Predefinição:Info/Corrida automobilística
Resultados do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 realizado no Autódromo do Estoril em 24 de setembro de 1989.[1] Décima terceira etapa do campeonato, foi vencido pelo austríaco Gerhard Berger, da Ferrari, com Alain Prost em segundo pela McLaren-Honda e Stefan Johansson em terceiro pela Onyx-Ford.[2]
Resumo
Críticas e consequências
Alain Prost chegou a Portugal como vencedor do Grande Prémio da Itália e detinha 20 pontos de vantagem sobre Ayrton Senna, mas pelo teor das suas declarações à imprensa durante o fim-de-semana em Monza, a situação parecia outraː há alguns dias o francês acusou a Honda de favorecer o seu rival ao desenvolver motores mais adequados ao estilo de condução de Senna, num açoite verbal repudiado pelos nipónicos.[3] Em resposta, a McLaren divulgou no Estoril um comunicado assinado por Ron Dennis, Yoguro Noguchi e Alain Prost onde "Alain lamenta profundamente a publicidade adversa e o resultante embaraço causado pelas suas declarações".[4] Redigido de uma forma a evitar a demissão de Prost por infração contratual à honra e integridade da Honda,[4] o documento ressaltou o esforço em criar "o melhor ambiente de trabalho possível para o piloto e para a equipa durante o resto da temporada".[4]
Em nome desse ambiente ordeiro desejado por ambas as partes, o conjunto McLaren-Honda reafirmou a Alain Prost o compromisso de tratar os seus pilotos com igualdade de condições, extraindo do corredor francês o compromisso de relatar as suas dúvidas à equipa antes de levá-las à imprensa.[4] Por fim, o comunicado repudiou qualquer declaração doentia feita por terceiros ao final da corrida italiana, ressalvando que McLaren e Honda procura o sucesso e a excelência técnica, mas sem abrir mão de valores como honestidade e desportivismo.[4]
Menos sorte teve Bertrand Gachot, demitido pela Onyx ao criticar a equipa. Para o substituir escolheram o finlandês J. J. Lehto, que virá a estrear na Fórmula 1 ostentando o título do Campeonato Britânico de Fórmula 3 em 1988.[5] Outra mudança na grid aconteceu na Tyrrell, que libertou Jean Alesi para correr na Fórmula 3000 e convocou Johnny Herbert no seu lugar.[6]
Mais uma pole de Senna
Indiferente à polémica em volta de Alain Prost, o brasileiro Ayrton Senna manteve-se inabalável na pista ao assinalar o melhor tempo nos treinos de sexta-feira, façanha confirmada no sábado quando o campeão mundial de 1988 baixou o próprio tempo em vinte e oito centésimas de segundo[7] e confirmou mais uma pole position. Ao comentar o próprio feito, Ayrton Senna mostrou-se preocupado com o calor, o desgaste do equipamento e o consumo dos pneus, razão pela qual este pretendia poupar a sua McLaren com uma atitude cautelosa. Em segundo e terceiro lugares estavam Gerhard Berger e Nigel Mansell, pilotos da Ferrari, enquanto Alain Prost atribuiu o seu quarto lugar ou ao balanço dos travões ou ao tráfego,[8] razão pela qual a sua McLaren ficou à frente de Pierluigi Martini, destaque do treino com a sua Minardi,[6] apesar de ter corrido no sábado.[8] O único momento de tensão nesse dia foi o choque entre a Coloni de Roberto Moreno e a Arrows de Eddie Cheever na entrada da curva oito do Estoril, um susto que não impediu a qualificação de ambos.[9]
Mansell
Mesmo partindo na pole position, Ayrton Senna foi presa fácil para Gerhard Berger, pois na hora da partida, o brasileiro estava no lado mais sujo da pista (dado o pouco uso do local destinado à posição de honra) e viu o austríaco da Ferrari tomar a liderança enquanto o próprio Senna caiu para segundo à frente de Nigel Mansell. Tal cenário manteve-se inalterado por sete voltas até que Mansell subiu para o segundo lugar e mesmo sob um calor de 27º C, o rendimento do "leão" compensava, inclusive, o asfalto irregular do Estoril, factos que levaram o britânico ao primeiro lugar na volta vinte e quatro invertendo a dobradinha com Berger, enquanto Senna corria discretamente em terceiro, ora à frente de Alain Prost, ora adiante de Pierluigi Martini.[10]
Paulatinamente, os corredores foram chamados às boxes para a troca de pneus e quando Nigel Mansell parou, a liderança caiu nas mãos de Pierluigi Martini, que ponteou a quadragésima volta com a sua Minardi. Enquanto isso, uma manobra canhestra de Mansell nas boxes mudaria do curso da provaː último a parar, o britânico entrou nas boxes com tamanho furor a ponto de quase atropelar os mecânicos da Ferrari e errar o ponto de travagem.[11] Logo a emenda ficaria pior que o soneto, pois Mansell infringiu o regulamento e engatou uma marcha atrás a fim de realizar o seu pit stop, manobra punida com a bandeira preta.[12]
Ignorando a punição que estava por vir, Nigel Mansell voltou ao asfalto com Gerhard Berger novamente em primeiro lugar e diante deste cenário decidiu caçar Ayrton Senna e tomar-lhe o segundo lugar.[12] Enquanto isso, a bandeira preta tremulava com insistência para informar a desclassificação do carro 27, mas tais avisos (nas nas voltas 45, 46 e 47) foram ignorados por Mansell,[13] enquanto Senna desconhecia a sanção ao rival por uma falha de comunicação com a box da McLaren.[14][15] Entre uma circunstância e outra, Senna e Mansell chegaram na entrada da curva um após quarenta e oito voltas e bateram ao final da reta das boxes. Fim de prova para os dois.[10] Avaliando o incidente, os comissários da FISA recomendaram a suspensão de Nigel Mansell por uma corrida, além de multarem o piloto e a Ferrari em 50 mil dólares.[16]
O gesto de Nigel Mansell não afetou a liderança de Gerhard Berger, mas aplainou o caminho de Alain Prost rumo ao título, pois o francês ascendeu ao segundo lugar sabendo que Ayrton Senna não pontuaria e destacou o desempenho de Stefan Johansson, terceiro colocado com a Onyx, equipa cuja estreia na Fórmula 1 ocorreu no Grande Prémio do México de 1989. Não obstante o seu esmero, o veterano corredor sueco tinha atrás de si as Williams de Riccardo Patrese e Thierry Boutsen e a Benetton de Alessandro Nannini. Exceto pela ultrapassagem de Patrese sobre Johansson, este grupo manteve-se inalterado até a volta sessenta, quando os dois carros de Frank Williams pararam por superaquecimento do motor, mesmo na estreia do modelo FW13.[17] Com isso, Pierluigi Martini (Minardi) e Jonathan Palmer (Tyrrell) alcançaram a zona de pontuação.
Interrupção da transmissão no Brasil
Na volta 63, o narrador Galvão Bueno anunciou que a transmissão da prova seria suspensa, pois a Rede Globo teria que exibir o horário eleitoral gratuito relativo à eleição presidencial de 1989 conforme lei sancionada pelo presidente José Sarney,[18][nota 1] A emissora pediu ao Tribunal Superior Eleitoral para que a lei não fosse aplicada neste contexto e embora quatorze dos vinte e dois presidenciáveis aceitassem libertar o seu espaço para a exibição da prova, a corte eleitoral alegou não haver base legal que justificasse tal exceção e negou o pedido. Foi a única vez que uma lei interrompeu a exibição de um Grande Prémio de Fórmula 1 no Brasil, obrigando a claque a recorrer à rádio para acompanhar os momentos finais da prova.[8][nota 2] Com o término da propaganda eleitoral, o resto da corrida foi exibido em videogravação durante o Domingão do Faustão.[19]
Sem alterações quanto aos seis primeiros, a prova terminou com a vitória da Ferrari de Gerhard Berger (aliás, a última de John Barnard como diretor técnico da equipa italiana), com Alain Prost em segundo pela McLaren e Stefan Johansson em terceiro pela Onyx. Na mesma volta dos ponteiros chegou a Benetton de Alessandro Nannini, enquanto Pierluigi Martini foi o quinto pela Minardi e Jonathan Palmer o sexto pela Tyrrell, estes com uma volta de diferença.[6] Dentre as efemérides da prova estavam os 150 Grandes Prémios de Alain Prost, o último pódio de Stefan Johansson, o único pódio da equipa Onyx, a única volta liderada por Pierluigi Martini e pela Minardi e o último ponto na carreira de Jonathan Palmer.[20]
O único dentre os brasileiros a terminar a corrida foi Maurício Gugelmin, décimo colocado com a March, pois Roberto Moreno parou por falha mecânica na sua Coloni e Nelson Piquet ficou a pé quando a sua Lotus foi atingido pela Dallara de Alex Caffi,[21] além, claro, do acidente entre Senna e Mansell.[12] Com os resultados da etapa portuguesa, Alain Prost liderava o certame com 75 pontos contra 51 de Ayrton Senna e o francês estava a uma vitória do tricampeonato mundial, enquanto Ayrton Senna precisaria vencer as três corridas restantes para chegar ao título sem depender dos resultados do seu rival.[10][nota 3]
Enquanto isso, nos EUA
Horas depois da frustração no Estoril, uma alegriaː Emerson Fittipaldi venceu o Grande Prémio de Nazareth e tornou-se campeão da Fórmula Indy em 1989, figurando como o primeiro brasileiro a ganhar um título no automobilismo norte-americano.[22][nota 4]
Qualificação da prova
Pré-qualificação
Treinos oficiais
Corrida
Tabela do campeonato após a corrida
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Referências
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