Predefinição:Info/Nobre Fernando I (Coimbra, 31 de outubro de 1345 – Lisboa, 22 de outubro de 1383), apelidado de o Formoso e o Inconstante, foi o Rei de Portugal e Algarve de 1367 até sua morte, o último monarca português da Casa de Borgonha e nono rei de Portugal. Foi último filho de Pedro I e de sua esposa Constança Manuel.
Com apoio da nobreza castelhana, descontente com rei de Castela que matou o antecessor, Fernando chegou a ser aclamado rei em diversas cidades importantes de Norte a Sul da Galiza.[1] Travou guerras contra Castela, ficando estas conhecidas por guerras fernandinas.
A sua morte sem herdeiro varão levou à Crise de 1383–1385.
É conhecido pela lei das sesmarias.
Vida
Foi o terceiro filho de seus pais. O irmão mais velho, Luís, nascido um ano antes, morreu com uma semana. Teve uma irmã, Maria, nascida anos antes.
Depois de nascer, passadas três semanas, fica órfão de mãe. O seu pai passou a estar livre para ficar com Inês de Castro, com quem teve vários filhos, mas com a desaprovação do então rei, Afonso IV, o avô paterno de Fernando.
Após a morte de seu pai Pedro I, em 1367, torna-se rei com 21 anos. Herdou um reino em paz e com o erário público cheio.Predefinição:Harvref
Fernando, como bisneto de D. Sancho IV de Castela, através da avó paterna, Beatriz, envolveu-se em três guerras contra o país vizinho, disputando o trono de Castela.
Em 1378, deu-se o grande cisma do Ocidente. Portugal alternava entre o papa de Roma e o papa de Avinhão. Estas alianças que eram desfeitas contribuíram para o cognome o Inconstante.
No seu reinado de 16 anos, a nobreza adquire grande influência, em particular o conde de Barcelos, João Afonso Telo de Meneses,[2] tio de Leonor Teles.
Faleceu pouco antes de completar os 38 anos, de tuberculose.Predefinição:Harvref[3]
Casamento
O rei apaixona-se por D. Leonor Teles de Menezes, já casada com João Lourenço da Cunha.[4]
O primeiro casamento de D. Leonor foi anulado.[4] Os rumores do casamento do rei, valeu-lhe forte contestação interna, levando a população de Lisboa à revolta. O rei finge que irá ouvir os revoltosos,[5] mas D. Fernando foge de Lisboa e casa com ela,[5] a 15 de maio de 1372 no Mosteiro de Leça do Balio. A propriedade pertencia na altura à ordem do Hospital, sendo o prior, Álvaro Gonçalves Pereira, conselheiro do rei[4] e pai de Nuno Álvares. Quando volta à capital, a revolta é reprimida e os cabecilhas executados.[5]
A rainha acabou por ser bastante impopular por culpa da repressão.[6] O casamento não foi bem recebido pelo povo e sendo duma família nobre muito influente, a política do rei ia no sentido de agradar à nobreza, contribuindo ainda mais para a impopularidade da rainha.
Deste casamento nasceu a filha Beatriz que casou com o rei de Castela, em 1383. Esta situação colocava o país em risco.
Reinado
Quando começou a reinar, a Europa tinha passado pela peste negra vinte anos antes, matando boa parte da população; isto causou uma quebra na mão-de-obra, aumentou o custo de vida e os salários aumentaram. A população migrava do campo para a cidade, procurando melhores condições.
O início do reinado de D. Fernando foi marcado pela política externa. Dois anos após ser rei, em 1369, D. Pedro I de Castela, primo direito de Fernando, morreu sem deixar herdeiros masculinos. Este rei foi morto por D. Henrique de Trastâmara, irmão bastardo de Pedro que havia-se declarado rei. Isto foi motivo para começar a guerra com Castela.
Foram feitas alianças com a Inglaterra, como consequência das guerras contra Castela. Alianças foram feitas em 1372, com o tratado de TagildePredefinição:Harvref e em 1380, o tratado de Estremoz.[7] Nessas alianças, o rei apoiava a pretensão de João de Gante, casado com a filha de Pedro I de Castela, Constança, a filha mais velha de Pedro I de Castela. Estas alianças colocam o país no cenário da guerra dos cem anos.[8]
Durante este reinado deu-se o grande cisma do Ocidente, contribuindo ainda mais para as guerras vividas na Europa.[7]
Internamente houve algumas reformas, como a Lei das Sesmarias, construções de novas muralhas em Lisboa, Porto e de Évora.[9] A construção da nova muralha de Lisboa deu-se entre 1373-75, pelo sistema de anúduva.[2] A cidade tinha crescido imenso desde o último século e parte estava extra-muros.
Foi um reinado de crise administrativa, política e social, mas não de crise económica.[6]
Política externa
Tal como Henrique, Fernando também é bisneto de Sancho IV, mas por via legítima. Ocorre assim a primeira guerra (1369-70), sem resultados. Portugal tinha como aliado o reino de Aragão e o reino de Granada.[8] O rei prometeu casar com a filha do rei aragonês, de nome Leonor. Acabou por desfazer o noivado.[8]
O tratado de paz de 1371, foi feito com intervenção do papa,[8] na altura Gregório XI. Entre os pontos assentes em 1371, no tratado de Alcoutim, D. Fernando é prometido a D. Leonor de Castela, que ainda não tinha 10 anos. Este noivado foi quebrado pelo rei que preferiu uma terceira Leonor, nobre portuguesa.[8]
Em 1372, é redigido o tratado de Tagilde.[10] O rei alia-se ao duque de Lencastre, apoiando a pretensão deste ao trono de Castela.[2] Portugal é assim envolvido na guerra dos cem anos. Inicia-se, então uma segunda guerra que dura um ano.[8] Em 1373 é confirmado aquele tratado com rei de Inglaterra, Eduardo III.[10][2]
Quando se dá o grande cisma do Ocidente, Portugal alinha de início com Roma, em 1378-79. Estando em paz com Castela e tendo esta preferido o papa de Avinhão, o rei seguiu o vizinho (1379-81). Quando a aliança com a Inglaterra foi renovada, novamente para Roma (1381-82).[11]
Em 1381 dá-se a terceira guerra, vindo a Portugal uma expedição inglesa comandada pelo conde de Cambridge.[2] Em 1382, termina a última guerra com Castela, pelo tratado de Elvas. Com este tratado, nova mudança para Avinhão (1382-83).[11] Um ano depois, para reforçar a paz e a nova aliança, estipula-se que a única filha legítima de D. Fernando, D. Beatriz de Portugal, case com o rei D. João I de Castela, no tratado de Salvaterra de Magos. Esta opção punha em risco a independência de Portugal e não foi bem recebida pelas classes mais baixas do país.
Política interna
Após a paz com Castela, terminada a segunda guerra, dedicou-se D. Fernando à administração do reino, mandou reparar muitos castelos e construir outros, e ordenou a construção de novas muralhas em redor de Lisboa e do Porto e outras localidades entre 1373-75. Foi também feita uma reforma na administração pública e legislação contra abusos senhoriais, em 1374.[10] Com vista ao desenvolvimento da agricultura promulgou a Lei das Sesmarias, em 1375.[5][10] Por esta lei impedia-se o pousio nas terras susceptíveis de aproveitamento e procurava-se aumentar o número de braços dedicados à agricultura. Quem beneficiou com esta medida foram os proprietários ricos.[6][9] Os salários foram tabelados e o trabalho obrigatório, levando a um mal-estar entre os trabalhadores.[6]
Durante o reinado de D. Fernando alargaram-se, também, as relações mercantis com o estrangeiro, relatando Fernão Lopes a presença em Lisboa de numerosos mercadores de diversas nacionalidades, como: biscainhos, catalães, genoveses, lombardos e milaneses. O comércio externo enriquecia o rei e os mercadores.[6] O desenvolvimento da marinha foi, por tudo isto, muito apoiado, tendo o rei tomado várias medidas dignas de nota, tais como: autorização do corte de madeiras nas matas reais para a construção de navios a partir de certa tonelagem; isenção total de direitos sobre a importação de ferragens e apetrechos para navios; isenção total de direitos sobre a aquisição de navios já feitos. Muito importante, sem qualquer dúvida, foi a criação, em 1380 da Companhia das Naus,[10] da qual o rei era o principal quotista[6] e na qual todos os navios tinham que ser registados, pagando uma percentagem dos lucros de cada viagem para a caixa comum. Serviam depois estes fundos para pagar os prejuízos dos navios que se afundassem ou sofressem avarias.
A partir do casamento, D. Leonor Teles tornara-se cada vez mais influente junto do rei, manobrando a sua intervenção política nas relações exteriores.[12] Aparentemente, D. Fernando mostra-se incapaz de manter uma governação forte e o ambiente político interno ressente-se disso, com intrigas constantes na corte.
Quando D. Fernando falece em 1383, a linha dinástica da dinastia de Borgonha chega ao fim. Leonor Teles é nomeada regente em nome da filha, mas a transição não será pacífica. O rei João I de Castela proclama-se rei de Portugal, quebrando assim os termos do acordo de Salvaterra. Respondendo aos apelos de grande parte dos portugueses para manter o país independente, D. João, mestre de Avis e irmão bastardo de D. Fernando, é aclamado em Lisboa Regedor e Defensor do Reino.[5] O resultado foi a crise de 1383-1385, um período de interregno, onde o caos político e social dominou.
D. João tornou-se no primeiro rei da Dinastia de Avis em 1385.
Títulos, estilos, e honrarias
Predefinição:Info/Estilos reais
Títulos e estilos
- 31 de Outubro de 1345 – 18 de Janeiro de 1367: "o Infante Fernando de Portugal
- 18 de Janeiro de 1367 – 22 de Outubro de 1383: "Sua Mercê, o Rei"
- Na Galícia: 23 de Março de 1369 – 31 de Março de 1371: "Sua Mercê", o Rei" (em pretensa)
O estilo oficial de Fernando enquanto Rei era: "Pela Graça de Deus, Fernando I, Rei de Portugal e do Algarve". Em 1369, como afirmação da pretensão de Fernando à Coroa de Castela, a titulatura evolui para: "Pela Graça de Deus, Fernando I, Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de Toledo, da Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Múrcia, de Jáen, do Algarve, de Algeciras e Senhor de Molina". A titulatura regressou à utilizada no início do seu reinado com a sua renúncia aos títulos castelhanos após a Paz de Alcoutim, em 1371.
Genealogia
Ascendência
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16. Afonso III de Portugal | ||||||||||||||||
8. Dinis I de Portugal | ||||||||||||||||
17. Beatriz de Castela | ||||||||||||||||
4. Afonso IV de Portugal | ||||||||||||||||
18. Pedro III de Aragão | ||||||||||||||||
9. Isabel de Aragão | ||||||||||||||||
19. Constança da Sicília | ||||||||||||||||
2. Pedro I de Portugal | ||||||||||||||||
20. Afonso X de Leão e Castela | ||||||||||||||||
10. Sancho IV de Castela | ||||||||||||||||
21. Violant de Aragão | ||||||||||||||||
5. Beatriz de Castela | ||||||||||||||||
22. Afonso de Molina | ||||||||||||||||
11. Maria de Molina | ||||||||||||||||
23. Mayor Alonso de Meneses | ||||||||||||||||
1. Fernando I de Portugal | ||||||||||||||||
24. Fernando III de Leão e Castela | ||||||||||||||||
12. João Manuel, Senhor de Villena | ||||||||||||||||
25. Beatriz da Suábia | ||||||||||||||||
6. João Manuel de Castela | ||||||||||||||||
26. Amadeu IV de Saboia | ||||||||||||||||
13. Beatrice of Savoy | ||||||||||||||||
27. Cecilia of Baux | ||||||||||||||||
3. Constança de Castela | ||||||||||||||||
28. Pedro III de Aragão | ||||||||||||||||
14. Jaime II de Aragão | ||||||||||||||||
29. Constance da Sicília | ||||||||||||||||
7. Constança de Aragão | ||||||||||||||||
30. Carlos II de Nápoles | ||||||||||||||||
15. Blanche de Anjou | ||||||||||||||||
31. Maria da Hungria | ||||||||||||||||
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Descendência
D. Fernando teve uma filha natural antes do seu casamento:
- Isabel (1364-1435), senhora de Viseu, casada com D. Afonso, conde de Noreña, com geração nos Noronha.
Do casamento com D. Leonor Teles de Menezes nasceram:
- Beatriz (1373-após 1409), pretendente ao trono do pai, casada com o rei D. João I de Castela;
- Afonso (1382), morreu quatro dias após o nascimento;
- Pedro (1383), morreu horas após o nascimento.
- O joao é amigo do D. Fernandes ate 2011
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Túmulo
Os restos mortais de D. Fernando foram depositados no Convento de São Francisco, em Santarém, conforme o deixado em testamento pelo monarca. No século XIX, o túmulo foi alvo de sérios actos de vandalismo e degradação, primeiro como resultado das Invasões Francesas, quando se partiu uma porção significativa das paredes do sarcófago ao se ter tornado difícil remover a tampa e da extinção das ordens religiosas em 1834, quando o convento foi deixado ao abandono. Certo é que os restos mortais do rei se perderam para sempre, não tendo chegado nenhum registo dessa profanação aos dias de hoje.[13]
Joaquim Possidónio da Silva, Presidente e fundador da Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portugueses, toma a iniciativa de transportar o monumento funerário de D. Fernando para o Museu Arqueológico do Carmo (onde ainda hoje se encontra), em 1875, de modo a salvaguardar a sua integridade e dignidade de mais vandalismo.[13]
Referências
- ↑ Fernão Lopes, Crónica, ed. 1966, p. 75.
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América. p. 569
- ↑ Campos, Isabel (2008). Leonor Teles, uma Mulher de Poder?. Lisboa: Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 155
- ↑ 4,0 4,1 4,2 Campos, Isabel (2008). Leonor Teles, uma Mulher de Poder?. Lisboa: Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 24
- ↑ 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América. pp. 121–123
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América. p. 123
- ↑ 7,0 7,1 Erro de citação: Marca
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- ↑ 8,0 8,1 8,2 8,3 8,4 8,5 Marques, António (1980). História de Portugal. Lisboa: Palas Editores. p. 179
- ↑ 9,0 9,1 Marques, António (1980). História de Portugal. Lisboa: Palas Editores. p. 184
- ↑ 10,0 10,1 10,2 10,3 10,4 Erro de citação: Marca
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inválida; não foi fornecido texto para as refs chamadasMat
- ↑ 11,0 11,1 Marques, António (1980). História de Portugal. Lisboa: Palas Editores. p. 183
- ↑ Campos, Isabel (2008). Leonor Teles, uma Mulher de Poder?. Lisboa: Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. pp. 159–163
- ↑ 13,0 13,1 Cardeira, Anabela (2012). «Túmulo de D. Fernando I» (PDF). Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Consultado em 14 de Outubro de 2014
Bibiliografia
- Campos, Isabel (2008). Leonor Teles, uma Mulher de Poder?. Lisboa:Tese de Mestreado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
- Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América
- Cardeira, Anabela (2012). Túmulo de D. Fernando I. Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa
- Marques, António (1980). História de Portugal. Lisb Palas Editores
- Mattoso, José (1993). História de Portugal, A Monarquia Feudal, Segundo Volume. [S.l.]: Círculo de Leitores. ISBN 972-42-0636-X
Ver também
- Guerras fernandinas
- Lei das sesmarias
- Muralhas fernandinas
- Dinastia de Borgonha
- Tratado de Salvaterra de Magos
- Crise de 1383-1385
Ligações externas
- «Chronica de el-rei D. Fernando, Fernão Lopes (1380-1460), Lisboa: Escriptorio, 1895-1896» (em português). Biblioteca Nacional Digital
- Costados de D. Fernando I. Subsídios para o estudo das consanguinidades, por Manuel Abranches Soveral, 2000
Fernando I de Portugal Casa de Borgonha Ramo da Casa de Capeto 31 de outubro de 1345 – 22 de outubro de 1383 | ||
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