Tudo ao Mesmo Tempo Agora | |||||||
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Titãs - Tudo ao mesmo tempo agora - 1991.jpg | |||||||
Álbum de estúdio de Titãs | |||||||
Lançamento | 23 de setembro de 1991 | ||||||
Gravação | De junho a julho de 1991 em Carapicuíba, São Paulo, Brasil | ||||||
Gênero(s) | Punk rock, grunge | ||||||
Duração | 38:38 | ||||||
Idioma(s) | Português | ||||||
Formato(s) | LP e CD | ||||||
Gravadora(s) | WEA | ||||||
Produção | Titãs | ||||||
Cronologia de Titãs | |||||||
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Singles de Tudo ao Mesmo Tempo Agora | |||||||
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Tudo ao Mesmo Tempo Agora é o sexto álbum de estúdio da banda brasileira de rock Titãs, lançado em 23 de setembro de 1991[1] pela Warner e produzido pelo próprio grupo,[2] que também, pela primeira vez, assina a composição e os arranjos de todas as faixas apenas como "Titãs", em vez de creditá-las a um ou mais membros separadamente.[1][3]
É o último álbum com o vocalista Arnaldo Antunes, que deixou o grupo em 1992.[4]
O álbum marca mais uma mudança de estilo para a banda, que voltava a fazer um rock cru com letras agressivas e até escatológicas, como em "Isso Para Mim É Perfume" e "Saia de Mim".[4] Tal direcionamento não agradou à crítica tampouco aos fãs, que tiveram reações pouco empolgadas à época do lançamento.[5]
Produção
Contexto e gravações
O disco veio após um período frutífero para a banda, que lançara o bem-sucedido Õ Blésq Blom e retornava de uma apresentação na segunda edição do Rock in Rio.[6]
Após ensaiar na casa do guitarrista Marcelo Fromer, a banda se reuniu de junho a julho de 1991 numa unidade móvel na Rua da Invernada, na Granja Viana (zona oeste da Grande São Paulo), para gravar o disco "ao vivo" e de forma artesanal.[2][3][6]
O baterista Charles Gavin comparou a utilização de uma casa para gravar o disco (em vez de um estúdio profissional) com experiências similares do Deep Purple e do The Rolling Stones, que gravaram, respectivamente, em um castelo e em quartos de hotel.[6]
Letras
Segundo o vocalista e baixista Nando Reis, a decisão de assinar todas as composições simplesmente como "Titãs" não foi consensual. Ele próprio diz que faria diferente, e que ele acredita que isso pode ter pesado na decisão de Arnaldo de sair do grupo após este álbum.[7] Contudo, Nando acredita que é possível identificar o toque de cada autor em algumas letras, como Arnaldo em "Uma Coisa de Cada Vez" e o tecladista/vocalista Sérgio Britto em "O Fácil É o Certo".[7]
A faixa "Flat Cemitério Apartamento" originalmente continha um verso adicional que questionava: "E se a Knorr lançasse um caldo de coelho com novos condimentos?". "Clitóris", segundo seu autor Nando Reis, é uma manifestação do seu hábito de criar associações entre símbolos da igreja e partes do corpo humano (no caso, ele rima "clitóris" com "genuflexório"). "Isso Para Mim É Perfume" foi criada por Nando para expressar que quando duas pessoas se amam muito, elas querem dividir todas as suas intimidades, inclusive o uso do toalete para a evacuação - daí o refrão, que diz: "Amor, eu quero te ver cagar".[7]
Capa
A capa do disco foi montada pelo artista Fernando Zarif, usando imagens da enciclopédia Barsa. O encarte traz radiografias posadas dos integrantes[6] (nomeadamente os vocalistas Arnaldo, Paulo Miklos e Branco Mello[7]) obtidas no consultório de odontologia do pai de Paulo, no centro de São Paulo.[7]
Lançamento e divulgação
Segundo Nando, a banda lançou o disco logo antes de iniciar a turnê e não promoveu coletivas para falar com jornalistas a respeito da obra. A decisão, segundo ele, veio após eles se frustrarem com análises que eles julgaram superficiais e possivelmente resultantes da pressa dos jornalistas em darem o "furo". Contudo, ele acha que esse silêncio abalou a relação com a imprensa por ter sido possivelmente interpretado como arrogância da parte deles.[7]
O álbum saiu ao preço médio de Cr$ 3.500,00-4.500,00.[1][2] Apesar da má recepção da crítica, ficou entre os mais vendidos na segunda semana de outubro, conforme pesquisa do InformEstado, dPredefinição:'O Estado de S. Paulo, perdendo apenas para três lançamentos estrangeiros (Use Your Illusion I e II, do Guns N' Roses, e Slave to the Grind, do Skid Row).[8]
Como parte da divulgação do álbum, a MTV exibiu no dia 29 de setembro de 1991 um especial de 30 minutos homônimo ao álbum e produzido pela Conspiração Filmes, com direção de Arthur Fontes e Lula Buarque. A obra mostrava o processo de criação do disco, intercalando imagens dos bastidores com depoimentos dos integrantes.[3][9][10]
Um clipe para "Saia de Mim" seria exibido no programa Fantástico, da TV Globo, mas acabou vetado por conta da letra escatológica.[1][2]
Em 2021, Nando disse que, durante um show da turnê do disco numa cidade no interior do estado de São Paulo, alguém da plateia atirou um coelho morto no palco. Essa cena foi, para ele, representativa da mudança de público que o novo direcionamento musical deles ocasionou.[7]
Recepção
Recepção da crítica
Predefinição:Críticas profissionais Escrevendo nPredefinição:'O Estado de S. Paulo, Marcel Plasse considerou o disco como o pior dos Titãs após o Cabeça Dinossauro. Ele elogiou a parte instrumental, que chamou de "coquetel de Rolling Stones, Led Zeppelin, Doors, Faith No More, Bad Brains, U2 e punk brasileiro". Porém, disse que os vocais eram limpos demais e resultaram numa "mixagem do desastre". Criticou também as letras, apontando-as como repetitivas (chegou a contar quantas vezes certas palavras apareciam dentro de cada música) e associando-as ao concretismo, movimento que ele despachou como "bobagem".[2]
No Jornal do Brasil, Aponean Rodrigues elogiou o peso do instrumental do disco, descrevendo que "as guitarras sobressaem em camadas densas com discretos anúncios de teclados ao fundo, e a bateria tem a presença led zeppeliana como é do agrado de Gavin". Para ele, poderia haver ali uma tentativa de alcançar o mercado do heavy metal em que já se enveredavam as bandas conterrâneas Sepultura e Viper. Por outro lado, disse que "as letras das outras músicas formam um cordão de frases que dão a impressão de que foram imaginadas só para acompanhar as canções. Não faria grande diferença se elas fossem misturadas ao acaso. O resultado de uma escrita automática talvez fosse melhor".[6]
Também no Jornal do Brasil, na coluna "Em Questão", Jamari França elogiou o peso e a originalidade do disco, considerando-o o único lançamento da época (além de Zé Ninguém, do Biquini Cavadão) que "incomodava". Porém, criticou as letras, que considerou excessivamente escatológicas e parecidas com meros rascunhos. Na mesma coluna, David Trompowsky usou as letras das músicas para ironizar a banda, dizendo que o disco é "perfeito" para quem acha que "o fácil é o certo" e que a banda foi muito honesta ao afirmar que "Eu não sei fazer música/Mas eu faço/Eu não sei cantar as músicas que faço/Mas eu canto". Disse ainda que o disco também se adequa a quem considera o rock "um gênero que dispensa harmonia, melodia e razoáveis vocais".[11]
Os leitores e leitoras do jornal elegeram o disco o segundo melhor de 1991 (atrás apenas de Mais, de Marisa Monte), além de eleger o grupo o terceiro melhor do Brasil (atrás de Legião Urbana e Os Paralamas do Sucesso).[12]
Numa resenha de uma apresentação da banda em março de 1992, o crítico Jeferson de Souza diria que as músicas do disco funcionam melhor ao vivo do que em um álbum.[13]
Recepção comercial
Ao final da turnê do disco, pouco mais de um ano após o lançamento do mesmo, ele havia atingido a marca de 120 mil cópias vendidas.[14]
Faixas
- LP/K7/CD
Predefinição:Lista de faixas Predefinição:Lista de faixas
Créditos
Titãs (conforme encarte)
- Arnaldo Antunes - voz
- Branco Mello - voz
- Charles Gavin - bateria e percussão
- Marcelo Fromer - guitarra
- Nando Reis - baixo e vocal
- Paulo Miklos - teclado e voz
- Sérgio Britto - teclado e voz
- Tony Bellotto - guitarra
Pessoal técnico
- Engenharia de gravação: Carlos Freitas e Roberto Marques
- Overdub de teclados e vocais: Nas Nuvens (RJ)
- Engenharia de overdub: Vitor Farias
- Mixagem: Nas Nuvens (RJ)
- Técnicos de mixagem: Vitor Farias
- Assistentes de mixagem: Antoine Midani, Guilherme Carlicchio e Mauro Bianchi
- Masterização: Roberto Marques e Stephen Marcussen
- Assistentes de estúdio: Thiago Marques
- Assistente de produção: Nelson Damascena
- Capa: Fernando Zarif[2]
- Fotos: Rômulo Fialdini
- Roadie: Sombra Jones
- Arte final: Patrícia do Valle Dias
- Coordenação gráfica: Silvia Panella
- Desenhos da capa extraídos da Enciclopédia Barsa.
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 Carvalho, Mario Cesar (22 de setembro de 1991). «Titãs usam a escatologia em manifesto de reinvenção». Folha de S.Paulo (11459). 5 páginas. Consultado em 5 de agosto de 2021
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 Plasse, Marcel (24 de setembro de 1991). «Titãs no rumo do anti-sucesso». Grupo Estado. O Estado de S. Paulo. 35773: Caderno 2, página 66. Consultado em 4 de agosto de 2021
- ↑ 3,0 3,1 3,2 «O soco mais pesado dos Titãs». Grupo Globo. O Globo (21088): Segundo Caderno, página 14. 18 de agosto de 1991. Consultado em 10 de agosto de 2021
- ↑ 4,0 4,1 Reis, Luiz Felipe; Lichote; Leonardo (20 de outubro de 2016). «Peça e livro celebram os 30 anos de 'Cabeça dinossauro', dos Titãs». O Globo. Grupo Globo. Consultado em 21 de junho de 2017
- ↑ Garcia, Lauro Lisboa (12 de março de 1992). «Titãs passam a bola para Moleque de Rua». Grupo Estado. O Estado de S. Paulo. 35939: Caderno 2, página 63. Consultado em 4 de agosto de 2021
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 Rodrigues, Aponean (25 de setembro de 1991). «As vísceras dos Titãs» (PDF). Jornal do Brasil (Ano C Nº 170): 43 (pdf) / Caderno B, página 8 (original). Consultado em 8 de agosto de 2021
- ↑ 7,0 7,1 7,2 7,3 7,4 7,5 7,6 Nando Reis - 41 fatos sobre os Titãs (Parte IV): Tudo ao Mesmo Tempo Agora. YouTube. 14 de abril de 2021. Em cena em 7:24-11:11 (letras), 15:10-15:40 (autoria das faixas), 15:40-16:38 (a "mão" de cada membro), 17:32-18:05 (encarte), 19:04-21:24 (relação com a imprensa), 22:37-23:44 (público). Consultado em 10 de agosto de 2021
- ↑ «Rock pesado é o preferido». Grupo Estado. O Estado de S. Paulo. 35837: Estadinho, página 143. 1 de dezembro de 1991. Consultado em 4 de agosto de 2021
- ↑ Joe, Jimi (29 de setembro de 1991). «Especial mostra criação do novo disco dos Titãs». Grupo Estado. O Estado de S. Paulo. 35778: Caderno 2, página 151. Consultado em 4 de agosto de 2021
- ↑ «Titãs mostram novo LP na MTV» (PDF). Jornal do Brasil (Ano C Nº 171): 132 (pdf) / TV Programa 11 (original). 29 de setembro de 1991. Consultado em 9 de agosto de 2021
- ↑ França, Jamari; Trombowski, David (11 de outubro de 1991). «O incômodo rascunho dos Titãs / De nada a nada, muito obrigado» (PDF). Jornal do Brasil (Ano C Nº 186): 43 (pdf) / 5 (original). Consultado em 10 de agosto de 2021
- ↑ «Os eleitos das urnas» (PDF). Jornal do Brasil (Ano CI Nº 319): 83 (pdf). 23 de fevereiro de 1992. Consultado em 10 de agosto de 2021
- ↑ Souza, Jeferson de (14 de março de 1992). «Moleque e Titãs massacram». Grupo Estado. O Estado de S. Paulo. 35941: Caderno 2, página 54. Consultado em 8 de agosto de 2021
- ↑ Moraes, Denise (18 de outubro de 1992). «Titãs fecham turnê com munição extra» (PDF). Jornal do Brasil (Ano CII Nº 193): 47 (pdf) / Caderno B, página 3 (original). Consultado em 10 de agosto de 2021