Predefinição:Info/Militar Orlando Beckmann Geisel GCA • GCIH (Bento Gonçalves, 5 de setembro de 1905 — Brasília, 30 de maio de 1979) foi um general-de-exército brasileiro, Ministro do Exército, durante o governo Emílio Médici.[1]
Carreira Militar
Filho de August Wilhelm Geisel e Lídia Beckmann, era irmão mais velho de Ernesto Geisel. Nasceu em 5 de setembro de 1905, passando a infância e a juventude em Teutônia e Estrela.
Estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, onde foi o primeiro aluno da turma em 1922. Ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em fevereiro de 1923. Foi declarado aspirante-a-oficial da arma de artilharia em dezembro de 1925. Na mesma data, foi promovido a segundo-tenente e em janeiro de 1928 a primeiro-tenente.[1]
Participou da Revolução de 1930, levantando a guarnição de Cachoeira do Sul, na qual comandava uma bateria de artilharia. Após a vitória do movimento e a instalação do Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas, serviu como subcomandante do 6º Regimento de Artilharia Montada, sediado em Cruz Alta, entre agosto e outubro de 1931, e do 3º Grupo Independente de Artilharia, sediado em Bagé, de novembro desse último ano a janeiro de 1932. Tomou parte, também como comandante de bateria, do combate à Revolução Constitucionalista de São Paulo, deflagrada em julho de 1932 contra o Governo Provisório. Com a vitória das forças legalistas no início de outubro, voltou ao subcomando do 3º Grupo Independente de Artilharia, onde permaneceu até fevereiro de 1933, quando foi promovido a capitão.[1][2]
Foi um instrutor muito conceituado da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e da Escola de Estado-Maior,[2] onde trabalhou entre fevereiro de 1938 e novembro de 1940. Foi promovido a major em dezembro de 1941 e a tenente-coronel em março de 1945.[1]
Comandou o 1º Grupo de Obuses 155, no Rio de Janeiro, de maio de 1946 a junho de 1947.[3] Em seguida, passou a servir como adjunto na 3ª Seção do Estado-Maior Geral — designação que tinha então o Estado-Maior das Forças Armadas, onde permaneceu até dezembro de 1949.[1]
Foi adjunto do adido militar em Washington a partir de fevereiro de 1950. Fez os cursos de comando e estado-maior do Exército Norte-Americano e em janeiro de 1952, ainda nos Estados Unidos, foi promovido a coronel. Exerceu suas funções até março desse mesmo ano e, de volta ao Brasil, ocupou entre abril e dezembro, a chefia do gabinete da Diretoria de Motomecanização. Foi diretor de ensino da Escola de Estado-Maior de 1953 a 1955. Em fevereiro de 1955, assumiu o comando do 1º Grupo de Canhões Automáticos, que ocuparia até janeiro de 1956.[1]
Pouco antes, em novembro de 1955, ficou à disposição do general Antônio José de Lima Câmara, comandante da 1ª Região Militar e executor do estado de sítio, que vigorou dessa data a fevereiro do ano seguinte. O estado de sítio foi uma decorrência do Movimento do 11 de Novembro de 1955, liderado pelo Ministro da Guerra demissionário, general Henrique Teixeira Lott, que colocou na chefia do governo o vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, após ter afastado o presidente em exercício Carlos Luz, por considerá-lo envolvido em conspiração para impedir a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart, eleitos respectivamente presidente e vice-presidente da República em outubro de 1955.[1] Atuou como auxiliar do comandante da censura à imprensa.[2]
Durante os anos de 1956 e 1957, foi subcomandante e comandante interino da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Em seguida, passou à disposição do Ministério da Fazenda a partir de outubro de 1957.
Oficial General
Foi promovido a general-de-brigada em abril de 1958. De volta ao serviço ativo em julho de 1959, nesse mesmo mês assumiu a chefia do estado-maior do I Exército, cujo comandante era o marechal Odílio Denys. Exerceu suas funções até fevereiro de 1960, quando passou a chefiar o gabinete de Denys, já titular da pasta da Guerra. Permaneceu no cargo até setembro de 1961, logo após a renúncia de Jânio Quadros da presidência da República.[1]
Após a renúncia de Jânio Quadros, durante a Campanha da Legalidade liderada por Leonel Brizola, ordenou ao comandante do III Exército que fosse bombardeado o Palácio Piratini, de onde Brizola dirigia as transmissões da Rede da Legalidade. A ordem entretanto não foi cumprida.[2].
Foi promovido a general-de-divisão em março de 1964, mês em que foi deflagrado o movimento político-militar que depôs o presidente João Goulart. Durante o governo do marechal Humberto Castelo Branco, exerceu diversos cargos. Foi comandante da 1ª Divisão de Infantaria e da guarnição da Vila Militar em abril de 1964, presidente da Comissão Especial de Reversão do Exército ainda no mesmo ano.[1] Entre 7 de maio de 1964 e 9 de dezembro de 1965, comandou a 1ª Região Militar, no Rio de Janeiro.[4]
Em novembro de 1965, foi promovido a general-de-exército. Em seguida, foi Chefe do Departamento-Geral do Pessoal, entre 10 de dezembro de 1965 e 30 de maio de 1966.[5]
Foi Comandante do III Exército, entre 26 de maio e 27 de novembro de 1966.[6]
Posteriormente, foi chefe do Estado-Maior do Exército, de 5 de dezembro de 1966 a 29 de março de 1968, já no governo do marechal Artur da Costa e Silva.[7]
Assumiu a chefia Estado-Maior das Forças Armadas entre 11 de março de 1968 e 30 de outubro de 1969. Em agosto de 1969, já constatada a impossibilidade de Costa e Silva permanecer no exercício da presidência devido a grave enfermidade, participou, na qualidade de chefe do EMFA, da reunião do Alto Comando das Forças Armadas que determinou o afastamento do vice-presidente Pedro Aleixo da linha sucessória e a constituição de uma junta militar, pelos três ministros militares, para governar o país em caráter temporário.[1]
Nesse interregno, esteve cotado para a chefia do Executivo, juntamente com os generais Afonso de Albuquerque Lima, Antônio Carlos da Silva Murici, Aurélio de Lira Tavares, Siseno Sarmento e Emílio Garrastazu Médici. No entanto, desaprovando sua indicação, compareceu ao palácio Laranjeiras para solicitar à junta militar que não permitisse articulações em torno de seu nome. No dia 29 de setembro, foi convocada uma nova reunião do Alto Comando do Exército, de cuja pauta constava a apreciação da lista tríplice para a presidência da República, resultante das preferências dos quatro exércitos, que em seguida seria encaminhada ao Alto Comando das Forças Armadas, já com os resultados da Marinha e da Aeronáutica. Médici foi o único candidato indicado pelas três armas.[1]
Ministro do Exército
No dia 4 de outubro, juntamente com Lira Tavares, Orlando Geisel enviou telegrama a Médici, pedindo-lhe que não recusasse a presidência. No dia 18 seguinte, foi convidado pelo futuro presidente para ocupar o Ministério do Exército, mas condicionou sua aceitação a ter nas mãos todas as responsabilidades pela segurança nacional. Exerceu o cargo de Ministro do Exército, de 30 de outubro de 1969 a 15 de março de 1974, durante a presidência de Garrastazu Médici. Foi o primeiro filho de alemães a atingir esses altos cargos militares.[8] Durante sua gestão, promoveu a total reforma do ministério e o reaparelhamento do Exército, substituindo o armamento obsoleto e gasto por equipamento moderno e eficiente, padronizando o calibre e adestrando a tropa.[1]
A 14 de fevereiro de 1970 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis e a 8 de março de 1973 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.[9]
Com a aproximação do fim do mandato de Médici, teve seu nome mais uma vez cotado para o cargo de presidente. Na ocasião, desempenhou, segundo o Jornal do Brasil, um papel importante no processo que resultou na escolha de Ernesto Geisel para a presidência da República, consultando Médici sobre a existência de alguma restrição ao nome de seu irmão e afirmando que se houvesse, ele próprio aceitaria então a indicação. O resultado dos entendimentos foram favoráveis a Ernesto Geisel, que assumiu afinal a presidência em 15 de março de 1974.[1]
Orlando planejava continuar no Ministério do Exército. Eleito, Ernesto não indicou o seu irmão, pois achava que isso era coisa de "república de bananas". Orlando não assimilou o novo papel institucional do Presidente, acusando-o de ingratidão. Os dois romperam desde quando Ernesto foi empossado. Deixou o serviço ativo do Exército logo após transmitir o cargo de Ministro ao general Vicente de Paulo Dale Coutinho.[1]
Orlando não desocupou o imóvel destinado ao ministro do Exército - o Palacete Laguna, no Rio de Janeiro, antiga residência do "Chalaça", o ordenança de D. Pedro I. Ernesto, luterano e austero, nunca entendeu o comportamento do irmão. Os dois evitaram encontros públicos, muito embora as famílias continuassem a se frequentar. Há registros (não confirmados) de que se encontraram duas vezes, antes de Orlando morrer, em 1979. O general Sylvio Frota por outro lado desmente esta versão, revelando que o palácio foi cedido pelo próprio general Frota, que não quis ocupá-lo.[10] Élio Gaspari também desmente, explicando que o general Orlando Geisel havia sofrido um AVC e permaneceu convalescendo no local, porém afirma que tal permanência no palácio causou polêmica na época.[11]
Morreu em 30 de maio de 1979, aos 73 anos de idade, de parada cardíaca. Orlando está sepultado no Cemitério Campo da Esperança em Brasília [12].
Casou com Alzira, miss Cachoeira do Sul, nos anos 1930. Teve dois filhos, Augusto Guilherme e Lídia Geisel Domingues.[2]
Promoções[13]
Patente | Data |
---|---|
Aspirante a oficial | 1925 |
Segundo-tenente | 1925 |
Primeiro-tenente | 1928 |
Capitão | 1933 |
Major | 1941 |
Tenente-coronel | 1945 |
Coronel | 1952 |
General de brigada | 1958 |
General de divisão | 1964 |
General de exército | 1965 |
Referências
- ↑ 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 1,13 «Biografia de Orlando Geisel no site do CPDOC/FGV». Consultado em 6 de maio de 2021
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 Gaspari, Elio (2014). A Ditadura Escancarada 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca. 526 páginas. ISBN 978-85-8057-408-1
- ↑ «Galeria dos Comandantes do 11o. GAC». Consultado em 5 de junho de 2019
- ↑ «Galeria de Comandantes da 1ª Região Militar». Consultado em 12 de dezembro de 2014
- ↑ «Galeria de Eternos Chefes do DGP». Consultado em 13 de maio de 2022
- ↑ «Galeria de Ex-Comandantes do CMS». Consultado em 29 de janeiro de 2021
- ↑ «Ex-Chefes do EME». Consultado em 29 de janeiro de 2021
- ↑ «Comandantes do Exército Brasileiro». Consultado em 29 de janeiro de 2021
- ↑ «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Orlando Geisel". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 24 de março de 2016
- ↑ FROTA, Sylvio. Ideais traídos, p.126.
- ↑ GASPARI, Elio. A ditadura derrotada, p.289
- ↑ «Acervo Digital - Folha de S.Paulo». Acervo Digital - Folha de S.Paulo (em português). Consultado em 19 de junho de 2021
- ↑ «Orlando Geisel»
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Predefinição:Chefes do Estado-Maior do Exército (Brasil)
Predefinição:Chefes do Estado-Maior das Forças Armadas
Precedido por Altamiro da Fonseca Braga |
3º Comandante do 1º Grupo de Obuses 155 1946 — 1947 |
Sucedido por Ramiro Gorretta Junior |
Precedido por Estevão Taurino de Rezende Netto |
46º Comandante da 1ª RM 1964 — 1965 |
Sucedido por Raphael de Souza Aguiar |
Precedido por Nilo Augusto Guerreiro Lima |
12º Chefe do Departamento-Geral do Pessoal 1965 — 1966 |
Sucedido por Hugo Panasco Alvim |
Precedido por Mário Poppe de Figueiredo |
21º Comandante do III Exército 1966 |
Sucedido por Álvaro Alves da Silva Braga |
Precedido por Décio Palmeiro Escobar |
35º Chefe do Estado-Maior do Exército 1966 — 1968 |
Sucedido por Adalberto Pereira dos Santos |
Precedido por Nélson Freire Lavanère-Wanderley |
15º Ministro-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas 1968 — 1969 |
Sucedido por Murillo Vasco do Valle e Silva |
Precedido por Aurélio de Lira Tavares |
2º Ministro do Exército 1969 — 1974 |
Sucedido por Vicente de Paulo Dale Coutinho |
Predefinição:Gabinete de Costa e Silva Predefinição:Gabinete de Emílio Garrastazu Médici