Predefinição:Info/Nobre D. Pedro I (Coimbra, 8 de abril de 1320 – Estremoz, 18 de janeiro de 1367), apelidado de o Justiceiro ou o Cruel, foi o Rei de Portugal e Algarves de 1357 até sua morte. Era filho do rei Afonso IV e sua esposa Beatriz de Castela.
Ficou conhecido pela atenção dada à justiça e pelo desvario por Inês de Castro.
Vida
O Infante D. Pedro nasceu na cidade de Coimbra, a 8 de Abril de 1320, filho do então infante D. Afonso e Beatriz de Castela. Pedro foi o quarto filho de um total de sete, três mulheres e quatro varões: D. Maria, D. Afonso, D. Dinis, ele próprio, D. Isabel, D. João, e D. Leonor. Destes, mais de metade cedo morre (D. Afonso nado-morto à nascença; D. Dinis, D. Isabel, e D. João na sua infância). Por este motivo, D. Pedro, não sendo primogénito, torna-se herdeiro do pai e vem a suceder-lhe no trono.Predefinição:Harvref Pedro I sucedeu a seu pai em 1357.
Dos seus primeiros anos de vida, pouco se sabe. Conhecem-se, todavia, através de fontes escritas, a sua ama, D. Leonor; o aio e mordomo-mor Lopo Fernandes Pacheco; o guarda, Domingos Anes; o reposteiro-mor, Gonçalo Lobato; e os reposteiros, Afonso Domingues e Afonso Esteves. É também sabido que, por volta dos seus quinze anos, em 1335, já tinha casa. Os cronistas fazem menção a um defeito de gaguez[1] e ainda, no foro psíquico, "paixões exaltadas e violentas, cóleras explosivas, perversões várias"; é igualmente caracterizado como um amante da festa e da música, cantando e dançando por Lisboa ao som de "longas" com os populares.[2]
D. Pedro é conhecido pela sua relação com Inês de Castro, a aia galega da sua mulher Constança Manuel. O rei Afonso IV temia a influência da família Castro à qual pertencia a amante de Pedro. Inês acabou assassinada por ordens do rei a 7 de Janeiro de 1355, mas isto não trouxe Pedro de volta à influência paterna.Predefinição:Harvref Contrariamente, durante alguns meses, Pedro revoltou-se contra o pai; apoiado pela nobreza de Entre Douro e Minho e pelos irmãos de Inês. A paz veio por vontade declarada do povo e perdoaram-se mútuas ofensas.[3]
Acerca do temperamento deste soberano, o cronista Fernão Lopes dedicou um capítulo que intitulou "Como El-Rei mandou capar um seu escudeiro porque dormia com uma mulher casada", permitindo entrever que o gesto teria sido motivado por ciúmes do monarca por seu escudeiro, de nome Afonso Madeira. Madeira é descrito como um grande cavalgador, caçador, lutador e ágil acrobata, e regista: "Pelas suas qualidades, El-Rei amava-o muito e fazia-lhe generosas mercês." O escudeiro, entretanto, apaixonou-se por Catarina Tosse, esposa do Corregedor, descrita como "briosa, louçã e muito elegante, de graciosas prendas e boa sociedade". Para se aproximar dela, Madeira fez-se amigo do Corregedor, seduzindo-a e consumando a traição.[4] O soberano, entretanto, tudo descobriu e não perdoou Madeira, castigando-o brutalmente. O cronista insiste no afeto do soberano, referindo enigmaticamente: "Como quer que o Rei muito amasse o escudeiro, mais do que se deve aqui dizer (...)", mas regista que D. Pedro mandou "cortar-lhe aqueles membros que os homens em maior apreço têm". O escudeiro recebeu assistência e sobreviveu, mas "engrossou nas pernas e no corpo e viveu alguns anos com o rosto engelhado e sem barba".[5]
Casamento
Diz-se que esteve para casar com Branca de Castela, em 1329, mas dada a sua debilidade e sua incapacidade, o casamento não se chegou a realizar, mas também diz-se que pode ter casado.
Mais tarde, em 1339 tratou-se do casamento com Constança Manuel, filha de nobre família castelhana. A recusa do rei de Castela, primo de Pedro em deixar a noiva sair, desencadeou um conflito entre Afonso IV e o sobrinho e genro: Afonso XI de Castela.
Após uma ameaça de invasão moura, os reis fazem as pazes e reúnem-se para lutar contra o invasor na batalha do Salado.
Reinado
Aclamado rei em 1357, Pedro anunciou em Cantanhede, em junho de 1360, o casamento com Inês, realizado em segredo antes da sua morte,[3] sendo sua intenção a ver lembrada como Rainha de Portugal. A promessa de perdão aos responsáveis pela morte de Inês foi esquecida;[3] este facto baseia-se apenas na palavra do rei, uma vez que não existem registos de tal união. Dois assassinos de Inês foram capturados e executados (Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves) com uma brutalidade tal (a um foi arrancado o coração pelo peito, e a outro pelas costas),[6] que lhe valeram os epítetos supra mencionados.
Conta também a tradição que Pedro teria feito desenterrar o corpo da amada, coroando-a como Rainha de Portugal, e obrigando os nobres a procederem à cerimónia do beija-mão real ao cadáver,[3] sob pena de morte. Em seguida ordenou a execução de dois túmulos (verdadeiras obras-primas da escultura gótica em Portugal), os quais foram colocados no transepto da igreja do Mosteiro de Alcobaça, para que, no dia do Juízo Final, os eternos amantes, então ressuscitados, de imediato se vejam. O corpo de Inês foi transladado, num cortejo digno de rainha.[3] Foi este facto que contribuiu para a lenda de que depois de morta foi rainha, de origem erudita, passando para a camada popular.[3]
Como rei, Pedro revelou-se bom administrador, corajoso na defesa do país contra a influência papal (foi ele que promulgou o famoso Beneplácito Régio, que impedia a livre circulação de documentos eclesiásticos no país sem a sua autorização expressa)Predefinição:Harvref e foi justo na defesa das camadas menos favorecidas da população. Aplicava a justiça com brutalidade, de forma «democrática», punindo exemplarmente sem olhar a quem.[7] Para não atrasar a aplicação das sentenças, puniu com pena de morte a prática da advocacia, isto levou a protestos nas cortes de 1361.Predefinição:Harvref Pouco fez para refrear o poder da nobreza, mas esta temia o rei.Predefinição:Harvref
Na política externa, Pedro ajudou seu sobrinho, Pedro, o rei de Castela, na guerra contra o meio-irmão.Predefinição:Harvref
A sua relação com o clero foi algo conflituosa, em relação à nobreza foi magnânimo.[8] Deu o título de conde de Barcelos a João Afonso Telo com direito hereditário e deu terras aos filhos de Inês. A Ordem de Avis entregou-a a seu filho, João, futuro rei. Dava início à nacionalização das Ordens Militares.[9]
A forma como exerceu a justiça, parece-nos hoje cruel, mas era costume naqueles tempos difíceis. Diz-se que mandou servir um banquete enquanto assistia à execução de Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves. Gostava mais de ser algoz de que juiz, como atestam algumas sentenças que proferiu.[7]
Perto do fim de vida, perdoou Diogo Lopes Pacheco, um dos três responsáveis pela morte de Inês que conseguiu escapar.[10]
D. Pedro reinou durante dez anos, sendo tão popular ao ponto de Fernão Lopes escrever "que taes dez annos nunca houve em Portugal como estes que reinara el Rei Dom Pedro".[10] O seu reinado foi o único no século XIV sem guerra e marcado com prosperidade financeira,[9] daí ficar na memória como um bom reinado. Para Fernão Lopes foi o avô da dinastia de Avis.[9]
Jaz no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.
Títulos, estilos, e honrarias
Predefinição:Info/Estilos reais
Títulos e estilos
- 8 de Abril de 1320 – 28 de Maio de 1357: "o Infante Pedro de Portugal"
- 28 de Maio de 1357 – 18 de Janeiro de 1367: "Sua Mercê, o Rei"
O estilo oficial de D. Pedro I enquanto rei era: "Pela Graça de Deus, Pedro I, Rei de Portugal e do Algarve"
Descendência
Descendência
Seu primeiro casamento foi com Constança Manuel, filha de D. João Manuel de Castela, de quem teve:
- D. Luís, infante de Portugal (1340);
- D. Maria, infanta de Portugal (1342-1377), casada com D. Fernando, príncipe de Aragão;
- D. Fernando, (1345-1383), rei de Portugal (1367-1383).
De seu segundo casamento com Inês de Castro (1320 - assassinada em 1355) nasceram:
- D. Afonso, infante de Portugal (1346);
- D. Beatriz, infanta de Portugal (1347-1381);
- D. João, infante de Portugal (1349-1397);
- D. Dinis, infante de Portugal (1354-1403).
De Teresa Lourenço:
- D. João I, (1357-1433), rei de Portugal (1385-1433).
Ascendência
- REDIRECT Predefinição:Ahnentafel top
16. Afonso II de Portugal | ||||||||||||||||
8. Afonso III de Portugal | ||||||||||||||||
17. Urraca de Castela | ||||||||||||||||
4. Dinis I de Portugal | ||||||||||||||||
18. Afonso X de Leão e Castela | ||||||||||||||||
9. Beatriz de Castela | ||||||||||||||||
19. Mor Guilhén de Gusmão | ||||||||||||||||
2. Afonso IV de Portugal | ||||||||||||||||
20. Jaime I de Aragão | ||||||||||||||||
10. Pedro III de Aragão | ||||||||||||||||
21. Violante da Hungria | ||||||||||||||||
5. Isabel de Aragão | ||||||||||||||||
22. Manfredo da Sicília | ||||||||||||||||
11. Constança da Sicília | ||||||||||||||||
23. Beatriz de Saboia | ||||||||||||||||
1. Pedro I de Portugal | ||||||||||||||||
24. Fernando III de Castela | ||||||||||||||||
12. Afonso X de Leão e Castela | ||||||||||||||||
25. Beatriz da Suábia | ||||||||||||||||
6. Sancho IV de Castela | ||||||||||||||||
26. Jaime I de Aragão | ||||||||||||||||
13. Violante de Aragão | ||||||||||||||||
27. Violante da Hungria | ||||||||||||||||
3. Beatriz de Castela | ||||||||||||||||
28. Afonso IX de Leão | ||||||||||||||||
14. Afonso de Molina | ||||||||||||||||
29. Berengária de Castela | ||||||||||||||||
7. Maria de Molina | ||||||||||||||||
30. Afonso Teles II de Meneses | ||||||||||||||||
15. Mayor Alonso de Meneses | ||||||||||||||||
31. Maria Yáñez de Lima | ||||||||||||||||
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Ver também
- Árvore genealógica dos reis de Portugal
- Beneplácito Régio
- Ordem de Avis
- Inês de Castro
- Túmulos de D. Pedro I e de Inês de Castro
- Crónica de D. Pedro de Fernão Lopes
Referências
- ↑ Crónica de D. Pedro de Fernão Lopes, cap. I
- ↑ Erro de citação: Marca
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inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadasAzevedoSantos
- ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 Erro de citação: Marca
<ref>
inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadasguerra
- ↑ Crónica de D. Pedro de Fernão Lopes, cap. VIII
- ↑ As Crónicas de Fernão Lopes. apud CASTRO, Pedro Jorge. "Sexo, Traição, Violência - e mais Sexo". Sábado, nº 355, 17 a 23 de fevereiro de 2011, p. 42-43.
- ↑ Crónica de D. Pedro de Fernão Lopes, cap. XXXI
- ↑ 7,0 7,1 Erro de citação: Marca
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- ↑ Erro de citação: Marca
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inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadasmatt1
- ↑ 9,0 9,1 9,2 Erro de citação: Marca
<ref>
inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadasmatt2
- ↑ 10,0 10,1 Crónica de D. Pedro de Fernão Lopes, cap. XLIV
Bibliografia
- Azevedo Santos, Maria José (2009). D. Pedro I. O Justiceiro. Col: Reis de Portugal 1.ª ed. Lisboa: Quidnovi. ISBN 978-989-554-583-4
- Caetano de Souza, Antonio (1735). Historia Genealógica de la Real Casa Portuguesa (PDF). I, Livros I e II. Lisboa: Lisboa Occidental, na oficina de Joseph Antonio da Sylva. ISBN 978-84-8109-908-9
- Rodrigues Oliveira, Ana (2010). Rainhas medievais de Portugal. Dezassete mulheres, duas dinastias, quatro séculos de História. Lisboa: A esfera dos livros. ISBN 978-989-626-261-7
- Mattoso, José (1993). História de Portugal, A Monarquia Feudal, Segundo Volume. [S.l.]: Círculo de Leitores. ISBN 972-42-0636-X
- Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América
Ligações externas
- «Chronica del Rey D. Pedro I deste nome, e dos reys de Portugal o oitavo cognominado o Justiceiro na forma em que a escereveo Fernão Lopes, Fernão Lopes (1380-1460), Lisboa Occidental, 1735, na Biblioteca Nacional Digital» (em português)
- «Chronica de el-rei D. Pedro I, Fernão Lopes (1380-1459), no site Project Gutenberg» (em português)
- D. Pedro I, o Romeu português, As Rainhas - Isabel e Inês (Extrato de Documentário), por Maria Júlia Fernandes, RTP, 2003
- Os castigos de D. Pedro I, "o Cru", As Rainhas - Isabel e Inês (Extrato de Documentário), por Maria Júlia Fernandes, RTP, 2003
Pedro I de Portugal Casa de Borgonha Ramo da Casa de Capeto 8 de abril de 1320 – 18 de janeiro de 1367 | ||
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Precedido por Afonso IV |
Rei de Portugal e Algarve 28 de maio de 1357 – 18 de janeiro de 1367 |
Sucedido por Fernando I |
Predefinição:Linha agnática do Conde D. Henrique a D. João VI