A fonologia do português varia consideravelmente entre seus dialetos, chegando, em casos extremos, a causar dificuldades na inteligibilidade. Este artigo tem como foco as pronúncias consideradas geralmente como padrão. Como o português é uma língua pluricêntrica, isto é, possui mais de um centro de referência, e as diferenças entre o português europeu (PE) e o português brasileiro (PB) podem ser consideráveis, as duas variedades são indicadas sempre que necessário.[1]
Uma das diferenças mais perceptíveis entre o português europeu e o brasileiro é sua prosódia.[2] O português europeu é uma língua de ritmo acentual, com as sílabas átonas de menor duração que as tônicas. As vogais átonas sofrem redução frequente ou até mesmo cancelamento, e há uma tolerância geral a consoantes em fim de sílaba. Por sua vez, o português brasileiro tem características mistas,[3] e varia de acordo com a taxa de fala, sexo e dialeto. Em taxas de fala rápida, o português brasileiro é mais de ritmo acentual, quando em taxas de fala lenta, pode ser mais de ritmo silábico. Os dialetos das zonas rurais do Rio Grande do Sul e da Região Nordeste (especialmente a Bahia) são considerados mais sibiláveis do que os outros, enquanto que os dialetos do Sudeste, como o mineiro, no centro de Minas Gerais, o paulistano da costa setentrional e regiões leste do estado de São Paulo, o fluminense, ao longo do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e da Zona da Mata de Minas Gerais, bem como do Distrito Federal, são mais frequentemente essencialmente de ritmo acentual. Além disso, os falantes masculinos do português brasileiro falam mais rápido do que os falantes femininos e falam de uma maneira mais acentual[4] e têm mais redução de vogais átonas e também mais cancelamento.
No português brasileiro há uma forte tendência a sílabas abertas, terminadas por vogal; só há tolerância em fim de sílaba às consoantes representadas por S e R. Nas sílabas terminadas por M e N, essas letras não são pronunciadas e só indicam a nasalização da vogal anterior; o L em fim de sílaba é pronunciado como [u̯] ou [ʊ̯], exceto no extremo Sul (onde há velarização conservadora) e em regiões de fala caipira (onde a pronúncia é /ɹ/); o R final é frequentemente não articulado; e um /i/ epentético é inserido depois de quase todas as outras consoantes que de outra forma estariam em fim de sílaba, fazendo advogado ser pronunciado [ɐdʒivo̞ˈɡadu] ou [ɐdivo̞ˈɡadu] no Nordeste. Os encontros consonantais sempre tolerados no português brasileiro são formados por /b/, /k/, /d/, /f/, /g/, /p/, /t/, /s/ ou /z/ e /v/ seguidos de /l/ ou /ɾ/: flagrante. /ks/ também pode ser incluído nessa categoria: fixo [ˈfi.ksu] (mas não ficção [fikˈsɐ̃w]), látex ['lateks].
Alguns dialetos brasileiros têm características fonológicas mais próximas às do português europeu. Os dialetos fluminense e florianopolitano em particular têm uma redução de vogais maior (assim como quase toda fala vernácula tem comparada à formal), e o dialeto fluminense tem uma tolerância maior a pronunciar róticos em fim de sílaba (representados por R). Enquanto isso, o português africano e muitos dialetos rurais do português europeu apresentam características comumente associadas à fala brasileira. Para mais informações sobre as diferentes variações de sotaque, ver dialetos do português; para as mudanças sonoras ocorridas ao longo da história, ver história da língua portuguesa.
Consoantes
Sinopse
O inventário consonantal do português é bastante conservador; as africadas medievais Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, Predefinição:IPA fundiram-se com as fricativas Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, respectivamente, porém não umas com as outras, e não houve mudanças significantes nos fonemas consonantais desde então. No entanto, diversos fonemas consonantais possuem alófonos especiais quando se localizam no início ou final de uma sílaba, e outros passam por mudanças alofônicas quando estão no fim ou início de uma palavra.
Bilabial | Labio- dental |
Dental/alveolar | pós-alveolar | Palatal | Velar | Uvular | Glotal | ||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
labial[7] | plano | ||||||||||||||||
Nasal | [[Nasal bilabial|Predefinição:IPA]] | [[Nasal alveolar|Predefinição:IPA]] | [[Nasal palatal|Predefinição:IPA¹]] | ||||||||||||||
Plosiva | [[Oclusiva bilabial surda|Predefinição:IPA]] | [[Oclusiva bilabial sonora|Predefinição:IPA]] | [[Oclusiva alveolar surda|Predefinição:IPA²]] | [[Oclusiva alveolar sonora|Predefinição:IPA²]] | [[Labialização|Predefinição:IPA]] | [[Labialização|Predefinição:IPA]] | [[Oclusiva velar surda|Predefinição:IPA]] | g | |||||||||
Fricativa | f | v | [[Fricativa alveolar surda|Predefinição:IPA³]] | [[Fricativa alveolar sonora|Predefinição:IPA³]] | [[Fricativa pós-alveolar surda|Predefinição:IPA³]] | [[Fricativa pós-alveolar sonora|Predefinição:IPA³]] | [[Fricativa uvular sonora|Predefinição:IPA4,5]] | ||||||||||
Aproximante[8] | [[Aproximante palatal|Predefinição:IPA]] | w | |||||||||||||||
Apr. lateral | [[Lateral alveolar|Predefinição:IPA6]] | [[Lateral palatal|Predefinição:IPA]] | |||||||||||||||
Tepe | ɾ5 |
- ¹ Na maior parte do Brasil e de Angola, a consoante designada doravante por Predefinição:IPA pode ser pronunciada como uma aproximante palatal nasal Predefinição:IPA que nasaliza a vogal que a precede: Predefinição:IPA.[9]
- ² Em diversos dialetos brasileiros (como aqueles falados nos estados do Rio de Janeiro e Bahia), as oclusivas dentais são africadas para Predefinição:IPA e Predefinição:IPA antes de Predefinição:IPA e Predefinição:IPA.
- ³ No final das sílabas, as sibilantes Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, Predefinição:IPA ocorrem por distribuição complementar.[carece de fontes] Na maior parte do Brasil, são alveolares: Predefinição:IPA é utilizado antes das consoantes surdas ou no final da palavra, enquanto Predefinição:IPA é utilizado antes de consoantes sonoras; ex.: isto Predefinição:IPA, turismo Predefinição:IPA.[6] Na maior parte de Portugal, e no Rio de Janeiro e em alguns estados do Norte do Brasil, as sibilantes situadas no final das sílabas tornaram-se palatoalveolares, Predefinição:IPA antes de consoantes surdas ou no final da palavra, e Predefinição:IPA antes de consoantes sonoras: isto Predefinição:IPA, turismo Predefinição:IPA.[carece de fontes] No norte de Portugal, as consoantes /s/ e /z/ são ápico-alveolares ([s̺] e [z̺]), sendo que, na parte interior da região, contrastam com [s] e [z], representadas por C/Ç e Z.
- 4 A consoante designada doravante por Predefinição:IPA tem uma variedade de realizações, dependendo do dialeto. No Brasil, este som pode ser velar, uvular, alveolar ou glotal, e pode ser surdo a menos que esteja colocado entre consoantes sonoras,[6] embora seja costumeiramente pronunciado como uma fricativa velar surda (Predefinição:IPA), uma fricativa glotal surda (Predefinição:IPA), uma fricativa uvular surda (Predefinição:IPA) ou uma vibrante múltipla alveolar (Predefinição:IPA). Na Europa, suas mais frequentes realizações são a fricativa uvular sonora (Predefinição:IPA), a vibrante múltipla uvular (Predefinição:IPA) e o vibrante múltipla alveolar (Predefinição:IPA).[10] Ver também R gutural.
- 5 Os dois fonemas róticos, Predefinição:IPA e Predefinição:IPA, sofrem contraste apenas quando entre vogais. No início das palavras e depois de Predefinição:IPA e de vogais nasais apenas a primeira ocorre e nos conjuntos consonantais (ex: pr, fr, cr,...) apenas o segundo acontece, enquanto em outras situações a maioria dos dialetos usa apenas a segunda. No entanto, diversos dialetos brasileiros, entre eles o dialeto carioca, utilizam-se da segunda no final das sílabas.
- 6 A consoante Predefinição:IPA é velarizada nos dialetos europeus. Na maioria dos dialetos brasileiros, Predefinição:IPA é vocalizado para Predefinição:IPA no final das sílabas.[6] No português brasileiro coloquial, o il átono pode receber o valor de Predefinição:IPA, como em fácil Predefinição:IPA.[11]
Notas
- As consoantes nasais não ocorrem normalmente no fim das sílabas. O Predefinição:IPA no fim de sílabas pode ocorrer em palavras de uso mais erudito, por alguns falantes.[10] O Predefinição:IPA no início de palavras ocorre somente em poucos empréstimos linguísticos.[12]
- No norte e centro de Portugal, as plosivas sonoras Predefinição:IPA, Predefinição:IPA e Predefinição:IPA podem sofrer lenição e se transformarem nas fricativas Predefinição:IPA, Predefinição:IPA, e Predefinição:IPA respectivamente, exceto no início de palavras, ou depois de vogais nasais.[10][12]
- Nas pronúncias europeias, as fricativas pós-alveolares sofrem fricção apenas no fim da sílaba.[12]
Pares mínimos
Vogais
O português tem uma das fonologias mais ricas das línguas românicas, com vogais orais e nasais, ditongos nasais e dois ditongos nasais duplos. As vogais semifechadas Predefinição:IPA e as vogais semiabertas Predefinição:IPA são quatro fonemas separados e o contraste entre elas é usado para apofonia. Em posições tônicas, existem alguns cenários em que a vogal central também contrasta entre aberta e fechada, normalmente em conjugações verbais de alguns dialetos europeus, como em "falamos" e "falámos", e também na distinção entre a conjugação enclítica do verbo dar, "dá-nos" /'danus/ e a palavra "danos" /'dɐnus/ (ainda que, nestes dois casos, o principal fator distintivo seja a nasalidade da vogal). Em empréstimos lexicais, como em "rush" que contrasta com "rache", podemos ter uma distinção proporcionada exclusivamente pela diferença de altura entre as vogais.
O português apresenta mudança na altura vocálica como consequência do contraste entre sílabas tônicas e sílabas átonas: as vogais Predefinição:IPA tendem a se tornar, respectivamente, Predefinição:IPA no português brasileiro e Predefinição:IPA no português europeu quando átonas, a menos que sofram apagamento. Os dialetos de Portugal são caracterizados pela redução de vogais em proporção maior que os outros. Os ditongos decrescentes seguido por uma das semivogais Predefinição:IPA ou Predefinição:IPA; ainda que exista a ocorrência de ditongos crescentes, eles podem ser interpretados como hiatos.
Classificação das vogais
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* Usam-se apenas em sílabas finais não tônicas.
De acordo com a sua pronúncia na palavra as vogais são classificadas em:
Nasalidade
Vogais orais: /i/, /e/, /ɛ/, /ɨ/ (/ɨ/ não no Brasil), /ɐ/ (também /ə/), /a/, /u/, /o/, /ɔ/.
Vogais nasais: /ĩ/, /ẽ/, /ɐ̃/, /ũ/, /õ/.
Grau de abertura
Vogais fechadas: Predefinição:IPA
Vogais semifechadas: Predefinição:IPA
Vogais semiabertas: Predefinição:IPA
Vogais abertas: Predefinição:IPA
Semivogais
As semivogais na língua portuguesa são consoantes aproximantes que se juntam a uma vogal para formar uma sílaba (ex.: na palavra mau, a letra u é uma semivogal e a é uma vogal).
Em português, os ditongos crescentes—isto é, aqueles em que a semivogal vem antes da vogal—surgem somente em alguns casos em que a ortografia preconiza usar "qu-" ou "gu-", os quais em nível pós-lexical acrescenta-se o som aproximante Predefinição:IPA após as oclusivas labiais Predefinição:IPA, à frente da vogal seguinte; porém, também pode ocorrer foneticamente em outras circunstâncias, onde as semivogais ocorrem em variação livre com /i/ ou com /u/, como acontece por exemplo em palavras como quiabo [kiˈabu ~ ˈkjabu], suar [suˈaɾ ~ ˈswaɾ].Predefinição:HarvRef
Expressando no AFI:
Ditongos decrescentes orais | ||
---|---|---|
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | sai |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA(no Brasil) | plaina |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA (nalguns locais do Centro de Portugal Predefinição:IPA) | anéis |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA (nalguns locais do Centro de Portugal Predefinição:IPA) | sei |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | mói |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | moita |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | fui |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | viu |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | meu |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | véu |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | mau |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ao |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA (fora do Norte de Portugal muitas vezes Predefinição:IPA) | sou |
Ditongos decrescentes nasais | ||
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | mãe |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA (nalguns locais do Centro de Portugal Predefinição:IPA) | bem |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | põe |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | mão |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | muito |
Comparação entre as pronúncias das variantes brasileira e europeia
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A pronúncia da língua portuguesa, como ocorre em todas as línguas naturais, apresenta uma grande variação. Especialmente marcante é a diferença entre o português europeu e o brasileiro. A tabela abaixo exemplifica algumas dessas diferenças, tendo como base a ortografia:
Letra | Portugal | Lisboa | Rio de Janeiro | São Paulo | Paraná | Minas Gerais | Bahia | Norte do Brasil | Interior de SP |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Vogais e semivogais | |||||||||
a (quando tónico) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ɑ | Predefinição:IPA |
a (quando átono) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ɑ | Predefinição:IPA |
â | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ɐ | ã | ɐ | Predefinição:IPA |
é | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ε | Predefinição:IPA |
ê | e | e | e | e | e | e | e | e | e |
e (quando tónico) | e ou Predefinição:IPA | e ou Predefinição:IPA | e | e | e | e | Predefinição:IPA | e | e |
e (quando átono) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | e ou i | e | e | e | Predefinição:IPA | e ou ε | e |
e (átono, no fim de palavras) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | i[nota 1] | i | e | e | i | i | e |
i | i | i | i | i | i | i | i | i | i |
i (em ditongos) | j | j | j | j | j | i | ? | j | i[nota 2] |
ó | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ɔ | Predefinição:IPA |
ô | o | o | o | o | o | o | o | o | o |
o (quando tónico) | o ou Predefinição:IPA | o ou Predefinição:IPA | o | o | o | o | Predefinição:IPA | o | o |
o (quando átono) | u | u | u | o | o | o | Predefinição:IPA | o ou ɔ | o |
o (átono, no fim de palavras) | u | u | u | u | o | o | u | u | o |
u | u (ou Predefinição:IPA[nota 3]) | u | u | u | u | u | u | u | u |
u (em ditongos e tritongos) | w | w | w | w | w | w | w | w | w[nota 2] |
ei | ej | Predefinição:IPAj | ej | ej | ej | e | ei | ej | e |
ou | ow (ou o no sul) | o ou ow | o ou ow | o | ow | o | ou | ow | o |
ã, am, an, âm, ân | ɐ̃ | ɐ̃ | ɐ̃ | ɐ̃ | ɐ ou ɐŋ | ɐ̃ | ɐ̃ | ɐ̃ | ɐ̃ |
em, ém (no fim da palavra) | ẽj | ẫj | ẽj | ẽj | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ẽ | ẽj | ẽj |
em (na palavra «têm») | ẽjẽj | ɐ̃jɐ̃j | ẽj | ẽj | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ẽ | ẽj | ẽj |
en, êm, em (no meio da palavra) | ẽ | ẽ | ẽ | ẽj | ẽ | ẽ | ẽ | ẽ | ẽj |
im, in, ím, ín | ĩ | ĩ | ĩ | ĩ | Predefinição:IPA | ĩ | ĩ | ĩ | ĩ |
om, on, ôm, ôn, óm, ón | õ | õ | õ | õw | Predefinição:IPA | õw | õ | õ ou õw | õw |
um, un, úm, ún | ũ | ũ | ũ | ũ | Predefinição:IPA | ũ | ũ | ũ | ũ |
ão | ɐ̃w[nota 4] | ɐ̃w | ɐ̃w | ɐ̃w | ɐ̃w | ɐ̃w | ɐ̃w | ɐ̃w | ɐ̃w |
ãe | ɐ̃j | ɐ̃j | ɐ̃j | ɐ̃j | ɐ̃j | ɐ̃j | ɐ̃i | ɐ̃j | ɐ̃j |
õe | õj | õj | õj | õj | õj | õj | õi | õj | õj |
Consoantes | |||||||||
b | b (ou β no norte) | b (por vezes β) | b | b | b | b | b | b | b |
p | p | p | p | p | p | p | p | p | p |
qua | kwa | kwa | kwa | kwa | kwa | kwa | kwa | kwa | kwa |
que | kɨ ou ke | kPredefinição:IPA ou ke | ki ou ke | ki ou ke | ki ou ke | ki ou ke | ki ou ke | ki ou ke | ki ou ke |
qui | ki | ki | ki | ki | ki | ki | ki | ki | ki |
quo | kwo ou ko | kwo ou ko | kwo ou ko | kwo | kuo | kwo | kuo ou ko | kwo, ko ou ku: | kwo |
c (em ca, co e cu) | k | k | k | k | k | k | k | k | k |
c (em ce e ci) | s | s | s | s | s | s | s | s | s |
ç | s | s | s | s | s | s | s | s | s |
gua | ? | ? | gwa | gwa | ? | ? | ? | ? | ga |
gue | ? | ? | ge ou gwe | ge ou gwe | ? | ? | ? | ? | ge |
gui | ? | ? | gi ou gwi | gi ou gwi | ? | ? | ? | ? | gi |
guo | ? | ? | gwo | gwo | ? | ? | ? | ? | go |
g (em ga, go, gu) | g | g | g | g | g | g | g | g | g |
g (em ge, gi) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ʒ | Predefinição:IPA |
d (em da, de, do, du) | d | d (por vezes ð) | d | d | d | d | d | d | d |
di | di | di (por vezes Predefinição:IPA) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | di | di | Predefinição:IPA | dʒi | di (às vezes Predefinição:IPA) |
t (em ta, te, to) | t | t | t | t | t | t | t | t | t |
ti | ti | ti | ʧi | ʧi | ti | ti | ʧi | tʃi | ti (às vezes Predefinição:IPA) |
tu | tu | tu | tu | tu | tu | tu | tu (às vezes ʧu) | tu | tu |
f | f | f | f | f | f | f | f | f | f |
v | v (ou β[nota 5]) | v | v | v | v | v | v | v | v |
l | l | l | l | l | l | l | l | l | l |
l (no fim de sílaba) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | w | w | Predefinição:IPA | w | w | w | r |
m | m | m | m | m | m | m | m | m | m |
n | n | n | n | n | n | n | n | n | n |
r (no início da palavra), rr | r[nota 6] ou Predefinição:IPA[nota 7] | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | r | r | h | ʀ | Predefinição:IPA |
r (dentro da palavra: depois das partículas latinas ab, ob e sub como em «obreptício», ou depois de l, n ou s como em «honra») | r[nota 6] ou Predefinição:IPA[nota 7] | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | r | r | r | h | ʀ | r (ou Predefinição:IPA[nota 8]) |
r (entre vogais, dentro da palavra) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ɾ | Predefinição:IPA |
r (no fim de sílaba) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | h | r | r | r | h | h | Predefinição:IPA |
s (inicial ou seguido de consoante), ss | s e Predefinição:IPA[nota 9] | s | s | s | s | s | s | s | s |
s (intervocálico ou na palavra «obséquio») | z e Predefinição:IPA[nota 9] | z | z | z | z | z | z | z | z |
s (no fim de sílaba) | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | s (às vezes js) | s | s | Predefinição:IPA | ʃ | s (às vezes js) |
ch | Predefinição:IPA ou Predefinição:IPA[nota 10] | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ʃ | Predefinição:IPA |
lh | ʎ | ʎ | ʎ | ʎ (às vezes j) | ʎ (às vezes j) | j | ʎ (às vezes j) | ʎ | ʎ |
nh | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | ɲ | Predefinição:IPA |
Letra | Portugal | Lisboa | Rio de Janeiro | São Paulo | Paraná | Minas Gerais | Bahia | Interior de SP |
Visto a língua portuguesa não conter uma ortografia do tipo "uma letra para cada som", como por exemplo o croata, uma letra pode ter mais do que um único som, como a letra "x" que apresenta cinco sons distintos.
Exemplos de frases
Excerto do épico nacional português Os Lusíadas, de Luís de Camões (I, 33)
Original | IPA (Coimbra) | IPA (Lisboa) | IPA (Rio de Janeiro) | IPA (São Paulo) | IPA (Luanda) |
---|---|---|---|---|---|
Sustentava contra ele Vénus bela, | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA |
Afeiçoada à gente Lusitana, | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA |
Por quantas qualidades via nela | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA |
Da antiga tão amada sua Romana; | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA |
Nos fortes corações, na grande estrela, |
Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA |
Que mostraram na terra Tingitana, | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA |
E na língua, na qual quando imagina, | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA |
Com pouca corrupção crê que é a Latina. | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA | Predefinição:IPA[13] |
Sistemas de transcrição fonética
SAMPA
Tabela SAMPA para a língua portuguesa (conforme o padrão europeu).[14]
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Ver também
Predefinição:Notas e referências Bibliografia
|
- ↑ SEARA, Izabel; NUNES, Vanessa; LAZZAROTTO-VOLCÃO, Cristiane. Fonética e Fonologia do Português Brasileiro. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011.
- ↑ PARKINSON, Stephen. "Phonology". In HARRIS, Martin; VINCENT, Nigel (org.) The Romance Languages. Londres: Routledge, 1988. p. 131–169.
- ↑ Bisol, leda, PUCRS - O Troqueu Silábico no Sistema Adjudicatário De Plínio Barbosa)
- ↑ MEIRELES, Alexsandro; TOZETTI, João Paulo; BORGES, Rogério. Taxa de fala e variação rítmica no português brasileiro In: Speech Prosody 2010 Conference, 2010, Chicago. Proceedings of the Speech Prosody 2010 Conference. Chicago: RG. v.1. p.1 – 4, 2010
- ↑ Cruz-Ferreira, Madalena (1995), "European Portuguese", Journal of the International Phonetic Association 25 (2): p.91
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 Barbosa, Plínio A. & Eleonora C. Albano (2004), "Brazilian Portuguese", Journal of the International Phonetic Association 34 (2): 227-232 doi:10.1017/S0025100304001756
- ↑ Leda Bisol (2005). Introdução a estudos de fonologia do português brasileiro 4ª ed. Porto Alegre - Rio Grande do Sul: EDIPUCRS. p. 122. ISBN 85-7430-529-4.
A proposta é que a sequencia consoante velar + glide posterior seja indicada no léxico como uma unidade monofonemática /kʷ/ e /ɡʷ/. O glide que, neste caso, situa-se no ataque não-ramificado, forma com a vogal seguinte um ditongo crescente em nível pós lexical. Ditongos crescentes somente se formam neste nível. Em resumo, a consoante velar e o glide posterior, quando seguidos de a/o, formam uma só unidade fonológica, ou seja, um segmento consonantal com articulação secundária vocálica, em outros termos, um segmento complexo.
- ↑ Arlo Faria. Applied Phonetics: Portuguese Text-to-Speech (em inglês). University of California, Berkeley: [s.n.] 7 páginas
- ↑ Thomas, Earl W. (1974), A Grammar of Spoken Brazilian Portuguese, Vanderbilt University Press, ISBN 0-8265-1197-X
- ↑ 10,0 10,1 10,2 Mateus, Maria Helena & Ernesto d'Andrade (2000), The Phonology of Portuguese, Oxford University Press, ISBN 0-19-823581-X
- ↑ Major, Roy C. (1992), "Stress and Rhythm in Brazilian Portuguese", in Koike, Dale April & Macedo, Donaldo P, Romance Linguistics: The Portuguese Context, Westport, CT: Bergin & Garvey, ISBN 0-89789-297-6 (em inglês)
- ↑ 12,0 12,1 12,2 Cruz-Ferreira, Madalena (1995), "European Portuguese", Journal of the International Phonetic Association 25 (2): p. 92 doi:10.1017/S0025100300005223
- ↑ White, Landeg. (1997). The Lusiads—English translation. Oxford World's Classics. Oxford University Press. ISBN 0-19-280151-1
- ↑ SAMPA para o português
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