Obesidade | |
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Silhuetas e cintura de um corpo saudável, outro com excesso de peso e um terceiro obeso. | |
Especialidade | Endocrinologia |
Sintomas | Tecido adiposo em excesso[1] |
Complicações | Doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, apneia do sono obstrutiva, alguns tipos de cancro, osteoartrite, depressão[2][3] |
Causas | Alimentação excessiva, falta de exercício, genética[1][4] |
Método de diagnóstico | IMC > Predefinição:Val[1] |
Prevenção | Mudanças sociais, escolhas pessoais[1] |
Tratamento | Dieta adequada, exercício, medicação, cirurgia[1][5][6] |
Prognóstico | Diminuição da esperança de vida[2] |
Frequência | 700 milhões / 12% (2015)[7] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | E66 |
CID-9 | 278 |
DiseasesDB | 9099 |
MedlinePlus | 003101 |
eMedicine | med/1653 |
Leia o aviso médicoPredefinição:Pad |
Obesidade é uma condição médica em que se verifica acumulação excessiva de tecido adiposo ao ponto de poder ter impacto negativo na saúde.[1] Uma pessoa é considerada obesa quando o seu índice de massa corporal (IMC) é superior a Predefinição:Val, e com excesso de peso quando o seu IMC é superior a Predefinição:Val.Predefinição:Nota de rodapé O IMC é calculado dividindo o peso da pessoa pelo quadrado da sua altura.[1] A obesidade aumenta a probabilidade de ocorrência de várias doenças, em particular de doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, apneia do sono obstrutiva, alguns tipos de cancro, osteoartrite, e depressão.[2][3]
A causa mais comum de obesidade é uma combinação de dieta hiperenergética, falta de exercício físico e suscetibilidade genética.[1][4] Alguns casos são causados por genes, doenças endócrinas, medicamentos ou perturbações mentais.[8] Não há evidências que apoiem um metabolismo lento como causa de obesidade em pessoas obesas que comem pouco.[9] Em média, as pessoas obesas consomem mais energia do que as restantes, uma vez que quanto maior a massa corporal, maior a necessidade de energia.[9][10]
A prevenção da obesidade consiste em alterações sociais e escolhas pessoais.[1] O tratamento da obesidade baseia-se na dieta e no exercício físico.[2] A qualidade da dieta pode ser melhorada reduzindo o consumo de alimentos ricos em energia, tais como os que têm grande quantidade de gordura e açúcar, e aumentando a ingestão de fibra dietética.[1] Para acompanhar a dieta adequada pode ser administrada medicação anti-obesidade para reduzir o apetite ou diminuir a absorção de gordura pelo corpo.[5] Quando a dieta, o exercício e a medicação não demonstram ser eficazes, pode ser considerada a aplicação de uma banda gástrica ou uma cirurgia bariátrica para reduzir o volume do estômago ou o comprimento do intestino, o que faz com que a pessoa se sinta cheia mais cedo e que haja menor capacidade de absorção de nutrientes dos alimentos.[6][11]
A obesidade é uma das principais causas de morte evitáveis em todo o mundo, com taxas de prevalência cada vez maiores em adultos e crianças.[1][12] Em 2015, 600 milhões de adultos (12% do total) e 100 milhões de crianças eram obesas.[7] A obesidade é mais comum entre mulheres do que entre homens.[1] As autoridades de saúde consideram a obesidade um dos mais graves problemas de saúde pública do século XXI.[13] Em grande parte do mundo contemporâneo, particularmente na sociedade ocidental, a obesidade é alvo de estigma social, embora ao longo da História tenha sido vista como símbolo de riqueza e fertilidade, perspectiva que ainda se mantém em algumas partes do mundo.[2][14]
Classificação
IMC (kg/m2) | Classificação[15][16] | Risco de comorbidades |
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<18,50 | baixo peso | baixo (mas risco de outros problemas) |
18,50–24,99 | variação normal | médio |
25,00–29,99 | pré-obesidade | aumentado |
30,00–34,99 | obesidade classe I | moderado |
35,00–39,99 | obesidade classe II | grave |
≥40,00 | obesidade classe III | muito grave |
A obesidade é uma condição médica na qual se verifica acumulação de tecido adiposo em excesso ao ponto de poder ter impacto negativo na saúde.[17] É definida em função do índice de massa corporal (IMC) e avaliada em termos de distribuição de gordura pelo índice de cintura e quadris e pelos factores de risco cardiovascular.[18][19] O IMC está intimamente relacionado com a taxa de gordura corporal e a quantidade total de gordura no corpo.[20]
Calcula-se o IMC dividindo o peso do indivíduo pelo quadrado da sua altura, através da seguinte forma:[15]
- em que m corresponde ao peso da pessoa em quilogramas, e h corresponde à altura em metros. O IMC é geralmente expresso em quilogramas por metro quadrado.
As definições mais amplamente usadas a nível mundial e em vigor nos países lusófonos, definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1997 e publicadas em 2000, indicam os valores de referência na tabela à direita.[17] No entanto, alguns países asiáticos redefiniram os valores de obesidade da OMS, uma vez que as populações asiáticas desenvolvem consequências de saúde negativas a um IMC menor do que os caucasianos. Por exemplo, o Japão define obesidade como qualquer IMC superior a 25 kg/m2,[21] enquanto que a China usa um IMC superior a 28 kg/m2.[22] Algumas entidades de saúde também realizam alterações à definição da OMS. Por exemplo, a literatura cirúrgica divide a obesidade de classe III em mais categorias, cujos valores precisos ainda se encontram em discussão.[23]
Em crianças e adolescentes
Em crianças, o peso considerado saudável varia em função da idade e do sexo. A obesidade em crianças e adolescentes não é definida em função de um número absoluto, mas sim por um percentil. Assim, uma criança com idade superior a dois anos é considerada obesa quando o seu IMC é igual ou superior ao percentil 95 para o seu sexo e idade. Da mesma forma, considera-se que uma criança tem excesso de peso (pré-obesidade) quando o seu IMC está entre o percentil 85 e 95.[15][24][25] Os dados de referência nos quais estes percentis se baseiam correspondem ao período entre 1963 e 1994, os quais não foram afetados pelo aumento recente da média de peso.[26]
Efeitos na saúde
O excesso de massa corporal está associado a várias doenças, em particular doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, apneia do sono, alguns tipos de cancro, osteoartrite e asma[2][27] Em consequência destes factores, determina-se que a obesidade contribui para a diminuição da esperança de vida.[2]
Mortalidade
A obesidade é uma das principais causas de morte evitáveis em todo o mundo..[28][29][30] Em cada ano, morrem 3,4 milhões de adultos em consequência da obesidade ou do sobrepeso. A doença está também na origem de 44% dos casos de diabetes, 23% dos casos de doença arterial coronariana e entre 7 e 41% de determinados tipos de cancro.[31] Na Europa, 7,7% das mortes (cerca de um milhão de pessoas) são atribuídas ao excesso de peso.[32][33] Em média, a obesidade reduz a esperança de vida entre seis a sete anos.[2][34] Um IMC entre 30 e 35 kg/m2 reduz a esperança de vida entre dois e quatro anos,[35] enquanto que a obesidade grave (IMC > 40 kg/m2) reduz a esperança de vida em dez anos.[35]
O risco de mortalidade é menor no intervalo de IMC de 20-25 kg/m2 em não fumadores,[36][35] e 24–27 kg/m2 em fumadores.[37][38] Existe uma associação entre valores de IMC superiores a 32 kg/m2 e a duplicação da taxa de mortalidade entre mulheres, ao longo de um período de 16 anos.[39]
Comorbilidades
A obesidade aumenta o risco de diversas complicações físicas e psicológicas. Estas comorbidades estão frequentemente integradas numa condição denominada síndrome metabólica,[2] um conjunto de transtornos clínicos que engloba: diabetes mellitus tipo 2, pressão arterial elevada, colesterol elevado e níveis elevados de triglicerídeos.[40] As complicações podem ser causadas diretamente pela obesidade ou de forma indireta, através de mecanismos com causas em comum, como por exemplo uma dieta desequilibrada ou um estilo de vida sedentário. A intensidade da relação entre a obesidade e complicações específicas é variável. Uma das mais fortes é a ligação com a diabetes do tipo II. O excesso de gordura corporal está na origem de 64% dos casos de diabetes em homens e 77% dos casos em mulheres.[41]
As consequências da obesidade a nível da saúde podem ser classificadas em duas categorias genéricas: as que podem ser atribuídas aos efeitos do aumento da massa adiposa (como a osteoartrite, a apneia de sono ou o estigma social) e as que podem ser atribuídas ao aumento do número e do volume de células adiposas,[42] como a diabetes, cancro, doenças cardiovasculares ou a doença hepática gordurosa não alcoólica.[2][43] O aumento de gordura corporal altera a reação do corpo à insulina, o que pode provocar resistência à insulina, e também cria um estado pró-inflamatório[44][45] e pró-trombótico.[43][46]
Causas
A nível individual, pensa-se que maior parte dos casos de obesidade se deva a uma conjugação da ingestão de alimentos energéticos em excesso com a ausência de exercício físico.[47] Uma percentagem pequena de casos deve-se principalmente a condições genéticas, transtornos psiquiátricos ou razões médicas em geral.[48] Por outro lado, o aumento generalizado da prevalência de obesidade na sociedade deve-se à facilidade no acesso à dieta hiperenergética,[49] ao aumento da dependência de transportes automóveis e à mecanização do trabalho.[50][51]
Dieta
Existe uma relação entre o consumo de energia total e a obesidade.[52] A maior parte da energia consumida em excesso tem origem no aumento do consumo de hidratos de carbono, e não no consumo de gordura.[53] As principais fontes destes hidratos de carbono em excesso são as bebidas açucaradas[54] e as batatas fritas,[55] e acredita-se que o seu consumo excessivo esteja a contribuir para o aumento dos índices de obesidade.[56][57] À medida que as sociedades se tornam cada vez mais consumidoras de dietas hipercalóricas, fast-food e refeições de grandes porções, a ligação entre o consumo de fast-food e a obesidade torna-se mais evidente.[58][59]
A disponibilidade de energia dietética per capita varia de forma acentuada entre diferentes regiões e países, e foi-se alterando de forma significativa ao longo do tempo.[60] Entre o início da década de 1970 e o fim da década de 1990, a energia alimentar disponível por pessoa e por dia (a quantidade de alimentos comprados) aumentou em todas as partes do mundo, exceto na Europa do Leste. A maior disponibilidade encontra-se nos Estados Unidos, com 3654 cal por pessoa em 1996,[60] valor que aumentou para 3754 Cal em 2003.[60] Em finais da década de 1990, os europeus tinham disponíveis em média 3394 Cal por pessoa, enquanto que nas regiões em desenvolvimento da Ásia a disponibilidade era de 2648 por pessoa e na África subsariana de 2176 Cal por pessoa.[60][61] Apesar de estarem disponíveis recomendações de nutrição em diversos países, continuam a existir problemas derivados da ingestão excessiva de alimentos e de escolhas dietéticas pouco saudáveis.[62]