ao [[Rio Tejo|rio do mesmo nome]], num espaço entre os actuais [[Terreiro do Paço]] (Praça do Comércio) e Cais do Sodré. Seria a estrutura mais luxuosa e inovadora do género na [[Europa]], que cairia totalmente por terra com o terrível [[Terramoto de 1755]] e contando apenas sete meses de vida.
Após a morte de D. João V (em 1750), D. José inicia uma profunda reestruturação da política cultural. Para tal conta com o apoio de Sebastião de Carvalho e Mello entre outros. Os esforços comuns proporcionam a contratação dos melhores [[castrato|castrados]], compositores e instrumentistas. Simultaneamente é contratada uma equipa encabeçada pelo arquitecto e cenógrafo bolonhês Giovanni Carlo Sicinio Galli Bibiena, que concebe entre 1752 e 1755 três teatros de corte em Portugal. O Teatro do Forte, igualmente denominado por Teatro da Sala do Embaixadores, e que estava localizado no Torreão erigido por Filippo Terzi no Palacio da Ribeira, tendo sido inaugurado em Setembro de 1752. O segundo dos teatros construídos pelo arquitecto [[Giovanni Carlo Galli da Bibbiena|Galli da Bibbiena]] foi o [[Teatro Real de Salvaterra de Magos]], localizado no palácio real dessa vila ribatejana, tendo sido inaugurado a 21 de janeiro de 1753. Finalmente é inaugurado em Lisboa, a [[31 de março]] de [[1755]], a [[Ópera do Tejo|Casa da Ópera]] (na continuação do [[Palácio da Ribeira]]), mais conhecido por Ópera do Tejo, por se situar junto ao [[Rio Tejo|rio do mesmo nome]], num espaço entre os actuais [[Terreiro do Paço]] (Praça do Comércio) e Cais do Sodré. Seria a estrutura mais luxuosa e inovadora do género na [[Europa]], que cairia totalmente por terra com o terrível [[Terramoto de 1755]] e contando apenas sete meses de vida.


[[Ficheiro:TeatroNacionalDMariaII.JPG|thumb|left|Teatro Nacional D. Maria II]]
[[Imagem:TeatroNacionalDMariaII.JPG|thumb|esquerda|[[Teatro Nacional D. Maria II]]]]
;[[Almeida Garrett]]
;[[Almeida Garrett]]
([[Porto]], [[1799]] – [[Lisboa]], [[1854]])
([[Porto]], [[1799]] – [[Lisboa]], [[1854]]) Foi um proeminente escritor e dramaturgo [[Romantismo|romântico]], que fundou o Conservatório Geral de Arte Dramática, edificou o [[Teatro Nacional D. Maria II]] em Lisboa e organizou a Inspecção-Geral dos Teatros, revolucionando por completo a política cultural portuguesa a partir de [[1836]], no rescaldo das [[Guerras Liberais]]. ''[[Frei Luís de Sousa (peça teatral)|Frei Luís de Sousa]]'' é a sua obra maior.
Foi um proeminente escritor e dramaturgo [[Romantismo|romântico]], que fundou o Conservatório Geral de Arte Dramática, edificou o [[Teatro Nacional D. Maria II]] em [[Lisboa]] e organizou a Inspecção-Geral dos Teatros, revolucionando por completo a política cultural portuguesa a partir de [[1836]], no rescaldo das [[Guerras Liberais]]. ''[[Frei Luís de Sousa (peça teatral)|Frei Luís de Sousa]]'' é a sua obra maior.


;Outros
;Outros
Já no [[século XX]] encontram-se grandes nomes da [[literatura]] portuguesa a escrever para teatro, como é o caso de [[Júlio Dantas]], [[Raul Brandão]] e [[José Régio]]. Às portas da [[década de 1960]], o contexto político fomentou uma nova [[literatura]] de intervenção, que se estendeu aos palcos através dos nomes de [[Bernardo Santareno]], [[Luiz Francisco Rebello]], [[José Cardoso Pires]] e [[Luís de Sttau Monteiro]], que produziram grandes e intensas obras.
Já no [[século XX]] encontram-se grandes nomes da [[literatura]] portuguesa a escrever para teatro, como é o caso de [[Júlio Dantas]], [[Raul Brandão]] e [[José Régio]]. Às portas da [[década de 1960]], o contexto político fomentou uma nova literatura de intervenção, que se estendeu aos palcos através dos nomes de [[Bernardo Santareno]], [[Luiz Francisco Rebello]], [[José Cardoso Pires]] e [[Luís de Sttau Monteiro]], que produziram grandes e intensas obras.


Neste momento existe em [[Portugal]] um teatro que se renova constantemente e que prima pela sua abundante diversidade, apesar do fraco investimento por parte do Ministério da Cultura e das fracas condições com que a maior parte dos artistas ainda trabalha. São vários os grupos que se têm destacado na cena contemporânea portuguesa: [[Casa Conveniente]], [[Teatro Praga]], [[Cão Solteiro]], As Boas Raparigas, [[Teatro da Garagem]], Teatro Meridional, [[Sensurround]], Assédio e A Escola da Noite). Esses grupos têm renovado um [[panorama]] que até a [[década de 1990]] era ainda dominado pelos encenadores carismáticos dos ''grupos independentes'' da [[década de 1970]], como [[Luís Miguel Cintra]] ([[Teatro da Cornucópia]]), [[João Mota]] ([[Teatro da Comuna|Comuna - Teatro de Pesquisa]]), [[Jorge Silva Melo]] ([[Artistas Unidos]]) e [[Joaquim Benite]] (Companhia de Teatro de Almada), que são ainda detentores da maior parte dos subsídios atribuídos pelo Ministério da Cultura.
Neste momento existe em [[Portugal]] um teatro que se renova constantemente e que prima pela sua abundante diversidade, apesar do fraco investimento por parte do Ministério da Cultura e das fracas condições com que a maior parte dos artistas ainda trabalha. São vários os grupos que se têm destacado na cena contemporânea portuguesa: Casa Conveniente, [[Teatro Praga]], [[Cão Solteiro]], As Boas Raparigas, [[Teatro da Garagem]], Teatro Meridional, [[Sensurround]], Assédio e A Escola da Noite). Esses grupos têm renovado um [[panorama]] que até a [[década de 1990]] era ainda dominado pelos encenadores carismáticos dos ''grupos independentes'' da [[década de 1970]], como [[Luís Miguel Cintra]] ([[Teatro da Cornucópia]]), [[João Mota]] ([[Teatro da Comuna|Comuna - Teatro de Pesquisa]]), [[Jorge Silva Melo]] ([[Artistas Unidos]]), [[Joaquim Benite]] (Companhia de Teatro de Almada) e [[Mário Barradas]] ([[Centro Dramático de Évora|Centro Dramático Eborense - CENDREV]]) a companhia residente do [[Teatro Garcia de Resende]] em [[Évora]], que são ainda detentores de boa parte dos subsídios atribuídos pelo Ministério da Cultura.


Destaca-se ainda as companhias de teatro que desenvolvem um trabalho de itinerância por todo o território do país, como são os casos do [[Teatro Viriato]] ([[Viseu]]), o Teatro ACERT ([[Tondela]]), dos Cães à Solta ([[Castelo Branco]]),do Teatro da Serra do Montemuro ([[Castro Daire]]), o Grupo Cultural e Recreativo de Rossas ([[Arouca]]), Pim teatro ([[Évora]]), Urze-Teatro ([[Vila Real]]), Teatro das Beiras ([[Covilhã]]), Entretanto Teatro ([[Valongo]]), Teatro do Mar ([[Sines]]) entre outros. Estas companhias que trabalham com inúmeras dificuldades, em particular ao nível das condições técnicas, representam uma parte bastante reduzida do orçamento do Ministério da Cultura.
Destaca-se ainda as companhias de teatro que desenvolvem um trabalho de itinerância por todo o território do país, como são os casos do [[Teatro Viriato]] ([[Viseu]]), o Teatro ACERT ([[Tondela]]), dos Cães à Solta ([[Castelo Branco]]),do Teatro da Serra do Montemuro ([[Castro Daire]]), o Grupo Cultural e Recreativo de Rossas ([[Arouca]]), Pim teatro (Évora), Urze-Teatro ([[Vila Real]]), Teatro das Beiras ([[Covilhã]]), Entretanto Teatro ([[Valongo]]), Teatro do Mar ([[Sines]]) entre outros. Estas companhias que trabalham com inúmeras dificuldades, em particular ao nível das condições técnicas, representam uma parte bastante reduzida do orçamento do Ministério da Cultura.


Com grande divulgação encontra-se o [[Festival Alkantara]], Festival de [[Almada]], FITEI ([[Porto]]), Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia [[Maia]] e Citemor ([[Montemor-O-Velho]]), entre outros, que acolhem o que de melhor se faz em teatro em Portugal e no mundo inteiro.
Com grande divulgação encontra-se o [[Festival Alkantara]], Festival de [[Almada]], FITEI (Porto), Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia [[Maia]] e Citemor ([[Montemor-O-Velho]]), entre outros, que acolhem o que de melhor se faz em teatro em Portugal e no mundo inteiro.


== Teatro no Brasil ==
== Teatro no Brasil ==
[[Ficheiro:Anchieta.jpg|thumb|José de Anchieta]]
[[Imagem:Anchieta.jpg|thumb|José de Anchieta]]
O teatro no [[Brasil]] surgiu no [[século XVI]], tendo como motivo a propagação da [[fé]] religiosa. Dentre uns poucos autores, destacou-se o padre [[José de Anchieta]], que escreveu alguns [[auto]]s (antiga composição teatral) que visavam a catequização dos [[indígena]]s, bem como a integração entre [[Portugal|portugueses]], [[índio]]s e [[Espanha|espanhóis]].<ref name=": Teatro">[http://www.artenio.org/teatro/ : Teatro] ''Sociedade Artenio''.</ref> Exemplo disso é o ''[[Auto de São Lourenço]]'', escrito em [[tupi-guarani]], [[Língua portuguesa|português]] e [[Língua espanhola|espanhol]].
O teatro no [[Brasil]] surgiu no [[século XVI]], tendo como motivo a propagação da [[fé]] religiosa. Dentre uns poucos autores, destacou-se o padre [[José de Anchieta]], que escreveu alguns [[auto]]s (antiga composição teatral) que visavam a catequização dos [[indígena]]s, bem como a integração entre [[Portugal|portugueses]], [[índio]]s e [[Espanha|espanhóis]].<ref name=": Teatro">[http://www.artenio.org/teatro/ Teatro] ''Sociedade Artenio''.{{ligação inativa|data=março de 2021}}</ref> Exemplo disso é o ''[[Auto de São Lourenço]]'', escrito em [[tupi-guarani]], [[Língua portuguesa|português]] e [[Língua espanhola|espanhol]].


Um hiato de dois séculos separa a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculos [[Século XVII|XVII]] e [[Século XVIII|XVIII]], o país esteve envolvido com seu processo de [[colonização]] (enquanto colônia de [[Portugal]]) e em batalhas de defesa do território colonial. Foi a [[João VI de Portugal|transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro]], em [[1808]], que trouxe inegável progresso para o teatro, consolidado pela [[Independência do Brasil|Independência]], em [[1822]].
Um hiato de dois séculos separa a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculos [[Século XVII|XVII]] e [[Século XVIII|XVIII]], o país esteve envolvido com seu processo de [[colonização]] (enquanto colônia de [[Portugal]]) e em batalhas de defesa do território colonial. Foi a [[João VI de Portugal|transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro]], em [[1808]], que trouxe inegável progresso para o teatro, consolidado pela [[Independência do Brasil|Independência]], em [[1822]].
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O ator [[João Caetano]] estimulou a formação dos atores brasileiros e valorizou o seu trabalho<ref name=": Teatro"/> e formou, em [[1833]], uma companhia brasileira. Seu nome está vinculado a dois acontecimentos fundamentais da história da dramaturgia nacional: a estreia, em [[13 de março]] de [[1838]], da peça ''Antônio José ou O Poeta e a Inquisição'', de autoria de [[Gonçalves de Magalhães]], a primeira tragédia escrita por um brasileiro e a única de assunto nacional; e, em [[4 de outubro]] de 1838, a estreia da peça ''[[O Juiz de Paz na Roça]]'', de autoria de [[Martins Pena]], chamado na época de o "[[Molière]] brasileiro", que abriu o filão da [[comédia de costumes]], o gênero mais característico da tradição cênica brasileira.
O ator [[João Caetano]] estimulou a formação dos atores brasileiros e valorizou o seu trabalho<ref name=": Teatro"/> e formou, em [[1833]], uma companhia brasileira. Seu nome está vinculado a dois acontecimentos fundamentais da história da dramaturgia nacional: a estreia, em [[13 de março]] de [[1838]], da peça ''Antônio José ou O Poeta e a Inquisição'', de autoria de [[Gonçalves de Magalhães]], a primeira tragédia escrita por um brasileiro e a única de assunto nacional; e, em [[4 de outubro]] de 1838, a estreia da peça ''[[O Juiz de Paz na Roça]]'', de autoria de [[Martins Pena]], chamado na época de o "[[Molière]] brasileiro", que abriu o filão da [[comédia de costumes]], o gênero mais característico da tradição cênica brasileira.


[[Ficheiro:Oswald_de_andrade_1920.jpg|thumb|left|Oswald de Andrade (1920)]][[Gonçalves de Magalhães]], ao voltar da [[Europa]] em [[1867]], introduziu no Brasil a influência [[Romantismo|romântica]], que iria nortear escritores, poetas e dramaturgos. [[Gonçalves Dias]] (poeta romântico) é um dos mais representativos autores dessa época, e sua peça ''[[Leonor de Mendonça]]'' teve altos méritos, sendo até hoje representada. Alguns romancistas, como [[Machado de Assis]], [[Joaquim Manuel de Macedo]], [[José de Alencar]], e poetas como [[Álvares de Azevedo]] e [[Castro Alves]], também escreveram peças teatrais no [[século XIX]].
[[Imagem:Oswald_de_andrade_1920.jpg|thumb|esquerda|Oswald de Andrade (1920)]][[Gonçalves de Magalhães]], ao voltar da [[Europa]] em [[1867]], introduziu no Brasil a influência [[Romantismo|romântica]], que iria nortear escritores, poetas e dramaturgos. [[Gonçalves Dias]] (poeta romântico) é um dos mais representativos autores dessa época, e sua peça ''[[Leonor de Mendonça]]'' teve altos méritos, sendo até hoje representada. Alguns romancistas, como [[Machado de Assis]], [[Joaquim Manuel de Macedo]], [[José de Alencar]], e poetas como [[Álvares de Azevedo]] e [[Castro Alves]], também escreveram peças teatrais no [[século XIX]].


O [[século XX]] despontou com um sólido teatro de variedades, mescla do ''varieté'' [[França|francês]] e das [[Teatro de revista|revistas]] portuguesas. As companhias estrangeiras continuavam a vir ao Brasil, com suas encenações trágicas e suas [[ópera]]s bem ao gosto refinado da [[burguesia]]. O teatro ainda não recebera as influências dos movimentos modernos que pululavam na [[Europa]] desde fins do século anterior.
O [[século XX]] despontou com um sólido teatro de variedades, mescla do ''varieté'' [[França|francês]] e das [[Teatro de revista|revistas]] portuguesas. As companhias estrangeiras continuavam a vir ao Brasil, com suas encenações trágicas e suas [[ópera]]s bem ao gosto refinado da [[burguesia]]. O teatro ainda não recebera as influências dos movimentos modernos que pululavam na Europa desde fins do século anterior.


Os ecos da modernidade chegaram ao teatro brasileiro na obra de [[Oswald de Andrade]], produzida toda na [[década de 1930]], com destaque para ''[[O Rei da Vela]]'', só encenada na [[década de 1960]] por [[José Celso Martinez Corrêa]]. É a partir da encenação de ''[[Vestido de Noiva]]'', de [[Nélson Rodrigues]], que nasce o moderno teatro brasileiro, não somente do ponto de vista da dramaturgia, mas também da encenação, e em pleno [[Estado Novo]].
Os ecos da modernidade chegaram ao teatro brasileiro na obra de [[Oswald de Andrade]], produzida toda na [[década de 1930]], com destaque para ''[[O Rei da Vela]]'', só encenada na [[década de 1960]] por [[José Celso Martinez Corrêa]]. É a partir da encenação de ''[[Vestido de Noiva]]'', de [[Nélson Rodrigues]], que nasce o moderno teatro brasileiro, não somente do ponto de vista da dramaturgia, mas também da encenação, e em pleno [[Estado Novo]].


Surgiram grupos e companhias estáveis de repertório. Os mais significativos, a partir da [[década de 1940]], foram: [[Os Comediantes]], o [[TBC]], o [[Teatro Oficina]], o [[Teatro de Arena]], o [[Teatro dos Sete]], a [[Companhia Celi-Autran-Carrero]], entre outros.
Surgiram grupos e companhias estáveis de repertório. Os mais significativos, a partir da [[década de 1940]], foram: [[Os Comediantes (grupo teatral)|Os Comediantes]], o [[TBC]], o [[Teatro Oficina]], o [[Teatro de Arena]], o [[Teatro dos Sete]], a [[Companhia Celi-Autran-Carrero]], entre outros.  
 
Também o [[Teatro amador]] com centenas de grupos, especialmente no Estado de São Paulo, foi de um grande avanço a levar milhares de pessoas aos teatros por todo o estado.<ref>https://repositorio.pucsp.br/simple-search?query=teatro+amador+paulista+%281963-1975%29</ref>


Quando tudo parecia ir bem com o teatro brasileiro, a [[ditadura militar]] veio impor a [[censura]] prévia a autores e encenadores, levando o teatro a um retrocesso produtivo, mas não criativo. Prova disso é que nunca houve tantos dramaturgos atuando simultaneamente.
Quando tudo parecia ir bem com o teatro brasileiro, a [[ditadura militar]] veio impor a [[censura]] prévia a autores e encenadores, levando o teatro a um retrocesso produtivo, mas não criativo. Prova disso é que nunca houve tantos dramaturgos atuando simultaneamente.
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== Gêneros teatrais ==
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== Ver também ==
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Edição atual tal como às 14h25min de 15 de junho de 2022

Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Teatro (desambiguação).
Vista de antigo teatro na Grécia - Antiga cidade de Epidauro (360-350 a.C.).

Teatro, do grego θέατρον (théatron), é uma forma de arte em que um ator ou conjunto de atores, interpreta uma história ou atividades para o público em um determinado lugar. Com o auxílio de dramaturgos ou de situações improvisadas, de diretores e técnicos, o espetáculo tem como objetivo apresentar uma situação e despertar sentimentos no público. Também denomina-se teatro o edifício onde se desenvolve esta forma de arte, podendo também ser local de apresentações para a dança, recitais, etc.

O termo teatro e seus significados

Segundo a Enciclopédia Britânica (ou Encyclopædia Britannica), a palavra teatro deriva do grego theaomai[1] (θεάομαι) - olhar com atenção, perceber, contemplar (1990, vol. 28:515). Theaomai não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo; uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto.[2]

O teatro, mais do que ser um local público onde se vê, é o lugar condensado da vivência das ambiguidades e paradoxos, onde as coisas são tomadas em mais de uma forma ou sentido. Robson Camargo assim o define (2005:1):

Jaco Guinsburg por sua vez, descreve a expressão cênica como formada por uma "tríade básica - atuante, texto e público", sem a qual o teatro não teria existência (1980:5). Atuantes não são apenas os atores, podendo ser objetos (como no teatro de bonecos) ou outras formas ou funções atuantes (animais ou coisas); o texto, por outro lado, não é apenas o texto escrito ou o falado no palco, pois o teatro não é uma arte literária ou, como afirma Marco de Marinis (1982), no teatro há um texto espetacular. Greimas em seu estudo da narratologia usa o termo actante em vez de atuante, para definir este primeiro elemento que desenvolve a narração.[3]

Teatro de Fernando de la Mora, no Paraguai.

Aristóteles e a importância do espetáculo na Tragédia

Natya Shastra - (Nātyaśāstra नाट्य शास्त्र), junto com a Poética de Aristóteles, é um dos mais antigos textos sobre o teatro, o trabalho do ator, a produção de espetáculo e a dramaturgia clássica da Índia. Seus escritos descrevem a dança e a música clássica da Índia, que são partes fundantes do teatro nesta cultura. Foi escrito provavelmente entre os séculos 200 antes de Cristo e 200 da era cristã. Bharatamuni seria o autor do tratado, Bharata, significa 'ator', Bharatamuni pode ser traduzido como o sábio Bharata ou o ator sábio.[4]

Origens da arte teatral

O antigo teatro de Delfos (Grécia).

Existem várias teorias sobre a origem do teatro. Segundo Oscar G. Brockett, nenhuma delas pode ser comprovada, pois existem poucas evidências e mais especulações. Antropólogos ao final do século XIX e no início do XX, elaboraram a hipótese de que este teria surgido a partir dos rituais primitivos.[5] Outra hipótese seria o surgimento a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido a partir de danças, jogos, imitações. Os rituais na história da humanidade começam por volta de 80 mil anos a.C..

O primeiro evento com diálogos registrado foi uma apresentação anual de peças sagradas no Antigo Egito do mito de Osíris e Ísis, por volta de 2500 a.C.,[6] que conta a história da morte e ressurreição de Osíris e a coroação de Horus.[7] A palavra 'teatro' e o conceito de teatro, como algo independente da religião, só surgiram na Grécia de Pisístrato (560-510 a.C.), tirano ateniense que estabeleceu uma dinâmica de produção para a tragédia e que possibilitou o desenvolvimento das especificidades dessa modalidade. As representações mais conhecidas e a primeira teorização sobre teatro vieram dos antigos gregos, sendo a primeira obra escrita de que se tem notícia, a Poética de Aristóteles.

Aristóteles afirma que a tragédia surgiu de improvisações feitas pelos chefes dos ditirambos, um hino cantado e dançado em honra a Dioniso, o deus grego da fertilidade e do vinho. O ditirambo, como descreve Brockett, provavelmente consistia de uma história improvisada cantada pelo líder do coro e um refrão tradicional, cantado pelo coro. Este foi transformado em uma "composição literária" por Arion (625-585 a.C.), o primeiro a registrar por escrito ditirambos e dar a eles títulos.

As formas teatrais orientais foram registradas por volta do ano 1000 a.C., com o drama sânscrito do antigo teatro Indu. O que poderíamos considerar como 'teatro chinês' também data da mesma época, enquanto as formas teatrais japonesas Kabuki, e Kyogen têm registros apenas no século XVII d.C..

Grécia antiga

Gerald Else, importante helenista norte americano (1908-1982), considera que o teatro (drama) foi uma criação deliberada e não resultado de uma evolução. Se os festivais gregos, antes de 534 a.C. eram desempenhados por rapsodos, na forma oral, em 534 a.C. Téspis junta os elementos orais destas festividades com o coro, para criar uma forma primitiva de drama que seria desenvolvida totalmente somente a partir de Ésquilo, com a adição de um segundo ator.[8]

O primeiro diretor de coro conhecido foi Tespis, convidado pelo tirano Pisístrato oficialmente para dirigir a procissão de Atenas.[9] Téspis desenvolveu o uso de máscaras para representar pois, em razão do grande número de participantes, era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras. O "coro" era composto pelos narradores da história, rapsodos que através de representação, canções e danças, relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e o espectador, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o "Corifeu", que era um representante do coro que se comunicava com a plateia. Em uma dessas procissões, Téspis inova ao subir em um "tablado" (Thymele – altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (hypócrites), surgindo assim os diálogos.

Autores

Os tragediógrafos

Muitas das tragédias gregas escritas se perderam e, na atualidade, são três os tragediógrafos conhecidos e considerados importantes: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. As datas abaixo são aproximadas.

Os comediógrafos
Comediógrafos romanos da antiguidade

Teatro em Portugal

Frontispício do Auto de Inês Pereira, de Gil Vicente
Gil Vicente

(14651536?) É considerado o fundador do teatro português, no século XVI.

António Ferreira

(Lisboa, 15281569) Estudou em Coimbra e também foi o discípulo mais famoso de Sá de Miranda, tendo sido um dos impulsionadores da cultura renascentista em Portugal. Escreveu em 1587 a primeira tragédia do classicismo renascentista português, Castro, inspirada nos amores de D. Pedro I e D. Inês de Castro, traduzida para o inglês em 1597, e posteriormente, para o francês e o alemão.

D. José, rei de Portugal

Após a morte de D. João V (em 1750), D. José inicia uma profunda reestruturação da política cultural. Para tal conta com o apoio de Sebastião de Carvalho e Mello entre outros. Os esforços comuns proporcionam a contratação dos melhores castrados, compositores e instrumentistas. Simultaneamente é contratada uma equipa encabeçada pelo arquitecto e cenógrafo bolonhês Giovanni Carlo Sicinio Galli Bibiena, que concebe entre 1752 e 1755 três teatros de corte em Portugal. O Teatro do Forte, igualmente denominado por Teatro da Sala do Embaixadores, e que estava localizado no Torreão erigido por Filippo Terzi no Palacio da Ribeira, tendo sido inaugurado em Setembro de 1752. O segundo dos teatros construídos pelo arquitecto Galli da Bibbiena foi o Teatro Real de Salvaterra de Magos, localizado no palácio real dessa vila ribatejana, tendo sido inaugurado a 21 de janeiro de 1753. Finalmente é inaugurado em Lisboa, a 31 de março de 1755, a Casa da Ópera (na continuação do Palácio da Ribeira), mais conhecido por Ópera do Tejo, por se situar junto ao rio do mesmo nome, num espaço entre os actuais Terreiro do Paço (Praça do Comércio) e Cais do Sodré. Seria a estrutura mais luxuosa e inovadora do género na Europa, que cairia totalmente por terra com o terrível Terramoto de 1755 e contando apenas sete meses de vida.

Almeida Garrett

(Porto, 1799Lisboa, 1854) Foi um proeminente escritor e dramaturgo romântico, que fundou o Conservatório Geral de Arte Dramática, edificou o Teatro Nacional D. Maria II em Lisboa e organizou a Inspecção-Geral dos Teatros, revolucionando por completo a política cultural portuguesa a partir de 1836, no rescaldo das Guerras Liberais. Frei Luís de Sousa é a sua obra maior.

Outros

Já no século XX encontram-se grandes nomes da literatura portuguesa a escrever para teatro, como é o caso de Júlio Dantas, Raul Brandão e José Régio. Às portas da década de 1960, o contexto político fomentou uma nova literatura de intervenção, que se estendeu aos palcos através dos nomes de Bernardo Santareno, Luiz Francisco Rebello, José Cardoso Pires e Luís de Sttau Monteiro, que produziram grandes e intensas obras.

Neste momento existe em Portugal um teatro que se renova constantemente e que prima pela sua abundante diversidade, apesar do fraco investimento por parte do Ministério da Cultura e das fracas condições com que a maior parte dos artistas ainda trabalha. São vários os grupos que se têm destacado na cena contemporânea portuguesa: Casa Conveniente, Teatro Praga, Cão Solteiro, As Boas Raparigas, Teatro da Garagem, Teatro Meridional, Sensurround, Assédio e A Escola da Noite). Esses grupos têm renovado um panorama que até a década de 1990 era ainda dominado pelos encenadores carismáticos dos grupos independentes da década de 1970, como Luís Miguel Cintra (Teatro da Cornucópia), João Mota (Comuna - Teatro de Pesquisa), Jorge Silva Melo (Artistas Unidos), Joaquim Benite (Companhia de Teatro de Almada) e Mário Barradas (Centro Dramático Eborense - CENDREV) a companhia residente do Teatro Garcia de Resende em Évora, que são ainda detentores de boa parte dos subsídios atribuídos pelo Ministério da Cultura.

Destaca-se ainda as companhias de teatro que desenvolvem um trabalho de itinerância por todo o território do país, como são os casos do Teatro Viriato (Viseu), o Teatro ACERT (Tondela), dos Cães à Solta (Castelo Branco),do Teatro da Serra do Montemuro (Castro Daire), o Grupo Cultural e Recreativo de Rossas (Arouca), Pim teatro (Évora), Urze-Teatro (Vila Real), Teatro das Beiras (Covilhã), Entretanto Teatro (Valongo), Teatro do Mar (Sines) entre outros. Estas companhias que trabalham com inúmeras dificuldades, em particular ao nível das condições técnicas, representam uma parte bastante reduzida do orçamento do Ministério da Cultura.

Com grande divulgação encontra-se o Festival Alkantara, Festival de Almada, FITEI (Porto), Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia Maia e Citemor (Montemor-O-Velho), entre outros, que acolhem o que de melhor se faz em teatro em Portugal e no mundo inteiro.

Teatro no Brasil

José de Anchieta

O teatro no Brasil surgiu no século XVI, tendo como motivo a propagação da religiosa. Dentre uns poucos autores, destacou-se o padre José de Anchieta, que escreveu alguns autos (antiga composição teatral) que visavam a catequização dos indígenas, bem como a integração entre portugueses, índios e espanhóis.[10] Exemplo disso é o Auto de São Lourenço, escrito em tupi-guarani, português e espanhol.

Um hiato de dois séculos separa a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculos XVII e XVIII, o país esteve envolvido com seu processo de colonização (enquanto colônia de Portugal) e em batalhas de defesa do território colonial. Foi a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, que trouxe inegável progresso para o teatro, consolidado pela Independência, em 1822.

O ator João Caetano estimulou a formação dos atores brasileiros e valorizou o seu trabalho[10] e formou, em 1833, uma companhia brasileira. Seu nome está vinculado a dois acontecimentos fundamentais da história da dramaturgia nacional: a estreia, em 13 de março de 1838, da peça Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de autoria de Gonçalves de Magalhães, a primeira tragédia escrita por um brasileiro e a única de assunto nacional; e, em 4 de outubro de 1838, a estreia da peça O Juiz de Paz na Roça, de autoria de Martins Pena, chamado na época de o "Molière brasileiro", que abriu o filão da comédia de costumes, o gênero mais característico da tradição cênica brasileira.

Oswald de Andrade (1920)

Gonçalves de Magalhães, ao voltar da Europa em 1867, introduziu no Brasil a influência romântica, que iria nortear escritores, poetas e dramaturgos. Gonçalves Dias (poeta romântico) é um dos mais representativos autores dessa época, e sua peça Leonor de Mendonça teve altos méritos, sendo até hoje representada. Alguns romancistas, como Machado de Assis, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, e poetas como Álvares de Azevedo e Castro Alves, também escreveram peças teatrais no século XIX.

O século XX despontou com um sólido teatro de variedades, mescla do varieté francês e das revistas portuguesas. As companhias estrangeiras continuavam a vir ao Brasil, com suas encenações trágicas e suas óperas bem ao gosto refinado da burguesia. O teatro ainda não recebera as influências dos movimentos modernos que pululavam na Europa desde fins do século anterior.

Os ecos da modernidade chegaram ao teatro brasileiro na obra de Oswald de Andrade, produzida toda na década de 1930, com destaque para O Rei da Vela, só encenada na década de 1960 por José Celso Martinez Corrêa. É a partir da encenação de Vestido de Noiva, de Nélson Rodrigues, que nasce o moderno teatro brasileiro, não somente do ponto de vista da dramaturgia, mas também da encenação, e em pleno Estado Novo.

Surgiram grupos e companhias estáveis de repertório. Os mais significativos, a partir da década de 1940, foram: Os Comediantes, o TBC, o Teatro Oficina, o Teatro de Arena, o Teatro dos Sete, a Companhia Celi-Autran-Carrero, entre outros.

Também o Teatro amador com centenas de grupos, especialmente no Estado de São Paulo, foi de um grande avanço a levar milhares de pessoas aos teatros por todo o estado.[11]

Quando tudo parecia ir bem com o teatro brasileiro, a ditadura militar veio impor a censura prévia a autores e encenadores, levando o teatro a um retrocesso produtivo, mas não criativo. Prova disso é que nunca houve tantos dramaturgos atuando simultaneamente.

Com o fim do regime militar, no início da década de 1980, o teatro tentou recobrar seus rumos e estabelecer novas diretrizes. Surgiram grupos e movimentos de estímulo a uma nova dramaturgia.

Gêneros teatrais

Ver artigo principal: Gêneros teatrais

Drama - Comédia - Tragédia - Melodrama - Auto - Esquetes - Grega - Romana - Religiosas

Ver também

Referências

  1. «Definição de "theaomai" conforme usado na Bíblia». Blue Letter Bible (em English). Consultado em 30 de maio de 2019. Cópia arquivada em 30 de maio de 2019 
  2. Botterweck, G. Johannes; Fabry, Heinz-Josef (1986). Theological dictionary of the Old Testament. 5. Grand Rapids, Mich.: Eerdmans. pp. 315, 706. 543 páginas. ISBN 0802823386. OCLC 700991 
  3. Greimas, Algirdas Julien; Ballón Aguirre, Enrique; Campodónico Carrión, Hermis (1982–1991). «actante». Semiótica: diccionario razonado de la teoría del lenguaje (em español). Madrid: Gredos. ISBN 8424914589. OCLC 644342080 
  4. Mota, Marcus (2006). «Natyasastra: Teoria Teatral e a Amplitude da Cena» (PDF). Uberlândia: NEHAC da Universidade Federal de Uberlândia. Fênix: Revista de História e Estudos Sociais. 3 (4). ISSN 1807-6971 
  5. Brockett, Oscar G. (1995). History of the theatre (em English) 7ª ed. Boston, EUA: Allyn and Bacon. p. 1. ISBN 0205164838. OCLC 30109459 
  6. Stanton, Sarah.; Banham, Martin. (1996). Cambridge paperback guide to theatre. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. p. 241. ISBN 0521446546. OCLC 33101743 
  7. Brockett, Oscar G. (1995). History of the theatre (em English) 7ª ed. Boston, EUA: Allyn and Bacon. p. 9. ISBN 0205164838. OCLC 30109459 
  8. Brockett, Oscar G. (1995). History of the theatre (em English) 7ª ed. Boston, EUA: Allyn and Bacon. p. 16. ISBN 0205164838. OCLC 30109459 
  9. Teatro na Antiguidade Portal São Francisco.
  10. 10,0 10,1 Teatro Sociedade Artenio.[ligação inativa]
  11. https://repositorio.pucsp.br/simple-search?query=teatro+amador+paulista+%281963-1975%29

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