Mais | |||||||
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Marisa Monte - Mais (1991).JPG | |||||||
Álbum de estúdio de Marisa Monte | |||||||
Lançamento | março de 1991 | ||||||
Gravação | setembro—novembro de 1990 | ||||||
Estúdio(s) | Skyline, & Criative Audio (Nova Iorque, Estados Unidos) Impressão Digital, & Nas Nuvens (Rio de Janeiro, Brasil) | ||||||
Gênero(s) | MPB | ||||||
Duração | 40:54 | ||||||
Formato(s) | CD, vinil | ||||||
Gravadora(s) | EMI, Phonomotor | ||||||
Produção | Arto Lindsay | ||||||
Cronologia de Marisa Monte | |||||||
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Singles de Mais | |||||||
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Mais é o segundo álbum da artista musical brasileira Marisa Monte, sendo o primeiro de estúdio. O seu lançamento ocorreu em 13 de março de 1991, através da gravadora EMI.
Antecedentes e gravação
Marisa, descoberta por Nelson Motta em 1988, teve como ele o seu diretor artístico, que criou uma campanha de promoção primorosa de shows em locais de repercussão para a cantora. A partir daí, Monte deu uma entrevista a uma matéria para o Jornal do Brasil, recebendo diversas ofertas de contrato por editoras fonográficas, que foram recusados.[1] Quando assinou com a EMI, lançou seu álbum ao vivo de estreia em 1989, sendo um sucesso comercial e campeão de vendas no ano. Em poucos meses, havia chegado a marca de um milhão de cópias, impulsionado pelo single "Bem que se Quis", incluido na trilha sonora de uma novela das oito.[2][1] Nesse ponto, a cantora já era considerada um "padrão e referência", por ter religado "de forma definitiva tribos até então nem sempre se harmonizaram na cena brasileira", ao passo em que é notado o surgimento de "uma música pop brasileira, que conciliou influências da MPB, do rock, do samba e da nação nordestina sem que um gênero se sobrepusesse a outro".[3]
Em julho de 1990, Monte havia se apresentado no Festival de Jazz de Montreux, onde apresentou as faixas do disco que até então inéditas, sendo elas "Volte para o Seu Lar" e "Ensaboa".[4] Dois meses depois, as sessões de gravação do álbum começaram, durando entre até novembro de 1990 e ocorrendo em vários estúdios entre o Brasil e Nova Iorque.[5][3] Conforme se relatou numa matéria da revista Bizz, a gravadora EMI financiou de forma melhor o álbum, dado o sucesso do debute supracitado.[1]
Composição
A ideia do álbum era exatamente romper com "acusações de 'crooner talentosa' e instituir uma cara nova e coesa para o seu trabalho", dentro de um estilo próprio. Monte sintetizou, na época, o processo como "procurar sua turma".[1] Disse que o projeto era um afastamento das interpretações de canções de seu gosto pessoal para algo que tivesse a ver com a sua geração, também afirmando que não era uma compositora, mas que apreciava conceber a ligação entre compositores que acompanhem ela pela carreira.[1]
Entre suas doze faixas, Mais contém oito canções inéditas e três versões cover, além de uma versão musicada de um conto do poema "Borboleta", advinda do folclore do nordeste brasileiro.[6][7] Algumas dessas inéditas haviam sido compostas por dois membros da banda Titãs, como Arnaldo Antunes e Nando Reis. O primeiro co-compôs a faixa inicial do álbum e um dos sucessos do mesmo, "Beija Eu".[3][6] Também presente como o único compositor em "Volte para o Seu Lar", a música é vista como "demarcação de território ideológico", feita pela cantora sobre um batuque que "soou tribal e contemporâneo".[3][6] Reis também é um escritor recorrente no álbum, assinando quatro das canções de Mais; a mais conhecida é "Ainda Lembro", terceira faixa do álbum que é uma balada com influência soul e um single de êxito da cantora, com participação de Ed Motta; o cantor já havia participado em duas canções no show que gerou o álbum debute de Marisa em outubro de 1988, sendo elas "I Heard It Through the Grapevine", de Marvin Gaye, e "These Are the Songs", de Tim Maia.[3] A partir da quarta canção do LP, o mesmo continua com as músicas "De Noite na Cama", composta por Caetano Veloso e originalmente com a sua primeira gravação lançada em 1971, por Erasmo Carlos; "Rosa", que teve sua melodia composta por Pixinguinha em 1917, recebendo letra de Otávio de Souza no final dos anos 30; "Borboleta", retirada do folclore nordestino e sendo musicada no disco; e "Ensaboa" de Cartola que, na versão de Monte, recebeu trechos de "Lamento da Lavadeira" composta por Monsueto juntamente com um "mashup de tons sociais", citando versos de "Sorrow, Tears and Blood" e "Colonial Mentality" de Fela Kuti, "Eu Sou Negão (Macuxi Muita Onda)" de Gerônimo Santana, de "A Felicidade" de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes.[3][6] e de "Irene", de Caetano Veloso.
Mais volta com canções originais na faixa oito, onde Antunes fez parceria de escrita com outro integrante do Titãs, Branco Mello na canção "Eu Não Sou da Sua Rua", que é vista como uma "mensagem de desapego às coisas do mundo que Marisa deu com delicadeza", demonstrando que Monte adotou "desde então tons menos dramáticos".[3][6] Favorita dos seguidores da artista, "Diariamente" é outra música que foi grafada por Reis e que foi descrita como "graciosa". O disco prossegue com "Eu Sei (Na Mira)", canção pop composta sozinha por Monte. As últimas duas foram compostas tanto pela musicista quanto por Reis; as faixas "Tudo Pela Metade" e "Mustapha" foram descritas como "menos imponentes no conjunto do aliciante repertório de Mais e, sintomaticamente, foram alocadas ao fim do disco".[3][6]
Recepção crítica
Na época do lançamento, a crítica do jornal O Estado de S. Paulo elogiou o disco, afirmando que a cantora estava "menos dramática, com a voz ainda mais afinada e cristalina, o que parecia impossível, Marisa chega a comover. E, definitivamente, ingressa no panteão dos titãs, em todos os sentidos."[8] Numa análise retrospectiva de 2020, o jornalista Mauro Ferreira afirma que o álbum "reverteu expectativas de quem ansiava por outro disco com lapidações de joias da música brasileira".[3]
Lista de faixas
Notas
- A faixa "Ensaboa" conta com as canções "Lamento da Lavadeira" (de Monsueto), "Colonial Mentality", "Marinheiro Só", "A Felicidade", "Eu Sou Negão" e "Irene" (Caetano Veloso) como música incidental[7]
- Foram escolhidos como singles do álbum as faixas "Beija eu", ""Rosa", "Eu Sei (Na Mira)", "Ainda Lembro" e "Diariamente" [9]
Participações em trilhas sonoras
- "Eu Sei (Na Mira)" fez parte da trilha sonora da novela O Dono do Mundo da Rede Globo.
- "Ainda Lembro" fez parte da trilha sonora da novela Deus Nos Acuda da Rede Globo.
- "Rosa" fez parte da trilha sonora das novelas Fera Ferida, Desejo Proibido e Espelho da Vida da Rede Globo.
Desempenho nas tabelas musicais
Posições
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Certificações
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Créditos
Adaptados do encarte:[6]
Músicos
- Marisa Monte — vocais
- Pastoras da Velha Guarda da Portela (Dona Doca, Dona Surica e Dona Eunice) — vocais em "Ensaboa"
- Criançada — coral em "Tudo Pela Metade"
- Arto Lindsay — vocais em "Volte para o Seu Lar", guitarra em "De Noite na Cama", "Eu Sei (Na Mira)" e "Tudo Pela Metade"
- Gigante Brazil — vocais em "Ensaboa" e "Mustapha". bateria em "Ensaboa" e "Eu Sei (Na Mira)" e percussão em "Mustapha"
- Prince Vasconcelos de Bois — vocais e percussão em "Borboleta"
- Marc Ribot — guitarras em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama", "Tudo Pela Metade" e violão em "Beija Eu"
- Perinho Santana — guitarra em "Ensaboa" e "Mustapha", guitarra base em "Eu Sei (Na Mira)" e violão em "Mustapha"
- Robertinho de Recife — violões em "Ainda Lembro", "Borboleta", "Eu Sei (Na Mira)" e "Mustapha"
- Romero Lubambo — violões em "Eu Não Sou da Sua Rua" e "Diariamente" e assobio em "Eu Não Sou da Sua Rua"
- Melvin Gibbs — baixo em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama" e "Tudo Pela Metade"
- Ricardo Feijão — baixo em "Ensaboa", "Eu Sei (Na Mira)" e "Mustapha"
- Bernie Worrell — teclados em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama" e "Tudo Pela Metade"
- Ryuichi Sakamoto — teclados em "Ainda Lembro", "Rosa", "Ensaboa", "Eu Sei (Na Mira)" e "Mustapha"
- Dougie Bowne — bateria em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama" e "Tudo Pela Metade"
- Naná Vasconcelos — percussão em "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama", "Eu Não Sou da Sua Rua" e "Tudo Pela Metade"
- Armando Marçal — percussão em "Ainda Lembro", "Ensaboa" e "Eu Sei (Na Mira)" e cuíca em "De Noite na Cama", "Rosa" e "Mustapha"
- Cyro Baptista — percussão em "Diariamente"
- John Zorn — saxofone alto em "Volte para o Seu Lar" e "Ensaboa"
- Marty Erhlich — saxofone tenor em "Volte para o Seu Lar" e "Ensaboa"
- Carol Emmanuel — harpa em "Diariamente"
Pessoal técnico
- Produção — Arto Lindsay
- Direção artística — Jorge Davidson
- Direção executiva — Leonardo Netto
- Concepção do projeto e produção executiva — Lula Buarque, em Nova York
- Técnicos de gravação e de mixagem — Patrick Dillet e Roger Moutenot
- Assistentes de gravação e mixagem — Justin Luchter, Dave Shiffman e Mauro Bianchi
- Projeto gráfico — Claudio Torres
- Fotos — Marcia Ramalho
- Coordenação do projeto gráfico — Gisele Ribeiro
- Escriba — Nando Reis
- Pintura do cenário — Emily Pirmez
- Maquilagem — Marlene Moura
- Coordenação gráfica — Egeu Laus
- Assistente de produção — Wagner "Moreno" Paes, no Rio de Janeiro
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 Forastieri, André. «Marisa Monte» (PDF). Bizz. Revista Bizz: 26-28. Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ Ariza, Adonay (2006). Eletronic samba: a música brasileira no contexto das tendências internacionais (em português). [S.l.]: Annablume. Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 Ferreira, Mauro (25 de abril de 2020). «Discos para descobrir em casa – 'Mais', Marisa Monte, 1991». G1. Grupo Globo. Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ «Montreux Jazz Festival 1990 Setlists». setlist.fm (em English). Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ «Discografia de Marisa Monte». Marisa Monte. Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 6,6 (1991). "Anotações de Mais". Em Mais [encarte do CD]. Hollywod: World Pacific.
- ↑ 7,0 7,1 Marisa Monte - "Mais" (LP)
- ↑ Leite, Edmundo (31 de agosto de 2012). «Alguns discos clássicos já nascem grandes». Acervo Estadão. Grupo Estado. Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ Marisa Monte - "Beija Eu" (Single)
- ↑ «Marisa Monte – Mais (Billboard World Albums)» (em English). Billboard World Albums. Billboard. Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ «Marisa Monte – CERTIFICADOS – Pro-Música Brasil». pro-musicabr.org.br. Consultado em 6 de dezembro de 2020
- ↑ Rocha, Daniel (julho de 2000). «Páginas negras». Brasil: Trip Editora e Propaganda. Trip (em português). 13 (80): 16. ISSN 1414-350X. Consultado em 6 de dezembro de 2020