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Sá de Miranda

Predefinição:Info/Escritor Francisco de Sá de Miranda (Coimbra, 28 de agosto de 1481Amares, 15 de março de 1558 (76 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]) foi um poeta português, introdutor do soneto e do Dolce Stil Nuovo na língua portuguesa. Encontra-se sepultado na Igreja de São Martinho de Carrazedo em Amares.

Busto em Carrazedo, Amares

Francisco de Sá de Miranda nasceu em Coimbra: possivelmente em 28 de Agosto de 1481 (data em que D. João II subiu ao trono, dizem os biógrafos). Outros autores apontam para a data de "27 de Outubro de 1495".[1][2] Meio-irmão de Mem de Sá, era filho de Gonçalo Mendes de Sá, cónego da Sé de Coimbra e de Inês de Melo, solteira, nobre de Barcelos, orago que contemplaria Duas Igrejas hoje em dia pertencente ao município de Vila Verde. Neto paterno de João Gonçalves de Crescente, cavaleiro fidalgo da Casa Real, e de sua mulher Filipa de Sá que viveram em São Salvador do Campo em (Barcelos) e em Coimbra, no episcopado de D. João Galvão. Estudou Gramática, Retórica e Humanidades na Escola de Santa Cruz, onde possivelmente terá estudado Luís de Camões. Frequentou depois a Universidade, ao tempo estabelecida em Lisboa, onde fez o curso de Leis alcançando o grau de doutor em Direito, passando de aluno aplicado a professor considerado e frequentando a Corte até 1521, datando-se de então a sua amizade com Bernardim Ribeiro, para o Paço, compôs cantigas, vilancetes e esparsas, ao gosto dos poetas do século XV. O Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, impresso em 1516, publica treze poesias do Doutor Francisco de Sá. Os seus versos, à maneira dos trovadores da época, já revelam o carácter do homem e a vivacidade e cultura do seu espírito. Sá de Miranda começou imitando os poetas do Cancioneiro General de Hernan Castillo, impresso em 1511, glosando, em castelhano, os motes ou cantigas de Jorge Manrique e de Garcia Sanchez. Nunca abandonou as formas tradicionais da redondilha, antes e depois de conhecer e aceitar a escola italiana, e de introduzir em Portugal o verso decassílabo. Foi casado com D. Briolanja de Azevedo, filha de Francisco Machado, 2º Senhor das Terras de Entre Homem e Cávado (Amares) até ao ano de 1518 em que faleceu. Sá de Miranda e sua esposa D. Briolanja de Azevedo, aparecem na aquisição de uma propriedade, cuja escritura de venda foi assinada na Casa de Castro (freguesia de Carrazedo) aos 03 de Maio de 1530, pelo tabelião e escudeiro da Casa Real Diogo de Arantes.[3] Viveram na Casa da Tapada, de que Francisco Sá de Miranda foi 1º Senhor até à sua morte, sita na freguesia de Fiscal em Amares.

Casa e quinta da Tapada, Fiscal, Amares

A poesia

Para Sá de Miranda, a poesia não é uma ocupação para ócios de intelectual ou de salões, como para os poetas que o antecederam, mas uma missão sagrada. O poeta é como um profeta, deve denunciar os vícios da sociedade, sobretudo da Corte, o abandono dos campos e a preocupação exagerada do luxo, que tudo corrompe, deve propor a vida sadia em contacto com a «madre» natureza, a simplicidade e a felicidade dos lavradores.

A ele se aplicam perfeitamente os seus versos da Carta a D. João III: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que torcer / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é.»

Poema de Sá de Miranda em Azulejos na Casa do Barreiro, Gemieira, Ponte de Lima.

A sua linguagem é elíptica, sóbria, densa, forte, trabalhada, hermética, difícil de entender e às vezes demasiado dura. Mesmo assim, Sá de Miranda é o escritor do século XVI mais lido depois de Camões. A sua verticalidade e a sua coerência impuseram-se.

Sá de Miranda concebeu as primeiras comédias clássicas portuguesas (Estrangeiros e Vilhalpandos), cuja recepção pelo público, habituado aos autos (de Gil Vicente sobretudo), não foi das melhores. Se os aspectos criticados por Sá de Miranda e a sua intenção moralizadora o aproximam muito de Gil Vicente, o escritor afasta-se deste último pelas formas e o tom em que vaza as suas críticas.

Sá de Miranda deixou uma importante obra epistolográfica e uma série de éclogas, entre outros textos. A sua obra foi publicada postumamente, em 1595.

Influenciou decisivamente escritores seus contemporâneos e posteriores, como António Ferreira, Diogo Bernardes, Pero Andrade de Caminha, Luís de Camões, D. Francisco Manuel de Melo ou ainda, mais recentemente, Jorge de Sena, Gastão Cruz e Ruy Belo, entre outros, manifestando alguns textos destes autores nítida intertextualidade com textos mirandinos, sobretudo com o tão conhecido soneto «O Sol é grande, caem co'a calma as aves».

Antecipa temáticas como a dos conflitos do eu, de maneira um pouco semelhante ao que faria Fernando Pessoa, como nos versos: Comigo me desavim,/Sou posto em todo perigo;/Não posso viver comigo/Nem posso fugir de mim.

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Referências

  1. Innocencio Francisco da Silva, Diccionario Bibliographico Portuguez (na Imprensa Nacional, 1859), p. 53.
  2. José Maria da Costa e Silva, Ensaio Biographico-Critico sobre os Melhores Poetas Portuguezes, Volume 2 (na Imprensa Silviana, 1851), Capítulo II, p. 8.
  3. Machado, José Sousa (1929). O Poeta do Neiva. [S.l.]: Livraria Cruz, Braga 

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