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Dialeto barranquenho

Barranquenho é um dialecto raiano do português muito influenciado pelo espanhol. O dialecto barranquenho é falado no concelho de Barrancos, situado junto da fronteira com a Espanha, entre a Estremadura e a Andaluzia.

Leite de Vasconcelos fez o primeiro estudo do dialecto barranquenho que publicou no livro Filologia Barranquenha, editado postumamente em 1955.[1]

Foi oficialmente reconhecido pela Assembleia da República em 2021, tendo sido aprovado o reconhecimento e protecção do Barranquenho e da sua identidade cultural.[2]

Dialecto misto

A base portuguesa deste linguema fica fortemente maquilhada pelas características das falas espanholas meridionais que o penetram. O mais característico desta fala ao ouvido é a aspiração do 's' e do 'z' finais, como o estremenho e o andaluz: 'cruh' (cruz), 'buhcá' (procurar)… Às vezes pode faltar inclusive a aspiração: 'uma bê' (uma vez). O 'j' e 'ge', 'gi' portuguesas pronunciam-se [x] como as espanholas.

Não se pronunciam 'l' e 'r' finais: 'Manué' (Manuel), 'olivá' (olivar), que voltam, contudo, a aparecer nos plurais: 'olivareh' (olivares). Se o 'l' trava sílaba, muda para 'r': 'argo' (algo). Como o espanhol, não diferencia entre 'b' e 'v': vaca ['baka']. Tal como em estremenho, os '-e' finais pronunciam-se '-i': 'pobri' (pobre). O pronome português de primeira pessoa 'nós' é substituído pelo castelhano 'nusotrus'. A colocação dos pronomes aproxima-se mais à castelhana que à norma portuguesa: 'se lavô' (português lavou-se, espanhol se lavó).

Contém ademais muitas formas verbais de conjugação claramente castelhana: 'andubi' (port. andei, esp. anduve); 'supimus' (port. soubemos, esp. supimos).

Reconhecimento

O Barranquenho é desde 2008 “Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal”.[3] Atualmente a Câmara Municipal de Barrancos está a desenvolver um projecto de investigação e valorização do Barranquenho como língua e cultura locais, de forma a tornar o barranquenho a terceira língua oficial de Portugal.[3][4][5]

Em 2021 o Barranquenho foi oficialmente reconhecido pela Assembleia da República, numa lei aprovada por unanimidade a 26 de Novembro de 2021. Foi aprovado o reconhecimento e protecção do Barranquenho e da sua identidade cultural.[2]

Ver também

Referências

Ligações externas

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