Predefinição:Info/Corrida automobilística
Resultados do Grande Prêmio dos Estados Unidos de Fórmula 1 realizado em Watkins Glen em 4 de outubro de 1970. Décima segunda etapa do campeonato, nela Emerson Fittipaldi, da Lotus-Ford, conseguiu a primeira vitória de sua carreira com Pedro Rodríguez em segundo pela BRM e Reine Wisell em terceiro pela Lotus-Ford. Graças a esse resultado a equipe de Colin Chapman assegurou o título de Jochen Rindt, o único campeão mundial post-mortem na história da categoria.[1][2][nota 1]
Resumo
Lotus versus Ferrari
Presente na Fórmula 1 desde o Grande Prêmio de Mônaco de 1958,[3] a Lotus somou 41 vitórias e três títulos mundiais de pilotos com Jim Clark e Graham Hill, além de igual número de títulos entre os construtores antes de chegar aos Estados Unidos para mais uma etapa do campeonato de 1970. Por sua vez a Ferrari conseguiu 45 vitórias, seis títulos mundiais de pilotos e dois de construtores desde a sua estreia no Grande Prêmio de Mônaco de 1950, graças aos talentos de Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio, Mike Hawthorn, Phil Hill e John Surtees, dentre outros condutores de parte a parte.[4]Predefinição:Nota de rodapé
Equivalentes em termos numéricos, os dois times chegaram à pista de Watkins Glen International em situações distintas: a Lotus não disputou as duas últimas provas em respeito à memória de Jochen Rindt, morto em 5 de setembro durante os treinos para o Grande Prêmio da Itália, enquanto a Ferrari soma três vitórias consecutivas, razão pela qual Jochen Rindt lidera o campeonato com 45 pontos enquanto Jacky Ickx vem a seguir com 28 pontos, sendo o único piloto capaz de tomar o título do finado corredor austríaco.
A morte trágica de Jochen Rindt foi seguida pela aposentadoria de John Miles, titulares da Lotus até a estreia de Emerson Fittipaldi como terceiro piloto da equipe no Grande Prêmio da Grã-Bretanha[5] e o brasileiro marcou seus primeiros pontos na corrida seguinte, o Grande Prêmio da Alemanha.[6] Mesmo sendo um calouro, Fittipaldi exercerá papel decisivo na corrida norte-americana, pois seu novo companheiro de time é o estreante Reine Wisell.[7] Por sua vez a Ferrari aposta na combinação entre o arrojo do novato Clay Regazzoni e a experiência de Jacky Ickx, vice-campeão mundial de 1969.
Maranello sai na frente
Jacky Ickx assegurou a pole position corroborando o bom momento da Ferrari enquanto Jackie Stewart ficou em segundo lugar com sua Tyrrell enquanto a segunda fila contava com a Lotus de Emerson Fittipaldi e a BRM de Pedro Rodríguez enquanto Chris Amon ficou em quinto com a March e Clay Regazzoni levou a outra Ferrari ao sexto lugar num grid formado com vinte e quatro carros.[8]
Para a etapa norte-americana a Surtees disponibilizou um segundo carro para Derek Bell enquanto a BRM inscreveu um quarto carro para Peter Westbury, bicampeão britânico de subida de montanha, mas este não conseguiu classificar-se à disputa, mesmo destino de Pete Lovely numa Lotus privada e Andrea de Adamich guiando uma McLaren-Alfa Romeo. Na seara dos estreantes o sueco Reine Wisell classificou sua Lotus em nono lugar enquanto o norte-americano Gus Hutchison sairá na vigésima segunda posição.[9]
Jochen Rindt campeão
Jackie Stewart fez uma boa largada e conseguiu a ponta enquanto Pedro Rodríguez e Jacky Ickx revezavam-se em segundo lugar durante boa parte da prova. Até a consolidação deste cenário, contudo, Rodríguez estava adiante das duas Ferrari enquanto Fittipaldi caiu para oitavo. Cauteloso, o brasileiro atingiu a zona de pontuação na décima quinta volta enquanto Stewart mantinha-se adiante de Ickx e Regazzoni colocava-se à frente de Rodríguez e Amon. Quando Regazzoni e Amon foram aos boxes trocar os pneus, Fittipaldi subiu para o quarto posto antes da metade da prova. Na volta 57, foi a vez de Jacky Ickx parar para corrigir um vazamento de combustível e enterrou ali suas chances de título.[9] Nesse momento Stewart estava adiante de Rodríguez e Fittipaldi chegava ao terceiro lugar tendo atrás de si seu companheiro de equipe, Reine Wisell.[9][2]
Após liderar por oitenta e duas voltas, Stewart abandonou por causa de um defeito em sua Tyrrell e assim Rodríguez alcançou a liderança com vinte segundos de vantagem sobre Fittipaldi, mas a sorte do mexicano mudou após a centésima volta quando a BRM chamou seu piloto para reabastecer e assim Fittipaldi chegou ao primeiro lugar. Graças ao bom trabalho executado no pit lane, Rodríguez voltou em segundo adiante de Wisell, ordem inalterada até o fim da corrida. Completando a zona de pontuação, os outros pilotos ficaram a uma volta do vencedor: em quarto lugar chegou a Ferrari de Jacky Ickx numa excelente prova de recuperação cujo ato final foi superar a March de Chris Amon a quatro voltas do final enquanto Derek Bell marcou o único ponto de sua carreira ao chegar em sexto com a Surtees.
Emerson Fittipaldi completou as 108 voltas da prova e recebeu a bandeirada com 36 segundos de vantagem sobre Rodriguez. Ao cruzar a linha de chegada, ele viu Colin Chapman pulando e jogando seu boné para o alto[10] tal como nas vitórias de Jim Clark, Graham Hill e Jochen Rindt.Predefinição:Nota de rodapé Graças à sua primeira vitória na Fórmula 1, o brasileiro sacramentou o título mundial de Jochen Rindt entre os pilotos e o da Lotus entre os construtores. "Emerson é o ganhador aqui e Jochen o campeão mundial. E tinha que ser assim. Ambos mereciam, o primeiro porque é um grande volante e Rindt porque era o melhor do mundo atualmente",[11] disse o proprietário da Lotus ao comentar o resultado do Grande Prêmio dos Estados Unidos, cuja imagem final tinha Emerson Fittipaldi no alto do pódio tendo ao seu lado o mexicano Pedro Rodriguez e o sueco Reine Wisell, este satisfeito com o melhor resultado de sua carreira.[7][12] Um público estimado em 110 mil pessoas assistiu a corrida.[13]
Primeira vitória do Brasil
Primeiro brasileiro a vencer na Fórmula 1, Emerson Fittipaldi deixa os Estados Unidos em décimo lugar no mundial de pilotos (12 pontos).Predefinição:Nota de rodapé O êxito em terras norte-americanas atestou o talento precoce do brasileiro, pois o mesmo venceu logo em sua quarta corrida na categoria e ainda foi alçado à história, pois tornou-se o primeiro sul-americano a triunfar desde o pentacampeão Juan Manuel Fangio no Grande Prêmio da Alemanha de 1957.[14] O ídolo argentino, aliás, foi lembrado por Fittipaldi em meio à euforia pela vitória, tal como um amigo recém-falecido: "Rindt é a pessoa que sempre tive em mente desde que iniciei a correr, há 14 meses. Ele e Juan Manuel Fangio sempre foram meus ídolos".[13]
Em 2020 Emerson Fittipaldi relembrou, em depoimento, os 50 anos de sua primeira vitória na Fórmula 1 e nele o bicampeão mundial expôs os bastidores dos dias que antecederam sua consagração, a começar pela surpresa em ser confirmado como primeiro piloto da Lotus, afinal a lógica recomendava a contratação de alguém experiente para soerguer a equipe. A confiança depositada permitiu a Fittipaldi alcançar o terceiro lugar no grid e até mesmo superar uma febre de 40 graus antes do domingo decisivo e quando este chegou, uma surpresa: a pista estava "meio molhada, meio seca" e assim permaneceu até metade da corrida quando seu desempenho melhorou em pista seca e ele pôde assumir a liderança da prova e sentir a emoção da vitória.[15]
Com a fleuma que lhe é peculiar, Emerson Fittipaldi definiu aquele como um dos fins de semana mais marcantes de sua carreira, mas não sem antes expressar surpresa por ter ocorrido há cinquenta anos! Bem-humorado, lembrou a reação que teve ao chegar em Nova York e observar que o funcionário do hotel onde se hospedaria estava lendo o caderno esportivo do The New York Times e nele uma manchete destacava: Emerson who (?) won the U.S.Grand Prix. Ao conferir os documentos de seu hóspede, o homem perguntou "Mas esse aqui é você?". "Sim, sou eu", respondeu o brasileiro.[15]
Classificação da prova
Tabela do campeonato após a corrida
|
Referências
|
Erro de citação: Existem marcas <ref>
para um grupo chamado "nota", mas nenhuma marca <references group="nota"/>
correspondente foi encontrada