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Charles Darwin: mudanças entre as edições

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{{Ver desambig|redir=Darwin||Darwin (desambiguação)}}
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{{Info/Cientista
{{Info/Biografia
|nome                = Charles Darwin
|nome                =Charles Darwin<br/>{{small|<small>[[Membro da Royal Society|FRS]] [[Membro da Royal Geographical Society|FGRS]] [[Linnean Society of London|FLS]] [[Sociedade Zoológica de Londres|FLZ]]</small>}}
|imagem              = Hw-darwin.jpg
|imagem              =Charles Darwin seated crop.jpg
|legenda            = Durante a sua vida, Charles Darwin tornou-se famoso internacionalmente como um influente cientista estudando a evolução das espécies.
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|imagem_legenda      =Darwin em 1854, pouco anos antes da publicação de ''[[A Origem das Espécies]]''.{{sfn|Freeman|2007|p=76}}
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|ocupação            ={{hlist|[[Ciências naturais|Cientista natural]]|[[geólogo]]}}
|nacionalidade      = {{GBRb}} [[Reino Unido|Britânica]]
|nome_mãe            =Susannah Darwin
|etnicidade         = [[Brancos|Caucasiana]]
|nome_pai            =Robert Darwin
|campo              = [[História natural]], [[naturalismo]]
|tipo-cônjuge        =esposa
|instituicao_trabalho= [[Royal Geographical Society]]
|cônjuge            =[[Emma Wedgwood]]
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|influências        =[[Charles Lyell]] <br>[[Alexander von Humboldt]] <br>[[John Herschel]] <br>[[Thomas Malthus]]
|tese                =
|influenciados      =[[Joseph Dalton Hooker]] <br>[[Thomas Huxley]] <br>[[George Romanes]] <br>[[Ernst Haeckel]] <br>[[Lubbock]]
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|prêmios            ={{nowrap|[[Membro da Royal Society]] (1839)}} <br>[[Medalha Real]] (1853) <br>[[Medalha Wollaston]] (1859) <br>[[Medalha Copley]] (1864) <br> ''Legum Doctor'' (Honorário), <br> Cambridge (1877), {{nowrap|[[Medalha Baly]] (1879)}} <br>{{nowrap|[[Prêmio Bressa]] (1879)}}
|orientado          =
|religião            =[[Agnóstico]]<br/>{{small|(anteriormente [[anglicanismo]])}}
|conhecido_por      = [[Teoria da Evolução]], [[seleção natural]], [[seleção sexual]]
|principais_trabalhos= ''[[A Origem das Espécies]]'' (1859) <br>''[[A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo]]'' (1871)
|influenciado        = [[Thomas Henry Huxley]]
|assinatura          =[[Imagem:Charles_Darwin_Signature.svg|180px]]
|influencia          = [[Charles Lyell]]<br />[[Joseph Dalton Hooker]]
|premio              = {{nowrap|[[Medalha Real]] (1853)}}, {{nowrap|[[Medalha Wollaston]] (1859)}}, {{nowrap|[[Medalha Copley]] (1864)}}
|conjuge            = [[Emma Darwin]]
|religiao            = [[Igreja Anglicana|anglicana]]; [[agnosticismo]] depois de 1851
|assinatura          = Darwinsig.svg
|notas              = Neto de [[Erasmus Darwin]] e também neto de [[Josiah Wedgwood]]
}}
}}
'''Charles Robert Darwin''' <small>[[Royal Society|FRS]]</small> ({{IPA-en|'dɑː.wɪn}}; [[Shrewsbury]], {{dtlink|lang=br|12|2|1809}} [[Downe]], [[Kent]], {{dtlink|lang=pt|19|4|1882}}) foi um [[Naturalismo (filosofia)|naturalista]] [[Reino Unido|britânico]] que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da [[evolução]] e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da [[seleção natural]] e [[Seleção sexual|sexual]].<ref name=JvW>{{Harvnb|van Wyhe|2008}}</ref> Esta teoria culminou no que é, agora, considerado o paradigma central para explicação de diversos fenômenos na [[biologia]].<ref>[http://darwin-online.org.uk/biography.html The Complete Works of Darwin Online - Biography.] ''darwin-online.org.uk''. Acessado em 15 de dezembro de 2006 {{Harvnb|Dobzhansky|1973}}</ref> Foi laureado com a [[medalha Wollaston]] concedida pela [[Sociedade Geológica de Londres]], em 1859.<ref name=MW>{{citar web |url=http://www.geolsoc.org.uk/About/History/Award-Winners-Since-1831/Wollaston-Medal |título=Award Winners Since 1831 / Wollaston Medal |acessodata=10 de agosto de 2015 |autorlink=www.geolsoc.org.uk |publicado=The Geological Society of London |língua2=en |arquivourl=https://web.archive.org/web/20150725195039/http://www.geolsoc.org.uk/geoscientist |arquivodata=25 de julho de 2015 }}</ref>
'''Charles Robert Darwin''', <small>[[Membro da Royal Society|FRS]] [[Membro da Royal Geographical Society|FGRS]] [[Linnean Society of London|FLS]] [[Sociedade Zoológica de Londres|FLZ]]</small><ref name=frs>{{citar web|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150316060617/https://royalsociety.org/about-us/fellowship/fellows/|arquivodata=2015-03-16|url=https://royalsociety.org/about-us/fellowship/fellows/|publicado=Royal Society|local=Londres|título=Fellows of the Royal Society}}</ref> ({{IPA-en|'dɑːrwɪn}};<ref>[http://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/darwin "Darwin"] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20140718234042/http://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/darwin |date=18 de julho de 2014 }} entrada em ''[[Collins English Dictionary]]''.</ref> [[Shrewsbury]], [[12 de fevereiro]] de [[1809]] – [[Downe]], [[19 de abril]] de [[1882]]) foi um [[naturalista]], [[geólogo]] e [[biólogo]] britânico,<ref>{{harvnb|Desmond|Moore|Browne|2004}}</ref> célebre por seus avanços sobre [[evolução]] nas ciências biológicas.{{Ref label|A|I|none}} Juntamente com [[Alfred Wallace]], Darwin estabeleceu a ideia que todos os seres vivos descendem de um [[Origem comum|ancestral em comum]], argumento agora amplamente aceito e considerado um conceito fundamental no meio científico,<ref>{{citar livro|autor =Coyne, Jerry A. |título=Why Evolution is True|publicado=Viking|ano=2009 |páginas=8–11|isbn=978-0-670-02053-9}}</ref> e propôs a teoria de que os [[filogenia|ramos evolutivos]] são resultados de [[seleção natural]] e [[seleção sexual|sexual]], onde a luta pela sobrevivência resulta em consequências similares às da [[seleção artificial]].<ref name="Larson79-111">{{Harvnb|Larson|2004| pp=79–111}}</ref>


Darwin começou a se interessar por história natural na universidade enquanto era estudante de [[Medicina]] e, depois, [[Teologia]].<ref name=whowas>{{Harvnb|Leff|2000|p=[http://www.aboutdarwin.com/darwin/WhoWas.html About Charles Darwin]}}</ref> A sua viagem de cinco anos a bordo do brigue [[HMS Beagle]] e escritos posteriores trouxeram-lhe reconhecimento como [[geólogo]] e fama como escritor. Suas observações da natureza levaram-no ao estudo da diversificação das espécies e, em 1838, ao desenvolvimento da teoria da [[Seleção Natural]].<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 210, 263–274, 284–285}}</ref> Consciente de que outros antes dele tinham sido severamente punidos por sugerir ideias como aquela, ele as confiou apenas a amigos próximos e continuou a sua pesquisa tentando antecipar possíveis objeções. Contudo, a informação de que [[Alfred Russel Wallace]] tinha desenvolvido uma ideia similar forçou a publicação conjunta das [[On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection|suas teorias]] em 1858.<ref>[http://www.amnh.org/exhibitions/darwin/work/last.php Darwin - At last.] [[American Museum of Natural History]]. Acessado em 21 de março de 2007</ref>
Seu livro de 1859, ''[[A Origem das Espécies]]'', causou espanto na sociedade e comunidade científica da época, mas conseguiu grande aceitação nas décadas seguintes, superando a rejeição que os cientistas tinham pela [[transmutação de espécies]].<ref>{{citar livro|título=Why Evolution is True |último = Coyne |primeiro =Jerry A. |autorlink =Jerry Coyne |ano=2009 |publicado=Oxford University Press |local= Oxford |isbn=978-0-19-923084-6 |página=17 |citação= Em "''A Origem''", Darwin forneceu uma hipótese alternativa para o desenvolvimento, diversificação e design da vida. Muitos trechos do livro não somente apresentam evidências provando a evolução mas ao mesmo tempo refuta o criacionismo. Nos tempos de Darwin, a evidência de suas teorias eram incisivas mas não completamente decisivas.}}</ref><ref>{{citar livro|título=Forerunners of Darwin |último =Glass |primeiro =Bentley |autorlink =Bentley Glass |ano=1959 |publicado=Johns Hopkins University Press |local=Baltimore, MD |isbn= 978-0-8018-0222-5|página=iv |citação= A solução de Darwin é uma síntese magnífica de evidências...uma síntese... convincente em honestidade e compreesão.}}</ref>  Já em 1870, a evolução por seleção natural tinha apoio da maioria dos intelectuais. Sua aceitação quase universal, entretanto, não foi atingida até à emergência da [[síntese evolutiva moderna]] entre as décadas de 1930 e 1950 quando um grande consenso consolidou a seleção natural como o mecanismo básico da evolução.<ref name=JvW>{{Harvnb|van Wyhe|2008}}</ref><ref name=b3847>{{harvnb|Bowler|2003|pp=178–179, 338, 347}}</ref> A teoria de Darwin é considerada o mecanismo unificador para explicar a vida e a diversidade na [[Terra]].<ref>[http://darwin-online.org.uk/biography.html The Complete Works of Darwin Online&nbsp;– Biography.] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20070107165048/http://darwin-online.org.uk/biography.html |date=7 de janeiro de 2007 }} ''darwin-online.org.uk''. Acessado em 15 de dezembro de 2006<br />{{Harvnb|Dobzhansky|1973}}</ref><ref>Como o acadêmico darwinista Joseph Carrol da Universidade de Missouri–St. Louis coloca na introdução das cópias modernas dos trabalhos de Darwin: "A ''Origem das Espécies'' tem toda a nossa atenção. É um dos dois ou três trabalhos mais significativos de todos os tempos—um desses trabalhos que fundamentalmente e permanentemente altera nossa visão de mundo... É defendido com uma consistência singular mas também eloquente, provocativa, e retoricamente consistente". {{citar livro|título=On the origin of species by means of natural selection |editor=Carroll, Joseph |ano=2003 |publicado=Broadview |local= Peterborough, Ontario|isbn= 978-1-55111-337-1|página=15 |url= }}</ref>


Em seu livro de 1859, "[[A Origem das Espécies]]" (do original, em [[Língua inglesa|inglês]], ''On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life''), ele introduziu a ideia de [[evolução|evolução a partir de um ancestral comum]], por meio de [[seleção natural]].<ref name = JvW/>Esta se tornou a explicação científica dominante para a diversidade de espécies na natureza. Ele ingressou na [[Royal Society]] e continuou a sua pesquisa, escrevendo uma série de livros sobre plantas e animais, incluindo a espécie humana, notavelmente "[[A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo]]" (''The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex'', 1871) e "[[A Expressão da Emoção em Homens e Animais]]" (''The Expression of the Emotions in Man and Animals'', 1872).
Em seus primeiros anos, Darwin recusou cursar medicina na [[Universidade de Edimburgo]]; ao invés disso, focou-se em pesquisar sobre animais invertebrados. Pela Universidade de Cambridge (Christ's College), ele tomou a iniciativa pelas [[ciências naturais]]<ref name=whowas>{{Harvnb|Leff|2000|loc=[http://www.aboutdarwin.com/darwin/WhoWas.html About Charles Darwin]}}</ref> e viajou durante cinco anos pelo [[HMS Beagle|HMS ''Beagle'']], projeto que o lançou como eminente geólogo e cujas observações sustentaram as [[Uniformitarismo|ideias]] de [[Charles Lyell]]; as publicações de seus diários sobre os trajetos percorridos consolidaram sua fama.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 210, 284–285}}</ref> Intrigado com a distribuição geográfica da [[vida selvagem]] e dos [[fósseis]] coletados durante sua viagem, Darwin começou investigações detalhadas e, em 1838, concebeu a teoria da seleção natural.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=263–274}}</ref> Depois de discutir suas ideias com vários naturalistas, Darwin precisava de mais tempo para tornar sua ideia pública, algo que entrava em conflito com seu extensivo trabalho geológico que tinha prioridade.<ref>{{harvnb|van Wyhe|2007|pp=184, 187}}</ref> Em 1858, o naturalista [[Alfred Wallace]] manda um ensaio científico para Darwin estabelecendo as mesmas ideias e sugere uma [[On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection|publicação em conjunto]].<ref>{{citar periódico|último1 = Beddall |primeiro1 = B. G. |título= Wallace, Darwin, and the Theory of Natural Selection |periódico= Journal of the History of Biology | volume = 1 |número= 2 |páginas= 261–323 |ano= 1968 | doi = 10.1007/BF00351923 | df = dmy-all }}</ref>


Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na [[Abadia de Westminster]], próximo a [[Charles Lyell]], [[William Herschel]] e [[Isaac Newton]].<ref name=DarwinsBurial>{{Harvnb|Leff|2000|p=[http://www.aboutdarwin.com/darwin/burial.html Darwin's Burial]}}</ref> Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX.<ref name=BBCstatefuneral>{{cite web |url=http://news.bbc.co.uk/1/hi/uk_politics/7538482.stm |title=BBC NEWS : Politics : Thatcher state funeral undecided |date=2008-08-02 |accessdate=2008-08-10}}</ref>
Consagrada a publicação, a teoria evolutiva darwiniana determinou drasticamente o cenário da ciências biológicas, tornando-se a explicação dominante sobre o porquê da diversidade natural do planeta.<ref name = JvW /> Em 1871, Darwin volta a publicar livros significativos, desta vez começando sobre a sexualidade humana e sua descendência, intitulado ''[[A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo]]'', seguido por ''[[A Expressão da Emoção em Homens e Animais]]'' em 1872. Sua dedicação pelas plantas resultaram em várias publicações de livros, e seu último seria ''[[The Formation of Vegetable Mould through the Action of Worms]]'' em 1881,<ref>{{Harvnb|Freeman|1977}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.aboutdarwin.com/literature/CD_Books.html|título=AboutDarwin.com – All of Darwin's Books|website=www.aboutdarwin.com|acessodata=20 de março de 2016|urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160401191909/http://www.aboutdarwin.com/literature/CD_Books.html|arquivodata=1 de abril de 2016|df=dmy-all}}</ref> meses antes de sua morte no ano seguinte. Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na [[Abadia de Westminster]], próximo a [[Charles Lyell]], [[William Herschel]] e [[Isaac Newton]]. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX. Por seu papel científico, Darwin é considerado uma das maiores personalidades da história.<ref>{{citar jornal|url=https://www.newscientist.com/special/darwin-200|título=Special feature: Darwin 200|acessodata=2 de abril de 2011|obra=New Scientist|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110211051412/http://www.newscientist.com/special/darwin-200|arquivodata=11 de fevereiro de 2011|df=dmy-all}}</ref>


== Biografia ==
== Biografia ==
=== Infância e educação ===
=== Primeiros anos ===
[[Imagem:Charles Darwin 1816.jpg|thumb|esquerda|Charles Darwin com sete anos, em 1816, um ano antes da morte da sua mãe.]]
[[Ficheiro:Charles Darwin 1816.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|upright|Charles Darwin com sete anos de idade em 1816.]]


Charles Darwin nasceu na casa da sua família em Shrewsbury, [[Shropshire]], Inglaterra, em 12 de fevereiro de 1809.<ref>{{cite web |url=http://darwin.baruch.cuny.edu/biography/shrewsbury/mount/ |title=The Mount House, Shrewsbury, England (Charles Darwin) |author=John H. Wahlert |date=11 June 2001 |work=Darwin and Darwinism |publisher=[[Baruch College]] |accessdate=26 de novembro de 2008}}</ref> Foi o quinto dos seis filhos do médico Robert Darwin e sua esposa Susannah Darwin. Seu avô paterno foi [[Erasmus Darwin]] e seu avô materno o ceramista [[Josiah Wedgwood]], ambos pertencentes à proeminente e abastada família Darwin-Wedgwood e à elite intelectual da época. Sua mãe morreu quando ele tinha oito anos. No ano seguinte, em 1818, Darwin foi enviado para a escola Shrewsbury.<ref name=skool>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 12–15}}<br />{{harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=21 21–25]}}</ref> Interessava-se então apenas em colecionar [[Mineral|minerais]], [[inseto]]s e [[ovo]]s de pássaros, caça, cães e ratos.
Charles Robert Darwin nasceu em [[Shrewsbury]], [[Shropshire]], em 12 de fevereiro de 1809, em uma propriedade da família apelidada ''The Mount''.<ref>{{citar enciclopédia|último =Desmond|primeiro =Adrian J.|título=Charles Darwin|enciclopédia=Encyclopædia Britannica|data=13 de setembro de 2002|url=https://www.britannica.com/biography/Charles-Darwin|acessodata=11 de fevereiro de 2018}}</ref><ref>{{citar web|url= http://darwin.baruch.cuny.edu/biography/shrewsbury/mount/|título= The Mount House, Shrewsbury, England (Charles Darwin)|autor = John H. Wahlert|data= 11 de junho de 2001|obra= Darwin and Darwinism|publicado= [[Baruch College]]|acessodata= 26 de novembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl= https://www.webcitation.org/68brqWXRx?url=http://faculty.baruch.cuny.edu/naturalscience/biology/darwin/|arquivodata=22 de junho de 2012|df= dmy-all}}</ref> O quinto de seis irmãos e filho do médico e investidor [[Robert Darwin]] com Susannah Darwin (nome de solteira, Wedgwood), Charles era neto de dois proeminentes abolicionistas: [[Erasmus Darwin]] por parte de pai, e [[Josiah Wedgwood]] por parte de mãe.<ref>[https://www.pbs.org/wgbh/aia/part2/2h67.html "Am I Not a Man and a Brother?"], 1787</ref><ref>{{citar web
|título= British History – Abolition of the Slave Trade 1807
| url        = http://www.bbc.co.uk/history/british/abolition/africans_in_art_gallery_02.shtml
|publicado= BBC
|acessodata= 11 de abril de 2009
|citação= The Wedgwood medallion was the most famous image of a black person in all of 18th-century art.}}</ref>


Em 1825, depois de passar o verão como médico aprendiz ajudando seu pai no tratamento dos pobres de Shropshire, Darwin foi estudar medicina na [[Universidade de Edimburgo]]. Contudo, sua aversão à brutalidade da [[cirurgia]] da época levou-o a negligenciar seus estudos médicos. Na universidade, aprendeu [[taxidermia]] com [[John Edmonstone]], um ex-escravo negro, que lhe narrava sobre as [[Floresta tropical|florestas tropicais]] na [[América do Sul]].<ref name=eddy>{{harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=48 47–51]}}</ref> Em seu segundo ano, Darwin se tornou ativo participante de sociedades estudantis para naturalistas. Participou, por exemplo, da [[Sociedade Pliniana]], onde se liam comunicações sobre história natural. Nesta época foi pupilo de [[Robert Edmond Grant]], um pioneiro no desenvolvimento das teorias de [[Jean-Baptiste Lamarck]] e do seu avô [[Erasmus Darwin]] sobre a evolução de características adquiridas.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=72–88}}</ref> Darwin tomou parte das investigações de Grant a respeito do ciclo de vida de animais marinhos. Tais investigações contribuíram para a formulação da teoria de que todos os animais possuem órgãos similares e diferem apenas em complexidade. No curso de história natural de [[Robert Jameson]] estudou [[Estratigrafia|geologia estratigráfica]]. Estudou depois a classificação de plantas, enquanto ajudava nos trabalhos com as grandes coleções do [[Royal Museum|Museu da Universidade de Edimburgo]].<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p=42–43}}</ref>
Ambas as famílias eram [[unitarismo|unitaristas]], embora os Wedgwoods também compartilhassem a crença [[anglicanismo|anglicana]]. O próprio Robert Darwin, que declarava-se um livre pensador, batizou Charles em novembro de 1809 na ''Anglican St Chad's Church'', Shrewsbury. Enquanto pequeno, Darwin e seus irmãos iam à Igreja Unitarista juntamente com sua mãe. Com oito anos, demonstrava interesse precoce pela história natural durante suas participações escolares. Em julho daquele ano, sua mãe faleceu. Em setembro de 1818, veio a frequentar, junto com seu irmão mais velho Erasmus, a ''Anglican Shrewsbury School''.<ref name=skool>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 12–15}}<br />{{harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=21 21–25]}}</ref>


Em 1827 seu pai, decepcionado com a falta de interesse de Darwin pela medicina, matriculou-o em um curso de bacharelado em artes na [[Universidade de Cambridge]], para que ele se tornasse um [[clérigo]].<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=47–48}}</ref> Nesta época, clérigos tinham uma renda que lhes permitia uma vida confortável, e muitos eram naturalistas, uma vez que, para eles, "explorar as maravilhas da criação de Deus" era uma de suas obrigações. Em [[Cambridge]], entretanto, Darwin preferia cavalgar e atirar, ao invés de estudar. Passava muito do seu tempo coletando besouros com seu primo William Darwin Fox. Este o apresentou ao reverendo [[John Stevens Henslow]], professor de [[botânica]] e especialista em besouros que, mais tarde, viria a se tornar seu tutor. Darwin ingressou no curso de história natural de Henslow e se tornou um de seus alunos prediletos. Nesta época Darwin se interessou pelas ideias de [[William Paley]], em particular a noção de projeto divino na natureza.<ref name=dar57>{{Harvnb|Darwin|1958|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=59 57–67]}}</ref> Em suas provas finais em janeiro de 1831, ele se saiu muito bem em teologia e, mesmo tendo feito apenas o suficiente para passar no estudo de clássicos, matemática e física, foi o décimo colocado entre 178 aprovados.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|p=97}}</ref>
Darwin passou o verão de 1825 ganhando sua primeira experiência profissional como aprendiz de médico, auxiliando no acesso do tratamento aos pobres em Shrewsbury, antes de ir para a [[Universidade de Edimburgo]] no mesmo ano, considerado o melhor do curso de medicina no [[Reino Unido]] da época, e mais uma vez acompanhando seu irmão Erasmus. As [[cirurgia]]s grosseiras da época nausearam Darwin e ele acabou por negligenciar os estudos práticos. Todavia, acabou adquirindo um bom conhecimento de [[taxidermia]] após cursos com [[John Edmonstone]], um ex-escravo o qual tinha acompanhado [[Charles Waterton]] nas florestas da América do Sul e que contava sobre suas expedições durante as classes, criando as primeiras inspirações aventureiras na formação do jovem naturalista.<ref name=eddy>{{harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=48 47–51]}}<br />{{harvnb | Desmond |Moore | 2009 | pp=18–26}}</ref>


Seguindo os conselhos e exemplo de Henslow, Darwin não se apressou em ser ordenado. Inspirado pela narrativa de [[Alexander von Humboldt]], ele planejou se juntar a alguns colegas e visitar a [[Tenerife]] para estudar história natural dos trópicos. Como preparação, Darwin ingressou no curso de [[Geologia]] do reverendo [[Adam Sedgwick]], um forte proponente da teoria de projeto divino, e viajou com ele como um assistente no [[estratigrafia|mapeamento estratigráfico]] no [[País de Gales]].<ref name=db>{{Harvnb|Darwin|1958|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=69 67–68]}}<br />{{Harvnb|Browne|1995|pp=128–129, 133–141}}</ref> Contudo, seus planos de viagem à [[Ilha da Madeira]] foram subitamente desfeitos ao receber uma carta que lhe informava a morte de um dos seus prováveis colegas de viagem. Outra carta, entretanto, recebida ao retornar para casa, o colocaria novamente em viagem. Henslow havia recomendado que Darwin fosse o acompanhante de [[Robert FitzRoy]], capitão do barco inglês [[HMS Beagle]], em uma expedição de dois anos que deveria mapear a costa da América do Sul.<ref>{{cite web |url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-105.html |title=Darwin Correspondence Project - Letter 105 — Henslow, J. S. to Darwin, C. R., 24 Aug 1831 |accessdate=2008-12-29}}</ref> Isto lhe daria a oportunidade de desenvolver a sua carreira como naturalista. Esta se tornaria uma expedição de quase cinco anos que teria profundo impacto em muitas áreas da Ciência.
Em seu segundo ano universitário, Darwin se juntou à ''[[Plinian Society]]'', um grupo de história natural que defendia com fervor ideias democráticas e céticas e questionava visões ortodoxas entre religião e ciência da época.{{sfn|Desmond|Moore|1991|pp=31–34}}  Ele ajudou Robert Edmond na investigação da anatomia e ciclo de vida de invertebrados marinhos situados no [[Estuário do rio Forth]] e, em 27 de março de 1827, apresentou na ''Society'' a sua própria descoberta que esporos negros encontrados em certas conchas eram, na verdade, ovos de sanguessugas. Grant acabou por promover o [[lamarckismo]], atitude que espantou Darwin pela audácia, embora ele já tivesse tido contato com conceitos similares ao ler as publicações de seu avô Erasmus.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=72–88}}</ref> Darwin priorizou em ajudar nas investigações geológicas de [[Robert Jameson]], incluindo debates sobre polêmica entre [[neptunismo]] e [[plutonismo]]. Ele aprendeu botânica e ajudou nas coleções na University Museum, um dos maiores museus europeus da época.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=42–43}}</ref>


=== A viagem do Beagle ===
O negligenciamento de Darwin em terminar seus estudos em medicina irritou seu pai, que por sua vez o mandou para Christ's Collage, Cambridge, para estudar em um bacharelado de artes, em um primeiro passo rumo à carreira [[clérigo|clériga]] anglicana, pois era comum intelectuais da igreja seguirem o ramo das ciências naturais com o objetivo 'de apreciar as belezas divinas'. Darwin acabou não indo bem nos testes, conquistando apenas um acesso inferior em 1828.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=47–48, 89–91}}<br />{{harvnb | Desmond |Moore | 2009 | pp=47–48}}</ref> Ele preferia montar em cavalos e atirar. Pouco depois, Darwin adquiriu grande interesse por colecionar besouros graças ao seu primo William Darwin; o jovem naturalista aprendeu a ser zeloso com seus materiais durante este período e, desenhando gravuras cientificas, conseguiu publicar seus primeiros trabalhos com James William Stephens. Darwin se tornou amigo próximo e seguidor do botânico [[John Stevens Henslow]],<ref name="Spencer-Thomas2010">{{citar web|título= John Stevens Henslow (1769-1861) |último = Spencer-Thomas |primeiro = Owen |obra= [[Owen Spencer-Thomas]] |data= 2010 |acessodata= 2019-04-05 | url = http://sayitstraight.co.uk/local-history/biographies/john-stevens-henslow-1796-1861/ |citação= }}</ref>  um entre vários peritos naturalistas que defendiam a união entre religião e ciências naturais; a amizade entre ele e Henslow  ficou tão caricata que Darwin seria chamado de "aquele que anda com Henslow". Quando os seus exames estavam se aproximando, Darwin dedicou-se com esmero ao estudo da obra de [[William Paley]], figura de grande inspiração com seu pioneirismo nas versões modernas no [[argumento teleológico]] e autor de ''Evidences of Christianity''.<ref name=dar57>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 73–79}}<br />{{Harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=59 57–67]}}</ref>  Em seus exames finais em janeiro de 1931, foi relativamente bem sucedido, ficando em décimo lugar entre 178 candidatos nos exames.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|p=97}}</ref>
{{Artigo principal|[[A Viagem do Beagle]]}}


[[Imagem:Voyage of the Beagle-en.svg|thumb|400px|O percurso da viagem do [[HMS Beagle]].]]
Darwin precisou ficar em Cambridge até junho de 1831. Ele estudou e ficou admirado com o livro de Paley ''[[Natural Theology or Evidences of the Existence and Attributes of the Deity]] '' (primeiramente publicado em 1802) que argumenta que, pelas evidências de um [[design inteligente|design divino]] presente na natureza, [[Deus]] agiria através de leis da naturais.<ref name="syd5-7">{{Harvnb|von Sydow|2005|pp=5–7}}</ref> Ao ler o novo livro de John Harschel, ''Preliminary Discourse on the Study of Natural Philosophy'', o qual argumentava que a maneira mais efetiva para entender as leis divinas era através do pensamento dedutivo baseado na observação, entre outros títulos como ''Personal Narrative of scientific travels'' de Alexander Von Humboldts, Darwin enraizou cada vez mais suas visões que o levariam a viajar pelo HMS ''Beagle''. Inspirado pela vontade de contribuir, Darwin planejou visitar [[Tenerife]] com alguns colegas após a graduação a fim de estudar história natural nos trópicos. Em sua preparação, ele se juntou ao curso de [[geologia]] de [[Adam Sedgwick|Adam Sedgwicks]] e, em 4 de agosto daquele ano, viaja com o professor e passa uma quinzena mapeando estratos em [[País de Gales]].<ref name=db>{{Harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=69 67–68]}}</ref><ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=128–129, 133–141}}</ref>


A viagem do [[HMS Beagle|Beagle]] durou quatro anos e nove meses, dois terços dos quais Darwin esteve em terra firme.<ref name=JvW/><ref name=kix>{{harvnb|Keynes|2000|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1840&pageseq=12 ix–xi]}}</ref> Darwin estudou uma grande variedade de características geológicas, [[fósseis]], organismos vivos e conheceu muitas pessoas, entre nativos e colonos. Coletou metodicamente diversos espécimes, muitos dos quais novos para a ciência. Isto estabeleceu sua reputação como naturalista e fez dele um dos precursores do campo da [[ecologia]], particularmente a noção de [[biocenose]]. Suas anotações detalhadas mostraram seu dom para a teorização, formarando a base para seus trabalhos posteriores, fornecendo visões sociais, políticas e antropológicas sobre as regiões visitadas.<ref>{{Harvnb|van Wyhe|2008b|p=18–21}}</ref>
=== A viagem com o ''Beagle ''===
{{AP|HMS Beagle}}
[[Ficheiro:Voyage of the Beagle-en.svg|upright=1.6|miniaturadaimagem|O percurso do navio HMS ''Beagle'', 1831 - 1836. A expedição partiu do Reino Unido e circundou o globo, atravessando a costa da América do Sul, o Oceano Pacífico, Austrália e Oceania, África do Sul, retornando para o Brasil e por fim voltando para a Inglaterra.]]


Durante a viagem Darwin leu o livro "[[Princípios da Geologia]]" de [[Charles Lyell]], que descrevia características geológicas como resultado de processos graduais ocorrendo ao longo de grandes períodos de tempo. Ele escreveu para casa que via formações naturais como se através dos olhos de Lyell: degraus planos de pedras com o aspecto característico de erosão por água e conchas na [[Patagônia]] eram sinais claros de praias que haviam se elevado;<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=183–190}}</ref> no Chile, ele experimentou um terremoto e observou pilhas de [[mexilhão|mexilhões]] encalhadas acima da maré alta o que mostrava que toda a área havia sido elevada; e mesmo no alto dos [[Andes]] ele foi capaz de coletar conchas. Darwin ainda teorizou que atóis de [[coral]] iam se formando gradualmente em montanhas vulcânicas à medida que estas afundavam no mar, uma ideia confirmada posteriormente quando o Beagle esteve nas ilhas Cocos (keeling).<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 160–168, 182}}<br />{{Harvnb|Darwin|1887|p= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1452.1&viewtype=text&pageseq=278 260]}}</ref><ref name=atolls>{{Harvnb|Darwin|1958|loc=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1497&viewtype=text&pageseq=100 p 98–99]}}</ref>
Após deixar Sedgwick em Gales, Darwin passou uma semana com colegas em [[Barmouth]], retornando para casa em 29 de agosto e achando uma carta de Henslow propondo uma viagem a bordo do [[HMS Beagle|HMS ''Beagle'']]; o capitão seria [[Robert FitzRoy]] e Henslow deixou claro que apesar da oportunidade irrecusável para um jovem naturalista, Darwin estaria primeiramente na posição de cavalheiro e não apenas como "mero colecionador". O navio partiria em quatro semanas começando pela costa da [[América do Sul]].<ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-105.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 105&nbsp;– Henslow, J. S. to Darwin, C. R., 24 Aug 1831|acessodata=29 de dezembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090116035549/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-105.html|arquivodata=16 de janeiro de 2009|df=dmy-all}}</ref> A viagem sofreu objeção do pai, Robert Darwin, pois seria "uma perda de tempo", mas o seu cunhado, [[Josiah Wedgwood II]], persuadiu-o a financiar os custos.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 94–97}}</ref> Darwin fez questão de deixar a expedição em segredo a fim de manter controle do material coletado, já que desta maneira este poderia ser melhor preservado e expandido para futuras investigações científicas.<ref name="Browne">{{Harvnb|Browne|1995|pp=204–210}}</ref>


Na [[América do Sul]] Darwin descobriu fósseis de animais extintos como o [[megatério]] e o [[gliptodonte]], em camadas que não mostravam quaisquer sinais de catástrofe ou mudanças climáticas. Naquele tempo Darwin pensava que aquelas eram espécimes similares às encontradas na [[África]] mas, após a sua volta, [[Richard Owen]] lhe mostrou que os [[fósseis]] encontrados eram mais similares a animais não extintos e que viviam na mesma região ([[Bicho-preguiça|preguiças]] e [[tatu]]s).<ref>{{Harvnb|Browne|1995|p= 223–235}}<br />{{Harvnb|Darwin|1835|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1&viewtype=text&pageseq=7 7]}}<br />{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 210}}</ref> Na [[Argentina]], duas espécies de [[ema]] viviam em territórios separados mas compartilhavam áreas comuns. Nas ilhas [[Galápagos]], Darwin descobriu que [[cotovia]]s (''mockingbirds'') diferiam de uma ilha para outra. Ao retornar à [[Inglaterra]], foi lhe mostrado que o mesmo ocorria com as [[tartaruga]]s e [[Fringillidae|tentilhões]]. O [[Sciurognathi|rato-canguru]] e o [[ornitorrinco]], encontrados na [[Austrália]], eram animais tão estranhos que levaram Darwin a pensar que "Um incrédulo... poderia dizer que 'seguramente dois criadores diferentes estiveram em ação'". Todas estas observações o deixaram muito intrigado e, na primeira edição de "[[A Viagem do Beagle]]", ele explicou a distribuição das espécies à luz da teoria de Charles Lyell de "centros de criação". Em edições posteriores, ele já dava indicações de como via a fauna encontrada nas Ilhas Galápagos como evidência para a evolução: "é possível imaginar que algumas espécies de aves neste arquipélago derivam de um número pequeno de espécies de aves encontradas originalmente e que se modificaram para diferentes finalidades".
Após alguns atrasos, a viagem começou pouco depois do natal de 1831, durando quase cinco anos. Como o capitão FitzRoy planejou, Darwin conseguiu passar a maior parte do tempo em terra para investigar materiais geológicos e acumular coleções de artefatos naturais, enquanto o ''Beagle'' era [[hidrografia|reparado e abastecia]].<ref name=JvW /><ref name=kix>{{harvnb|Keynes|2000|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1840&pageseq=12 ix–xi]}}</ref> Nessa época ele começou a esboçar suas primeiras observações e quando podia mandava espécimes encontrados para Cambridge, anexando cópias do [[A Viagem do Beagle|seu diário de viagem]] para sua família.<ref>{{Harvnb|van Wyhe|2008b|pp=18–21}}</ref> Tinha algum conhecimento em geologia, e experiência em colecionar besouros e dissecar invertebrados marinhos, mas em outras áreas era novato e recolhia espécimes habilmente para serem apreciados por especialistas.<ref name=fnGal>{{citar web|url=http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/Chancellor_Keynes_Galapagos.html|título=Darwin's field notes on the Galapagos: 'A little world within itself'|autor =Gordon Chancellor|autor2 =[[Randal Keynes]]|data=Outubro de 2006|publicado=[[Darwin Online]]|acessodata=16 de setembro de 2009|urlmorta= não|arquivourl=https://www.webcitation.org/617qybOGZ?url=http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/Chancellor_Keynes_Galapagos.html|arquivodata=22 de agosto de 2011|df=dmy-all}}</ref> Até quando sofreu com doenças tropicais, ele não deixou de fazer anotações detalhadas em seus diários enquanto estava a bordo do navio. A maioria de suas anotações eram sobre invertebrados marinhos, como os [[plâncton]]s.<ref name=kix /><ref name=plankton>{{Harvnb|Keynes|2001|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1925&viewtype=text&pageseq=53 21–22]}}</ref>


[[Imagem:HMSBeagle.jpg|thumb|esquerda|[[HMS Beagle]] na [[Austrália]] (centro), aquarela pintada por [[Owen Stanley]] em 1841.]]
A primeira parada foi em [[Santiago (Cabo Verde)|Santiago]], [[Cabo Verde]], onde Darwin achou amontoado de [[rocha vulcânica|rochas vulcânicas]] a grande altitude com várias conchas. O capitão FitzRoy deu-lhe o livro de Charles Lyell, ''[[Princípios de Geologia|Principles of Geology]]'', o qual defendia os conceitos do [[uniformitarismo]] e a lenta formação e movimento das rochas por longos períodos,{{Ref label|B|II|none}} pensamento logo sendo adotado por Darwin e que começou em seguida a teorizar seus próprios conceitos.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=183–190}}</ref> Na chegada ao [[Brasil]], Darwin encantou-se com a [[floresta tropical]]<ref>{{harvnb|Keynes|2001|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1925&pageseq=73 41–42]}}</ref> mas desprezou a escravidão na região, debatendo sobre o assunto com Fitzroy.<ref>{{harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=75 73–74]}}</ref>


Três nativos foram trazidos de volta pelo Beagle para a [[Terra do Fogo]]. Eles tinham sido "civilizados" na Inglaterra nos dois anos anteriores, ainda que os seus parentes parecessem à Darwin selvagens pouco acima de outros animais.<ref>{{Harvnb|Darwin|1845|pp= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F14&viewtype=text&pageseq=218 205–208]}}</ref> Em um ano, entretanto, aqueles missionários voltaram ao que eram e, de fato, preferiam esta condição uma vez que não quiseram retornar à Inglaterra.<ref>{{harvnb|Keynes|2001|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1925&pageseq=258 226–227]}}</ref> Esta experiência somada a repulsa de Darwin pela [[escravidão]]<ref>{{harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=75 73–74]}}</ref> e outros abusos que ele viu em vários lugares, tais como o tratamento desumano dos nativos por colonos ingleses na Tasmânia, o persuadiram de que não há justificativa moral para maltratar outros homens baseado no conceito de raça. Ele passou então a acreditar que a humanidade não se encontrava tão distante dos outros animais como diziam seus amigos do clero.
[[Ficheiro:HMS Beagle by Conrad Martens.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|O ''Beagle'' na costa sul-americana, região onde Darwin encontrou e esboçou seus primeiros achados significativos.]]


A bordo do barco, Darwin sofria constantemente de enjoo. Em outubro de 1833 ele pegou uma febre na Argentina e em julho de 1834, enquanto retornando dos [[Andes]] a [[Valparaíso (Chile)|Valparaíso]], adoeceu e ficou um mês de cama. De 1837 em diante, Darwin passou a sofrer repetidamente de dores estomacais, vômitos, graves tremores, palpitações, e outros sintomas. Estes sintomas se agravavam particularmente em épocas de estresse, tais como quando tinha de lidar com as controvérsias relacionadas à sua teoria. A causa da doença de Darwin foi desconhecida durante a sua vida e tentativas de tratamento tiveram pouco sucesso. Uma ideia esposada por Kettlewell e Julian Huxley, no início da década de 1960, defende que ele contraiu a [[Doença de Chagas]] ao ser picado por um inseto na América do Sul. No entanto, os autores reconhecem que especialistas nessa doença indicam que não há concordância dos sintomas de Darwin com os da doença. Outras possíveis causas incluem problemas psicológicos e a [[doença de Ménière]].
A expedição prosseguiu ao sul da [[Patagônia]], com uma parada em [[Bahía Blanca]] e lugar onde Darwin fez a grande descoberta de fósseis de mamíferos extintos perto de conchas modernas, uma evidência de que extinções nem tão recentes ocorreram no sítio sem qualquer sinal de catástrofes ou outras alterações bruscas. Ele identificou o pouco conhecido ''[[Megatherium]]'' através de um dente e um osso do braço, um possível antigo parente gigante do [[tatu]]. Esses achados causaram grande interesse entre os cientistas quando Darwin voltou para a Inglaterra.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp= 223–235}}<br />{{Harvnb|Darwin|1835|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1&viewtype=text&pageseq=7 7]}}<br />{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 210}}</ref><ref name=k206>{{harvnb|Keynes|2001|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1925&pageseq=138 206–209]}}</ref>


=== Carreira como cientista e concepção da teoria ===
Três [[fueguinos]] foram capturados durante [[HMS Beagle#Primeira expedição|a primeiro expedição do ''Beagle'']] e posteriormente educados como missionários na Inglaterra. Darwin considerou eles amigáveis e civilizados, ainda que na [[Terra do Fogo]] ele acabou por encontrar "selvagens miseráveis e degradantes", nem tão diferentes  quanto os animais da natureza.<ref>{{Harvnb|Darwin|1845|pp= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F14&viewtype=text&pageseq=218 205–208]}}</ref> Darwin sempre permaneceu com a ideia que, apesar da diversidade, todos os humanos tinham o potencial para serem civilizados. Ao contrário de outros colegas cientistas, ele nunca considerou uma barreira intransponível entre humanos e animais.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp= 243–244, 248–250, 382–383}}</ref> Após um ano, o projeto com os fueguinos foi abandonado. Um deles, com o nome adotado de [[Jemmy Button]], chegou a ter uma esposa, mas jamais desejou abandonar seus conterrâneos e ir para a Inglaterra.<ref>{{harvnb|Keynes|2001|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1925&pageseq=258 226–227]}}</ref>
[[Imagem:Charles Darwin by G. Richmond.jpg|thumb|Ainda jovem, Charles Darwin ingressou na elite científica.]]


Enquanto Darwin ainda estava em viagem, Henslow cuidadosamente cultivou a reputação de seu antigo pupilo fornecendo a vários naturalistas os espécimes fósseis e cópias impressas das descrições geológicas que Darwin fazia.<ref>{{Harvnb|Darwin|1835|loc=[http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/Freeman_LettersOnGeology.html editorial introduction]}}</ref> Quando o Beagle retornou em 2 de outubro de 1836, Darwin era uma celebridade no meio científico. Ele visitou a sua casa em Shrewsbury e descobriu que seu pai havia feito vários investimentos de forma que Darwin pudesse ter uma vida tranquila. Mais que isto, ele poderia ter uma carreira científica autofinanciada. Darwin foi então a Cambridge e convenceu Henslow a fazer descrições botânicas das plantas que ele havia coletado. Depois se dirigiu a Londres onde procurou os melhores naturalistas para descrever as suas outras coleções de forma a poder publicá-las posteriormente. Um entusiasmado Charles Lyell encontrou Darwin em 29 de outubro e o apresentou ao jovem e promissor anatomista Richard Owen. Depois de trabalhar na coleção de ossos fossilizados de Darwin no Royal College of Surgeons, Owen surpreendeu a todos ao revelar que alguns dos ossos eram de tatus e preguiças gigantes extintas. Isto melhorou a reputação de Darwin. Com a ajuda entusiasmada de Lyell, Darwin apresentou seu primeiro artigo na [[Geological Society]] de Londres em 4 de janeiro de 1837, afirmando que a massa terrestre da América do Sul estava se erguendo lentamente. No mesmo dia, Darwin apresentou seus espécimes de [[mamíferos]] e [[aves]] à [[Zoological Society]]. Os mamíferos ficaram aos cuidados de [[George R. Waterhouse]]. Embora, em princípio, os pássaros parecessem merecer menos atenção, o [[ornitólogo]] [[John Gould]] revelou que o que Darwin pensara serem [[Troglodytidae|corruíras]] (''wrens''), [[melro]]s e [[Fringillidae|tentilhões]] levemente modificados de [[Galápagos]] eram de fato tentilhões, mas cada um de uma espécie distinta. Outros no Beagle, incluindo o capitão FitzRoy, também tinham coletado estes pássaros mas haviam sido mais cuidadosos com suas anotações, o que permitiu a Darwin determinar de que ilha cada espécie era originária.<ref>{{Harvnb|Sulloway|1982|pp=20–23}}</ref>
Nas [[Ilhas Galápagos]], famosas por sua geológica vulcânica, Darwin buscou por evidências ligando a vida selvagem com elementos que indicassem um início de vida antiga na Terra, e encontrou [[Fringilla|tentilhões]] (família científica: ''Fringillidae'') que variavam entre si de ilha em ilha, inclusive daqueles encontrados no [[Chile]]. Darwin soube de carapaças [[tartaruga]]s correspondentes de cada uma das ilhas, mas acabou falhando em coletá-las pois foram servidas como comida no navio.<ref name=k356>{{harvnb|Keynes|2001|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1925&pageseq=388 356–357]}}</ref><ref>{{harvnb|Sulloway|1982|p=19}}</ref> Na [[Austrália]], os marsupiais ''[[potoroidae]]'' e o [[ornitorrinco]] chamaram tanta a atenção de Darwin pelas suas peculiaridades que ele chegou a cogitar na obra de dois distintos [[Demiurgo|Criadores]].<ref name=Crows>{{citar web|url=http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/Chancellor_fieldNotebooks1.3.html|título=Darwin Online: Coccatoos & Crows: An introduction to the Sydney Notebook|acessodata=2 de janeiro de 2009|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090114015611/http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/Chancellor_fieldNotebooks1.3.html|arquivodata=14 de janeiro de 2009|df=dmy-all}}</ref> Ele achou os [[Aborígenes australianos|aborígene]]s "bem-humorados e receptivos", e notou o quanto estavam ameaçados pela presença dos europeus.<ref>{{harvnb|Keynes|2001|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1925&pageseq=430 398–399].}}</ref>


Em Londres, Darwin ficava com o seu irmão e livre pensador [[Erasmus]] e, em jantares, eles encontravam-se com outros pensadores que imaginavam um Deus guiando a sua criação unicamente por meio de leis naturais. Entre eles, estava a escritora [[Harriet Martineau]], cujas histórias promoviam a reforma das leis de proteção social de acordo com as ideias de [[Malthus]]. Nos meios científicos, ideias como a transformação de uma espécie em outra (transmutação) eram controversamente associadas com radicalismo político. Por isto, Darwin preferia a respeitabilidade de seus amigos mesmo quando não concordava plenamente com as ideias deles, tais como a crença de que a história natural devesse justificar religiões ou ordem social.
Fitzroy investigou como os atóis das [[Ilhas Cocos (Keeling)|Ilhas Cocos em Keeling]] foram criados, e suas pesquisas corroboraram na formação da teoria de Darwin. O capitão começou a anotar os diários oficiais da expedição ''Beagle'', anexando-os com os de Darwin após uma proposta.<ref name=Letter301>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-301.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 301&nbsp;– Darwin, C.R. to Darwin, C.S., 29 Apr 1836|urlmorta= não|arquivourl=https://www.webcitation.org/617qzmWSB?url=http://www.darwinproject.ac.uk/entry-301|arquivodata=22 de agosto de 2011|df=dmy-all}}</ref>  O diário de Darwin foi posteriormente separado em um terceiro volume sobre história natural.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|p= 336}}</ref>


Em 17 de fevereiro de 1837, Lyell aproveitou o seu discurso presidencial na [[Geological Society]] para apresentar as descobertas de Owen em relação aos fósseis de Darwin, enfatizando as implicações do fato de que espécies extintas encontradas em uma região fossem relacionadas a outras que viviam atualmente na mesma região.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 207–210}}<br />{{Harvnb|Sulloway|1982|pp=20–23}}</ref> Neste mesmo encontro, Darwin foi eleito para o conselho da Geological Society. Ele já tinha sido convidado por FitzRoy para contribuir com o seu diário e notas pessoais para a seção de história natural do livro que o capitão estava escrevendo sobre a viagem do Beagle. Darwin também estava trabalhando em um livro sobre a geologia da América do Sul. Ao mesmo tempo, ele especulava sobre a transmutação de espécies no caderno de anotações que ele tinha iniciado no Beagle. Outro projeto que ele iniciou na mesma época foi a organização dos relatórios dos vários especialistas que haviam trabalhado em suas coleções em um livro de múltiplos volumes chamado "[[Zoologia da viagem do H.M.S. Beagle]]" (''Zoology of the Voyage of H.M.S. Beagle''). Darwin concluiu o seu diário em 20 de junho e, em julho, iniciou seu livro secreto sobre transmutação, onde desenvolveu a hipótese de que, apesar de cada ilha de Galápagos ter sua própria espécie de tartaruga, todas elas eram originárias de uma única espécie que tinha se adaptado à vida nas diferentes ilhas de diferentes modos.
Na [[Cidade do Cabo]], Darwin e Fitzroy conheceram [[John Herschel]], apoiador do uniformitarianismo de Lyell e de "mente aberta para o mistérios dos mistérios, o porquê da 'substituição' de espécies por outras", em um processo "que contraria uma intervenção milagrosa".<ref name=Rascals>{{harvnb|van Wyhe|2007|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=A544&pageseq=21 197]}}</ref> Enquanto organizava seus diários na volta para casa, Darwin deixou anotado que, se suas suspeitas sobre os fringilídeos, tartarugas e [[raposa]]s das [[Ilhas Falkland]] estavam corretas, " tais fatos 'estabelecem' uma base comum entre as espécies", e então cuidadosamente acrescentou um "poderia estabelecer" ao invés de apenas "estabelecer".<ref name=xix>{{Harvnb|Keynes|2000|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1840&pageseq=22 xix–xx]}}<br />{{Harvnb|Eldredge|2006}}</ref> Mais tarde Darwin foi incisivo que os fatos "jogam uma luz para mim sobre a origem das espécies".<ref>{{Harvnb|Darwin|1859|loc=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F373&viewtype=text&pageseq=16 p. 1]}}</ref>


Sob a pressão de concluir [[Zoologia]] e corrigir as revisões de seu diário, a saúde de Darwin deteriorou. Em 20 de setembro de 1837, ele sofreu palpitações do coração e foi passar um mês no campo para se recuperar. Ele visitou Maer Hall onde sua tia inválida estava sob os cuidados de sua irmã [[Emma Wedgwood]] e entreteve seus parentes com as histórias de suas viagens. Após o seu retorno do campo, ele evitava tomar parte de eventos oficiais que poderiam lhe tomar um tempo precioso. Contudo, por volta de março de 1838, [[William Whewell]] o recrutou como secretário da [[Geological Society]]. Mas logo a sua doença o forçou a novamente deixar seu trabalho e ele seguiu para [[Escócia]] para "fazer geologia". Ali, visitou o desfiladeiro conhecido como [[Glen Roy]], para estudar o fenômeno conhecido como "estradas " (''roads'') paralelas de Glen Roy,(incorretamente) identificadas por ele, como antigas praias marinhas que se elevaram. Anos mais tarde, estes [[terraços geológicos]] foram identificados como tendo sido originados pela ação de um lago glacial, que teve seu nível de águas reduzido mediante eventos geológicos, os quais se intercalaram por períodos de tempo suficientes para que sedimentos geológicos fossem depositados em suas encostas, formando praias. Os sedimentos destas praias, com a diminuição das águas, ficaram expostos, solidificando-se em terraços conhecidos como "estradas", devido a sua grande extensão e retidão.<ref name="Faria">{{cite book|author=Faria, F.Felipe de A.|title=Darwin e as estradas paralelas de Glen Roy: Geologia, Biogeografia, Evolução- disponível em http://www.scientiaestudia.org.br/associac/felipefaria/Darwin%20e%20as%20Estradas%20Paralelas%20de%20Glen%20Roy.pdf|}}</ref>
=== Surgimento e conceito da teoria evolutiva ===
{{Artigo principal|Concepção da teoria de Darwin}}


[[Imagem:Emma Darwin.jpg|thumb|esquerda|Charles casou com a sua prima Emma Wedgwood.]]
Quando o navio chegou na [[Cornualha]], Inglaterra, em 2 de outubro de 1836, Darwin já tinha prestígio entre os círculos acadêmicos e científicos; em 1835 o mentor Henslow já tinha oferecido cartas de seu ex-pupilo para vários naturalistas renomados, melhorando ainda mais a sua reputação sobre conhecimento geológico.<ref>{{Harvnb|Darwin|1835|loc=[http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/Freeman_LettersOnGeology.html editorial introduction]}}</ref> Assim que chegou na Inglaterra, Darwin visitou sua casa em Shrewbury e reencontrou parentes. Dali partiu apressadamente para Cambridge para ver Henslow, que o aconselhou a encontrar naturalistas dispostos a catalogar as coleções e concordou em catalogar os espécimes botânicos ele mesmo. O pai de Darwin organizou investimentos que permitiram que o seu filho fosse autossuficiente em sua pesquisa científica e Darwin não perdeu tempo para divulgar e estudar os materiais coletados através de especialistas de Londres. Os zoologistas tinham bastante trabalho em atraso, e  havia o perigo de espécimes serem simplesmente deixados em armazém.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 195–198}}</ref>


Completamente recuperado, ele retornou a Shrewsbury. Raciocinando cientificamente sobre a sua carreira e ambições, ele fez uma lista com as colunas "Casar" e "Não casar". Entradas na coluna pró-casamento incluíam "companhia constante e um amigo na velhice ... melhor que um cão de qualquer modo," enquanto listado entre as desvantagens estavam "menos dinheiro para livros" e "terrível perda de tempo". Os prós venceram. Ele discutiu a ideia de casar com o pai e então foi visitar sua prima Emma em 29 de julho de 1838. Ele não propôs casamento mas, contrariando os conselhos do pai, contou-lhe sobre as suas ideias de transmutação de espécies. Enquanto os seus pensamentos e trabalho continuavam em Londres, durante o outono, sua saúde voltou a definhar e ele passou a sofrer repetidas crises. Em 11 de novembro ele pediu Emma em casamento e, uma vez mais, lhe falou de suas ideias. Ela aceitou mas permaneceria sempre preocupada que os lapsos de fé de Darwin acabariam por pôr em risco a possibilidade de, como ela acreditava, se encontrarem após a morte.
[[Ficheiro:Charles Darwin by G. Richmond.png|miniaturadaimagem|upright|esquerda|Darwin em sua juventude e começando sua prestigiada carreira científica. Retrato por G. Richmond.]]


Darwin considerou o raciocínio de [[Malthus]] de que a população humana aumenta mais rapidamente que a produção de alimentos, levando-a a uma competição e tornando qualquer esforço de caridade inútil. Ele viu naquela ideia uma forma de explicar (a) seus achados sobre espécies extintas que se relacionavam mais com outras não extintas encontradas na mesma região, (b) a similaridade entre espécies próximas umas das outras, (c) suas dúvidas derivadas da criação de animais e (d) sua incerteza quanto a existência de uma "lei de harmonia" na natureza. No fim de novembro de 1838, ele começou a comparar o processo de seleção de características feito por criadores de animais com uma natureza Malthusiana selecionando variantes aleatoriamente de forma que "toda a parte de uma nova característica adquirida é colocada em prática e aperfeiçoada", e pensou nisto como "a mais bela parte da minha teoria" de como novas espécies se originam. Ele estava procurando uma casa e acabou por encontrar "Macaw Cottage" na rua Gower, Londres, e então mudou seu "museu" para lá em dezembro. Ele já mostrava sinais de cansaço e Emma lhe escreveu sugerindo que ele descansasse, comentando quase profeticamente "Não adoeça mais meu querido Charley até que eu esteja aí para cuidar de você". Em 24 de janeiro de 1839, Darwin foi eleito membro da [[Royal Society]] e apresentou seu artigo sobre as "estradas" de [[Glen Roy]]
[[Charles Lyell]] encontrou Darwin pela primeira vez em 29 de outubro daquele ano e o introduziu ao eminente anatomista [[Richard Owen]], que tinha acesso a [[Faculdade Real de Cirurgiões da Inglaterra|Royal Collage of Surgeons]] para estudar os fósseis coletados por Darwin. Ele encontrou vários achados surpreendentes, incluindo uma [[preguiça gigante]] e também o já reconhecido ''[[Megatherium]]'', como também os desconhecidos ''[[Scelidotherium]]'' e um animal semelhante a um [[roedor]] do tamanho de um [[hipopótamo]] chamado ''[[Toxodon]]'', bastante similar em certos aspectos com a moderna [[capivara]]. Os pedaços de armadura eram na verdade pertencentes a um ''[[Glyptodon]]'', uma criatura que inicialmente Darwin pensou que parecia com um tatu gigante.<ref>{{Harvnb|Owen|1840|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F9.1&pageseq=26 16], [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F9.1&pageseq=83 73], [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F9.1&pageseq=116 106]}}<br />{{Harvnb|Eldredge|2006}}</ref><ref name=k206 />  Todas essas criaturas extintas eram relacionadas com espécies que vivem atualmente na América do Sul.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 201–205}}<br />{{Harvnb|Browne|1995|pp=349–350}}</ref>


=== Casamento e filhos ===
Em meados de dezembro, Darwin tomou aposentos em Cambridge a fim de organizar seu trabalho e reescrever seus diários.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=345–347}}</ref> Ele escreveu seu primeiro artigo em 1837, demonstrando que a massa de terra sul-americana estava lentamente elevando, sendo apoiado no processo por um entusiasmado Lyell que leu com ele os resultados para a ''[[Geological Society of London]]''. Na mesma época, Darwin apresentou seus espécimes de pássaros e mamíferos para a [[Sociedade Zoológica de Londres]] e o ornitologista [[John Gould]] não tardou em anunciar que os pássaros de Galápagos, os quais Darwin pensou se tratarem de "uma mistura de [[melro-preto]]s com [[fringilídeo]]s", eram, de fato, nada menos que [[Fringilídeos de Darwin|doze espécies separadas de fringilídeos]]. Em 17 de fevereiro, Darwin foi eleito para o Conselho da ''Geological Society'' e a posição de Lyell como presidente permitiu uma maior divulgação dos estudos de Owen sobre os fósseis de Darwin, ao apontar como as delimitações geográficas de cada espécie provavam as ideias uniformitaristas dele próprio.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 207–210}}<br />{{Harvnb|Sulloway|1982|pp=20–23}}</ref>
[[Imagem:Charles and William Darwin.jpg|thumb|Darwin em 1842 com o seu filho mais velho, [[William Erasmus Darwin]].]]


Em 29 de janeiro de 1839, Darwin casou com sua prima [[Emma Wedgwood]] em Maer. Depois de primeiro morar em Gower Street, Londres, o casal mudou para [[Down House]] em Downe em 17 de setembro de 1842. Os Darwin tiveram dez filhos, três dos quais morreram prematuramente. Muitos deles e de seus netos alcançaram notabilidade.
No início de março, Darwin se mudou para Londres para ficar mais perto do seu trabalho, juntando-se ao grupo acadêmico de Lyell, que continha especialistas tais como [[Charles Babbage|Charles Bobbage]]<ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-346.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 346&nbsp;– Darwin, C. R. to Darwin, C. S., 27 Feb 1837|acessodata=19 de dezembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090629192201/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-346.html|arquivodata=29 de junho de 2009|df=dmy-all}}<br />Darwin's Journal ({{harvnb|Darwin|2006|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=side&itemID=CUL-DAR158.1–76&pageseq=22 12 verso]}})</ref> que, por sua vez, descrevia Deus como o 'programador das leis naturais'. Darwin se aproximou novamente do seu irmão e pensador livre [[Erasmus Alvey Darwin|Erasmus]] juntamente com uma de suas amigas próximas, a escritora [[Harriet Martineau]], uma das promotoras do [[Teoria populacional malthusiana|malthusianismo]] na controversa questão social sobre como melhorar o bem-estar ao reduzir a superpopulação e a pobreza. Como uma unitarista, ela recebeu com agrado a ideia da [[transmutação de espécies]], conceito promovido por [[Robert Edmond Grant]] e outros jovens cirurgiões influenciados por [[Étienne Geoffroy Saint-Hilaire|Étienne Geoffroy]]. A transmutação era anátema para os [[anglicanismo|anglicanos]] defensores da ordem social,<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=201, 212–221}}</ref> contudo chegou a ser bastante discutida entre cientistas de renome e despertou grande interesse nas cartas de [[John Herschel]], que defendeu a metodologia de Lyell em desvendar os processos naturais na origem de novas espécies.<ref name=Rascals />


* [[William Erasmus Darwin]] (27 de dezembro de 1839–1914)
Gould reencontrou Darwin e contou-lhe que os ''[[Mimus]]'' das Ilhas Galápagos eram de espécies diferentes, não apenas variações de uma mesma, ocorrendo  também ramificações nos tentilhões, como o ''[[Troglodytidae]]'' que igualmente pertencia ao grupo dos fringilídeos. Darwin não tinha etiquetado os fringilídeos ilha por ilha, mas através das anotações dos outros tripulantes, incluindo o capitão Fitzroy, conseguiu identificar a que ilha pertencia cada espécie.<ref>{{Harvnb|Sulloway|1982|pp=9, 20–23}}</ref> As duas ''[[Rhea (biologia)|Rhea]]'' também eram de espécies distintas e, em 14 de março, Darwin anunciou como a distribuição das novas espécies se modificava mais ao sul.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|p=360}}<br />{{citar web|url=http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1643&viewtype=text&pageseq=1|título=Darwin, C. R. (Read 14 March 1837) Notes on Rhea americana and Rhea darwinii, ''Proceedings of the Zoological Society of London''|acessodata=17 de dezembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090210085710/http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1643&viewtype=text&pageseq=1|arquivodata=10 de fevereiro de 2009|df=dmy-all}}</ref>
* [[Anne Elizabeth Darwin]] (2 de março de 1841 – 22 de abril de 1851)
* Mary Eleanor Darwin (23 de setembro de 1842 – 16 de outubro de 1842)
* [[Henrietta Litchfield|Henrietta Emma "Etty" Darwin]] (25 de setembro de 1843–1929)
* [[George Howard Darwin]] (9 de julho de 1845 – 7 de dezembro de 1912)
* [[Elizabeth "Bessy" Darwin]] (8 de julho de 1847–1926)
* [[Francis Darwin]] (16 de agosto de 1848 – 19 de setembro de 1925)
* [[Leonard Darwin]] (15 de janeiro de 1850 – 26 de março de 1943)
* [[Horace Darwin]] (13 de maio de 1851 – 29 de setembro de 1928)
* [[Charles Waring Darwin]] (6 de dezembro de 1856 – 28 de junho de 1858)


Muitos dos seus filhos sofreram de doenças ou fraquezas e o temor de Darwin de que isto se devesse ao fato de que ele e Emma eram primos foi expresso em seus textos sobre os efeitos do acasalamento entre indivíduos de linhagens mais próximas (''inbreeding'') ou mais distantes (''crossing'').
Em meados daquele março, Darwin especulou em um dos seus cadernos vermelhos a possibilidade de que "uma espécie se transforma em outra" para explicar a distribuição geográfica das espécies ainda vivas, como a ''rhea'', e outras já extintas, como o estranho ''[[Macrauchenia]]'', que tinha aspectos similares a um [[guanaco]] gigante. Seus pensamentos sobre o tempo de vida, [[reprodução assexual]] e [[reprodução sexual|sexual]] foram desenvolvidas no caderno apelidado de "B" durante os meados de julho para falar de variação na descendência para "se adaptar e modificar a corrida para um mundo em mudança" ao explicar as [[Tartaruga-das-galápagos|tartarugas-das-galápagos]], ''Mimus'' e também as rheas. Ele fez um rascunho de como seria descendência por ramificação, então uma ramificação [[Genealogia|genealógica]] de uma [[Árvore filogenética|árvore evolutiva]] única, na qual "é um absurdo dizer que um animal é superior a outro", descartando desta maneira as [[Linhagem|linhagens]] independentes de [[Lamarck]] [[Lamarckismo|progredindo para formas superiores]].<ref>{{harvnb|Herbert|1980|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1583e&pageseq=9 7–10]}}<br />{{Harvnb|van Wyhe|2008b|p=44}}<br />{{harvnb|Darwin|1837|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=side&itemID=CUL-DAR121.-&pageseq=1 1–13, 26, 36, 74]}}<br />{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=229–232}}</ref>


== Evolução por seleção natural ==
=== Excesso de trabalho, doença e casamento ===
[[Imagem:Charles Darwin.jpg|esquerda|thumb|Temendo tanto as críticas científicas quanto as religiosas, Darwin passou décadas desenvolvendo as suas teorias evolutivas quase sempre em segredo.]]
[[Ficheiro:Darwin Tree 1837.png|miniaturadaimagem|upright|Em meados de julho de 1837 Darwin fez o rascunho de uma árvore evolutiva na página 36 de seu diário "B", anotando ''I think'' ("eu acho").]]


Darwin era agora um eminente geólogo no meio científico formado por clérigos naturalistas, com uma renda segura e trabalhando secretamente em sua teoria. Ele tinha muito a fazer, escrevendo sobre todos os seus achados e supervisionando a preparação dos vários volumes da "Zoologia" que deveriam descrever as suas coleções. Ele estava convencido da ocorrência da evolução mas, desde muito tempo, sempre esteve consciente de que a ideia de transmutação de espécies era vista como uma blasfêmia, bem como era associada com agitadores democráticos radicais na Inglaterra; portanto, a publicação de suas ideias poderia significar a demolição de sua reputação e, consequentemente, a sua ruína. Assim, ele fazia experimentos minuciosos com plantas e consultava frequentemente muitos criadores de animais, incluindo criadores de [[pombos]] e [[porco]]s, na tentativa de encontrar respostas convincentes para todos os contra-argumentos que ele conseguia antever.
Enquanto estava estudando de maneira intensiva sobre transmutação, Darwin começou a ficar imerso em trabalho. Ainda reescrevendo seus diários, ele editou e publicou os relatórios especializados sobre as suas colecções, e com a ajuda de Henslow obteve um fundo de 1 000 libras esterlinas para suportar a publicação de um multi-volume denominado ''[[Zoology of the Voyage of H.M.S Beagle]]'', uma quantia equivalente a 89 000 libras em 2017. Ele esticou essa quantidade de dinheiro para incluir livros que tinha planeado sobre geologia, e concordou com datas de lançamento irreais com os editores.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|pp=367–369}}</ref> No início da [[Era Vitoriana]], Darwin se apressou em terminar seus diários e, em agosto de 1837, já estava corrigindo preliminares da obra.<ref>{{harvnb|Keynes|2001|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1925&pageseq=21 xix]}}</ref>


Quando FitzRoy publicou seu livro sobre a viagem do Beagle em maio de 1839, o diário e comentários de Darwin foram um grande sucesso. Mais tarde naquele ano, o diário foi publicado isoladamente em um livro que se tornou um sucesso de vendas hoje conhecido como "[[A Viagem do Beagle]]" (''The Voyage of the Beagle''). Em Dezembro de 1839, durante a primeira gravidez de Emma, a saúde de Darwin voltou a ficar comprometida e ele conseguiu avançar muito pouco em seus trabalhos no ano seguinte.
O excesso de trabalho afetou a saúde de Darwin. Em 20 de setembro ele apresentou "uma palpitação inconfortável no coração" e seus médicos recomendaram de imediato a interrupção do trabalho e que fosse viver no campo por algumas semanas. Após visitar Shrewsbury ele encontrou parentes em [[Maer Hall]], [[Staffordshire]], mas o interesse em excesso deles por suas histórias das suas viagens o desgastou. A sua encantadora, inteligente e culta prima Emma Wedgwood, nove meses mais velha que Darwin, estava trabalhando como enfermeira da tia inválida. O seu tio Josiah mostrou uma área do solo onde restos de cinzas tinham desaparecido e sugeriu ser a ação de [[minhoca]]s, inspirando uma "nova e importante teoria" sobre o seu papel na formação dos solos, a qual Darwin apresentou na ''Geological Society'' em 1 de novembro de 1837.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 233–234}}<br />{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-404.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 404&nbsp;– Buckland, William to Geological Society of London, 9 Mar 1838|acessodata=23 de dezembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090629192234/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-404.html|arquivodata=29 de junho de 2009|df=dmy-all}}</ref>


Darwin tentou explicar sua teoria para amigos mais próximos, mas eles demoraram a mostrar interesse e pensavam que uma selecção exige um seleccionador divino. Em 1842 a família se moveu para a sua casa no campo (Down House) para escapar da pressão de Londres. Ali, Darwin escreveu um pequeno texto esboçando a sua teoria que, em 1844, seria expandido para um documento de 240 páginas intitulado "Ensaio". Darwin completou seu terceiro livro sobre geologia em 1846. Auxiliado por um amigo, o jovem botânico [[Joseph Dalton Hooker]], ele iniciou um estudo aprofundado sobre [[craca]]s. Em 1847, Hooker leu o "Ensaio" e fez comentários que forneceram a Darwin a opinião externa que ele precisava.
[[William Whewell]] encaminhou Darwin para tomar o papel de Secretário da ''Geological Society''. Inicialmente ele recusou o trabalho, mas aceitou o emprego em 1838.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 233–236}}.</ref> Apesar da atenção necessária com seus relatórios do ''Beagle'' no processo de editá-los, Darwin conseguiu fazer grandes avanços na área de transmutação, usando cada oportunidade que tinha para interrogar naturalistas experientes e, de maneira não convencional, indivíduos com experiência prática em [[seleção artificial]] tais como fazendeiros e criadores de pombos.<ref name=JvW /><ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 241–244, 426}}</ref> Ao longo do tempo, ele obteve informação até mesmo dos seus filhos e família, parentes, vizinhos, [[colonialista]]s e ex-colegas do ''Beagle''.<ref>{{Harvnb|Browne|1995|p=xii}}</ref> Darwin então incluiu pesquisas de aspecto humano no escopo de suas especulações e, ao ver um [[orangotango]] no zoológico em 28 de março de 1838, fez comparações de seu comportamento similarmente infantil ao de crianças.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 241–244}}</ref>


Darwin temia publicar a teoria de forma incompleta considerando o fato de que as suas ideias sobre evolução poderiam ser altamente controversas se, de fato, alguma atenção fosse dada a elas. Outras ideias sobre evolução - especialmente o trabalho de [[Jean-Baptiste Lamarck]] - tinham sido consistentemente rejeitadas pela comunidade científica britânica e foram associadas à noção de radicalismo político. A publicação anónima de "[[Vestígios da História Natural da Criação]]" (''Vestiges of the Natural History of Creation'') em 1844 gerou outra controvérsia sobre radicalismo e evolução e foi severamente atacada pelos amigos de Darwin, o que assegurava que nenhum cientista de reputação iria querer estar associado com tais ideias.
[[Ficheiro:Emma Darwin.jpg|upright|miniaturadaimagem|esquerda|[[Emma Darwin]], prima de Darwin a qual ele escolheu se casar.]]


Para tentar tratar a sua doença, Darwin foi a um spa em Malvern em 1849 e, para a sua surpresa, verificou que os dois meses de tratamento com água o ajudaram. Em seu estudo sobre cracas ele descobriu "homologias" que suportavam a sua teoria por mostrar que partes de um corpo levemente modificadas poderiam servir a funções diferentes em novos contextos. Foi então que a sua querida filha Annie adoeceu despertando novamente os seus temores de que sua doença pudesse ser hereditária. Após um longo sofrimento, ela morreu e Darwin perdeu toda a sua fé em um Deus benevolente.
Darwin teve problemas [[estômago|estomacais]], [[dor de cabeça]] e sintomas no [[coração]], precisando repousar em junho. No resto de sua vida, ele apresentou problemas incapacitantes no estômago, desencadeando [[vômito]]s, palpitações, [[furúnculo]]s, tremedeiras e outros sintomas. Os episódios se intensificavam durante períodos de stress, como por exemplo encontros ou eventos sociais. A causa para a condição enferma de Darwin permanece desconhecida e os tratamentos médicos na época tiveram pouco sucesso.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 252, 476, 531}}<br />{{harvnb|Darwin|1958|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=119 115]}}</ref>


Nesta época, ele conheceu o jovem naturalista, e livre pensador, [[Thomas Huxley]] que se tornaria um amigo próximo e grande aliado. O trabalho de Darwin sobre cracas (Cirripedia) lhe valeu a medalha real da [[Royal Society]] em 1853, estabelecendo definitivamente a sua reputação como biólogo. Ele completou este estudo em 1854 e voltou a sua atenção para a sua teoria de transmutação de espécies.
Em 23 de junho, Darwin deu uma pausa nos trabalhos e resolveu "praticar geologia" na Escócia. Ele visitou [[Glen Roy]] em um dia maravilhoso para ver as famosas "curvas" escocesas nos penhascos das [[Terras Altas (Escócia)|Terras Altas]]. Ele posteriormente publicou sua visão de que essas formações foram planícies costeiras, contudo teve que aceitar que de fato são a formação de um lago pós-glacial.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 254}}<br />{{Harvnb|Browne|1995|pp=377–378}}<br />{{Harvnb|Darwin|1958|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=86 84]}}</ref>


== Darwin, Mendel e a genética ==
Plenamente recuperado, ele retornou para Shrewbury em julho. Durante o costume de escrever notas diárias sobre o sistema de respiração animal, faz um comentário em duas folhas sobre as perspectivas de sua carreira e o futuro de sua vida, em uma escreveu "casar" e na outra "não casar". Ao acrescentar todas as vantagens, incluindo "uma companhia constante e amiga durante a idade avançada... melhor que um cachorro de qualquer maneira". Ele não deixou de também elencar as desvantagens, como ter "menos orçamento para os livros" e de ser "uma terrível perda de tempo".<ref>{{Harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1497&viewtype=text&pageseq=238 232–233]}}</ref> No final, Darwin optou pelo sim. Pela decisão favorável ao casamento, ele discutiu a ideia com seu pai, e então visitou Emma em 29 de julho. Acabou não por não propô-la em casamento daquela vez e, contrariando os conselhos de seu pai, decidiu mencionar suas ideias sobre transmutação para os presentes.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=256–259}}</ref>
[[Gregor Mendel]] foi o primeiro cientista a explicar os mecanismos da [[hereditariedade]] em um experimento sobre cruzamento de ervilhas publicado em 1866<ref>Mendel, J.G. (1866). ''Versuche über Pflanzenhybriden'' Verhandlungen des naturforschenden Vereines in Brünn, Bd. IV für das Jahr, 1865 '''Abhandlungen''':3–47.</ref>. Com os seus estudos, Mendel comprovou que as características eram determinadas por pares de elementos, herdados de cada um dos genitores e que passavam de uma geração a outra de forma particulada, ou seja, esses elementos permaneciam intactos<ref>Barton, N.H., Briggs, D.E.G., Eisen, J.A., Goldstein, D.B., Patel, N.H. (2007) Evolution. Cold Spring Harbor Laboratory Press. http://www.evolution-textbook.org</ref>. Apesar de sua grande relevância, esse trabalho teve pouco impacto na época e passou desapercebido aos estudiosos da evolução por quase meio século, incluindo o próprio Darwin. Com a redescoberta dos trabalhos de Mendel no início do século XX, os elementos envolvidos na herança foram denominados [[genes]] e a disciplina que estuda a hereditariedade passou a ser chamar [[genética]].


Os primeiros geneticistas, no entanto, não acreditavam na eficácia da [[seleção natural]] como mecanismo evolutivo, mas sim da [[mutação]], que era mais compatível com a herança mendeliana na época<ref>Ridley, M. (2006) Evolução. 3a. ed. ArtMed Editora, Porto Alegre.</ref>. Com isso, no início do século XX, a genética mendeliana e a evolução darwiniana eram incompatíveis, contribuindo para o "eclipse do darwinismo"<ref>Bowler, P.J. (1992) The eclipse of Darwinism: anti-Darwinian evolution theories in the decades around 1900. Johns Hopkins University Press, Baltimore.</ref>. Enquanto as ideias de Darwin se baseavam em fundamentos erróneos e não testados sobre hereditariedade, como a herança por mistura ou de caracteres adquiridos, as conclusões de Mendel eram fundadas em experimentação cuidadosa. Os trabalhos de Mendel e Darwin só puderam ser reconciliados nos anos de 1930 e 1940 com a chamada [[Síntese Moderna]]<ref>Huxley, J. (1942) Evolution: the modern synthesis. Allen & Unwin.</ref>, que se baseou nos fundamentos da [[genética de populações]] desenvolvidos nas décadas anteriores.
==== Malthus e a seleção artificial ====
Continuando com suas pesquisas em Londres, Darwin estava concentrado na leitura da sexta edição do livro de [[Thomas Robert Malthus|Thomas Malthus]], ''[[An Essay on the Principle of Population]]'' e, em 28 de setembro de 1838, ele notou a afirmação de que a população humana "estava fora de controle, continuava a dobrar de quantidade a cada 25 anos, ou aumenta numa proporção geométrica", uma progressão geométrica tal que acarretaria no esgotamento das fontes alimentícias em um processo conhecido como [[catástrofe Malthusiana]]. Darwin estava bem preparado para comparar seus pensamentos com a "guerra de espécies" de plantas formulada por [[Augustin Pyrame de Candolle]], e a luta pela sobrevivência da vida selvagem, explicando como, no saldo geral, o número de indivíduos de uma espécie se mantém estável. Como as espécies sempre se reproduzem além dos recursos disponíveis, variações vantajosas tornariam os organismos mais aptos a sobreviver, o que passaria tais variações aos seus descendentes, enquanto as variações desvantajosas seriam perdidas na linhagem. Darwin escreveu que "a causa final para todos essas 'engrenagens' deve ser para deslindar uma estrutura adequada e adaptá-la a mudanças", de modo que "se pode dizer que há um força como cem mil [[cunha]]s que tenta encaixar-se em todo o tipos de estrutura adaptada nos vãos disponíveis na economia da natureza, ou ao menos formando vãos jogando fora as mais fracas".<ref name=JvW /><ref name="134e">{{citar web|título= Darwin transmutation notebook D pp. 134e–135e | url = http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=CUL-DAR123.-&pageseq=112 |acessodata= 4 de junho de 2012 |urlmorta= não|arquivourl= https://web.archive.org/web/20120718105154/http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=CUL-DAR123.-&pageseq=112 |arquivodata= 18 de julho de 2012 | df = dmy-all }}</ref> Este processo resultaria na formação de novas espécies.<ref name=JvW /><ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 264–265}}<br />{{Harvnb|Browne|1995|pp= 385–388}}<br />{{Harvnb|Darwin|1842|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1556&viewtype=text&pageseq=39 7]}}</ref>


== Anúncio e publicação da teoria ==
Em meados de dezembro, Darwin viu a similaridade entre a [[seleção artificial]] utilizada pelo fazendeiros e uma Natureza Malthusiana, seleccionando variações ao acaso que criam "cada parte de uma nova estrutura perfeitamente funcional",<ref>{{citar web|url=http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=CUL-DAR124.-&pageseq=63 |título=Darwin transmutation notebook E p. 75 |acessodata=17 de março de 2009 |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090628082830/http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=CUL-DAR124.-&pageseq=63 |arquivodata=28 de junho de 2009 |df=dmy-all }}</ref> definindo essa comparação como "a parte esplêndida de minha teoria".<ref>{{citar web|url=http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=CUL-DAR124.-&pageseq=61|título=Darwin transmutation notebook E p. 71|acessodata=17 de março de 2009|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090628080656/http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=CUL-DAR124.-&pageseq=61|arquivodata=28 de junho de 2009|df=dmy-all}}</ref> Ele posteriormente chamou sua teoria de [[seleção natural]], uma analogia com o que ele chamaria de "seleção artificial" dos cruzamentos selectivos.<ref name=JvW />
{{Artigos principais|[[A Origem das Espécies]] e [[Evolução]]}}


Darwin encontrou uma resposta para o problema de como [[Gênero (biologia)|gêneros]] divergem ao fazer uma analogia com as ideias de divisão de trabalho na indústria. Variedades especializadas de um gênero, ao encontrarem nichos nos quais sua especialização é mais útil, forçariam a diversificação em espécies. Ele experimentou com sementes, testando a sua habilidade de sobreviver à água salgada, para determinar se uma espécie poderia se transferir para uma ilha isolada pelo mar. Ele também passou a criar pombos para testar a sua hipótese de que a seleção natural era comparável à "seleção artificial" usada por criadores de pombos.
Em 11 de novembro, ele retornou para [[Maer Hall|Maer]] e propôs novamente Emma em casamento, sendo que, mais uma vez, apresentou suas ideias ao presentes. Ela aceitou o pedido e, numa troca de cartas de amor, provou como era mente aberta sobre suas diferenças, também reforçando sua crença unitarista e as preocupações de que o ceticismo de Darwin talvez os separariam no pós-vida.<ref name=Belief>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/content/view/130/125/|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Belief: historical essay|acessodata=25 de novembro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090225124103/http://www.darwinproject.ac.uk/content/view/130/125/ |arquivodata=25 de fevereiro de 2009 }}</ref> Enquanto Darwin estava em sua casa de caça em Londres, a doença dele progrediu e Emma clamou para que ele descansasse, em uma previsão quase profética de que "não fique mais adoentado, querido Charley, até que eu possa cuidar de você". Ele a encontrou e ambos se mudaram para o que eles chamaram de "Macaw Cottage" ("Casa Arara", por causa de seu interior extravagante). Ele mudaram seu "museu" de coleções para a residência até o natal. Em 24 de janeiro de 1839, Darwin foi eleito [[Lista de membros da Royal Society eleitos em 1839|membro]] da [[Royal Society]] (FRS).<ref name=frs /><ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 272–279}}</ref> Em 29 de janeiro, Darwin e Emma Wedgwood se casaram em uma cerimônia anglicana feita para se adequar aos costumes unitaristas e logo depois pegaram o trem para sua nova casa.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 279}}</ref>


[[Imagem:Origin of Species.jpg|thumb|250px|direita|Capa do livro ''[[A Origem das Espécies]]'', de 1859]]
=== Desenvolvimento da teoria da evolução, cracas e geologia ===
{{AP|Desenvolvimento da teoria de Darwin}}
[[Ficheiro:Charles-Darwin-and-William-Darwin,-1842.png|upright|miniaturadaimagem|esquerda|Darwin em 1842 com seu filho mais velho, [[William Erasmus Darwin]].]]


Foi então que, na primavera de 1856, Lyell leu um artigo sobre a introdução de espécies escrito por [[Alfred Russel Wallace]], um naturalista trabalhando no [[Bornéo]]. Ciente da similaridade entre este trabalho e o de Darwin, Lyell pressionou Darwin para que publicasse o quanto antes a sua teoria, de forma a estabelecer precedência. Apesar de sua doença, Darwin iniciou o livro de três volumes intitulado "Seleção Natural" ("Natural Selection"), obtendo espécimes e informações de naturalistas como [[Asa Gray]] e o próprio Wallace. Em dezembro de 1857, quando trabalhava em seu livro, Darwin recebeu uma carta de Wallace perguntando se ele se aprofundaria na questão das origens do homem. Ciente dos temores de Lyell, Darwin respondeu: "Eu acho que irei evitar completamente este assunto, uma vez que ele é rodeado de preconceitos, embora eu admita que este é o maior e mais interessante problema para um naturalista". Ele então encorajou Wallace a teorizar sobre o tema, dizendo "não há observações boas e originais sem especulação". Quando o seu manuscrito já alcançava 250 mil palavras, em junho de 1858, Darwin recebeu de Wallace o artigo em que aquele descrevera o mecanismo evolutivo que concebera. Wallace também solicitara a Darwin que o enviasse a Lyell. Darwin assim o fez, embora estivesse chocado que ele tivesse sido "prevenido" do fato. Embora Wallace não tivesse solicitado a publicação, Darwin se ofereceu para enviar o artigo a qualquer revista que ele desejasse. Ele descreveu o que se passava para [[Lyell]] e [[Hooker]]. Estes concordaram em uma apresentação conjunta na [[Lynnean Society]], em 1 de julho, do artigo intitulado "Sobre a Tendência das Espécies de formarem Variedades; e sobre a Perpetuação das Variedades e Espécies por Meios Naturais de Seleção" (''On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection''). Infelizmente, o filho caçula de Darwin faleceu e ele não pôde comparecer à apresentação.
Darwin agora tinha o material base para trabalhar sobre a teoria da seleção natural, o seu "''hobby'' principal".<ref name=Letter419>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-419.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 419&nbsp;– Darwin, C. R. to Fox, W. D., (15 de junho de 1838)|acessodata=8 de fevereiro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070904124133/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-419.html|arquivodata=4 de setembro de 2007|df=dmy-all}}</ref> Suas pesquisas incluíram intensas investigações sobre a seleção artificial de plantas e animais e a busca por evidências de que os animais não são [[fixismo|fixos]], investigando ideias para substanciar a sua teoria. Durante quinze anos esta tarefa era secundário, tendo ele se ocupado principalmente nos seus escritos sobre geologia e em publicar em periódicos especializados sobre suas coleções do ''Beagle'', principalmente [[cirrípedes]].<ref name=vw186>{{Harvnb|van Wyhe|2007|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=A544&pageseq=10 186–192]}}</ref>


O anúncio inicial da teoria atraiu pouca atenção. Ela foi mencionada brevemente em algumas resenhas, mas para a maioria dos revisores era apenas mais uma entre muitas variações de pensamento evolutivo. Nos treze meses seguintes Darwin sofreu com sua saúde precária e fez um enorme esforço para escrever um resumo de seu "grande livro sobre espécies". Recebendo constante encorajamento de seus amigos cientistas, ele finalmente terminou o texto e Lyell cuidou para que o mesmo fosse publicado por John Murray. O livro recebeu o título "[[A Origem das Espécies|Sobre a origem das espécies por meio de seleção natural]]" (''On the Origin of Species by Means of Natural Selection'') e, quando foi colocado à venda em 22 de novembro de 1859, esgotou o estoque de 1250 cópias rapidamente. Naquela época, o termo "evolucionismo" implicava criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar as palavras "evolução" ou "evoluir", embora o livro terminasse anunciando que "um número incontável das mais belas e maravilhosas formas evoluíram e estão evoluindo". O livro só mencionava brevemente a ideia de que seres humanos também deveriam evoluir tal qual outros organismos. Darwin escreveu de forma propositadamente atenuada que "luz será lançada no tocante à origem do homem e sua história".
Quando a obra ''Narrative'', de Fitzroy, foi publicada em maio de 1839, os [[A Viagem do Beagle|diários de Darwin]] fizeram tanto sucesso como o terceiro volume que mais tarde nesse mesmo ano foi lançado como obra separada.<ref>{{Harvnb|Darwin|1887|loc=[http://www.gutenberg.org/catalog/world/readfile?fk_files=39003&pageno=32 p. 32.]}}</ref> No início de 1842, Darwin escreveu sobre as suas ideias a [[Charles Lyell]], que notou que o seu aliado "nega ver um começo para os vários grupos de espécies".<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p=292}}</ref>


=== Reação ===
O livro de Darwin ''[[The Structure and Distribution of Coral Reef]]'', sobre sua teoria da formação dos [[atol|atóis]], foi publicado em 1842, após mais de três anos de pesquisas. Logo depois, ele começou a sintetizar seus primeiros "rascunhos" para uma obra sobre seleção natural.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=292–293}}<br />{{Harvnb|Darwin|1842|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1556&pageseq=18 xvi–xvii]}}</ref> Para fugir da pressão urbana de Londres, a família se mudou para a residência rural [[Down House]] em setembro.<ref>{{Harvnb|Darwin|1958|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=118 114]}}</ref> Em 11 de janeiro de 1844, Darwin mencionou a sua teorização ao botânico [[Joseph Dalton Hooker]], relatando de maneira humorística e melodramática que era "como confessar um assassinato".<ref>{{harvnb|van Wyhe|2007|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=A544&pageseq=7 183–184]}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-729.html#back-mark-729.f6|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 729&nbsp;– Darwin, C. R. to Hooker, J. D., (11 de janeiro de 1844)|acessodata=8 de fevereiro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080307235150/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-729.html#back-mark-729.f6|arquivodata=7 de março de 2008|df=dmy-all}}</ref> Hooker respondeu que "em minha opinião ocorreu uma série de mudanças em diferentes focos e também uma mudança gradual nas espécies. Eu ficaria maravilhado em ler o que você pensa sobre o assunto, já que nenhuma opinião neste momento me satisfaz no assunto".<ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-734.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 734&nbsp;– Hooker, J. D. to Darwin, C. R., 29 January 1844|acessodata=8 de fevereiro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090226141303/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-734.html|arquivodata=26 de fevereiro de 2009|df=dmy-all}}</ref>
{{Artigos principais|[[Efeito social da teoria evolutiva]] e [[Controvérsia da criação vs. evolução]]}}


[[Imagem:Editorial cartoon depicting Charles Darwin as an ape (1871).jpg|thumb|esquerda|Caricatura publicada na revista ''Hornet'', onde Darwin é retratado como um [[macaco]].]]
Em julho, Darwin desenvolveu seu "rascunho" em um "ensaio" de 230 páginas, obra para ser expandida com seus outros trabalhos caso morresse prematuramente.<ref>{{Harvnb|van Wyhe|2007|p= 188}}</ref> Em novembro, foi lançado o livro anônimo ''[[Vestiges of the Natural History of Creation]]'', que ficou entre os mais vendidos e trouxe grande atenção pública na transmutação. Darwin desdenhou do amadorismo na geologia e da zoologia da publicação, mas revisou cuidadosamente os seus próprios argumentos. A controvérsia emergiu e o livro continuou vendendo bem, apesar das críticas dos círculos científicos.<ref>{{harvnb|Browne|1995|pp=461–465}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-814.html#back-mark-814.f5|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 814&nbsp;– Darwin, C. R. to Hooker, J. D., (7 Jan 1845)|acessodata=24 de novembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081205084645/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-814.html#back-mark-814.f5|arquivodata=5 de dezembro de 2008|df=dmy-all}}</ref>


O livro de Darwin iniciou uma controvérsia pública que ele acompanhou atentamente, obtendo cortes de jornais de milhares de resenhas, críticas, artigos, sátiras, paródias e caricaturas. Críticos foram rápidos em apontar as implicações não discutidas no livro de que "homens fossem descendentes de macacos" ("men from monkeys"). Entretanto, houve resenhas favoráveis, entre elas, uma publicada no ''[[The Times]]'' escrita por Huxley que incluía críticas a Richard Owen, um expoente do meio científico que Huxley estava tentando "destronar". Owen pareceu inicialmente neutro mas então escreveu um artigo condenando o livro.
[[Ficheiro:Darwins Thinking Path.JPG|miniaturadaimagem|A trilha percorrida por Darwin em Dawn House que estimulava sua mente para pensamentos criativos.<ref>{{harvnb|Darwin|1887|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1452.1&pageseq=132 114–116]}}</ref>]]


O corpo científico da Igreja da Inglaterra, incluindo os antigos tutores de Darwin em Cambridge, [[Adam Sedgwick|Sedgwick]] e [[John Stevens Henslow|Henslow]], reagiu contra o livro, embora ele tenha sido bem recebido por uma nova geração de jovens naturalistas. Foi quando sete ensaios e resenhas feitas por sete teólogos anglicanos liberais declararam que milagres eram irracionais e atraíram a atenção para si, desviando-a de Darwin.
Darwin completou seu terceiro livro geológico em 1846. Ele renovou seu fascínio em [[Invertebrados marinhos|animais marinhos invertebrados]], entusiasmo que datava de seus tempos de estudante com [[Robert Edmond Grant|Grant]], dissecando  e classificando [[craca]]s que tinha coletado em sua viagem, observando suas interessantes estruturas e as comparando com formas parecidas.<ref>{{Harvnb|van Wyhe|2007|pp=190–191}}</ref> Em 1847, Hooker leu o "ensaio" e mandou as críticas necessárias que Darwin precisava, mas que não se comprometeria e questionava a sua oposição em atos contínuos de [[cosmogonia|criação divina]].<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 320–323, 339–348}}</ref>


O confronto mais famoso ocorreu em um encontro da Associação Britânica para o Avanço da Ciência em [[Oxford]]. O professor [[John William Draper]] fez uma longa apresentação sobre Darwin e progresso social e, então, [[Samuel Wilberforce]], o bispo de Oxford, atacou as ideias de Darwin. Em um acalorado debate, [[Joseph Hooker]] defendeu Darwin com tenacidade e [[Thomas Huxley]] se estabeleceu como o "bulldog de Darwin" o mais veemente defensor da teoria evolutiva no palco Vitoriano. Conta-se que tendo sido questionado por Wilberforce se ele descendia de macacos por parte de pai ou de mãe, Huxley murmurou: "O Senhor o deixou em minhas mãos" e respondeu que "preferia ser descendente de um macaco que de um homem educado que usava sua cultura e eloquência a serviço do preconceito e da mentira" (isto é contestado, veja [http://users.ox.ac.uk/~jrlucas/legend.html Wilberforce and Huxley: A Legendary Encounter]). Logo se espalhou pelo país a história de que Huxley teria dito que preferia ser um macaco a um bispo.
Em uma tentativa de melhorar sua condição de saúde crônica, Darwin consultou o médico [[James Manby Gully]] e se surpreendeu com alguns dos benefícios da [[hidroterapia]].<ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-1236.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 1236&nbsp;Darwin, C. R. to Hooker, J. D., 28 Mar 1849|acessodata=24 de novembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081207005457/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-1236.html|arquivodata=7 de dezembro de 2008|df=dmy-all}}</ref> Então, em 1851, sua preciosa filha [[Anne Elizabeth Darwin|Annie]] ficou adoentada, renascendo seu medo que talvez a doença fosse hereditária. Depois de uma série de crises, ela acabou por falecer.<ref>{{harvnb|Browne|1995|pp=498–501}}</ref>


Muitas pessoas sentiam que a visão de Darwin da natureza acabava com a importante distinção entre homem e animais. O próprio Darwin não defendia suas ideias em público, embora ele lesse avidamente tudo sobre o debate. Ele se encontrava frequentemente doente e apenas fazia comentários através de cartas e correspondência. Seu círculo central de amigos cientistas – Huxley, Hooker, Charles Lyell e [[Asa Gray]] – ativamente colocavam seu trabalho em discussão nos palcos científico e público, defendendo-o de seus muitos críticos e ajudando-o a ganhar o respeito que lhe valeu a medalha Copley da [[Royal Society]] em 1864. A teoria de Darwin também foi usada como base para vários movimentos da época e tornou-se parte da cultura popular. O livro foi traduzido para muitos idiomas e teve numerosas re-impressões. Tornou-se um texto científico acessível tanto para aos novos e curiosos cidadãos da classe média quanto para os trabalhadores e foi aclamado como o mais controverso e discutido livro científico de todos os tempos.
Após oito anos trabalhando com [[Thoracica|cracas]] (''Sessilia''), Darwin conseguiu encontrar "[[Homologia (biologia)|homologias]]" demonstrando que partes do corpo minimamente alteradas servem diferentes funções para fazer face a novas condições e, em alguns [[genus|gêneros]], ele encontrou minúsculos machos [[parasita]]s em [[hermafrodita]]s, o que demonstrava estágios intermediários na evolução de [[Gonocorismo|sexos distintos]].<ref name=barlowbio117>{{Harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=121 117–118]}}</ref> Em 1853, ele ganhou a medalha real da Royal Society, consolidando sua reputação como biólogo.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 383–387}}</ref> Em 1854, torna-se membro da [[Linnean Society of London]], ganhando acesso postal à sua biblioteca.<ref>{{harvnb|Freeman|2007|pp=107, 109}}</ref> Darwin começou a retrabalhar na sua teoria das espécies e, em novembro percebeu que divergências nas características dos descendentes podem ser explicadas por elas se tornarem adaptadas a "lugares diversificados na economia da natureza".<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 419–420}}</ref>


== Últimos anos de vida ==
=== Publicação da teoria da seleção natural ===
[[Imagem:Charles Robert Darwin by John Collier.jpg|thumb|Em 1881, Darwin foi uma figura eminente, ainda trabalhando em suas contribuições ao pensamento evolutivo que teve um efeito enorme em muitos campos da [[ciência]].]]
{{AP|Publicação da teoria de Darwin|Seleção natural}}
[[Ficheiro:Charles Darwin by Maull and Polyblank, 1855-crop.png|upright|miniaturadaimagem|esquerda|Charles Darwin aos 46 anos em 1855, no período trabalhando na sua teoria da [[seleção natural]]. Em um carta para Hooker sobre esse retrato, ele escreveu: "eu realmente tenho uma expressão rude e, quando vejo essa fotografia, penso como é surpreendente que eu tenha um mísero amigo".<ref>[http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/vanWyhe_MaullandPolyblankPhoto.html Darwin Online: Photograph of Charles Darwin by Maull and Polyblank for the Literary and Scientific Portrait Club (1855)] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120107045842/http://darwin-online.org.uk/EditorialIntroductions/vanWyhe_MaullandPolyblankPhoto.html |date=7 de janeiro de 2012 }}, John van Wyhe, dezembro de 2006</ref>]]


Apesar dos sucessivos problemas de saúde que acometeram Darwin nos seus últimos vinte e dois anos de vida, ele continuou trabalhando avidamente, passando a se dedicar aos aspectos mais controversos do seu "grande livro" que ainda estavam por ser completados: a evolução da espécie humana a partir de animais mais primitivos, o mecanismo de seleção sexual que poderia explicar características de não tão óbvia utilidade além de mera beleza decorativa, bem como sugestões para as possíveis causas subjacentes ao desenvolvimento da sociedade e das habilidades mentais humanas. Seus experimentos, pesquisa e escrita continuaram.
No início de 1856, Darwin estava investigando se ovos e [[semente]]s poderiam sobreviver na água marinha para espalhar seus descendentes pelo oceano. Hooker aumentou seu ceticismo sobre a visão tradicional fixista das espécies, mas um jovem amigo deles, [[Thomas Henry Huxley]], era firmemente contra a transmutação das espécies. Lyell estava intrigado pelas especulações de Darwin, sem realmente perceber o que de fato dizia em toda a sua dimensão. Ao ler o livro de [[Alfred Russel Wallace]], ''[[On the Law which has Regulated the Introduction of New Species]]'', ele viu similaridades com o pensamento de Darwin e avisou que publicasse seu trabalho o quanto antes. Embora Darwin não tenha se intimidado, em 14 de maio de 1856 ele começou a escrever um manuscrito. Conseguir responder perguntas difíceis fez ele ganhar ritmo e aumentou seus planos para um "grande livro sobre as espécies" intitulado ''[[Natural Selection (manuscrito)|Natural Selection]]'', o qual deveria também deveria conter no cabeçalho algo como "excluindo o homem". Ele continuou suas pesquisas, obtendo espécimes e informações de naturalistas pelo globo, incluindo de Wallace, que estava em [[Bornéu]]. Em meados de 1857, ele adicionou uma seção chamada "Teoria aplicada das Raças Humanas", mas não avançou no tópico. Em setembro de 1857, Darwin mandou para o botânico estadunidense [[Asa Grey]] uma síntese de suas ideias, incluindo um abstrato de ''Natural Selection''. Ele respondeu que evitaria comentar sobre um assunto "tão cercado de preconceitos", encorajando as teorias de Wallace e comentando que "eu fui muito além do que você".<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 412–441, 457–458, 462–463}}<br />{{harvnb | Desmond |Moore | 2009 | pp=283–284, 290–292, 295}}</ref>


Quando a filha de Darwin adoeceu, ele deixou de lado o seu trabalho e experimentos com sementes e animais para acompanhá-la em seu tratamento no campo. Ali, ele iniciaria o seu interesse por [[orquídea]]s selvagens que se desenvolveria em um estudo inovador sobre como as [[flor]]es serviam para controlar a [[polinização]] feita pelos insetos e garantir a fertilização cruzada. Como já observara com as cracas, partes homólogas serviam a diferentes funções em diferentes espécies. De volta ao lar, ele adoeceu novamente em um quarto repleto de experimentos e plantas trepadeiras. Ainda assim, continuou o seu trabalho no livro "[[Variação]]" (''Variation''), que cresceu até ocupar dois volumes, o que o forçou a deixar de lado "[[A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo]]". Uma vez impresso, o livro foi muito procurado.
O livro de Darwin estava apenas parcialmente completo quando, em 18 de junho de 1858, ele recebeu uma carta de Wallace descrevendo a seleção natural. Chocado que sua ideia tenha sido antecipada por outra pessoa, Darwin a enviou para Lyell no mesmo dia, como instruído por Wallace;<ref>Ball, P. (2011).[http://www.nature.com/news/shipping-timetables-debunk-darwin-plagiarism-accusations-1.9613 Cópia online] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20120222191430/http://www.nature.com/news/shipping-timetables-debunk-darwin-plagiarism-accusations-1.9613 |date=22  de fevereiro de 2012 }}</ref><ref>{{citar periódico|doi=10.1111/j.1095-8312.2011.01808.x|título=A new theory to explain the receipt of Wallace's Ternate Essay by Darwin in 1858|periódico=Biological Journal of the Linnean Society|volume=105|páginas=249–252|ano=2012|último1 =Van Wyhe|primeiro1 =John|último2 =Rookmaaker|primeiro2 =Kees}}</ref> embora este não tenha recomendado uma publicação, Darwin sugeriu para Wallace que ele poderia escolher qualquer jornal para publicar o material por meio de Darwin. Ele estava passando por momentos difíceis com sua família em meio a uma crise fatal de [[escarlatina]] em sua cidade e ele passou a responsabilidade para seus amigos. Após alguma discussão, Lyell e Hooker decidiram uma apresentação conjunta na ''Linnean Society'' em 1 de julho, intitulada ''[[On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection]]''. Na noite de 28 de junho, o filho bebê de Darwin morreu de escarlatina, depois de quase uma semana de crises fortes, o que deixou ele muito transtornado para participar ou ver a apresentação.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 466–470}}</ref>


A questão da evolução humana tinha sido amplamente discutida pelos seus simpatizantes (e críticos) logo depois da publicação da "[[Origem das Espécies]]" mas a contribuição do próprio Darwin para o tema só veio uma década mais tarde com os dois volumes de "A descendência do Homem e Seleção em relação ao Sexo" em 1871. No segundo volume, Darwin introduziu por completo o seu conceito de seleção sexual e explicou a evolução da cultura humana, as diferenças entre os sexos, a diferenciação entre raças bem como a bela plumagem dos pássaros. Um ano mais tarde, Darwin publicou seu último grande trabalho, "[[The Expression of the Emotions in Man and Animals]]", que era focado na evolução da psicologia humana e sua continuidade com o comportamento animal. Ele desenvolveu a sua ideia de que a mente humana e culturas foram desenvolvidas por meio de seleção natural e sexual, uma abordagem que foi revivida com a emergência da [[psicologia evolutiva]]. Como ele concluiu em a "Descendência do Homem", Darwin achava que apesar de todas as "qualidades nobres" e "capacidades sublimes" da humanidade:
A teoria não recebeu grande atenção de imediato; o presidente da Linnean Society observou, em maio de 1859, que aquele ano não teve grandes descobertas revolucionárias.<ref>{{Harvnb|Browne|2002|pp=40–42, 48–49}}</ref> Apenas um crítico mais notável se lembrou de Darwin; o professor Samuel Haughton declarou que "tudo que foi apresentado de novo é falso e o velho continua verdadeiro".<ref>{{Harvnb|Darwin|1958|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1497&viewtype=text&pageseq=126 122]}}</ref> Darwin se exauriu por treze meses para produzir um ''[[abstract]]'' de seu "grande livro", sofrendo de doenças, mas nunca deixando de continuar graças ao encorajamento de seus amigos cientistas. Lyell conseguiu uma publicação pela editora [[John Murray (editora)|John Murray]].<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 374–474}}</ref>


{{quote2|O homem ainda traz em sua estrutura fisica a marca indelével de sua origem primitiva.|Darwin}}
''[[A Origem das Espécies]]'' acabou se provando surpreendentemente popular, sendo que toda a remessa de 1250 cópias foi vendida quando publicada pelas editoras em 22 de novembro de 1859.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|p= 477}}</ref> No livro, Darwin desenvolveu "um extenso argumento" com observações detalhadas, além de se antecipar de futuras objeções.<ref>{{Harvnb|Darwin|1859|loc= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F373&viewtype=text&pageseq=477 p. 459]}}</ref> No caso do descendente comum, ele incluiu evidências homólogas entre humanos e outros mamíferos.{{sfn|van Wyhe|2008}}{{Ref label|C|III|none}} Ao adentrar na seleção sexual, explicou como isso poderia fornecer dicas para explicar as diferenças raças humanas.<ref name=SS_man>{{Harvnb|Darwin|1859|p= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq=217&itemID=F373&viewtype=text 199]}}<br />{{harvnb | Darwin |Costa | 2009 | p=199}}<br />{{harvnb | Desmond |Moore | 2009 | p=310}}</ref>{{Ref label|D|IV|1}} Ele evitou uma discussão explícita sobre a origem humana, mas implicou sua significância na sentença: "Que a luz seja jogada na origem humana e sua história".<ref name="light on man">{{harvnb|Darwin|1859|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F373&pageseq=506 488]}}<br />{{harvnb | Darwin |Costa | 2009 | pp=199, 488}}<br />{{harvnb|van Wyhe|2008}}</ref>{{Ref label|D|IV|2}} Sua teoria é exemplificada na introdução:


Seus experimentos relacionados à evolução culminaram em cinco livros sobre plantas, e então seu último livro voltou à discussão sobre o efeito que minhocas tinham sobre o solo.
{{Quote|Como muitos mais indivíduos de cada espécie nascem do que podem sobreviver; e como, consequentemente, há uma luta recorrente e frequente pela existência, segue-se que qualquer ser, se variar de alguma forma ligeiramente positiva para si mesmo, sob as condições complexas e às vezes variáveis da vida, terá uma melhor chance de sobreviver e assim ser naturalmente selecionado. Do forte princípio da hereditariedade, qualquer variedade selecionada tenderá a propagar sua forma nova e modificada.|''A Origem das Espécies''<ref>{{Harvnb|Darwin|1859|loc= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F373&viewtype=text&pageseq=20 p. 5]}}</ref>}}


Darwin morreu em Downe, Kent, Inglaterra, em 19 de abril de 1882. Ele deveria ter sido enterrado no jardim da igreja de St Mary em Downe, mas atendendo ao pedido de seus colegas cientistas, [[William Spottiswoode]] (Presidente da Royal Society) cuidou para que ele tivesse um funeral de estado e Darwin foi enterrado na [[abadia de Westminster]] próximo a [[Charles Lyell]], [[William Herschel]] e [[Isaac Newton]].
No final do livro ele concluiu:


== Visão religiosa ==
{{Quote|Existe uma grandeza ao ver a vida dessa maneira, com suas várias forças, tendo sido originalmente inspirada em algumas formas ou em uma; e que, enquanto esse planeta orbita de acordo com a lei fixa da gravidade, de um começo tão simples, formas incontáveis, as mais lindas e maravilhosas, evoluíram e estão evoluindo.|''A Origem das Espécies''<ref>{{Harvnb|Darwin|1859|loc= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F373&viewtype=text&pageseq=508 p. 492]}}</ref>}}
Embora vários membros da família de Darwin fossem pensadores livres, abertamente lhes faltando crenças religiosas convencionais, ele inicialmente não duvidava da verdade literal da [[Bíblia]]. Ele frequentava uma escola da igreja da Inglaterra e, mais tarde, em Cambridge, estudou teologia [[Anglicana]]. Nesta época, ele estava plenamente convencido do argumento de [[William Paley]] de que o projeto perfeito da natureza era uma prova inequívoca da existência de Deus. Contudo, as suas crenças começaram a mudar durante a sua viagem no Beagle. Para ele, a visão de uma vespa paralisando uma larva de borboleta para que esta servisse de alimento vivo para seus ovos parecia contradizer a visão de Paley de projeto benevolente ou harmonioso da natureza. Enquanto a bordo do Beagle, Darwin era bastante ortodoxo e poderia citar a Bíblia como uma autoridade moral. Apesar disso, ele via as histórias no velho testamento como falsas e improváveis.
[[Imagem:Annie Darwin.jpg|thumb|esquerda|200px|A morte da filha de Darwin, Annie, em 1851 foi o evento que minou definitivamente a crença de Darwin em um Deus benevolente]]
Ao retornar, ele investigou a questão de transmutação de espécies. Ele sabia que seus amigos naturalistas e clérigos pensavam em transmutação como uma heresia que enfraquecia as justificativas morais para a ordem social e sabiam que tais ideias revolucionárias eram especialmente perigosas em uma época em que a posição estabelecida da igreja da Inglaterra estava sob constante ataque de dissidentes radicais e ateus. Enquanto desenvolvia secretamente a sua teoria de Seleção Natural, Darwin chegou mesmo a escrever sobre a [[religião]] como uma estratégia tribal de sobrevivência, embora ele ainda acreditasse que Deus fosse o legislador supremo. Sua crença continuou diminuindo com o passar do tempo e, com a morte de sua filha Annie em 1851, Darwin finalmente perdeu toda a sua fé no cristianismo. Ele continuou a ajudar a igreja local e colaborar com o trabalho comunitário associado à igreja, mas, aos domingos, ia caminhar enquanto sua família ia para o culto. Em seus últimos anos de vida, quando perguntado sobre a visão que tinha a respeito da religião, ele escreveu que nunca tinha sido um [[ateu]] no sentido de negar a existência de Deus e, portanto, se descreveria mais corretamente como um [[agnóstico]].<ref>"I cannot pretend to throw the least light on such abstruse problems. The mystery of the beginning of all things is insoluble by us; and I for one must be content to remain an Agnostic." [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq=331&itemID=F1452.1&viewtype=image The Life and Letters of Charles Darwin (1887)]</ref><ref>"An Agnostic would be the more correct description of my state of mind." [https://www.theguardian.com/science/blog/2007/jul/27/darwinsfaith Darwin's faith]</ref>


Charles Darwin contou em sua biografia que eram falsas as afirmações de que seu avô Erasmus Darwin teria clamado por Jesus em seu leito de morte. Darwin concluiu dizendo que "Era tal o estado de sentimento cristão neste país [em 1802].... Nós podemos apenas esperar que nada deste tipo prevaleça hoje". Apesar desta crença, histórias muito parecidas circularam logo após a morte de Darwin, em particular, uma que afirmava que ele havia se convertido logo antes de morrer. Estas histórias foram disseminadas por alguns grupos cristãos até ao ponto de se tornarem [[lendas urbanas]], embora as afirmações tenham sido refutadas pelos filhos de Darwin e sejam consideradas falsas por historiadores.
A última palavra é a única variante de "evolução" nas primeiras cinco edições do livro. Na época, o termo "[[evolucionismo]]" <!-- desambiguização para evolução, criar artigo próprio. Quem sabe "evolucionismo (conceito)" --> estava associado com o desenvolvimento embrionário. Darwin usou pela primeira o termo "evolução" em um conceito mais moderno em ''The Descent of Man'' em 1871, para posteriormente, em 1872, adicionar o termo na sexta edição de ''The Origin of Species''.<ref>{{harvnb|Browne|2002|p=59}}, {{harvnb|Freeman|1977|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq=80&itemID=A1&viewtype=text 79–80]}}</ref>
 
=== Respostas a publicação ===
{{AP|Reacções à teoria de Darwin}}
[[Ficheiro:Charles Darwin by Julia Margaret Cameron 2.jpg|upright|miniaturadaimagem|Durante um feriado com a família em 1868 na [[Ilha de Wight]], [[Júlia Margaret]] tirou retratos mostrando Darwin com sua famosa barba crescida durante 1862 e 1866.]]
[[Ficheiro:Editorial cartoon depicting Charles Darwin as an ape (1871).jpg|upright|miniaturadaimagem|Uma caricatura de 1871 após a publicação de ''[[A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo|A Descendência do Homem ]]'' sendo uma das várias a mostrar Darwin com o corpo de [[primata]], o identificando na cultura popular como o principal autor da teoria evolutiva.]]
 
O livro levantou interesse internacional, com menos polêmica que o popular ''[[Vestiges of the Natural History of Creation]]''.<ref>{{harvnb|van Wyhe|2008b|p=48}}</ref> Embora a condição de saúde de Darwin o tenha mantido longe dos debates públicos, ele submeteu ao escrutínio todas as respostas científicas, comentando as colunas de jornais, análises, artigos, sátiras e caricaturas, além de falar sobre com colegas ao redor do mundo.<ref>{{Harvnb|Browne|2002|pp=103–104, 379}}</ref> O livro não discutia explicitamente as origens humanas,<ref name="light on man" />{{Ref label|D|IV|3}} mas incluiu várias sugestões sobre o ancestral humano e quais as melhores inferências.<ref>{{harvnb|Radick|2013|pp=174–175}}<br />{{harvnb|Huxley|Kettlewell|1965|p=88}}</ref> Uma primeira crítica perguntou: "se um macaco se tornou homem – porque não o homem não poderia se tornar macaco?", além de ter afirmado que a questão deveria ser deixada para os teólogos, pois era muito perigosa para o leitor comum.<ref>{{harvnb|Browne|2002|p=87}}<br />{{harvnb|Leifchild|1859}}</ref> Entre as primeiras análises positivas, Huxley atacou [[Richard Owen]], líder do ''establishment'' científico que ele estava tentando derrubar.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=477–491}}</ref> Em abril, a crítica de Owen atacou os próximos de Darwin e ridicularizou suas ideias, enfurecendo-o,<ref>{{harvnb|Browne|2002|pp=110–112}}</ref> mas Owen e outros começaram a promover a ideia de uma [[evolucionismo teísta|evolução guiada pelo sobrenatural]]. O naturalista [[Patrick Matthew]] chamou a atenção para o fato de que ele chegou a desenvolver o conceito da seleção natural na formação de novas espécies em um livro de 1831, mas não continuou mais a fundo.<ref>{{harvnb|Bowler|2003|pp=158, 186}}</ref>
 
A resposta da [[Igreja Anglicana]] foi mista. Os antigos tutores de Darwin, [[Adam Sedgwick|Sedgwick]] e [[John Stevens Henslow|Henslow]], rechaçaram suas ideias, mas os clérigos liberais interpretaram a seleção natural como um instrumento do [[Design inteligente|''design'' de Deus]], sendo que o clérigo [[Charles Kingsley]] via "apenas como um conceito nobre da concepção da Deidade".<ref name=Darwinanddesign>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/content/view/110/104/|título=Darwin and design: historical essay|ano=2007|publicado=Darwin Correspondence Project|acessodata=17 de setembro de 2008 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090615191012/http://www.darwinproject.ac.uk/content/view/110/104/ |arquivodata=15 de junho de 2009}}</ref> Em 1860, a publicação de ''[[Essays and Reviews]]'' por vários teólogos anglicanos liberais desviou as atenções clericais sobre Darwin, sendo que as ideias de [[alta crítica]] eram atacadas por autoridades da igreja e classificadas como [[heresia]]. Nos ensaios, [[Baden Poweel]] argumenta que os milagres quebram as leis de Deus, então acreditar neles seria [[ateísmo]]. Ele também louvou "a publicação do Sr. Darwin defendendo o grande princípio dos poderes evolutivos da natureza".<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp= 487–488, 500}}</ref> [[Asa Gray]] discutiu [[teologia]] com Darwin, que captou e distribuiu os panfletos de Gray sobre a [[evolução teísta]], que dizia que seleção natural não é inconsistente com a teologia natural.<ref name=Darwinanddesign /><ref name=miles>{{Harvnb|Miles|2001}}</ref> A confrontação mais famosa sobre as ideias de Darwin foi o [[debate evolutivo em Oxford de 1860]] durante um encontro da [[Associação Britânica para o Avanço da Ciência]], onde o [[Bispo de Oxford]], [[Samuel Wilberforce]], embora não tenha feito oposição a transmutação das espécies, argumentou contra a evolução darwiniana e a teoria de que humanos descenderem de primatas. [[Joseph Dalton Hooker|Joseph Hooker]] argumentou incisivamente a favor de Darwin, e a famosa resposta de [[Thomas Huxley]], de que ele preferiria se um descendente de um primata que de um homem que usa eloquência para destruir a verdade, tornou-se símbolo do triunfo da ciência sobre a religião.<ref name=Darwinanddesign /><ref>{{harvnb|Bowler|2003|p=185}}</ref>
 
Até os amigos mais próximos de Darwin, Gray, Hooker, Huxley e Lyell, não deixaram de expressar várias considerações sobre sua teoria mas deixaram de dar um forte apoio, assim como vários outros, particularmente jovens naturalistas. Grey e Lyell buscaram reconciliação com a fé, enquanto Huxley defendeu uma polarização entre religião e ciência. Ele lançou campanhas agressivas contra a autoridade do clero na educação,<ref name=Darwinanddesign /> mirando o objetivo de acabar com a dominância dos clérigos e aristocratas amadores sob a jurisdição de Owen, em favor de uma nova geração de cientistas profissionais. Owen declarava que a anatomia do cérebro provava que os humanos eram uma ordem biológica separada dos primatas, argumento mostrado como falso por Huxley em uma longa disputa parodiada por Kingsley como a "[[Grande Questão do Hipocampo]]".<ref>{{Harvnb|Browne|2002|pp=156–159}}</ref>
 
O [[darwinismo]] se tornou um movimento que cobria uma grande extensão de ideias revolucionárias. O livro de 1863 de Lyell, ''[[Geological Evidences of the Antiquity of Man]]'', popularizou o conceito de [[pré-história]], embora sua precaução sobre introduzir a evolução tenha desapontado Darwin. Semanas depois. Huxley lançou a obra ''[[Evidence as to Man's Place in Nature]]'', mostrando que, anatomicamente, seres humanos são primatas. Logo depois, veio [[Henry Walter Bates]] com seu livro ''[[The Naturalist on the River Amazons]]'', que providenciou evidências empíricas para a seleção natural.<ref name=B217>{{harvnb|Browne|2002|pp=217–226}}</ref> Graças ao ''lobby'', Darwin foi agraciado com a maior honra científica britânica, a [[Medalha Copley]] da [[Royal Society]], galardoada em 3 de novembro de 1864.<ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-4652.html|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 4652&nbsp;– Falconer, Hugh to Darwin, C. R., 3 de novembro de 1864|acessodata=1 de dezembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081205084616/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-4652.html|arquivodata=5 de dezembro de 2008}}</ref> Nesse dia, Huxley promoveu o primeiro encontro do que se tornaria o influente "Clube X", dedicado a "ciência, pura e livre, não obstruída por dogmas religiosos".<ref name=Letter4807>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-4807.html#mark-4807.f8|título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Letter 4807&nbsp;– Hooker, J. D. to Darwin, C. R., (7–8 Apr 1865)|acessodata=1 de dezembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081205084621/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-4807.html#mark-4807.f8|arquivodata=5 de dezembro de 2008}}</ref> Já no fim da década a maioria dos cientistas concordavam que a evolução ocorreu, mas apenas uma minoria dava suporte a visão de Darwin de que o mecanismo chefe era a seleção natural.<ref>{{harvnb|Bowler|2003|p=196}}</ref>
 
''[[A Origem das Espécies]]'' foi traduzida para várias línguas, tornando-se um importante texto científico e atraindo a atenção sobre todos aqueles que se interessavam pelos caminhos percorridos pela vida, incluindo os "trabalhadores" que se reuniam nas palestras de Huxley.<ref>{{harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=507–508}}<br />{{Harvnb|Browne|2002|pp=128–129, 138}}</ref> A teoria de Darwin também influenciou vários movimentos do período{{Ref label|E|V|none}} e virou um ponto chave da cultura popular.{{Ref label|F|VI|none}} Cartonistas parodiavam a ancestralidade animal humana em uma velha tradição de mostrar seres humanos com traços animalescos, enquanto na Grã-Bretanha essas imagens divertidas serviram para popularizar a teoria darwiniana. Em 1862, enquanto estava doente, Darwin deixou sua barba crescer e em 1866, quando reapareceu em público, caricaturas dele como um [[primata]] ajudaram a identificar todas as formas de [[evolucionismo]] com o darwinismo.<ref name=b373>{{harvnb|Browne|2002|pp=373–379}}</ref>
 
=== ''Descendência do Homem'', seleção sexual e a botânica ===
[[Ficheiro:Darwin letter.jpg|miniaturadaimagem|upright|Uma carta de Darwin para [[John Scott Burdon-Sanderson]].]]
 
Apesar de lutar contra a doença durante os últimos 22 anos de sua vida, os trabalhos de Darwin continuaram. Ao publicar ''A Origem das Espécies'' como um ''[[abstract]]'' de sua teoria, ele prosseguiu com experimentos, pesquisas e escritos de seu "grande livro". Ele cobriu desde a [[Evolução humana|descendência do homem]] pelos primeiros animais até a evolução das sociedades e habilidades mentais, além de explicar a beleza e a diversidade da natureza selvagem em estudos pioneiros sobre plantas.<ref>{{citar web |url=https://books.google.com.br/books?id=NhHvAwAAQBAJ&pg=PT1690&lpg=PT1690&dq=darwin+He+covered+human+descent+from+earlier+animals+including+evolution+of+society+and+of+mental+abilities,+as+well+as+explaining+decorative+beauty+in+wildlife+and+diversifying+into+innovative+plant+studies&source=bl&ots=LtxdCKFz84&sig=ACfU3U3GHV0ZbkosQdlFRpYu9nvlxNdupw&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwit55asjIrjAhXgGbkGHbI4A7QQ6AEwAHoECAkQAQ#v=onepage&q=darwin%20He%20covered%20human%20descent%20from%20earlier%20animals%20including%20evolution%20of%20society%20and%20of%20mental%20abilities%2C%20as%20well%20as%20explaining%20decorative%20beauty%20in%20wildlife%20and%20diversifying%20into%20innovative%20plant%20studies&f=false |titulo=Bang to Eternity and Betwixt: Cosmos|autor=John Hussey |acessodata=27 de junho de 2019}}</ref>
 
Inquéritos sobre a [[polinização]] de insetos o levou a produzir ensaios em 1861 sobre o estudo de [[orquídea]]s selvagens, mostrando a adaptação de suas flores para [[Síndrome floral|atrair mariposas específicas]] para cada espécie e assegurar a [[heterose|fertilização cruzada]]. Em 1862, no livro ''[[Fertilisation of Orchids]]'', deu sua primeira demonstração detalhada do poder da seleção natural para explicar as complexas relações ecológicas, demonstrando previsões testáveis. Com sua saúde deteriorada, Darwin ficou confinado em sua cama em um quarto cheio de experimentos para prever o movimento do crescimento de [[Vitis|videiras]].<ref>{{harvnb|van Wyhe|2008b|pp=50–55}}</ref> Recebeu visitantes admirados por seu trabalho, incluindo [[Ernst Haeckel]], um zeloso preponente do darwinismo incorporado ao [[lamarckismo]] com o idealismo de [[Goethe]].<ref>{{citar web|url=http://www.darwinproject.ac.uk/correspondence-volume-14 |título=Archived copy |acessodata=2009-03-06 |urlmorta=bot: unknown |arquivourl=https://web.archive.org/web/20100605110511/http://www.darwinproject.ac.uk/correspondence-volume-14 |arquivodata=5  de junho de 2010  }} Cambridge University Press. Acessado em 25 de junho de 2012</ref> Wallace continuou receptivo, apesar de se virar cada vez mais para o [[espiritualismo]].<ref>{{harvnb|Smith|1999}}.</ref>
 
O livro de Darwin ''[[The Variation of Animals and Plants under Domestication]]'', publicado em 1868, foi a primeira parte do seu planejado "grande livro" e incluía sua hipótese falha da [[pangênese]], ao tentar explicar a [[hereditariedade]]. Vendeu bem em um primeiro momento, apesar do tamanho, e foi traduzido para várias línguas. Ele escreveu a maioria da segunda parte, sobre a seleção natural, mas a obra não foi publicada durante sua vida.<ref>{{Harvnb|Freeman|1977|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=A1&pageseq=123 122]}}</ref>
[[Ficheiro:Man is But a Worm.jpg|miniaturadaimagem|upright|[[Almanaque]] da ''[[Punch (revista)|Punch]]'' de 1882, publicado pouco depois da morte de Darwin, caracteriza-o no meio do caos evolutivo de uma forma primitiva até um cavalheiro vitoriano com o título "o homem é apenas um verme".]]
 
[[Charles Lyell|Lyell]] popularizou a pré-história humana, enquanto [[Thomas Henry Huxley|Huxley]] provou que seres humanos são, anatomicamente, primatas.<ref name=B217 /> Com ''A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo'', publicado em 1871, Darwin estabeleceu, a partir de numerosas fontes, que humanos são animais, mostrando a continuidade de seus atributos físicos e mentais, além de ter apresentado a [[seleção sexual]] como uma explicação de características "não práticas", como a plumagem de [[pavão|pavões]], igualmente com a evolução da cultura humana, diferenças entre os sexos e a classificação racial física e cultural, ao mesmo tempo que enfatizava que humanos são todos da mesma espécie.<ref>{{Harvnb|Darwin|1871|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F937.2&pageseq=402 385–405]}}<br />{{Harvnb|Browne|2002|pp=339–343}}</ref> Suas pesquisas usando imagens se aprofundaram no seu livro de 1872, ''[[A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais]]'', uma das suas primeiras obras a apresentar fotografias impressas, na qual discute a [[Psicologia evolucionista|evolução da psicologia humana]] e sua continuidade com o [[Etologia|comportamento animal]]. Ambos os livros se mostraram bastantes populares e Darwin ficou impressionado com a recepção geral de suas obras, anotando que "todos estão falando sobre sem ao menos estarem chocados."<ref>{{Harvnb|Browne|2002|pp=359–369}}<br />{{harvnb|Darwin|1887|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1452.3&pageseq=145 133]}}</ref> Sua conclusão foi "que o homem, com todas as suas qualidades nobres, com a simpatia que sente por todos aqueles menos favorecidos, com a benevolência que se estende não somente aos outros homens, mas também com a criatura mais humilde, que com seu intelecto espelhado ao divino penetrou nos movimentos e constituições do sistema solar — com todos seus poderes o homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva.".<ref>{{Harvnb|Darwin|1871|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F937.2&viewtype=text&pageseq=422 405]}}</ref>
 
Seus experimentos relacionados a evolução e pesquisa o levou a publicar os livros sobre orquídeas, ''[[Insectivorous Plants]]'', ''[[The Effects of Cross and Self Fertilisation in the Vegetable Kingdom]]'', sobre as diferentes formas de flores e plantas da mesma espécie, e ''[[The Power of Movement in Plants]]''. Seu trabalho botânico foi interpretado e popularizado por vários autores, como [[Grant Allen]] e [[H. G. Wells]], e ajudou a transformar as ciências botânicas no final do século XIX e início do século XX.<ref>{{citar web |url=https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-for-the-history-of-science/article/deceived-by-orchids-sex-science-fiction-and-darwin/6D94917E32C7787D11AC5949BAA0176C |titulo=Deceived by orchids: sex, science, fiction and Darwin |editor=The British Journal for the History of Science |data=9 de junho de 2016 |acessodata=27 de junho de 2019}}</ref> Seu último livro foi ''[[The Formation of Vegetable Mould through the Action of Worms]]'', de 1881.<ref>[http://darwin-online.org.uk/darwin.html Charles Darwin: gentleman naturalist] por John van Wyhe. Acessado em 27 de junho de 2019</ref>
 
=== Morte e funeral ===
[[Ficheiro:Herschel&darwin.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|Tumbas de [[John Herschel|Herschel]] e Darwin. [[Abadia de Westminster]].]]
 
Em 1882, Darwin foi diagnosticado com o que era chamado ''[[angina pectoris]]'', o que significava [[trombose coronariana]] e doença do coração. No período de sua morte, médicos diagnosticaram "ataques de angina" e "falha do coração".<ref>{{citar livro
|título= Darwin's Illness
|páginas= 116–120
|primeiro = Ralph
|último = Colp
|df          = dmy-all
|doi      = 10.5744/florida/9780813032313.003.0014
|capítulo= The Final Illnes
|ano= 2008
|isbn      = 978-0-8130-3231-3
}}</ref> Atualmente, especula-se que Darwin sofria de uma [[doença de Chagas]] crônica.<ref name=":0">{{citar periódico|último =Clayton|primeiro =Julie|data=2010-06-24|título=Chagas disease 101|periódico=Nature|língua=en|volume=465|número=n7301_supp|páginas=S4–S5|doi=10.1038/nature09220|pmid=20571553|issn=0028-0836|bibcode=2010Natur.465S...3C}}</ref> Essa especulação é baseada no trecho de um diário escrito por Darwin, que descreve que ele foi mordido por um [[Triatominae|barbeiro]] em [[Mendoza]], [[Argentina]], em 1835;<ref name=":1">{{citar web|url=http://dna.kdna.ucla.edu/parasite_course-old/cruzi_files/subchapters/case_of_charles_darwin.htm|título=The Case of Charles Darwin|website=dna.kdna.ucla.edu|acessodata=2017-09-27|urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170713034201/http://dna.kdna.ucla.edu/parasite_course-old/cruzi_files/subchapters/case_of_charles_darwin.htm|arquivodata=13 de julho de 2017}}</ref> e baseado nos vários sintomas que ele exibiu, como doenças cardíacas as quais são características da doença.<ref>{{citar periódico|último =Bernstein|primeiro =R E|data=julho de 1984|título=Darwin's illness: Chagas' disease resurgens.|periódico=Journal of the Royal Society of Medicine|volume=77|número=7|páginas=608–609|issn=0141-0768|pmc=1439957|pmid=6431091|urlmorta= não|doi=10.1177/014107688407700715}}</ref><ref name=":0" /> A exumação do corpo de Darwin é necessária para determinar precisamente seu estado de infecção ao detectar [[DNA]] do parasita ''[[Trypanosoma cruzi|T. cruzi]]'', que causa doença de Chagas.<ref name=":0" /><ref name=":1" />
 
Darwin morreu em 19 de abril de 1882 em [[Down House]]. Suas últimas palavras foram dirigidas a sua família, falando a Emma: "Pelo menos não estou com medo de lembranças póstumas de como você foi uma ótima esposa. Conte para todos os meus filhos para lembrar o quão bons foram para mim" e então, enquanto ela descansava, ele repetidamente disse a Henrietta e Francis: "Quase vale a pena estar doente para ser cuidado por vocês".<ref>{{citar web|url=http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=side&itemID=CUL-DAR210.9&pageseq=16|título=[Reminiscences of Charles Darwin's last years.] CUL-DAR210.9|autor =Darwin, Emma|autorlink =Emma Darwin|ano=1882|acessodata=8 de janeiro de 2009|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090628080442/http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=side&itemID=CUL-DAR210.9&pageseq=16|arquivodata=28 de junho de 2009}}</ref> Ele esperava ser enterrado na Igreja de ''St Mary'' em [[Downe]], mas por um pedido de seus colegas, após uma petição pública no parlamento, William Spottiswoode (presidente da Royal Society) conseguiu que Darwin fosse [[Enterros e memoriais na Abadia de Westminster|enterrado com honras]] na [[Abadia de Westminster]], perto de [[John Herschel]] e [[Isaac Newton]]. O funeral aconteceu em 26 de abril, uma quarta-feira, e foi visitado por milhares de pessoas, incluindo a família, amigos, cientistas, filósofos e dignitários.<ref>{{Harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=664–677}}</ref><ref name="Westminster Abbey CD">{{citar web|título=Westminster Abbey » Charles Darwin | website=Westminster Abbey » Home |data= 2 de janeiro de 2016 | url=http://www.westminster-abbey.org/our-history/people/charles-darwin |acessodata=2 de janeiro de 2016|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160304200905/http://www.westminster-abbey.org/our-history/people/charles-darwin |arquivodata=4 de março de 2016 | df=dmy-all }}<br />{{Harvnb|Leff|2000|loc=[http://www.aboutdarwin.com/darwin/burial.html Darwin's Burial]}}</ref>


== Legado ==
== Legado ==
A teoria de Darwin de que evolução ocorreu por meio de seleção natural mudou a forma de pensar em inúmeros campos de estudo da [[Biologia]] à [[Antropologia]]. Seu trabalho estabeleceu que a "[[evolução]]" havia ocorrido: não necessariamente por meio das [[Seleção natural|seleções natural]] e [[Seleção sexual|sexual]] (isto, em particular, só foi comumente reconhecido após a redescoberta do trabalho de [[Gregor Mendel]] no início do século XX e o desenvolvimento da [[Síntese Moderna]]). Outros antes dele já haviam esboçado a ideia de seleção natural: em sua vida, Darwin reconheceu como tal os trabalhos de William Charles Wells e Patrick Matthew que ele (e praticamente todos os outros naturalistas da época) desconheciam quando ele publicou a sua teoria. Contudo, é claramente reconhecido que Darwin foi o primeiro a desenvolver e publicar uma [[teoria|teoria científica]] de Seleção Natural e que trabalhos anteriores ao seu não contribuíram para o desenvolvimento ou sucesso da Seleção Natural como uma teoria testável.
[[Ficheiro:Charles Robert Darwin by John Collier.jpg|upright|miniaturadaimagem|Em 1881 Darwin era uma figura eminente, que continuava trabalhando em suas contribuições ao pensamento evolutivo as quais tiveram um enorme impacto em muitos campos da ciência. Retrato de [[John Collier]] hoje no [[National Portrait Gallery]].]]
 
No período de sua morte, Darwin já tinha convencido a maioria dos cientistas de que a [[evolução]] por [[origem comum]] estava correta e ele já era considerado um grande cientista que teve ideias revolucionárias. Em junho de 1909, embora poucos daquele tempo concordassem com sua visão de que a "seleção natural era a principal, mas não a forma exclusiva de modificação", Darwin foi honrado por mais de 400 oficiais e cientistas do mundo todo que se encontraram em [[Cambridge]] para comemorar o [[Dia de Darwin|centenário de seu nascimento]] e o quinquagésimo aniversário da publicação de ''A Origem das Espécies''.<ref name=b222>{{harvnb|Bowler|2003|pp=222–225}}<br />{{Harvnb|van Wyhe|2008}}<br />{{harvnb|Darwin|1872|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F391&pageseq=449 421]}}</ref> No início do século XX, em um período que tem sido denominado como "[[O eclipse do darwinismo]]", cientistas propuseram várias alternativas de mecanismos evolutivos, que se provaram insustentáveis. [[Ronald Fisher]], um [[estatístico]] inglês, finalmente uniu a [[genética mendeliana]] com a seleção natural, síntese realizada entre o período de 1918 até 1930, ano do lançamento de seu livro ''[[The Genetical Theory of Natural Selection]]''.<ref>{{citar periódico |titulo=The Genetical Theory of Natural Selection |acessodata= |jornal=Genetics |ultimo=Edwards |primeiro=A.W.F |paginas=1419–1426 |doi=10.1093/genetics/154.4.1419 |pmc=1461012 |pmid=10747041 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20150924041631/http://www.genetics.org/content/154/4/1419.full |arquivodata=15/9/2015 |edicao=154}}</ref> Ele proveu à teoria uma base matemática e estabeleceu um largo consenso científico de que a seleção natural é o mecanismo básico da evolução, portanto a base da [[genética populacional]] e da [[síntese evolutiva moderna]], juntamente com [[J. B. S. Haldane]] e [[Sewall Wright]], os quais lançaram os pilares dos debates evolutivos modernos e o refinamento da teoria.<ref name=b3847 />
 
=== Comemorações e homenagens ===
[[Imagem:Charles Darwin statue 5661r.jpg|thumb|upright|Estátua de Charles Darwin no [[Museu de História Natural de Londres|Museu de História Natural]] de [[Londres]].]]
 
Durante a vida de Darwin, muitos locais foram homenageados com seu nome. Uma extensão de água adjacente ao [[Estreito de Beagle]] foi nomeado [[Canal de Darwin]] por Robert FitzRoy após uma reação heroica de Darwin, junto com dois ou três homens, que os salvou de naufragarem de seus barcos quando uma geleira colapsou e causou uma grande onda que teria virado suas embarcações;<ref>{{Harvnb|FitzRoy|1839|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F10.2&viewtype=text&pageseq=267 216–218]}}</ref> o [[Monte Darwin]], nos [[Andes]], também foi nomeado em celebração ao 25.º aniversário de Darwin.<ref>{{harvnb|Leff|2000|loc=[http://www.aboutdarwin.com/timeline/time_04.html Darwin's Timeline]}}</ref> Quando o ''Beagle'' estava navegando pela Austrália em 1839, o amigo de Darwin John Lort Stokes avistou um porto natural que o capitão do navio Wickham escolheu nomear [[Port Darwin]]: um assentamento próximo foi renomeado [[Darwin (Austrália)|Darwin]] em 1911 e se tornou a capital da [[Território do Norte]].<ref name=NTDoPaI>{{citar web|url=http://www.ipe.nt.gov.au/whatwedo/landinformation/place/origins/palmdarwin.html|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060918153343/http://www.ipe.nt.gov.au/whatwedo/landinformation/place/origins/palmdarwin.html|arquivodata=18 de setembro de 2006|título=Territory origins|acessodata=15 de dezembro de 2006|publicado=Northern Territory Department of Planning and Infrastructure, Australia}}</ref>
 
Mais de 120 [[espécie]]s e nove [[Género (biologia)|gêneros]] foram nomeados em homenagem a Darwin.<ref>{{citar web|url=http://www.darwinfacts.com/ |título=Charles Darwin 200 years&nbsp;– Things you didn't know about Charles Darwin |acessodata=23 de maio de 2009 |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090528033253/http://darwinfacts.com/ |arquivodata=28 de maio de 2009  }}</ref> Em um exemplo, um grupo de ''[[Thraupidae]]'' relacionados que Darwin achou nas [[Ilhas Galápagos]] ficaram conhecidos popularmente como "Tentilhões de Darwin", promovendo informações imprecisas sobre a significância da importância deles no seu trabalho.<ref>{{Harvnb|Sulloway|1982|pp=45–47}}</ref>
 
Os trabalhos de Darwin continuaram a ser celebrados por várias publicações e eventos. A [[Linnean Society of London]] comemora as conquistas de Darwin premiando a [[Medalha Darwin-Wallace]] desde 1908. O [[Dia de Darwin]] se tornou uma celebração anual e, em 2009, eventos mundiais foram organizados para o bicentenário do nascimento de Darwin e o 150.º aniversário da publicação de ''A Origem das Espécies''.<ref>{{citar jornal|url=http://www.lrb.co.uk/v32/n01/steven-shapin/the-darwin-show |título=The Darwin Show |páginas=3–9 |primeiro =Steven |último =Shapin |autorlink =Steven Shapin |data=7 de janeiro de 2010 |jornal=[[London Review of Books]] |citação= |acessodata=25 de janeiro de 2010 |ref=harv |postscript=<!--None--> |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20091229113315/http://www.lrb.co.uk/v32/n01/steven-shapin/the-darwin-show |arquivodata=29 de dezembro de 2009  }}</ref>
 
Darwin foi celebrado no [[Reino Unido]], com seu retrato impresso na nota reversa de 10 libras esterlinas emitida pelo [[Banco da Inglaterra]], juntamente com um [[beija-flor]] e o ''Beagle''.<ref>{{citar web|url=http://www.bankofengland.co.uk/banknotes/current/current_10.htm|título=Bank of England&nbsp;– Current Banknotes&nbsp;– £10&nbsp;– Design Features|publicado=[[Bank of England]]|acessodata=15 de março de 2011|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110310091103/http://www.bankofengland.co.uk/banknotes/current/current_10.htm|arquivodata=10 de março de 2011}}</ref>
 
Uma estátua em tamanho real portando Darwin sentado por ser visto no salão do [[Museu de História Natural de Londres]].<ref>{{citar web|url=http://www.nhm.ac.uk/about-us/news/2008/may/darwins-statue-on-the-move13846.html|título=Darwin's statue on the move|data=23 de maio de 2008|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111205015506/http://www.nhm.ac.uk/about-us/news/2008/may/darwins-statue-on-the-move13846.html|arquivodata=5 de dezembro de 2011|publicado=Natural History Museum|acessodata=7 de fevereiro de 2012|urlmorta= não}}</ref> Uma estátua de Darwin sentado, revelada em 1897, está posicionada em frente a [[Livraria Shrewsbury]], o prédio usado pela [[Shrewsbury School]], onde Darwin estudou quando criança. Outra estátua de Darwin quando jovem está situada nos estabelecimentos da [[Christ’s College]], em Cambridge.<ref>{{citar web |url=https://www.christs.cam.ac.uk/darwin-sculpture |titulo=Darwin Sculpture |editor=[[Christ’s College]] |acessodata=27 de junho de 2019}}</ref> A [[Darwin College]], uma faculdade de pós-graduação da Universidade de Cambridge, também foi nomeada em homenagem a família de Darwin.<ref>{{citar web|url=https://www.kent.ac.uk/maps/canterbury/canterbury-campus/building/darwin-college|título=Darwin College – Maps and directions – University of Kent|website=www.kent.ac.uk|acessodata=2016-10-30|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20161031024930/https://www.kent.ac.uk/maps/canterbury/canterbury-campus/building/darwin-college|arquivodata=31 de outubro de 2016}}</ref>
 
== Filhos ==
{|class=toccolours style=float:right;clear:right;font-size:85%;width:33%;margin-left:2em;
|[[William Erasmus Darwin|Erasmus]]||style=text-align:right;|1839 –||1914 (75 anos)
|-
|[[Anne Elizabeth Darwin|Annie]]||style=text-align:right;|1841 –|| 1851 (10 anos)
|-
|Eleanor||style=text-align:right;|1842 –||1842 (24 dias)
|-
|[[Henrietta Litchfield|Emma]]||style=text-align:right;|1843 –|| 1927 (84 anos)
|-
|[[George Darwin|George]]||style=text-align:right;|1845 –||1912  (67 anos)
|-
|Elizabeth||style=text-align:right;|1847 –||1926 (79 anos)
|-
|[[Francis Darwin|Francis]]||style=text-align:right;|1848 –||1925 (77 anos)
|-
|[[Leonard Darwin|Leonard]]||style=text-align:right;|1850 –||1943 (93 anos)
|-
|[[Horace Darwin|Horace]]||style=text-align:right;|1851 –||1928 (77 anos)
|-
|Charles<!-- Waring-->||style=text-align:right;|1856 –||1858 (1 ano)
|}
 
Os Darwins tiveram dez filhos: dois morreram na infância, sendo que a morte de [[Anne Elizabeth Darwin|Annie]], aos dez anos, teve efeitos devastadores nos pais.<ref name=whowas /> Charles foi um pai devoto e especialmente atento aos seus filhos. Quando ficavam doentes, ele temia que tivessem herdado suas fraquezas por [[consanguinidade]], por conta dos laços de parentesco próximos que ele compartilhava com sua esposa e prima, Emma Wedgwood.<ref>{{Citation
| surname1    = Desmond
| given1      = Adrian
| surname2    = Moore
| given2      = James
| authorlink2 = James Moore (biographer)
|ano= 1991
|título= Darwin
|publicado= London: Michael Joseph, Penguin Group
| isbn          = 0-7181-3430-3}}</ref>
 
Darwin examinou a consanguinidade em seus escritos e percebia a desvantagem em relação a sexualidade cruzada em várias espécies.{{sfn|Desmond|Moore|1991|p=447}} Apesar de seus medos, a maioria das crianças sobreviveram e muitos de seus descendentes tiveram carreiras consagradas. Das crianças sobreviventes, [[George Darwin|George]], [[Francis Darwin|Francis]] e [[Horace Darwin|Horace]] se tornaram membros da Royal Society,<ref>{{citar web|título=List of Fellows of the Royal Society, 1660–2006, A–J|url=http://royalsociety.org/trackdoc.asp?id=4274&pId=1727|acessodata=2009-09-16|formato=PDF|arquivodata=2017-02-03|urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170203000229/https://royalsociety.org/trackdoc.asp?id=4274&pId=1727}}</ref> sendo respectivamente um astrônomo,<ref>{{MacTutor Biography|id=Darwin}}</ref> um botânico e um engenheiro civil. Todos se tornaram cavalheiros.<ref>Berra, Tim M. ''Darwin and His Children: His Other Legacy,'' (Oxford: 2013, Oxford UP), 101, 129, 168.</ref> Um outro filho, [[Leonard Darwin|Leonard]], chegou a ser um soldado, político, economista, [[eugenismo|eugenista]] e mentor de [[Ronald Fisher]], estatístico e biólogo evolucionista.<ref>Edwards, A. W. F. 2004. Darwin, Leonard (1850–1943). In: ''Oxford Dictionary of National Biography'', Oxford University Press.</ref>
 
== Visões e opiniões ==
=== Visões religiosas ===
[[Ficheiro:Annie Darwin.jpg|upright|miniaturadaimagem|esquerda|Em 1851, Darwin ficou devastado quando sua filha [[Anne Elizabeth Darwin|Annie]] morreu. A partir daí sua crença na fé cristã diminuiu, e ele parou de ir na igreja.]]


Apesar da grande controvérsia que marcou a publicação do trabalho de Darwin, a evolução por seleção natural provou ser um argumento poderoso contrário às noções de criação divina e [[projeto inteligente]] comuns na ciência do século XIX. A ideia de que não mais havia uma clara separação entre homens e animais faria com que Darwin fosse lembrado como aquele que removeu o homem da posição privilegiada que ocupava no universo. Para alguns de seus críticos, entretanto, ele continuou sendo visto como o "homem macaco" frequentemente desenhado com um corpo de macaco.
A tradição da família de Darwin era [[não-conformista]] [[Unitarismo|unitarista]], enquanto que seu pai e avô eram [[livre-pensador]]es, seu batismo e escola de infância eram [[Igreja da Inglaterra|anglicanos]].<ref name=skool /> Quando estava ingressando em Cambridge para se tornar um clérigo anglicano, Darwin não duvidava a interpretação literal da Bíblia.<ref name=dar57 /> Ele aprendeu ciências com [[John Herschel]] que, igualmente com a [[teologia natural]] de [[William Paley]], buscou explicações nas leis da natureza ao invés de respostas miraculosas e viu a [[Adaptação (biologia)|adaptação]] das espécies como uma [[Argumento teleológico|evidência do ''design'' divino]].<ref name="syd5-7" /><ref name=db /> A bordo do ''Beagle'', Darwin era bem ortodoxo e podia citar a Bíblia como uma autoridade moral.<ref name=biorelig>{{Harvnb|Darwin|1958|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1497&viewtype=side&pageseq=87 85–96]}}</ref> Ele olhou para os "centros da criação" para explicar a distribuição das espécies,<ref name=k356 /> e sugeriu que a similaridade das [[Formiga-leão|formigas-leão]] achadas na Austrália e Inglaterra eram evidência da mão divina.<ref name=Crows />


== Reconhecimento ==
Ao retornar, ele se tornou [[Alta crítica|crítico da Bíblia como livro histórico]] e questionou se todas as religiões não poderiam ser igualmente válidas.<ref name=biorelig /> Nos próximos anos, enquanto especulava intensamente sobre geologia e [[transmutação de espécies]], ele pensou bastante sobre religião e discutiu abertamente o assunto com sua esposa [[Emma Darwin|Emma]], cuja crença também vinha de estudos intensivos e questionadores.<ref name=Belief /> A [[teodiceia]] de Paley e Thomas Malthus justificava o mal, tais como a fome e terremotos, como o resultado das leis benevolentes do Criador, o qual, no geral, tinha um resultado positivo. Para Darwin, a seleção natural produzia o lado bom da adaptação, mas removia a necessidade de um ''design'' inteligente,<ref>{{harvnb|von Sydow|2005|pp=8–14}}</ref> sendo que ele não conseguia ver o trabalho de uma deidade onipotente diante de toda a dor e sofrimento, como as vespas da família ''[[Ichneumonoidea]]'', que paralisam lagartas para servi-las como comida viva para seus filhotes.<ref name=miles /> Embora ele pensasse que a religião fosse uma estratégia tribal de sobrevivência, Darwin estava relutante em desistir da ideia de Deus como o juiz supremo. Ele estava cada vez mais abalado pelo [[problema do mal]].<ref>{{harvnb|von Sydow|2005|pp=4–5, 12–14}}</ref><ref>{{Harvnb|Moore|2006}}</ref>
[[Imagem:Charles Darwin statue 5661r.jpg|thumb|Estátua de Charles Darwin no [[Museu de História Natural de Londres|Museu de História Natural]] de [[Londres]].]]


Ainda durante a vida de Darwin, muitas espécies de seres vivos e elementos geográficos foram batizados em sua homenagem, entre eles, o Monte Darwin, nos Andes, em celebração ao seu vigésimo quinto aniversário. A capital do Northern Territory na Austrália também foi batizada com o seu nome em comemoração à passagem do Beagle por ali, em 1839. No mesmo território, foram batizados com o seu nome uma universidade e um parque nacional.
Darwin permaneceu amigo próximo dos clérigos de Downe e continuou a ter um papel de liderança no trabalho paroquial da igreja,<ref>{{citar web|url=https://www.darwinproject.ac.uk/commentary/religion/darwin-and-church |título=Darwin Correspondence Project&nbsp;– Darwin and the church: historical essay |acessodata=26 de novembro de 2016 |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20161128133709/https://www.darwinproject.ac.uk/commentary/religion/darwin-and-church |arquivodata=28 de novembro de 2016  |data=2015-06-05 }}</ref> mas por volta de 1849 começou a preferir caminhar aos domingos, enquanto sua família ia na igreja. Ele considerava um "absurdo duvidar que um homem poderia ser um ardente teísta e evolucionista"<ref name=Fordyce>[http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-12041.html Letter 12041] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20091107174817/http://www.darwinproject.ac.uk/darwinletters/calendar/entry-12041.html |date=7 de novembro de 2009 }}&nbsp;– Darwin, C. R. to Fordyce, John, 7 de maio de 1879</ref><ref name=spencer>[https://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2009/sep/17/darwin-evolution-religion Darwin's Complex loss of Faith] {{webarchive|url=https://www.webcitation.org/6QhA8c6DM?url=http://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2009/sep/17/darwin-evolution-religion |date=29 de junho de 2014 }} [[The Guardian]] 17 de setembro de 2009</ref> e, embora reticente sobre suas visões religiosas, em 1879 ele escreveu: "Eu nunca fui um ateísta no sentido de negar a existência de Deus. –  Eu penso que em geral... o agnosticismo poderia ser a forma mais correta de descrever minha mentalidade".<ref name=Belief /><ref name=Fordyce /> Em 1915, [[Elizabeth Cotton]] publicou "''Lady Hope Story''", que alegava que Darwin se converteu ao cristianismo durante sua morte. A alegação foi repudiada pelos filhos de Darwin e dada como falsa por historiadores.<ref>{{harvnb|Moore|2005}}<br />{{Harvnb|Yates|2003}}</ref>


As 14 espécies de tentilhões que ele estudou em Galápagos são chamadas "tentilhões de Darwin" em honra ao seu legado. Em 1964, foi inaugurado em Carmbridge o Darwin College em honra à sua família e, parcialmente, porque os Darwin eram os donos do terreno usado. Em 1992, Darwin foi posicionado em décimo sexto lugar na [[As 100 maiores personalidades da História]], compilada pelo historiador Michael H. Hart. Darwin também figura na nota de dez libras introduzida pelo banco da Inglaterra em 2000 em substituição a Charles Dickens. Sua barba impressionante e difícil de ser copiada foi apontada como um dos fatores que contribuíram para a escolha. Darwin também aparece em quarto lugar na [[100 Greatest Britons]], uma lista compilada por meio de voto popular pela [[BBC]].
=== Sociedade humana ===
[[Ficheiro:1878 Darwin photo by Leonard from Woodall 1884 - cropped grayed partially cleaned.jpg|upright|miniaturadaimagem|esquerda|Em 1878, um cada vez mais famoso Darwin sofria anos de doença. ]]


== Eugenia ==
As visões sociais e políticas de Darwin refletiam o seu período histórico e sua posição social. Ele cresceu em uma família de reformadores ''[[Partido Whig (Reino Unido)|whigs]]'' que, como seu tio Josiah Wedgwood, apoiava [[Reform Act 1832|reformas eleitorais]] e a emancipação de escravos. Darwin se opôs apaixonadamente a escravidão, enquanto que não via problema com as condições de trabalho dos trabalhadores industriais ingleses ou servos. Em 1826, as lições de taxidermia do escravo liberto [[John Edmonstone]], que Darwin chamava de um "homem bastante inteligente e respeitoso", reforçou sua crença que pessoas negras compartilhavam os mesmos sentimentos e poderiam ser tão inteligentes quanto as pessoas de outras raças. Ele tomou a mesma atitude com os nativos que encontrou na viagem pelo ''Beagle''.{{sfn|Browne|1995|pp=196–198, 240}} Essas atitudes não eram usuais na Grã-Bretanha da década de 1820, tanto que chocou visitantes norte-americanos. A sociedade britânica se tornou mais racista no meio do século,<ref name=eddy /> mas Darwin continuou se opondo fortemente contra a escravidão, contra a "hierarquia das então chamadas raças humanas como espécies distintas" e contra o tratamento doentio dos povos nativos.<ref>{{harvnb|Wilkins|2008|pp=408–413}}</ref>{{Ref label|G|VII|none}} As interações de Darwin com os [[yaganes]] (fueguinos), como [[Jemmy Button]], durante a segunda viagem do ''Beagle'' tiveram um profundo impacto em suas visões de povos primitivos.<ref name=Rozzi2018/> Na sua chegada a [[Terra do Fogo]] ele fez uma descrição generosa dos "selvagens [[fueguinos]]". Essa visão mudou quando conheceu o povo yagane em mais detalhes. Ao estudar os yeganes, Darwin concluiu que o conjunto básico de emoções dos diferentes grupos humanos eram o mesmo e que as capacidades mentais era basicamente as mesmas dos europeus.<ref name=Rozzi2018>{{citar periódico|último1 =Rozzi |primeiro1 =Ricardo|autorlink =Ricardo Rozzi |data=2018 |título=Transformaciones del pensamiento de Darwin en cabo de hornos: Un legado para la ciencia y la etica ambiental|títulotrad=Transformations of Darwin’s thought in cape horn: A legacy for science and environmental ethics |língua=Spanish |periódico=[[Magallania]] |volume=46 |número=1 |páginas= 267–277|doi=10.4067/S0718-22442018000100267 }}</ref> Enquanto estudava a cultura yagane, Darwin deixou escapar a profunda cultura ecológica e cosmológica deles até 1850, quando inspecionou um dicionário de yagane detalhando 32 mil palavras nativas.<ref name=Rozzi2018/>
Seguindo a publicação da "[[Origem das Espécies]]", o primo de Darwin, [[Francis Galton]], aplicou as ideias de Darwin à sociedade, de forma a promover o conceito de "melhorias hereditárias". Ele iniciou este trabalho em 1865, completando-o em 1869. Em "[[The Descent of Man]]", Darwin concordou que Galton tivesse demonstrado que "talento" e "genialidade" em humanos eram provavelmente herdados mas acreditava que as mudanças sociais que ele propunha eram muito [[Utopia|utópicas]]. Nem Galton nem Darwin concordavam que o Estado devesse interferir nestas questões. Acreditavam que, no máximo, a hereditariedade deveria ser considerada na escolha de cônjuges. Em 1883, depois da morte de Darwin, Galton começou a chamar a sua filosofia social de [[Eugenia]]. No século XX, movimentos de eugenia ganharam popularidade em vários países e foram associados a programas de controle de reprodução tais como leis de esterilização compulsória. Tais movimentos acabaram sendo estigmatizados após serem usados na retórica da [[Alemanha Nazista]] em suas metas de alcançar "pureza" racial.


== Darwinismo Social ==
Ele louvava a civilização europeia e via a colonização como difusão de seus benefícios, com o triste, mas inevitável efeito de que povos selvagens que não se tornassem civilizados enfrentariam a extinção. As teorias de Darwin apresentavam isso com o caminho natural e eram citadas como o princípio básico dos princípios humanitários.<ref>{{citar periódico|primeiro =Tony|último =Barta|título=Mr Darwin's shooters: on natural selection and the naturalizing of genocide|url= http://www.informaworld.com/smpp/section?content=a713721865&fulltext=713240928|periódico=Patterns of Prejudice |volume=39|número=2|páginas=116–137 |doi=10.1080/00313220500106170 |data=2 de junho de 2005 |acessodata=20 de maio de 2009 }}</ref>
{{Artigo principal|[[Darwinismo social]]}}


Em 1944 o historiador americano [[Richard Hofstadter]] aplicou o termo "[[Darwinismo Social]]" para descrever o pensamento desenvolvido durante os séculos XIX e XX a partir das ideias de [[Thomas Malthus]] e [[Herbert Spencer]], que aplicaram as noções de evolução e sobrevivência do mais apto às sociedades e nações. Estas ideias caíram em descrédito após serem associadas ao [[racismo]] e ao [[imperialismo]]. Note que na época de Darwin a diferença entre o que mais tarde seria chamado de "darwinismo social" e simplesmente "darwinismo" não era clara. Contudo, Darwin não acreditava que sua teoria científica implicasse qualquer teoria particular de governo ou ordem social.
Ele acreditava que a "superioridade" do homem sobre a mulher era o resultado da seleção sexual, uma visão disputada por [[Antoinette Brown Blackwell]] em seu livro ''[[The Sexes Throughout Nature]]''.<ref name=Vandermassen>{{citar periódico|autor =Vandermassen, Griet |título=Sexual Selection: A Tale of Male Bias and Feminist Denial |url=http://ejw.sagepub.com/cgi/content/abstract/11/1/9 |periódico=European Journal of Women's Studies |ano=2004 |volume=11 |número=9 |doi=10.1177/1350506804039812 |acessodata=24 de novembro de 2009|páginas=11–13 |ref=harv |urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081012141736/http://ejw.sagepub.com/cgi/content/abstract/11/1/9 |arquivodata=12 de outubro de 2008 }}</ref>


O uso do termo "Darwinismo Social" para descrever as ideias de Malthus não é muito adequado, uma vez que Malthus morreu em 1834, portanto antes que a teoria de Darwin tivesse sido concebida. Além disso, de fato, a teoria de Darwin é que foi inspirada em um ensaio de Malthus de 1838, ''Princípio da População''. O "progressivismo" evolutivo de Spencer e suas ideias políticas e sociais também foram muito influenciados pelas ideias de Malthus e seus livros sobre economia (de 1851) e evolução (de 1855) são ambos anteriores à publicação da "Origem das Espécies" (de 1859).
Darwin estava intrigado pelo argumento do seu meio-primo [[Francis Galton]], introduzido em 1865, mostrando que a análise estatística da [[hereditariedade]] demonstrava que traços morais e mentais humanos poderiam ser herdados, enquanto o princípio da seleção artificial animal poderia ser aplicado em humanos. Em ''A Descendência do Homem'', Darwin notou que ajudar fracos a sobreviverem e viabilizarem famílias poderia desestabilizar os benefícios da seleção natural, mas tomou cuidado que reter tal ajuda colocaria em risco o instinto de solidariedade, "a parte mais nobre de nossa natureza", e fatores como a educação poderiam ser mais importantes. Quando Galton sugeriu publicar investigações que poderiam encorajar casamentos limitados a uma "casta", ou "dentre aqueles que eram naturalmente favorecidos", Darwin previu dificuldades práticas e pensou que "embora viável, temia a [[utopia]], o chamado plano em melhorar a raça humana", preferindo simplesmente publicar a importância da hereditariedade e deixar as discussões para os indivíduos.<ref>{{harvnb|Desmond|Moore|1991|pp=556–557, 572, 598}}<br />{{Harvnb|Darwin|1871|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F937.1&pageseq=180 167–173], [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F937.2&pageseq=419 402–403]}}<br />{{citar web|url=http://www.galton.org/letters/darwin/correspondence.htm|título=Correspondence between Francis Galton and Charles Darwin|acessodata=8 de novembro de 2008|urlmorta= não|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090102150434/http://galton.org/letters/darwin/correspondence.htm|arquivodata=2 de janeiro de 2009}}</ref> Francis Galton nomeou o campo de estudos que lançara de "[[eugenia]]" em 1883.{{Ref label|H|VIII|1}}<ref>{{citar livro |ultimo=Galton |primeiro=Francis |titulo=Inquiries into human faculty and its development |url= |ano=1973 |lingua= |local=Nova Iorque |editora=AMS Press |isbn=1366569415}}</ref>


== Trabalhos publicados (em inglês) ==
== Movimentos sociais evolutivos==
* 1836: ''A LETTER, Containing Remarks on the Moral State of TAHITI, NEW ZEALAND, &c. – BY CAPT. R. FITZROY AND C. DARWIN, ESQ. OF H.M.S. 'Beagle.''' [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin4/tahiti.html]
[[Ficheiro:VanityFair-Darwin2.jpg|upright|miniaturadaimagem|direita|Caricatura de Darwin na revista ''Vanity Fair'' em 1871.]]
 
A fama e a popularidade de Darwin levou seu nome a ser associado com ideias e movimentos que, as vezes, apenas tinham relação indireta com seus trabalhos e, até mesmo, iam diretamente contra suas visões. [[Thomas Malthus]] argumentou que o [[Catástrofe Malthusiana|aumento populacional]] por recursos foi ordenado por Deus para levar os humanos a [[Ética protestante do trabalho|trabalharem produtivamente]] e se restringirem em criarem famílias; isto foi usado na década de 1830 para justificar a existência de ''[[workhouse]]s'' e da economia ''[[laissez-faire]]''.<ref name=wm>{{harvnb|Wilkins|1997}}<br />{{Harvnb|Moore|2006}}</ref> Naquele tempo a evolução estava sendo vista como um implicante de relações sociais e o livro ''Social Statics'', publicado em 1851 e de autoria de [[Herbert Spencer]], baseava ideias de liberdade humana em relação a sua teoria lamarckiana de evolução.<ref>{{Harvnb|Sweet|2004}}</ref>
 
Logo após ''A Origem'' ser publicada em 1859, críticos ridicularizaram a descrição de Darwin da luta pela sobrevivência como uma justificativa [[Teoria populacional malthusiana|malthusiana]] do capitalismo industrial inglês da época. O termo ''[[darwinismo]]'' foi usado por ideias evolucionárias de outros, incluindo a "[[sobrevivência do mais apto]]" de Spencer, como justificativa do progresso do [[livre-mercado]] e do [[poligenismo]] de Ernst Heackel. Escritores usaram a seleção natural para argumentar por várias ideologias constantemente contraditórias, como o [[colonialismo]] e o [[imperialismo]]. Entretanto, a visão holística de Darwin da natureza incluía a "dependência do outro"; então [[pacifismo|pacifistas]], [[Socialismo|socialistas]], reformadores sociais liberais e anarquistas, como [[Piotr Kropotkin]], salientaram o valor da cooperação entre as espécies, ao invés da competição.<ref>{{Harvnb|Paul|2003|pp=223–225}}</ref> O próprio Darwin insistiu que políticas sociais não deveriam ser simplesmente guiadas por conceitos de luta e seleção da natureza.<ref>{{Harvnb|Bannister|1989}}</ref>
 
Depois da década de 1880, movimentos eugenistas se desenvolveram com ideias de hereditariedade biológica e com justificações pseudocientíficas que apelavam aos conceitos do darwinismo. Na Grã-Bretanha, a maioria compartilhou visões cuidadosas de Darwin de melhorias voluntárias e buscou encorajar aqueles com características boas na chamada "eugenia positiva". Durante o [[O eclipse do darwinismo|Eclipse do Darwinismo]], uma base científica da eugenia foi dada pela [[genética mendeliana]]. A eugenia negativa que mirava eliminar aqueles de "mente fraca" era popular nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, sendo que nos Estados Unidos surgiram [[Esterilização compulsiva|leis de esterilização compulsória]], o que foi copiado por vários países. Posteriormente, a [[eugenia nazista]] trouxe o campo para um novo patamar, que culminou no genocídio de 6 milhões de pessoas (vide [[Holocausto]]).<ref>{{Harvnb|Fitzgerald|2011|p=4}}; {{Harvnb|Hedgepeth|Saidel|2010|p=16}}.</ref><ref>{{Harvnb|Dawidowicz|1975|p=403}}.</ref>{{Ref label|H|VIII|2}}
 
O termo "[[darwinismo social]]" era frequentemente usado na década de 1890, mas se tornou popular como um termo depreciativo na década de 1940, quando [[Richard Hofstadter]] o usou para atacar o conservadorismo ''[[laissez-faire]]'' defendido, por exemplo, por [[William Graham Sumner]], que era contra as reformas e o socialismo. Desde então, é usado como um termo para se opor ao que é visto como consequências morais da evolução.<ref>{{Harvnb|Paul|2003}}<br />{{Harvnb|Kotzin|2004}}</ref><ref name=wm />
 
== Trabalhos ==
=== Publicações (em inglês) ===
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* 1836: ''A LETTER, Containing Remarks on the Moral State of TAHITI, NEW ZEALAND, &c. – BY CAPT. R. FITZROY AND C. DARWIN, ESQ. OF H.M.S. 'Beagle.'''
* 1839: ''Journal and Remarks'' ([[A Viagem do Beagle|The Voyage of the Beagle]])
* 1839: ''Journal and Remarks'' ([[A Viagem do Beagle|The Voyage of the Beagle]])
* ''Zoology of the Voyage of H.M.S. Beagle'':  publicado entre 1839 e 1843 em cinco volumes por vários autores, editado e supervisionado por Charles Darwin: [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin3/zoology.html]
* ''Zoology of the Voyage of H.M.S. Beagle'':  publicado entre 1839 e 1843 em cinco volumes por vários autores, editado e supervisionado por Charles Darwin
* 1842: ''The Structure and Distribution of Coral Reefs'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=2690]
* 1842: ''[[The Structure and Distribution of Coral Reefs]]'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=2690]
* 1844: ''Geological Observations of Volcanic Islands'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=3054], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/observations-geologiques-sur-les-iles-volcaniques/ (versão em francês)]
* 1844: ''Geological Observations of Volcanic Islands'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=3054], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/observations-geologiques-sur-les-iles-volcaniques/ (versão em francês)]
* 1846: ''Geological Observations on South America'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=3620]
* 1846: ''Geological Observations on South America'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=3620]
* 1849: ''Geology'' from ''A Manual of scientific enquiry; prepared for the use of Her Majesty's Navy: and adapted for travellers in general.'', John F.W. Herschel ed. [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin3/geology.html]
* 1849: ''Geology'' from ''A Manual of scientific enquiry; prepared for the use of Her Majesty's Navy: and adapted for travellers in general.'', John F.W. Herschel ed.
* 1851: ''A Monograph of the Sub-class Cirripedia, with Figures of all the Species. The Lepadidae; or, Pedunculated Cirripedes.'' [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin4/liv_lepadidae/lepadidae01.html]
* 1851: ''A Monograph of the Sub-class Cirripedia, with Figures of all the Species. The Lepadidae; or, Pedunculated Cirripedes.''
* 1851: ''A Monograph on the Fossil Lepadidae; or, Pedunculated Cirripedes of Great Britain'' [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin4/fos_lepadidae/fos.lep.html]
* 1851: ''A Monograph on the Fossil Lepadidae; or, Pedunculated Cirripedes of Great Britain''
* 1854: ''A Monograph of the Sub-class Cirripedia, with Figures of all the Species. The Balanidae (or Sessile Cirripedes); the Verrucidae, etc.'' [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin4/liv_balanidae/balanidae_fm.html]
* 1854: ''A Monograph of the Sub-class Cirripedia, with Figures of all the Species. The Balanidae (or Sessile Cirripedes); the Verrucidae, etc.''
* 1854: ''A Monograph on the Fossil Balanidæ and Verrucidæ of Great Britain'' [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin4/fos_balanidae/fos.balanidae.html]
* 1854: ''A Monograph on the Fossil Balanidæ and Verrucidæ of Great Britain''
* 1858: ''On the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection''[http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin3/jpls.html]
* 1858: ''On the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection''
* 1859: ''[[A Origem das Espécies|On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life]]''
* 1859: ''[[A Origem das Espécies|On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life]]''
* 1862: ''On the various contrivances by which British and foreign orchids are fertilised by insects'' [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin3/orchids/orchids_fm.htm]
* 1862: ''On the various contrivances by which British and foreign orchids are fertilised by insects''
* 1868: ''Variation of Plants and Animals Under Domestication'' [http://www.esp.org/books/darwin/variation/facsimile/title3.html (PDF format)], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/variation-of-animals-and-plants-under-domestication-v1/ Vol. 1], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/variation-of-animals-and-plants-under-domestication-v2/ Vol. 2]
* 1868: ''Variation of Plants and Animals Under Domestication'' [http://www.esp.org/books/darwin/variation/facsimile/title3.html (PDF format)], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/variation-of-animals-and-plants-under-domestication-v1/ Vol. 1], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/variation-of-animals-and-plants-under-domestication-v2/ Vol. 2]
* 1871: ''[[A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo|The Descent of Man and Selection in Relation to Sex]]''
* 1871: ''[[A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo|The Descent of Man and Selection in Relation to Sex]]''
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* 1876: ''The Effects of Cross and Self-Fertilisation in the Vegetable Kingdom'' [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/the-effects-of-cross-and-self-fertilisation/]
* 1876: ''The Effects of Cross and Self-Fertilisation in the Vegetable Kingdom'' [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/the-effects-of-cross-and-self-fertilisation/]
* 1877: ''The Different Forms of Flowers on Plants of the Same Species'' [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/the-different-forms-of-flowers-on-plants/]
* 1877: ''The Different Forms of Flowers on Plants of the Same Species'' [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/the-different-forms-of-flowers-on-plants/]
* 1879: "Preface and 'a preliminary notice'" em ''Erasmus Darwin'' de Ernst Krause [http://pages.britishlibrary.net/charles.darwin3/erasmus.html]
* 1879: "Preface and 'a preliminary notice'" em ''Erasmus Darwin'' de Ernst Krause
* 1880: ''The Power of Movement in Plants'' [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/the-power-of-movement-in-plants/]
* 1880: ''The Power of Movement in Plants'' [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/the-power-of-movement-in-plants/]
* 1881: ''The Formation of Vegetable Mould Through the Action of Worms'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=2355] [http://books.google.com/books?ie=UTF-8&hl=en&vid=LCCN04010736&id=IHcQHUAXg3oC&pg=PA1&lpg=PA1&dq=Vegetable+Mould]
* 1881: ''[[The Formation of Vegetable Mould through the Action of Worms|The Formation of Vegetable Mould Through the Action of Worms]]'' [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=2355] [http://books.google.com/books?ie=UTF-8&hl=en&vid=LCCN04010736&id=IHcQHUAXg3oC&pg=PA1&lpg=PA1&dq=Vegetable+Mould]
* 1887: ''Autobiography of Charles Darwin'' (editado por seu filho Francis Darwin) [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=2010]
* 1887: ''Autobiography of Charles Darwin'' (editado por seu filho Francis Darwin) [http://digital.library.upenn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=2010]
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=== Cartas (em inglês) ===
=== Cartas (em inglês) ===
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* 1903: ''More Letters of Charles Darwin'', (ed. [[Francis Darwin]] and A.C. Seward). [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/more-letters-of-charles-darwin-volume-i/ Volume I], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/more-letters-of-charles-darwin-volume-ii/ Volume II]
* 1903: ''More Letters of Charles Darwin'', (ed. [[Francis Darwin]] and A.C. Seward). [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/more-letters-of-charles-darwin-volume-i/ Volume I], [http://charles-darwin.classic-literature.co.uk/more-letters-of-charles-darwin-volume-ii/ Volume II]


{{referências|col=2}}
== Ver também ==
{{Tradução/ref|en|Charles Darwin}}
*[[Controvérsia da criação versus evolução]]
*[[História da biologia]]
*[[História do pensamento evolutivo]]
*[[Harriet (tartaruga)]]
 
== Notas ==
{{refbegin}}
'''{{small|I}}.''' {{Note label|A|I|none}} Darwin era eminente como naturalista, geólogo, biólogo e autor. Depois de trabalhar como assistente de médico e dois anos como estudante de medicina, foi educado como clérigo; ele também foi treinado em [[taxidermia]].<ref name=ODNB>{{Harvnb|Desmond|Moore|Browne|2004}}</ref>
 
'''{{small|II}}.''' {{Note label|B|II|none}} [[Robert FitzRoy]] deveria se tornar conhecido após a viagem pelo [[literalismo bíblico]], mas nessa época ele tinha interesse considerável nas ideias de Lyell. Eles se conheceram antes da viagem quando Lyell pediu que fossem feitas observações na América do Sul. O diário de FitzRoy durante a subida do rio Santa Cruz, na [[Patagônia]], registrou sua opinião de que as planícies eram praias altas, mas de volta, recém-casado com uma senhora muito religiosa, ele retratou essas ideias.{{Harv|Browne|1995|pp=186, 414}}
 
'''{{small|III}}.''' {{Note label|C|III|none}} Na seção [[Morfologia (biologia)|"Morfologia"]] do Capítulo XIII de ''A Origem das Espécies'', Darwin comentou sobre padrões de ossos [[Homologia (biologia)|homólogos]] entre humanos e outros mamíferos, ao escrever: "O que pode ser mais curioso do que a mão de um homem, formada para agarrar, a de uma toupeira para cavar, a perna do cavalo, o remo do boto e a asa do morcego, devem todos ser construídos? No mesmo padrão, e deve incluir os mesmos ossos, nas mesmas posições relativas? "<ref> {{harvnb|Darwin|1859|p = [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq = 452 & itemID = F373 & viewtype = texto 434]}}</ref> e no capítulo final: "O arcabouço dos ossos sendo o mesmo na mão de um homem, na asa de morcego, na barbatana do boto e na perna do cavalo … Explique-se ao mesmo tempo sobre a teoria da descendência com modificações sucessivas, lentas e leves. "<ref>{{harvnb|Darwin|1859|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq=497&itemID=F373&viewtype=text 479]}}</ref>
 
'''{{small|IV}}.''' {{Note label|D|IV|1}}{{Note label|D|IV|2}}{{Note label|D|IV|3}}
Em ''[[A Origem das Espécies]]'' Darwin mencionou as [[evolução humana|origens humanas]] em sua observação conclusiva: "No futuro distante eu vejo campos abertos para pesquisas muito mais importantes. Psicologia será baseada em um novo fundamento, o da aquisição necessária de cada poder e capacidade mental por gradação. A luz será lançada sobre a origem do homem e sua história."<ref name="light on man" />
 
Em "Capítulo VI: Dificuldades na Teoria", ele se referiu à [[seleção sexual]]: "Eu poderia ter aduzido para esse mesmo propósito as diferenças entre as raças do homem, que são tão fortemente marcadas; posso acrescentar que um pouco de luz pode, aparentemente, ser jogada sobre a origem dessas diferenças, principalmente através da seleção sexual de um tipo particular, mas sem aqui entrar em detalhes copiosos meu raciocínio pareceria frívolo".<ref name=SS_man />
 
Em ''[[A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo|A Descendência do Homem]]'', de 1871, Darwin discutiu a primeira passagem:
"Durante muitos anos colecionei notas sobre a origem ou a descendência do homem, sem qualquer intenção de publicar sobre o assunto, mas sim com a determinação de não publicar, pois pensava que deveria apenas acrescentar aos preconceitos contra os meus pontos de vista. Pareceu-me suficiente para indicar, na primeira edição de minha ''Origem das Espécies'', que por esta obra "a luz seria lançada sobre a origem do homem e sua história"; e isso implica que o homem deve ser incluído com outros seres orgânicos em qualquer conclusão geral a respeito de sua maneira de aparecer nesta terra".<ref>{{Harvnb|Darwin|1871|p= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq=14&itemID=F937.1&viewtype=text 1]}}</ref> Em um prefácio à segunda edição de 1874, ele acrescentou uma referência ao segundo ponto: "vários críticos dizem que, quando descobri que muitos detalhes da estrutura no homem não poderiam ser explicados através da seleção natural, eu inventei a seleção sexual. Eu dei, no entanto, um esboço razoavelmente claro deste princípio na primeira edição da ''Origem das Espécies'' e eu afirmei que era aplicável ao homem".<ref>{{Harvnb|Darwin|1874|p= [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?pageseq=13&itemID=F944&viewtype=text vi]}}</ref>


==Ver também==
'''{{small|V}}.''' {{Note label|E|V|none}} Veja, por exemplo, ''[http://scholar.lib.vt.edu/ejournals/old-WILLA/fall95/DeSimone.html Charlotte Perkins Gilman and the Feminization of Education]'' por Deborah M. De Simone: "Gilman compartilhou muitas ideias educacionais básicas com a geração de pensadores que amadureceram durante o período de 'caos intelectual' causado pela ''Origem das Espécies'' de Darwin. Marcado pela crença de que os indivíduos podem dirigir a evolução humana e social, muitos progressistas passaram a ver a educação como uma panaceia para avançar o progresso social e resolver problemas como a urbanização, a pobreza ou a imigração".
*[[Creation (filme)]]
 
'''{{small|VI}}.''' {{Note label|F|VI|none}} Veja, por exemplo, a música "A lady fair of lineage high" da ópera ''Princess Ida'' de [[Gilbert e Sullivan]], que descreve a ascendência do homem (mas não da mulher!) dos macacos .
 
'''{{small|VII}}.''' {{Note label|G|VII|none}} A crença de Darwin de que os negros tinham a mesma humanidade essencial que os europeus, e tinham muitas semelhanças mentais, foi reforçada pelas lições que ele teve de [[John Edmonstone]] em 1826.<ref name=eddy /> No início da viagem do ''Beagle'', Darwin quase perdeu sua posição no navio ao criticar a defesa e os elogios de FitzRoy sobre a escravidão.{{Harv|Darwin|1958|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1497&pageseq=76 74]}} Ele escreveu sobre "quão firmemente o sentimento geral, como mostrado nas eleições, tem se levantado contra a escravidão. Que orgulho para a Inglaterra se ela for a primeira nação europeia que a abole completamente! Me disseram, antes de deixar a Inglaterra, que depois de morar em países escravocratas todas as minhas opiniões seriam alteradas, a única alteração que eu conheço é a formação de uma estimativa muito maior do caráter negro". {{harv|Darwin|1887|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F1452.1&pageseq=264 246]}} Quanto aos [[fueguinos]], ele "não poderia acreditar em quão ampla era a diferença entre o homem selvagem e o civilizado: é maior do que entre um animal selvagem e um domesticado, visto que no homem há um maior poder de melhoria", mas ele conhecia e gostava de fueguinos civilizados como [[Jemmy Button]]: "Parece maravilhoso para mim, quando penso em todas as muitas boas qualidades dele, que ele deve ter sido da mesma raça e, sem dúvida, ter participado do mesmo personagem que os miseráveis e degradados selvagens que conhecemos aqui".{{Harv|Darwin|1845|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F14&viewtype=text&pageseq=218 205, 207–208]}}
 
Em ''Descendência do Homem'', ele mencionou a semelhança das mentes dos fueguinos e de Edmonstone com os europeus ao argumentar contra "classificar as chamadas raças do homem como espécies distintas".<ref>{{Harvnb|Darwin|1871|pp=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F937.1&pageseq=227 214], [http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F937.1&viewtype=text&pageseq=245 232]}}</ref>
 
Ele rejeitou os maus-tratos aos povos nativos e, por exemplo, escreveu sobre os massacres da Patagônia contrab homens, mulheres e crianças: "Todos aqui estão plenamente convencidos de que esta é a guerra mais justa, porque é contra os bárbaros". Quem acreditaria nesta idade que tais atrocidades poderiam ser cometidas em um país civilizado cristão?"{{harv|Darwin|1845|p=[http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=F14&pageseq=115 102]}}
 
'''{{small|VIII}}.''' {{Note label|H|VIII|1}}{{Note label|H|VIII|2}} A genética estudou a hereditariedade humana como herança mendeliana, enquanto movimentos de eugenia procuravam administrar a sociedade, com foco na classe social, no caso do Reino Unido, e na deficiência e na etnia, nos Estados Unidos, o que fez com que os geneticistas vissem isso como uma [[pseudociência]] impraticável. Uma mudança de acordos voluntários para a eugenia "negativa" incluiu as leis de [[esterilização compulsória]] nos Estados Unidos, copiadas pela [[Alemanha nazista]] como a base para a [[eugenia nazista]] baseada em racismo virulento "[[higiene racial]]".<br />({{citar jornal| url =http://www.stanford.edu/group/SHR/5-supp/text/thurtle.html|título=the creation of genetic identity|último = Thurtle|primeiro =Phillip|data=17 de dezembro de 1996|número=Supplement: Cultural and Technological Incubations of Fascism| volume = 5| ref = harv| periodical =SEHR|acessodata=11 de novembro de 2008}}{{citar jornal| url =http://www.genetics.org/cgi/content/full/154/4/1419#The_Eclipse_of_Darwinism|título=The Genetical Theory of Natural Selection
|último = Edwards|primeiro =A. W. F.|data= 1 de abril de 2000 |número=Abril de 2000| volume = 154|páginas= 1419–1426| pmc = 1461012| pmid = 10747041| ref = harv| periodical = Genetics|acessodata=11 de novembro de 2008}}<br />{{citar web|url=http://scienceblogs.com/evolvingthoughts/2006/09/darwin_and_the_holocaust_3_eug_1.php |título=Evolving Thoughts: Darwin and the Holocaust 3: eugenics |último =Wilkins |primeiro =John |acessodata=11 de novembro de 2008 |urlmorta= sim|arquivourl=https://web.archive.org/web/20081205154013/http://scienceblogs.com/evolvingthoughts/2006/09/darwin_and_the_holocaust_3_eug_1.php |arquivodata=5 de dezembro de 2008 |df= }})
{{refend}}
 
{{Referências}}
 
== Bibliografia ==
{{InícioRef|2}}
* {{citar livro
|último = Anonymous
|ano= 1893
|capítulo= CHARLES ROBERT DARWIN (Obituary Notice, Friday, April 21, 1882)
|título= Eminent Persons; Biographies reprinted from The Times
|publicado=Macmillan and Co & The Times Office
|local= Londres e Nova Iorque
|páginas= 1–11
| volume= III (1882–1886)
|capítulourl= https://archive.org/details/eminentpersonsbi03timeiala/page/n11
|acessodata=12 de fevereiro de 2019
| via= Internet Archive}}
* {{citar jornal
|último = Anonymous
|ano= 1882
|título=Obituary: Death Of Chas. Darwin
| periodical =The New York Times
|número=21 April 1882
| url =https://www.nytimes.com/learning/general/onthisday/bday/0212.html
|acessodata=30 de outubro de 2008
| ref=harv}}
* {{citar periódico
|último = Balfour
|primeiro =J. H.
|autorlink = John Hutton Balfour
|data= 11 de maio de 1882
|título= Obituary Notice of Charles Robert Darwin
|periódico=[[Transactions & Proceedings of the Botanical Society of Edinburgh]]
|número= 14
|páginas= 284–298|ref=harv|
}}
* {{citar livro
|último = Bannister
|primeiro =Robert C.
|ano= 1989
|título= Social Darwinism: Science and Myth in Anglo-American Social Thought.
|local= Philadelphia
|publicado=Temple University Press
| isbn =978-0-87722-566-9|ref=harv}}
* {{citar livro
|último = Bowler
|primeiro = Peter J.
|ano= 2003
|título= Evolution: The History of an Idea
|edição= 3rd
|publicado=University of California Press
| isbn = 978-0-520-23693-6|ref=harv }}
* {{citar livro
|último = Browne
|primeiro = E. Janet
|autorlink = Janet Browne
|ano= 1995
|título= Charles Darwin: vol. 1 Voyaging
|local= Londres
|publicado=Jonathan Cape
| isbn = 978-1-84413-314-7|ref=harv
}}
* {{citar livro
|último = Browne
|primeiro = E. Janet
|ano= 2002
|título= Charles Darwin: vol. 2 The Power of Place
|local= Londres
|publicado=Jonathan Cape
| isbn = 978-0-7126-6837-8|ref=harv
}}
* {{citar livro
|último = Darwin
|primeiro = Charles
|ano= 1835
|título= Extracts from letters to Professor Henslow
|local= Cambridge
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| url = http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1&viewtype=text&pageseq=1
|acessodata=1 de novembro de 2008|ref=harv}}
* {{citar livro
|último = Darwin
|primeiro = Charles
|ano=1837
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|publicado=Darwin Online
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|acessodata=20 de dezembro de 2008|ref=harv}}
* {{citar livro
|último = Darwin
|primeiro = Charles
|ano= 1839
|título=Narrative of the surveying voyages of His Majesty's Ships Adventure and Beagle between the years 1826 and 1836, describing their examination of the southern shores of South America, and the Beagle's circumnavigation of the globe. Journal and remarks. 1832–1836.
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* {{citar livro
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|data-publicacao= 1909
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|título=The foundations of The origin of species: Two essays written in 1842 and 1844.
|publicado=Cambridge University Press
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| isbn = 978-0-548-79998-7
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* {{citar livro
|último = Darwin
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|ano= 1845
|título= Journal of researches into the natural history and geology of the countries visited during the voyage of H.M.S. Beagle round the world, under the Command of Capt. Fitz Roy, R.N. 2d edition
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* {{citar periódico
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|título=On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection
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| volume = 3
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}}
* {{citar livro
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|título=On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life
|edição=1st
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}}
* {{citar livro
|último = Darwin
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|ano= 1868
|título= The variation of animals and plants under domestication
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* {{citar livro
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}}
* {{citar livro
|último = Darwin
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| isbn = 978-1-4353-9386-8}}
* {{citar livro
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|ano= 1874
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* {{citar livro
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|editor-nome = Francis
| editor-link =Francis Darwin
|título= The life and letters of Charles Darwin, including an autobiographical chapter
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|publicado=John Murray
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* {{citar livro
|último = Darwin
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|ano= 1958
|editor-sobrenome = Barlow
|editor-nome = Nora
| editor-link =Nora Barlow
|título=The Autobiography of Charles Darwin 1809–1882. With the original omissions restored. Edited and with appendix and notes by his granddaughter Nora Barlow
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* {{citar livro
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* {{citar livro
|último = Darwin
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|ano= 2009
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| isbn        = 978-0-674-03281-1
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* {{citar livro
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|publicado=Michael Joseph, Penguin Group
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* {{citar livro|último =Dawidowicz|primeiro =Lucy|autorlink =Lucy Dawidowicz|ano=1975|título=The War Against the Jews|ref=CITEREFDawidowicz1975}}
* {{citar livro
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|autorlink2 = James Moore (biographer)
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|título= Oxford Dictionary of National Biography
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|publicado=Oxford University Press
| doi = 10.1093/ref:odnb/7176|ref=harv|
| isbn = 978-0-19-861411-1
}}
* {{citar livro
|último = Desmond
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|título=Darwin's sacred cause : race, slavery and the quest for human origins
|publicado=Allen Lane
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|ano=2009
| isbn=978-1-84614-035-8 | ref=harv}}
* {{citar periódico
|último = Dobzhansky
|primeiro = Theodosius
|autorlink = Theodosius Dobzhansky
|data= março de 1973
|título= Nothing in Biology Makes Sense Except in the Light of Evolution
|periódico= The American Biology Teacher
| volume = 35
|páginas= 125–129
| ref = harv
| doi = 10.2307/4444260
|número= 3
| jstor = 4444260
}}
* {{citar periódico
|último = Eldredge
|primeiro = Niles
|autorlink = Niles Eldredge
|ano= 2006
|título= Confessions of a Darwinist
| periodical = The Virginia Quarterly Review
|número= Spring 2006
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* {{citar livro|último =Fitzgerald|primeiro =Stephanie|ano=2011|título=Children of the Holocaust|local=Mankato,&nbsp;MN|publicado=Compass Point Books|ref=CITEREFFitzgerald2011}}
* {{citar livro
|último = FitzRoy
|primeiro = Robert
|autorlink = Robert FitzRoy
|ano= 1839
|título= Voyages of the Adventure and Beagle, Volume II
|local= Londres
|publicado=Henry Colburn
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* {{citar livro
|último = Freeman
|primeiro = R. B.
|autorlink = R. B. Freeman
|ano= 1977
|título= The Works of Charles Darwin: An Annotated Bibliographical Handlist
|local= Folkestone
|publicado=Wm Dawson & Sons Ltd
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| isbn = 978-0-208-01658-4}}
* {{citar livro
|último = Freeman
|primeiro = R. B.
|título= Charles Darwin: A companion
|publicado= [[The Complete Works of Charles Darwin Online]]
|ano= 2007
|edição=2nd online
| url = http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=A27b&viewtype=text&pageseq=114
| pp = 107, 109
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* {{citar periódico
|último =Herbert
|primeiro = Sandra
|ano= 1980
|título=The red notebook of Charles Darwin
|periódico=Bulletin of the British Museum (Natural History), Historical Series
|número= 7 (24 de abril)
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|acessodata=11 de janeiro de 2009|ref=harv
}}
* {{citar periódico
|último =Herbert
|primeiro = Sandra
|ano= 1991
|título=Charles Darwin as a prospective geological author
|periódico=British Journal for the History of Science
|número= 2
|páginas=159–192
| url =http://darwin-online.org.uk/content/frameset?viewtype=text&itemID=A342&pageseq=1
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| doi =10.1017/S0007087400027060
| volume =24
}}
* {{citar livro|último =Hedgepeth|primeiro =Sonja M.|ano=2010|título=Sexual Violence against Jewish Women During the Holocaust|local=Lebanon,&nbsp;NH|publicado=[[University Press of New England]]|ref=CITEREFHedgepeth2010}}
* {{citar livro
|último = Huxley
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|autorlink = Julian Huxley
|último2 = Kettlewell
|primeiro2 = H.B.D.
| authorlink2 = Bernard Kettlewell
|título= Charles Darwin and His World
|publicado= the Viking Press
|local= New York
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* {{citar livro
|último = Keynes
|primeiro = Richard
|autorlink = Richard Keynes
|ano= 2000
|título= Charles Darwin's zoology notes & specimen lists from H.M.S. Beagle
|publicado=Cambridge University Press
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|acessodata=22 de novembro de 2008|ref=harv
| isbn= 978-0-521-46569-4}}
* {{citar livro
|último = Keynes
|primeiro = Richard
|ano= 2001
|título=Charles Darwin's Beagle Diary
|publicado=Cambridge University Press
| url =http://darwin-online.org.uk/content/frameset?itemID=F1925&viewtype=text&pageseq=1
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| isbn= 978-0-521-23503-7}}
* {{citar web
|último =Kotzin
|primeiro =Daniel
|ano=2004
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|publicado=Columbia American History Online
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|acessodata=22 de novembro de 2008
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|arquivodata=19 de julho de 2011
|df=
}}
* {{citar livro|último =Larson|primeiro =Edward J.|autorlink =Edward Larson|título=Evolution: The Remarkable History of a Scientific Theory|publicado=Modern Library|ano=2004|isbn=978-0-679-64288-6|ref=harv}}
* {{citar web
|último = Leff
|primeiro = David
|ano= 2000
|título= AboutDarwin.com
| url = http://www.aboutdarwin.com/index.html
|edição= 2000–2008
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}}
* {{citar periódico
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| periodical =[[Athenaeum]]
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* {{citar periódico
|último = Miles
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|título=Charles Darwin and Asa Gray Discuss Teleology and Design
|periódico=[[Perspectives on Science and Christian Faith]]
| volume = 53
|páginas=196–201
| url =http://www.asa3.org/ASA/PSCF/2001/PSCF9-01Miles.html
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* {{citar jornal
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|publicado=American Public Media
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}}
* {{citar jornal
|último =Moore
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}}
* {{citar livro
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|título= Fossil Mammalia Part 1
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* {{citar livro
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* {{citar livro
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* {{citar web
|último = Smith
|primeiro = Charles H.
|título= Alfred Russel Wallace on Spiritualism, Man, and Evolution: An Analytical Essay
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* {{citar periódico
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}}
* {{citar web
|último = Sweet
|primeiro = William
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|ano= 2004
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* {{citar web
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|primeiro = John S.
|ano= 1997
|título=Evolution and Philosophy: Does evolution make might right?
|publicado=[[TalkOrigins Archive]]
| url = http://www.talkorigins.org/faqs/evolphil/social.html
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* {{citar livro
|último = Wilkins
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|título=A Companion to the Philosophy of History and Historiography
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|publicado=Wiley-Blackwell
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* {{citar periódico
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==Ligações externas==
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*{{Link|pt|2=http://www.biociencia.org/index.php?option=com_content&task=view&id=60&Itemid=47|3=Charles Darwin - uma breve biografia}}
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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados de Darwin, veja Darwin (desambiguação).
Charles Darwin
FRS FGRS FLS FLZ
Darwin em 1854, pouco anos antes da publicação de A Origem das Espécies.[1]
Nascimento 12 de fevereiro de 1809[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Shrewsbury, Shropshire,
Reino Unido
Morte 19 de abril de 1882 (73 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Downe, Kent, Reino Unido
Residência Down House, Downe, Kent, Reino Unido
Progenitores Mãe: Susannah Darwin
Pai: Robert Darwin
Cônjuge Emma Wedgwood
Ocupação Predefinição:Hlist
Principais trabalhos A Origem das Espécies (1859)
A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo (1871)
Prêmios Membro da Royal Society (1839)
Medalha Real (1853)
Medalha Wollaston (1859)
Medalha Copley (1864)
Legum Doctor (Honorário),
Cambridge (1877), Medalha Baly (1879)
Prêmio Bressa (1879)
Religião Agnóstico
(anteriormente anglicanismo)
Assinatura
Charles Darwin Signature.svg

Charles Robert Darwin, FRS FGRS FLS FLZ[2] (Predefinição:IPA-en;[3] Shrewsbury, 12 de fevereiro de 1809Downe, 19 de abril de 1882) foi um naturalista, geólogo e biólogo britânico,[4] célebre por seus avanços sobre evolução nas ciências biológicas.[I] Juntamente com Alfred Wallace, Darwin estabeleceu a ideia que todos os seres vivos descendem de um ancestral em comum, argumento agora amplamente aceito e considerado um conceito fundamental no meio científico,[5] e propôs a teoria de que os ramos evolutivos são resultados de seleção natural e sexual, onde a luta pela sobrevivência resulta em consequências similares às da seleção artificial.[6]

Seu livro de 1859, A Origem das Espécies, causou espanto na sociedade e comunidade científica da época, mas conseguiu grande aceitação nas décadas seguintes, superando a rejeição que os cientistas tinham pela transmutação de espécies.[7][8] Já em 1870, a evolução por seleção natural tinha apoio da maioria dos intelectuais. Sua aceitação quase universal, entretanto, não foi atingida até à emergência da síntese evolutiva moderna entre as décadas de 1930 e 1950 quando um grande consenso consolidou a seleção natural como o mecanismo básico da evolução.[9][10] A teoria de Darwin é considerada o mecanismo unificador para explicar a vida e a diversidade na Terra.[11][12]

Em seus primeiros anos, Darwin recusou cursar medicina na Universidade de Edimburgo; ao invés disso, focou-se em pesquisar sobre animais invertebrados. Pela Universidade de Cambridge (Christ's College), ele tomou a iniciativa pelas ciências naturais[13] e viajou durante cinco anos pelo HMS Beagle, projeto que o lançou como eminente geólogo e cujas observações sustentaram as ideias de Charles Lyell; as publicações de seus diários sobre os trajetos percorridos consolidaram sua fama.[14] Intrigado com a distribuição geográfica da vida selvagem e dos fósseis coletados durante sua viagem, Darwin começou investigações detalhadas e, em 1838, concebeu a teoria da seleção natural.[15] Depois de discutir suas ideias com vários naturalistas, Darwin precisava de mais tempo para tornar sua ideia pública, algo que entrava em conflito com seu extensivo trabalho geológico que tinha prioridade.[16] Em 1858, o naturalista Alfred Wallace manda um ensaio científico para Darwin estabelecendo as mesmas ideias e sugere uma publicação em conjunto.[17]

Consagrada a publicação, a teoria evolutiva darwiniana determinou drasticamente o cenário da ciências biológicas, tornando-se a explicação dominante sobre o porquê da diversidade natural do planeta.[9] Em 1871, Darwin volta a publicar livros significativos, desta vez começando sobre a sexualidade humana e sua descendência, intitulado A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo, seguido por A Expressão da Emoção em Homens e Animais em 1872. Sua dedicação pelas plantas resultaram em várias publicações de livros, e seu último seria The Formation of Vegetable Mould through the Action of Worms em 1881,[18][19] meses antes de sua morte no ano seguinte. Em reconhecimento à importância do seu trabalho, Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton. Foi uma das cinco pessoas não ligadas à família real inglesa a ter um funeral de Estado no século XIX. Por seu papel científico, Darwin é considerado uma das maiores personalidades da história.[20]

Biografia

Primeiros anos

Charles Darwin com sete anos de idade em 1816.

Charles Robert Darwin nasceu em Shrewsbury, Shropshire, em 12 de fevereiro de 1809, em uma propriedade da família apelidada The Mount.[21][22] O quinto de seis irmãos e filho do médico e investidor Robert Darwin com Susannah Darwin (nome de solteira, Wedgwood), Charles era neto de dois proeminentes abolicionistas: Erasmus Darwin por parte de pai, e Josiah Wedgwood por parte de mãe.[23][24]

Ambas as famílias eram unitaristas, embora os Wedgwoods também compartilhassem a crença anglicana. O próprio Robert Darwin, que declarava-se um livre pensador, batizou Charles em novembro de 1809 na Anglican St Chad's Church, Shrewsbury. Enquanto pequeno, Darwin e seus irmãos iam à Igreja Unitarista juntamente com sua mãe. Com oito anos, demonstrava interesse precoce pela história natural durante suas participações escolares. Em julho daquele ano, sua mãe faleceu. Em setembro de 1818, veio a frequentar, junto com seu irmão mais velho Erasmus, a Anglican Shrewsbury School.[25]

Darwin passou o verão de 1825 ganhando sua primeira experiência profissional como aprendiz de médico, auxiliando no acesso do tratamento aos pobres em Shrewsbury, antes de ir para a Universidade de Edimburgo no mesmo ano, considerado o melhor do curso de medicina no Reino Unido da época, e mais uma vez acompanhando seu irmão Erasmus. As cirurgias grosseiras da época nausearam Darwin e ele acabou por negligenciar os estudos práticos. Todavia, acabou adquirindo um bom conhecimento de taxidermia após cursos com John Edmonstone, um ex-escravo o qual tinha acompanhado Charles Waterton nas florestas da América do Sul e que contava sobre suas expedições durante as classes, criando as primeiras inspirações aventureiras na formação do jovem naturalista.[26]

Em seu segundo ano universitário, Darwin se juntou à Plinian Society, um grupo de história natural que defendia com fervor ideias democráticas e céticas e questionava visões ortodoxas entre religião e ciência da época.[27] Ele ajudou Robert Edmond na investigação da anatomia e ciclo de vida de invertebrados marinhos situados no Estuário do rio Forth e, em 27 de março de 1827, apresentou na Society a sua própria descoberta que esporos negros encontrados em certas conchas eram, na verdade, ovos de sanguessugas. Grant acabou por promover o lamarckismo, atitude que espantou Darwin pela audácia, embora ele já tivesse tido contato com conceitos similares ao ler as publicações de seu avô Erasmus.[28] Darwin priorizou em ajudar nas investigações geológicas de Robert Jameson, incluindo debates sobre polêmica entre neptunismo e plutonismo. Ele aprendeu botânica e ajudou nas coleções na University Museum, um dos maiores museus europeus da época.[29]

O negligenciamento de Darwin em terminar seus estudos em medicina irritou seu pai, que por sua vez o mandou para Christ's Collage, Cambridge, para estudar em um bacharelado de artes, em um primeiro passo rumo à carreira clériga anglicana, pois era comum intelectuais da igreja seguirem o ramo das ciências naturais com o objetivo 'de apreciar as belezas divinas'. Darwin acabou não indo bem nos testes, conquistando apenas um acesso inferior em 1828.[30] Ele preferia montar em cavalos e atirar. Pouco depois, Darwin adquiriu grande interesse por colecionar besouros graças ao seu primo William Darwin; o jovem naturalista aprendeu a ser zeloso com seus materiais durante este período e, desenhando gravuras cientificas, conseguiu publicar seus primeiros trabalhos com James William Stephens. Darwin se tornou amigo próximo e seguidor do botânico John Stevens Henslow,[31] um entre vários peritos naturalistas que defendiam a união entre religião e ciências naturais; a amizade entre ele e Henslow ficou tão caricata que Darwin seria chamado de "aquele que anda com Henslow". Quando os seus exames estavam se aproximando, Darwin dedicou-se com esmero ao estudo da obra de William Paley, figura de grande inspiração com seu pioneirismo nas versões modernas no argumento teleológico e autor de Evidences of Christianity.[32] Em seus exames finais em janeiro de 1931, foi relativamente bem sucedido, ficando em décimo lugar entre 178 candidatos nos exames.[33]

Darwin precisou ficar em Cambridge até junho de 1831. Ele estudou e ficou admirado com o livro de Paley Natural Theology or Evidences of the Existence and Attributes of the Deity (primeiramente publicado em 1802) que argumenta que, pelas evidências de um design divino presente na natureza, Deus agiria através de leis da naturais.[34] Ao ler o novo livro de John Harschel, Preliminary Discourse on the Study of Natural Philosophy, o qual argumentava que a maneira mais efetiva para entender as leis divinas era através do pensamento dedutivo baseado na observação, entre outros títulos como Personal Narrative of scientific travels de Alexander Von Humboldts, Darwin enraizou cada vez mais suas visões que o levariam a viajar pelo HMS Beagle. Inspirado pela vontade de contribuir, Darwin planejou visitar Tenerife com alguns colegas após a graduação a fim de estudar história natural nos trópicos. Em sua preparação, ele se juntou ao curso de geologia de Adam Sedgwicks e, em 4 de agosto daquele ano, viaja com o professor e passa uma quinzena mapeando estratos em País de Gales.[35][36]

A viagem com o Beagle

Ver artigo principal: HMS Beagle
O percurso do navio HMS Beagle, 1831 - 1836. A expedição partiu do Reino Unido e circundou o globo, atravessando a costa da América do Sul, o Oceano Pacífico, Austrália e Oceania, África do Sul, retornando para o Brasil e por fim voltando para a Inglaterra.

Após deixar Sedgwick em Gales, Darwin passou uma semana com colegas em Barmouth, retornando para casa em 29 de agosto e achando uma carta de Henslow propondo uma viagem a bordo do HMS Beagle; o capitão seria Robert FitzRoy e Henslow deixou claro que apesar da oportunidade irrecusável para um jovem naturalista, Darwin estaria primeiramente na posição de cavalheiro e não apenas como "mero colecionador". O navio partiria em quatro semanas começando pela costa da América do Sul.[37] A viagem sofreu objeção do pai, Robert Darwin, pois seria "uma perda de tempo", mas o seu cunhado, Josiah Wedgwood II, persuadiu-o a financiar os custos.[38] Darwin fez questão de deixar a expedição em segredo a fim de manter controle do material coletado, já que desta maneira este poderia ser melhor preservado e expandido para futuras investigações científicas.[39]

Após alguns atrasos, a viagem começou pouco depois do natal de 1831, durando quase cinco anos. Como o capitão FitzRoy planejou, Darwin conseguiu passar a maior parte do tempo em terra para investigar materiais geológicos e acumular coleções de artefatos naturais, enquanto o Beagle era reparado e abastecia.[9][40] Nessa época ele começou a esboçar suas primeiras observações e quando podia mandava espécimes encontrados para Cambridge, anexando cópias do seu diário de viagem para sua família.[41] Tinha algum conhecimento em geologia, e experiência em colecionar besouros e dissecar invertebrados marinhos, mas em outras áreas era novato e recolhia espécimes habilmente para serem apreciados por especialistas.[42] Até quando sofreu com doenças tropicais, ele não deixou de fazer anotações detalhadas em seus diários enquanto estava a bordo do navio. A maioria de suas anotações eram sobre invertebrados marinhos, como os plânctons.[40][43]

A primeira parada foi em Santiago, Cabo Verde, onde Darwin achou amontoado de rochas vulcânicas a grande altitude com várias conchas. O capitão FitzRoy deu-lhe o livro de Charles Lyell, Principles of Geology, o qual defendia os conceitos do uniformitarismo e a lenta formação e movimento das rochas por longos períodos,[II] pensamento logo sendo adotado por Darwin e que começou em seguida a teorizar seus próprios conceitos.[44] Na chegada ao Brasil, Darwin encantou-se com a floresta tropical[45] mas desprezou a escravidão na região, debatendo sobre o assunto com Fitzroy.[46]

O Beagle na costa sul-americana, região onde Darwin encontrou e esboçou seus primeiros achados significativos.

A expedição prosseguiu ao sul da Patagônia, com uma parada em Bahía Blanca e lugar onde Darwin fez a grande descoberta de fósseis de mamíferos extintos perto de conchas modernas, uma evidência de que extinções nem tão recentes ocorreram no sítio sem qualquer sinal de catástrofes ou outras alterações bruscas. Ele identificou o pouco conhecido Megatherium através de um dente e um osso do braço, um possível antigo parente gigante do tatu. Esses achados causaram grande interesse entre os cientistas quando Darwin voltou para a Inglaterra.[47][48]

Três fueguinos foram capturados durante a primeiro expedição do Beagle e posteriormente educados como missionários na Inglaterra. Darwin considerou eles amigáveis e civilizados, ainda que na Terra do Fogo ele acabou por encontrar "selvagens miseráveis e degradantes", nem tão diferentes quanto os animais da natureza.[49] Darwin sempre permaneceu com a ideia que, apesar da diversidade, todos os humanos tinham o potencial para serem civilizados. Ao contrário de outros colegas cientistas, ele nunca considerou uma barreira intransponível entre humanos e animais.[50] Após um ano, o projeto com os fueguinos foi abandonado. Um deles, com o nome adotado de Jemmy Button, chegou a ter uma esposa, mas jamais desejou abandonar seus conterrâneos e ir para a Inglaterra.[51]

Nas Ilhas Galápagos, famosas por sua geológica vulcânica, Darwin buscou por evidências ligando a vida selvagem com elementos que indicassem um início de vida antiga na Terra, e encontrou tentilhões (família científica: Fringillidae) que variavam entre si de ilha em ilha, inclusive daqueles encontrados no Chile. Darwin soube de carapaças tartarugas correspondentes de cada uma das ilhas, mas acabou falhando em coletá-las pois foram servidas como comida no navio.[52][53] Na Austrália, os marsupiais potoroidae e o ornitorrinco chamaram tanta a atenção de Darwin pelas suas peculiaridades que ele chegou a cogitar na obra de dois distintos Criadores.[54] Ele achou os aborígenes "bem-humorados e receptivos", e notou o quanto estavam ameaçados pela presença dos europeus.[55]

Fitzroy investigou como os atóis das Ilhas Cocos em Keeling foram criados, e suas pesquisas corroboraram na formação da teoria de Darwin. O capitão começou a anotar os diários oficiais da expedição Beagle, anexando-os com os de Darwin após uma proposta.[56] O diário de Darwin foi posteriormente separado em um terceiro volume sobre história natural.[57]

Na Cidade do Cabo, Darwin e Fitzroy conheceram John Herschel, apoiador do uniformitarianismo de Lyell e de "mente aberta para o mistérios dos mistérios, o porquê da 'substituição' de espécies por outras", em um processo "que contraria uma intervenção milagrosa".[58] Enquanto organizava seus diários na volta para casa, Darwin deixou anotado que, se suas suspeitas sobre os fringilídeos, tartarugas e raposas das Ilhas Falkland estavam corretas, " tais fatos 'estabelecem' uma base comum entre as espécies", e então cuidadosamente acrescentou um "poderia estabelecer" ao invés de apenas "estabelecer".[59] Mais tarde Darwin foi incisivo que os fatos "jogam uma luz para mim sobre a origem das espécies".[60]

Surgimento e conceito da teoria evolutiva

Ver artigo principal: Concepção da teoria de Darwin

Quando o navio chegou na Cornualha, Inglaterra, em 2 de outubro de 1836, Darwin já tinha prestígio entre os círculos acadêmicos e científicos; em 1835 o mentor Henslow já tinha oferecido cartas de seu ex-pupilo para vários naturalistas renomados, melhorando ainda mais a sua reputação sobre conhecimento geológico.[61] Assim que chegou na Inglaterra, Darwin visitou sua casa em Shrewbury e reencontrou parentes. Dali partiu apressadamente para Cambridge para ver Henslow, que o aconselhou a encontrar naturalistas dispostos a catalogar as coleções e concordou em catalogar os espécimes botânicos ele mesmo. O pai de Darwin organizou investimentos que permitiram que o seu filho fosse autossuficiente em sua pesquisa científica e Darwin não perdeu tempo para divulgar e estudar os materiais coletados através de especialistas de Londres. Os zoologistas tinham bastante trabalho em atraso, e havia o perigo de espécimes serem simplesmente deixados em armazém.[62]

Darwin em sua juventude e começando sua prestigiada carreira científica. Retrato por G. Richmond.

Charles Lyell encontrou Darwin pela primeira vez em 29 de outubro daquele ano e o introduziu ao eminente anatomista Richard Owen, que tinha acesso a Royal Collage of Surgeons para estudar os fósseis coletados por Darwin. Ele encontrou vários achados surpreendentes, incluindo uma preguiça gigante e também o já reconhecido Megatherium, como também os desconhecidos Scelidotherium e um animal semelhante a um roedor do tamanho de um hipopótamo chamado Toxodon, bastante similar em certos aspectos com a moderna capivara. Os pedaços de armadura eram na verdade pertencentes a um Glyptodon, uma criatura que inicialmente Darwin pensou que parecia com um tatu gigante.[63][48] Todas essas criaturas extintas eram relacionadas com espécies que vivem atualmente na América do Sul.[64]

Em meados de dezembro, Darwin tomou aposentos em Cambridge a fim de organizar seu trabalho e reescrever seus diários.[65] Ele escreveu seu primeiro artigo em 1837, demonstrando que a massa de terra sul-americana estava lentamente elevando, sendo apoiado no processo por um entusiasmado Lyell que leu com ele os resultados para a Geological Society of London. Na mesma época, Darwin apresentou seus espécimes de pássaros e mamíferos para a Sociedade Zoológica de Londres e o ornitologista John Gould não tardou em anunciar que os pássaros de Galápagos, os quais Darwin pensou se tratarem de "uma mistura de melro-pretos com fringilídeos", eram, de fato, nada menos que doze espécies separadas de fringilídeos. Em 17 de fevereiro, Darwin foi eleito para o Conselho da Geological Society e a posição de Lyell como presidente permitiu uma maior divulgação dos estudos de Owen sobre os fósseis de Darwin, ao apontar como as delimitações geográficas de cada espécie provavam as ideias uniformitaristas dele próprio.[66]

No início de março, Darwin se mudou para Londres para ficar mais perto do seu trabalho, juntando-se ao grupo acadêmico de Lyell, que continha especialistas tais como Charles Bobbage[67] que, por sua vez, descrevia Deus como o 'programador das leis naturais'. Darwin se aproximou novamente do seu irmão e pensador livre Erasmus juntamente com uma de suas amigas próximas, a escritora Harriet Martineau, uma das promotoras do malthusianismo na controversa questão social sobre como melhorar o bem-estar ao reduzir a superpopulação e a pobreza. Como uma unitarista, ela recebeu com agrado a ideia da transmutação de espécies, conceito promovido por Robert Edmond Grant e outros jovens cirurgiões influenciados por Étienne Geoffroy. A transmutação era anátema para os anglicanos defensores da ordem social,[68] contudo chegou a ser bastante discutida entre cientistas de renome e despertou grande interesse nas cartas de John Herschel, que defendeu a metodologia de Lyell em desvendar os processos naturais na origem de novas espécies.[58]

Gould reencontrou Darwin e contou-lhe que os Mimus das Ilhas Galápagos eram de espécies diferentes, não apenas variações de uma mesma, ocorrendo também ramificações nos tentilhões, como o Troglodytidae que igualmente pertencia ao grupo dos fringilídeos. Darwin não tinha etiquetado os fringilídeos ilha por ilha, mas através das anotações dos outros tripulantes, incluindo o capitão Fitzroy, conseguiu identificar a que ilha pertencia cada espécie.[69] As duas Rhea também eram de espécies distintas e, em 14 de março, Darwin anunciou como a distribuição das novas espécies se modificava mais ao sul.[70]

Em meados daquele março, Darwin especulou em um dos seus cadernos vermelhos a possibilidade de que "uma espécie se transforma em outra" para explicar a distribuição geográfica das espécies ainda vivas, como a rhea, e outras já extintas, como o estranho Macrauchenia, que tinha aspectos similares a um guanaco gigante. Seus pensamentos sobre o tempo de vida, reprodução assexual e sexual foram desenvolvidas no caderno apelidado de "B" durante os meados de julho para falar de variação na descendência para "se adaptar e modificar a corrida para um mundo em mudança" ao explicar as tartarugas-das-galápagos, Mimus e também as rheas. Ele fez um rascunho de como seria descendência por ramificação, então uma ramificação genealógica de uma árvore evolutiva única, na qual "é um absurdo dizer que um animal é superior a outro", descartando desta maneira as linhagens independentes de Lamarck progredindo para formas superiores.[71]

Excesso de trabalho, doença e casamento

Em meados de julho de 1837 Darwin fez o rascunho de uma árvore evolutiva na página 36 de seu diário "B", anotando I think ("eu acho").

Enquanto estava estudando de maneira intensiva sobre transmutação, Darwin começou a ficar imerso em trabalho. Ainda reescrevendo seus diários, ele editou e publicou os relatórios especializados sobre as suas colecções, e com a ajuda de Henslow obteve um fundo de 1 000 libras esterlinas para suportar a publicação de um multi-volume denominado Zoology of the Voyage of H.M.S Beagle, uma quantia equivalente a 89 000 libras em 2017. Ele esticou essa quantidade de dinheiro para incluir livros que tinha planeado sobre geologia, e concordou com datas de lançamento irreais com os editores.[72] No início da Era Vitoriana, Darwin se apressou em terminar seus diários e, em agosto de 1837, já estava corrigindo preliminares da obra.[73]

O excesso de trabalho afetou a saúde de Darwin. Em 20 de setembro ele apresentou "uma palpitação inconfortável no coração" e seus médicos recomendaram de imediato a interrupção do trabalho e que fosse viver no campo por algumas semanas. Após visitar Shrewsbury ele encontrou parentes em Maer Hall, Staffordshire, mas o interesse em excesso deles por suas histórias das suas viagens o desgastou. A sua encantadora, inteligente e culta prima Emma Wedgwood, nove meses mais velha que Darwin, estava trabalhando como enfermeira da tia inválida. O seu tio Josiah mostrou uma área do solo onde restos de cinzas tinham desaparecido e sugeriu ser a ação de minhocas, inspirando uma "nova e importante teoria" sobre o seu papel na formação dos solos, a qual Darwin apresentou na Geological Society em 1 de novembro de 1837.[74]

William Whewell encaminhou Darwin para tomar o papel de Secretário da Geological Society. Inicialmente ele recusou o trabalho, mas aceitou o emprego em 1838.[75] Apesar da atenção necessária com seus relatórios do Beagle no processo de editá-los, Darwin conseguiu fazer grandes avanços na área de transmutação, usando cada oportunidade que tinha para interrogar naturalistas experientes e, de maneira não convencional, indivíduos com experiência prática em seleção artificial tais como fazendeiros e criadores de pombos.[9][76] Ao longo do tempo, ele obteve informação até mesmo dos seus filhos e família, parentes, vizinhos, colonialistas e ex-colegas do Beagle.[77] Darwin então incluiu pesquisas de aspecto humano no escopo de suas especulações e, ao ver um orangotango no zoológico em 28 de março de 1838, fez comparações de seu comportamento similarmente infantil ao de crianças.[78]

Emma Darwin, prima de Darwin a qual ele escolheu se casar.

Darwin teve problemas estomacais, dor de cabeça e sintomas no coração, precisando repousar em junho. No resto de sua vida, ele apresentou problemas incapacitantes no estômago, desencadeando vômitos, palpitações, furúnculos, tremedeiras e outros sintomas. Os episódios se intensificavam durante períodos de stress, como por exemplo encontros ou eventos sociais. A causa para a condição enferma de Darwin permanece desconhecida e os tratamentos médicos na época tiveram pouco sucesso.[79]

Em 23 de junho, Darwin deu uma pausa nos trabalhos e resolveu "praticar geologia" na Escócia. Ele visitou Glen Roy em um dia maravilhoso para ver as famosas "curvas" escocesas nos penhascos das Terras Altas. Ele posteriormente publicou sua visão de que essas formações foram planícies costeiras, contudo teve que aceitar que de fato são a formação de um lago pós-glacial.[80]

Plenamente recuperado, ele retornou para Shrewbury em julho. Durante o costume de escrever notas diárias sobre o sistema de respiração animal, faz um comentário em duas folhas sobre as perspectivas de sua carreira e o futuro de sua vida, em uma escreveu "casar" e na outra "não casar". Ao acrescentar todas as vantagens, incluindo "uma companhia constante e amiga durante a idade avançada... melhor que um cachorro de qualquer maneira". Ele não deixou de também elencar as desvantagens, como ter "menos orçamento para os livros" e de ser "uma terrível perda de tempo".[81] No final, Darwin optou pelo sim. Pela decisão favorável ao casamento, ele discutiu a ideia com seu pai, e então visitou Emma em 29 de julho. Acabou não por não propô-la em casamento daquela vez e, contrariando os conselhos de seu pai, decidiu mencionar suas ideias sobre transmutação para os presentes.[82]

Malthus e a seleção artificial

Continuando com suas pesquisas em Londres, Darwin estava concentrado na leitura da sexta edição do livro de Thomas Malthus, An Essay on the Principle of Population e, em 28 de setembro de 1838, ele notou a afirmação de que a população humana "estava fora de controle, continuava a dobrar de quantidade a cada 25 anos, ou aumenta numa proporção geométrica", uma progressão geométrica tal que acarretaria no esgotamento das fontes alimentícias em um processo conhecido como catástrofe Malthusiana. Darwin estava bem preparado para comparar seus pensamentos com a "guerra de espécies" de plantas formulada por Augustin Pyrame de Candolle, e a luta pela sobrevivência da vida selvagem, explicando como, no saldo geral, o número de indivíduos de uma espécie se mantém estável. Como as espécies sempre se reproduzem além dos recursos disponíveis, variações vantajosas tornariam os organismos mais aptos a sobreviver, o que passaria tais variações aos seus descendentes, enquanto as variações desvantajosas seriam perdidas na linhagem. Darwin escreveu que "a causa final para todos essas 'engrenagens' deve ser para deslindar uma estrutura adequada e adaptá-la a mudanças", de modo que "se pode dizer que há um força como cem mil cunhas que tenta encaixar-se em todo o tipos de estrutura adaptada nos vãos disponíveis na economia da natureza, ou ao menos formando vãos jogando fora as mais fracas".[9][83] Este processo resultaria na formação de novas espécies.[9][84]

Em meados de dezembro, Darwin viu a similaridade entre a seleção artificial utilizada pelo fazendeiros e uma Natureza Malthusiana, seleccionando variações ao acaso que criam "cada parte de uma nova estrutura perfeitamente funcional",[85] definindo essa comparação como "a parte esplêndida de minha teoria".[86] Ele posteriormente chamou sua teoria de seleção natural, uma analogia com o que ele chamaria de "seleção artificial" dos cruzamentos selectivos.[9]

Em 11 de novembro, ele retornou para Maer e propôs novamente Emma em casamento, sendo que, mais uma vez, apresentou suas ideias ao presentes. Ela aceitou o pedido e, numa troca de cartas de amor, provou como era mente aberta sobre suas diferenças, também reforçando sua crença unitarista e as preocupações de que o ceticismo de Darwin talvez os separariam no pós-vida.[87] Enquanto Darwin estava em sua casa de caça em Londres, a doença dele progrediu e Emma clamou para que ele descansasse, em uma previsão quase profética de que "não fique mais adoentado, querido Charley, até que eu possa cuidar de você". Ele a encontrou e ambos se mudaram para o que eles chamaram de "Macaw Cottage" ("Casa Arara", por causa de seu interior extravagante). Ele mudaram seu "museu" de coleções para a residência até o natal. Em 24 de janeiro de 1839, Darwin foi eleito membro da Royal Society (FRS).[2][88] Em 29 de janeiro, Darwin e Emma Wedgwood se casaram em uma cerimônia anglicana feita para se adequar aos costumes unitaristas e logo depois pegaram o trem para sua nova casa.[89]

Desenvolvimento da teoria da evolução, cracas e geologia

Darwin em 1842 com seu filho mais velho, William Erasmus Darwin.

Darwin agora tinha o material base para trabalhar sobre a teoria da seleção natural, o seu "hobby principal".[90] Suas pesquisas incluíram intensas investigações sobre a seleção artificial de plantas e animais e a busca por evidências de que os animais não são fixos, investigando ideias para substanciar a sua teoria. Durante quinze anos esta tarefa era secundário, tendo ele se ocupado principalmente nos seus escritos sobre geologia e em publicar em periódicos especializados sobre suas coleções do Beagle, principalmente cirrípedes.[91]

Quando a obra Narrative, de Fitzroy, foi publicada em maio de 1839, os diários de Darwin fizeram tanto sucesso como o terceiro volume que mais tarde nesse mesmo ano foi lançado como obra separada.[92] No início de 1842, Darwin escreveu sobre as suas ideias a Charles Lyell, que notou que o seu aliado "nega ver um começo para os vários grupos de espécies".[93]

O livro de Darwin The Structure and Distribution of Coral Reef, sobre sua teoria da formação dos atóis, foi publicado em 1842, após mais de três anos de pesquisas. Logo depois, ele começou a sintetizar seus primeiros "rascunhos" para uma obra sobre seleção natural.[94] Para fugir da pressão urbana de Londres, a família se mudou para a residência rural Down House em setembro.[95] Em 11 de janeiro de 1844, Darwin mencionou a sua teorização ao botânico Joseph Dalton Hooker, relatando de maneira humorística e melodramática que era "como confessar um assassinato".[96][97] Hooker respondeu que "em minha opinião ocorreu uma série de mudanças em diferentes focos e também uma mudança gradual nas espécies. Eu ficaria maravilhado em ler o que você pensa sobre o assunto, já que nenhuma opinião neste momento me satisfaz no assunto".[98]

Em julho, Darwin desenvolveu seu "rascunho" em um "ensaio" de 230 páginas, obra para ser expandida com seus outros trabalhos caso morresse prematuramente.[99] Em novembro, foi lançado o livro anônimo Vestiges of the Natural History of Creation, que ficou entre os mais vendidos e trouxe grande atenção pública na transmutação. Darwin desdenhou do amadorismo na geologia e da zoologia da publicação, mas revisou cuidadosamente os seus próprios argumentos. A controvérsia emergiu e o livro continuou vendendo bem, apesar das críticas dos círculos científicos.[100][101]

A trilha percorrida por Darwin em Dawn House que estimulava sua mente para pensamentos criativos.[102]

Darwin completou seu terceiro livro geológico em 1846. Ele renovou seu fascínio em animais marinhos invertebrados, entusiasmo que datava de seus tempos de estudante com Grant, dissecando e classificando cracas que tinha coletado em sua viagem, observando suas interessantes estruturas e as comparando com formas parecidas.[103] Em 1847, Hooker leu o "ensaio" e mandou as críticas necessárias que Darwin precisava, mas que não se comprometeria e questionava a sua oposição em atos contínuos de criação divina.[104]

Em uma tentativa de melhorar sua condição de saúde crônica, Darwin consultou o médico James Manby Gully e se surpreendeu com alguns dos benefícios da hidroterapia.[105] Então, em 1851, sua preciosa filha Annie ficou adoentada, renascendo seu medo que talvez a doença fosse hereditária. Depois de uma série de crises, ela acabou por falecer.[106]

Após oito anos trabalhando com cracas (Sessilia), Darwin conseguiu encontrar "homologias" demonstrando que partes do corpo minimamente alteradas servem diferentes funções para fazer face a novas condições e, em alguns gêneros, ele encontrou minúsculos machos parasitas em hermafroditas, o que demonstrava estágios intermediários na evolução de sexos distintos.[107] Em 1853, ele ganhou a medalha real da Royal Society, consolidando sua reputação como biólogo.[108] Em 1854, torna-se membro da Linnean Society of London, ganhando acesso postal à sua biblioteca.[109] Darwin começou a retrabalhar na sua teoria das espécies e, em novembro percebeu que divergências nas características dos descendentes podem ser explicadas por elas se tornarem adaptadas a "lugares diversificados na economia da natureza".[110]

Publicação da teoria da seleção natural

Charles Darwin aos 46 anos em 1855, no período trabalhando na sua teoria da seleção natural. Em um carta para Hooker sobre esse retrato, ele escreveu: "eu realmente tenho uma expressão rude e, quando vejo essa fotografia, penso como é surpreendente que eu tenha um mísero amigo".[111]

No início de 1856, Darwin estava investigando se ovos e sementes poderiam sobreviver na água marinha para espalhar seus descendentes pelo oceano. Hooker aumentou seu ceticismo sobre a visão tradicional fixista das espécies, mas um jovem amigo deles, Thomas Henry Huxley, era firmemente contra a transmutação das espécies. Lyell estava intrigado pelas especulações de Darwin, sem realmente perceber o que de fato dizia em toda a sua dimensão. Ao ler o livro de Alfred Russel Wallace, On the Law which has Regulated the Introduction of New Species, ele viu similaridades com o pensamento de Darwin e avisou que publicasse seu trabalho o quanto antes. Embora Darwin não tenha se intimidado, em 14 de maio de 1856 ele começou a escrever um manuscrito. Conseguir responder perguntas difíceis fez ele ganhar ritmo e aumentou seus planos para um "grande livro sobre as espécies" intitulado Natural Selection, o qual deveria também deveria conter no cabeçalho algo como "excluindo o homem". Ele continuou suas pesquisas, obtendo espécimes e informações de naturalistas pelo globo, incluindo de Wallace, que estava em Bornéu. Em meados de 1857, ele adicionou uma seção chamada "Teoria aplicada das Raças Humanas", mas não avançou no tópico. Em setembro de 1857, Darwin mandou para o botânico estadunidense Asa Grey uma síntese de suas ideias, incluindo um abstrato de Natural Selection. Ele respondeu que evitaria comentar sobre um assunto "tão cercado de preconceitos", encorajando as teorias de Wallace e comentando que "eu fui muito além do que você".[112]

O livro de Darwin estava apenas parcialmente completo quando, em 18 de junho de 1858, ele recebeu uma carta de Wallace descrevendo a seleção natural. Chocado que sua ideia tenha sido antecipada por outra pessoa, Darwin a enviou para Lyell no mesmo dia, como instruído por Wallace;[113][114] embora este não tenha recomendado uma publicação, Darwin sugeriu para Wallace que ele poderia escolher qualquer jornal para publicar o material por meio de Darwin. Ele estava passando por momentos difíceis com sua família em meio a uma crise fatal de escarlatina em sua cidade e ele passou a responsabilidade para seus amigos. Após alguma discussão, Lyell e Hooker decidiram uma apresentação conjunta na Linnean Society em 1 de julho, intitulada On the Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection. Na noite de 28 de junho, o filho bebê de Darwin morreu de escarlatina, depois de quase uma semana de crises fortes, o que deixou ele muito transtornado para participar ou ver a apresentação.[115]

A teoria não recebeu grande atenção de imediato; o presidente da Linnean Society observou, em maio de 1859, que aquele ano não teve grandes descobertas revolucionárias.[116] Apenas um crítico mais notável se lembrou de Darwin; o professor Samuel Haughton declarou que "tudo que foi apresentado de novo é falso e o velho continua verdadeiro".[117] Darwin se exauriu por treze meses para produzir um abstract de seu "grande livro", sofrendo de doenças, mas nunca deixando de continuar graças ao encorajamento de seus amigos cientistas. Lyell conseguiu uma publicação pela editora John Murray.[118]

A Origem das Espécies acabou se provando surpreendentemente popular, sendo que toda a remessa de 1250 cópias foi vendida quando publicada pelas editoras em 22 de novembro de 1859.[119] No livro, Darwin desenvolveu "um extenso argumento" com observações detalhadas, além de se antecipar de futuras objeções.[120] No caso do descendente comum, ele incluiu evidências homólogas entre humanos e outros mamíferos.[121][III] Ao adentrar na seleção sexual, explicou como isso poderia fornecer dicas para explicar as diferenças raças humanas.[122][IV] Ele evitou uma discussão explícita sobre a origem humana, mas implicou sua significância na sentença: "Que a luz seja jogada na origem humana e sua história".[123][IV] Sua teoria é exemplificada na introdução:

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Como muitos mais indivíduos de cada espécie nascem do que podem sobreviver; e como, consequentemente, há uma luta recorrente e frequente pela existência, segue-se que qualquer ser, se variar de alguma forma ligeiramente positiva para si mesmo, sob as condições complexas e às vezes variáveis da vida, terá uma melhor chance de sobreviver e assim ser naturalmente selecionado. Do forte princípio da hereditariedade, qualquer variedade selecionada tenderá a propagar sua forma nova e modificada.
A Origem das Espécies[124]

No final do livro ele concluiu:

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Existe uma grandeza ao ver a vida dessa maneira, com suas várias forças, tendo sido originalmente inspirada em algumas formas ou em uma; e que, enquanto esse planeta orbita de acordo com a lei fixa da gravidade, de um começo tão simples, formas incontáveis, as mais lindas e maravilhosas, evoluíram e estão evoluindo.
A Origem das Espécies[125]

A última palavra é a única variante de "evolução" nas primeiras cinco edições do livro. Na época, o termo "evolucionismo" estava associado com o desenvolvimento embrionário. Darwin usou pela primeira o termo "evolução" em um conceito mais moderno em The Descent of Man em 1871, para posteriormente, em 1872, adicionar o termo na sexta edição de The Origin of Species.[126]

Respostas a publicação

Ver artigo principal: Reacções à teoria de Darwin
Durante um feriado com a família em 1868 na Ilha de Wight, Júlia Margaret tirou retratos mostrando Darwin com sua famosa barba crescida durante 1862 e 1866.
Uma caricatura de 1871 após a publicação de A Descendência do Homem sendo uma das várias a mostrar Darwin com o corpo de primata, o identificando na cultura popular como o principal autor da teoria evolutiva.

O livro levantou interesse internacional, com menos polêmica que o popular Vestiges of the Natural History of Creation.[127] Embora a condição de saúde de Darwin o tenha mantido longe dos debates públicos, ele submeteu ao escrutínio todas as respostas científicas, comentando as colunas de jornais, análises, artigos, sátiras e caricaturas, além de falar sobre com colegas ao redor do mundo.[128] O livro não discutia explicitamente as origens humanas,[123][IV] mas incluiu várias sugestões sobre o ancestral humano e quais as melhores inferências.[129] Uma primeira crítica perguntou: "se um macaco se tornou homem – porque não o homem não poderia se tornar macaco?", além de ter afirmado que a questão deveria ser deixada para os teólogos, pois era muito perigosa para o leitor comum.[130] Entre as primeiras análises positivas, Huxley atacou Richard Owen, líder do establishment científico que ele estava tentando derrubar.[131] Em abril, a crítica de Owen atacou os próximos de Darwin e ridicularizou suas ideias, enfurecendo-o,[132] mas Owen e outros começaram a promover a ideia de uma evolução guiada pelo sobrenatural. O naturalista Patrick Matthew chamou a atenção para o fato de que ele chegou a desenvolver o conceito da seleção natural na formação de novas espécies em um livro de 1831, mas não continuou mais a fundo.[133]

A resposta da Igreja Anglicana foi mista. Os antigos tutores de Darwin, Sedgwick e Henslow, rechaçaram suas ideias, mas os clérigos liberais interpretaram a seleção natural como um instrumento do design de Deus, sendo que o clérigo Charles Kingsley via "apenas como um conceito nobre da concepção da Deidade".[134] Em 1860, a publicação de Essays and Reviews por vários teólogos anglicanos liberais desviou as atenções clericais sobre Darwin, sendo que as ideias de alta crítica eram atacadas por autoridades da igreja e classificadas como heresia. Nos ensaios, Baden Poweel argumenta que os milagres quebram as leis de Deus, então acreditar neles seria ateísmo. Ele também louvou "a publicação do Sr. Darwin defendendo o grande princípio dos poderes evolutivos da natureza".[135] Asa Gray discutiu teologia com Darwin, que captou e distribuiu os panfletos de Gray sobre a evolução teísta, que dizia que seleção natural não é inconsistente com a teologia natural.[134][136] A confrontação mais famosa sobre as ideias de Darwin foi o debate evolutivo em Oxford de 1860 durante um encontro da Associação Britânica para o Avanço da Ciência, onde o Bispo de Oxford, Samuel Wilberforce, embora não tenha feito oposição a transmutação das espécies, argumentou contra a evolução darwiniana e a teoria de que humanos descenderem de primatas. Joseph Hooker argumentou incisivamente a favor de Darwin, e a famosa resposta de Thomas Huxley, de que ele preferiria se um descendente de um primata que de um homem que usa eloquência para destruir a verdade, tornou-se símbolo do triunfo da ciência sobre a religião.[134][137]

Até os amigos mais próximos de Darwin, Gray, Hooker, Huxley e Lyell, não deixaram de expressar várias considerações sobre sua teoria mas deixaram de dar um forte apoio, assim como vários outros, particularmente jovens naturalistas. Grey e Lyell buscaram reconciliação com a fé, enquanto Huxley defendeu uma polarização entre religião e ciência. Ele lançou campanhas agressivas contra a autoridade do clero na educação,[134] mirando o objetivo de acabar com a dominância dos clérigos e aristocratas amadores sob a jurisdição de Owen, em favor de uma nova geração de cientistas profissionais. Owen declarava que a anatomia do cérebro provava que os humanos eram uma ordem biológica separada dos primatas, argumento mostrado como falso por Huxley em uma longa disputa parodiada por Kingsley como a "Grande Questão do Hipocampo".[138]

O darwinismo se tornou um movimento que cobria uma grande extensão de ideias revolucionárias. O livro de 1863 de Lyell, Geological Evidences of the Antiquity of Man, popularizou o conceito de pré-história, embora sua precaução sobre introduzir a evolução tenha desapontado Darwin. Semanas depois. Huxley lançou a obra Evidence as to Man's Place in Nature, mostrando que, anatomicamente, seres humanos são primatas. Logo depois, veio Henry Walter Bates com seu livro The Naturalist on the River Amazons, que providenciou evidências empíricas para a seleção natural.[139] Graças ao lobby, Darwin foi agraciado com a maior honra científica britânica, a Medalha Copley da Royal Society, galardoada em 3 de novembro de 1864.[140] Nesse dia, Huxley promoveu o primeiro encontro do que se tornaria o influente "Clube X", dedicado a "ciência, pura e livre, não obstruída por dogmas religiosos".[141] Já no fim da década a maioria dos cientistas concordavam que a evolução ocorreu, mas apenas uma minoria dava suporte a visão de Darwin de que o mecanismo chefe era a seleção natural.[142]

A Origem das Espécies foi traduzida para várias línguas, tornando-se um importante texto científico e atraindo a atenção sobre todos aqueles que se interessavam pelos caminhos percorridos pela vida, incluindo os "trabalhadores" que se reuniam nas palestras de Huxley.[143] A teoria de Darwin também influenciou vários movimentos do período[V] e virou um ponto chave da cultura popular.[VI] Cartonistas parodiavam a ancestralidade animal humana em uma velha tradição de mostrar seres humanos com traços animalescos, enquanto na Grã-Bretanha essas imagens divertidas serviram para popularizar a teoria darwiniana. Em 1862, enquanto estava doente, Darwin deixou sua barba crescer e em 1866, quando reapareceu em público, caricaturas dele como um primata ajudaram a identificar todas as formas de evolucionismo com o darwinismo.[144]

Descendência do Homem, seleção sexual e a botânica

Uma carta de Darwin para John Scott Burdon-Sanderson.

Apesar de lutar contra a doença durante os últimos 22 anos de sua vida, os trabalhos de Darwin continuaram. Ao publicar A Origem das Espécies como um abstract de sua teoria, ele prosseguiu com experimentos, pesquisas e escritos de seu "grande livro". Ele cobriu desde a descendência do homem pelos primeiros animais até a evolução das sociedades e habilidades mentais, além de explicar a beleza e a diversidade da natureza selvagem em estudos pioneiros sobre plantas.[145]

Inquéritos sobre a polinização de insetos o levou a produzir ensaios em 1861 sobre o estudo de orquídeas selvagens, mostrando a adaptação de suas flores para atrair mariposas específicas para cada espécie e assegurar a fertilização cruzada. Em 1862, no livro Fertilisation of Orchids, deu sua primeira demonstração detalhada do poder da seleção natural para explicar as complexas relações ecológicas, demonstrando previsões testáveis. Com sua saúde deteriorada, Darwin ficou confinado em sua cama em um quarto cheio de experimentos para prever o movimento do crescimento de videiras.[146] Recebeu visitantes admirados por seu trabalho, incluindo Ernst Haeckel, um zeloso preponente do darwinismo incorporado ao lamarckismo com o idealismo de Goethe.[147] Wallace continuou receptivo, apesar de se virar cada vez mais para o espiritualismo.[148]

O livro de Darwin The Variation of Animals and Plants under Domestication, publicado em 1868, foi a primeira parte do seu planejado "grande livro" e incluía sua hipótese falha da pangênese, ao tentar explicar a hereditariedade. Vendeu bem em um primeiro momento, apesar do tamanho, e foi traduzido para várias línguas. Ele escreveu a maioria da segunda parte, sobre a seleção natural, mas a obra não foi publicada durante sua vida.[149]

Almanaque da Punch de 1882, publicado pouco depois da morte de Darwin, caracteriza-o no meio do caos evolutivo de uma forma primitiva até um cavalheiro vitoriano com o título "o homem é apenas um verme".

Lyell popularizou a pré-história humana, enquanto Huxley provou que seres humanos são, anatomicamente, primatas.[139] Com A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo, publicado em 1871, Darwin estabeleceu, a partir de numerosas fontes, que humanos são animais, mostrando a continuidade de seus atributos físicos e mentais, além de ter apresentado a seleção sexual como uma explicação de características "não práticas", como a plumagem de pavões, igualmente com a evolução da cultura humana, diferenças entre os sexos e a classificação racial física e cultural, ao mesmo tempo que enfatizava que humanos são todos da mesma espécie.[150] Suas pesquisas usando imagens se aprofundaram no seu livro de 1872, A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais, uma das suas primeiras obras a apresentar fotografias impressas, na qual discute a evolução da psicologia humana e sua continuidade com o comportamento animal. Ambos os livros se mostraram bastantes populares e Darwin ficou impressionado com a recepção geral de suas obras, anotando que "todos estão falando sobre sem ao menos estarem chocados."[151] Sua conclusão foi "que o homem, com todas as suas qualidades nobres, com a simpatia que sente por todos aqueles menos favorecidos, com a benevolência que se estende não somente aos outros homens, mas também com a criatura mais humilde, que com seu intelecto espelhado ao divino penetrou nos movimentos e constituições do sistema solar — com todos seus poderes o homem ainda traz em sua estrutura física a marca indelével de sua origem primitiva.".[152]

Seus experimentos relacionados a evolução e pesquisa o levou a publicar os livros sobre orquídeas, Insectivorous Plants, The Effects of Cross and Self Fertilisation in the Vegetable Kingdom, sobre as diferentes formas de flores e plantas da mesma espécie, e The Power of Movement in Plants. Seu trabalho botânico foi interpretado e popularizado por vários autores, como Grant Allen e H. G. Wells, e ajudou a transformar as ciências botânicas no final do século XIX e início do século XX.[153] Seu último livro foi The Formation of Vegetable Mould through the Action of Worms, de 1881.[154]

Morte e funeral

Tumbas de Herschel e Darwin. Abadia de Westminster.

Em 1882, Darwin foi diagnosticado com o que era chamado angina pectoris, o que significava trombose coronariana e doença do coração. No período de sua morte, médicos diagnosticaram "ataques de angina" e "falha do coração".[155] Atualmente, especula-se que Darwin sofria de uma doença de Chagas crônica.[156] Essa especulação é baseada no trecho de um diário escrito por Darwin, que descreve que ele foi mordido por um barbeiro em Mendoza, Argentina, em 1835;[157] e baseado nos vários sintomas que ele exibiu, como doenças cardíacas as quais são características da doença.[158][156] A exumação do corpo de Darwin é necessária para determinar precisamente seu estado de infecção ao detectar DNA do parasita T. cruzi, que causa doença de Chagas.[156][157]

Darwin morreu em 19 de abril de 1882 em Down House. Suas últimas palavras foram dirigidas a sua família, falando a Emma: "Pelo menos não estou com medo de lembranças póstumas de como você foi uma ótima esposa. Conte para todos os meus filhos para lembrar o quão bons foram para mim" e então, enquanto ela descansava, ele repetidamente disse a Henrietta e Francis: "Quase vale a pena estar doente para ser cuidado por vocês".[159] Ele esperava ser enterrado na Igreja de St Mary em Downe, mas por um pedido de seus colegas, após uma petição pública no parlamento, William Spottiswoode (presidente da Royal Society) conseguiu que Darwin fosse enterrado com honras na Abadia de Westminster, perto de John Herschel e Isaac Newton. O funeral aconteceu em 26 de abril, uma quarta-feira, e foi visitado por milhares de pessoas, incluindo a família, amigos, cientistas, filósofos e dignitários.[160][161]

Legado

Em 1881 Darwin era uma figura eminente, que continuava trabalhando em suas contribuições ao pensamento evolutivo as quais tiveram um enorme impacto em muitos campos da ciência. Retrato de John Collier hoje no National Portrait Gallery.

No período de sua morte, Darwin já tinha convencido a maioria dos cientistas de que a evolução por origem comum estava correta e ele já era considerado um grande cientista que teve ideias revolucionárias. Em junho de 1909, embora poucos daquele tempo concordassem com sua visão de que a "seleção natural era a principal, mas não a forma exclusiva de modificação", Darwin foi honrado por mais de 400 oficiais e cientistas do mundo todo que se encontraram em Cambridge para comemorar o centenário de seu nascimento e o quinquagésimo aniversário da publicação de A Origem das Espécies.[162] No início do século XX, em um período que tem sido denominado como "O eclipse do darwinismo", cientistas propuseram várias alternativas de mecanismos evolutivos, que se provaram insustentáveis. Ronald Fisher, um estatístico inglês, finalmente uniu a genética mendeliana com a seleção natural, síntese realizada entre o período de 1918 até 1930, ano do lançamento de seu livro The Genetical Theory of Natural Selection.[163] Ele proveu à teoria uma base matemática e estabeleceu um largo consenso científico de que a seleção natural é o mecanismo básico da evolução, portanto a base da genética populacional e da síntese evolutiva moderna, juntamente com J. B. S. Haldane e Sewall Wright, os quais lançaram os pilares dos debates evolutivos modernos e o refinamento da teoria.[10]

Comemorações e homenagens

Estátua de Charles Darwin no Museu de História Natural de Londres.

Durante a vida de Darwin, muitos locais foram homenageados com seu nome. Uma extensão de água adjacente ao Estreito de Beagle foi nomeado Canal de Darwin por Robert FitzRoy após uma reação heroica de Darwin, junto com dois ou três homens, que os salvou de naufragarem de seus barcos quando uma geleira colapsou e causou uma grande onda que teria virado suas embarcações;[164] o Monte Darwin, nos Andes, também foi nomeado em celebração ao 25.º aniversário de Darwin.[165] Quando o Beagle estava navegando pela Austrália em 1839, o amigo de Darwin John Lort Stokes avistou um porto natural que o capitão do navio Wickham escolheu nomear Port Darwin: um assentamento próximo foi renomeado Darwin em 1911 e se tornou a capital da Território do Norte.[166]

Mais de 120 espécies e nove gêneros foram nomeados em homenagem a Darwin.[167] Em um exemplo, um grupo de Thraupidae relacionados que Darwin achou nas Ilhas Galápagos ficaram conhecidos popularmente como "Tentilhões de Darwin", promovendo informações imprecisas sobre a significância da importância deles no seu trabalho.[168]

Os trabalhos de Darwin continuaram a ser celebrados por várias publicações e eventos. A Linnean Society of London comemora as conquistas de Darwin premiando a Medalha Darwin-Wallace desde 1908. O Dia de Darwin se tornou uma celebração anual e, em 2009, eventos mundiais foram organizados para o bicentenário do nascimento de Darwin e o 150.º aniversário da publicação de A Origem das Espécies.[169]

Darwin foi celebrado no Reino Unido, com seu retrato impresso na nota reversa de 10 libras esterlinas emitida pelo Banco da Inglaterra, juntamente com um beija-flor e o Beagle.[170]

Uma estátua em tamanho real portando Darwin sentado por ser visto no salão do Museu de História Natural de Londres.[171] Uma estátua de Darwin sentado, revelada em 1897, está posicionada em frente a Livraria Shrewsbury, o prédio usado pela Shrewsbury School, onde Darwin estudou quando criança. Outra estátua de Darwin quando jovem está situada nos estabelecimentos da Christ’s College, em Cambridge.[172] A Darwin College, uma faculdade de pós-graduação da Universidade de Cambridge, também foi nomeada em homenagem a família de Darwin.[173]

Filhos

Erasmus 1839 – 1914 (75 anos)
Annie 1841 – 1851 (10 anos)
Eleanor 1842 – 1842 (24 dias)
Emma 1843 – 1927 (84 anos)
George 1845 – 1912 (67 anos)
Elizabeth 1847 – 1926 (79 anos)
Francis 1848 – 1925 (77 anos)
Leonard 1850 – 1943 (93 anos)
Horace 1851 – 1928 (77 anos)
Charles 1856 – 1858 (1 ano)

Os Darwins tiveram dez filhos: dois morreram na infância, sendo que a morte de Annie, aos dez anos, teve efeitos devastadores nos pais.[13] Charles foi um pai devoto e especialmente atento aos seus filhos. Quando ficavam doentes, ele temia que tivessem herdado suas fraquezas por consanguinidade, por conta dos laços de parentesco próximos que ele compartilhava com sua esposa e prima, Emma Wedgwood.[174]

Darwin examinou a consanguinidade em seus escritos e percebia a desvantagem em relação a sexualidade cruzada em várias espécies.[175] Apesar de seus medos, a maioria das crianças sobreviveram e muitos de seus descendentes tiveram carreiras consagradas. Das crianças sobreviventes, George, Francis e Horace se tornaram membros da Royal Society,[176] sendo respectivamente um astrônomo,[177] um botânico e um engenheiro civil. Todos se tornaram cavalheiros.[178] Um outro filho, Leonard, chegou a ser um soldado, político, economista, eugenista e mentor de Ronald Fisher, estatístico e biólogo evolucionista.[179]

Visões e opiniões

Visões religiosas

Em 1851, Darwin ficou devastado quando sua filha Annie morreu. A partir daí sua crença na fé cristã diminuiu, e ele parou de ir na igreja.

A tradição da família de Darwin era não-conformista unitarista, enquanto que seu pai e avô eram livre-pensadores, seu batismo e escola de infância eram anglicanos.[25] Quando estava ingressando em Cambridge para se tornar um clérigo anglicano, Darwin não duvidava a interpretação literal da Bíblia.[32] Ele aprendeu ciências com John Herschel que, igualmente com a teologia natural de William Paley, buscou explicações nas leis da natureza ao invés de respostas miraculosas e viu a adaptação das espécies como uma evidência do design divino.[34][35] A bordo do Beagle, Darwin era bem ortodoxo e podia citar a Bíblia como uma autoridade moral.[180] Ele olhou para os "centros da criação" para explicar a distribuição das espécies,[52] e sugeriu que a similaridade das formigas-leão achadas na Austrália e Inglaterra eram evidência da mão divina.[54]

Ao retornar, ele se tornou crítico da Bíblia como livro histórico e questionou se todas as religiões não poderiam ser igualmente válidas.[180] Nos próximos anos, enquanto especulava intensamente sobre geologia e transmutação de espécies, ele pensou bastante sobre religião e discutiu abertamente o assunto com sua esposa Emma, cuja crença também vinha de estudos intensivos e questionadores.[87] A teodiceia de Paley e Thomas Malthus justificava o mal, tais como a fome e terremotos, como o resultado das leis benevolentes do Criador, o qual, no geral, tinha um resultado positivo. Para Darwin, a seleção natural produzia o lado bom da adaptação, mas removia a necessidade de um design inteligente,[181] sendo que ele não conseguia ver o trabalho de uma deidade onipotente diante de toda a dor e sofrimento, como as vespas da família Ichneumonoidea, que paralisam lagartas para servi-las como comida viva para seus filhotes.[136] Embora ele pensasse que a religião fosse uma estratégia tribal de sobrevivência, Darwin estava relutante em desistir da ideia de Deus como o juiz supremo. Ele estava cada vez mais abalado pelo problema do mal.[182][183]

Darwin permaneceu amigo próximo dos clérigos de Downe e continuou a ter um papel de liderança no trabalho paroquial da igreja,[184] mas por volta de 1849 começou a preferir caminhar aos domingos, enquanto sua família ia na igreja. Ele considerava um "absurdo duvidar que um homem poderia ser um ardente teísta e evolucionista"[185][186] e, embora reticente sobre suas visões religiosas, em 1879 ele escreveu: "Eu nunca fui um ateísta no sentido de negar a existência de Deus. – Eu penso que em geral... o agnosticismo poderia ser a forma mais correta de descrever minha mentalidade".[87][185] Em 1915, Elizabeth Cotton publicou "Lady Hope Story", que alegava que Darwin se converteu ao cristianismo durante sua morte. A alegação foi repudiada pelos filhos de Darwin e dada como falsa por historiadores.[187]

Sociedade humana

Em 1878, um cada vez mais famoso Darwin sofria anos de doença.

As visões sociais e políticas de Darwin refletiam o seu período histórico e sua posição social. Ele cresceu em uma família de reformadores whigs que, como seu tio Josiah Wedgwood, apoiava reformas eleitorais e a emancipação de escravos. Darwin se opôs apaixonadamente a escravidão, enquanto que não via problema com as condições de trabalho dos trabalhadores industriais ingleses ou servos. Em 1826, as lições de taxidermia do escravo liberto John Edmonstone, que Darwin chamava de um "homem bastante inteligente e respeitoso", reforçou sua crença que pessoas negras compartilhavam os mesmos sentimentos e poderiam ser tão inteligentes quanto as pessoas de outras raças. Ele tomou a mesma atitude com os nativos que encontrou na viagem pelo Beagle.[188] Essas atitudes não eram usuais na Grã-Bretanha da década de 1820, tanto que chocou visitantes norte-americanos. A sociedade britânica se tornou mais racista no meio do século,[26] mas Darwin continuou se opondo fortemente contra a escravidão, contra a "hierarquia das então chamadas raças humanas como espécies distintas" e contra o tratamento doentio dos povos nativos.[189][VII] As interações de Darwin com os yaganes (fueguinos), como Jemmy Button, durante a segunda viagem do Beagle tiveram um profundo impacto em suas visões de povos primitivos.[190] Na sua chegada a Terra do Fogo ele fez uma descrição generosa dos "selvagens fueguinos". Essa visão mudou quando conheceu o povo yagane em mais detalhes. Ao estudar os yeganes, Darwin concluiu que o conjunto básico de emoções dos diferentes grupos humanos eram o mesmo e que as capacidades mentais era basicamente as mesmas dos europeus.[190] Enquanto estudava a cultura yagane, Darwin deixou escapar a profunda cultura ecológica e cosmológica deles até 1850, quando inspecionou um dicionário de yagane detalhando 32 mil palavras nativas.[190]

Ele louvava a civilização europeia e via a colonização como difusão de seus benefícios, com o triste, mas inevitável efeito de que povos selvagens que não se tornassem civilizados enfrentariam a extinção. As teorias de Darwin apresentavam isso com o caminho natural e eram citadas como o princípio básico dos princípios humanitários.[191]

Ele acreditava que a "superioridade" do homem sobre a mulher era o resultado da seleção sexual, uma visão disputada por Antoinette Brown Blackwell em seu livro The Sexes Throughout Nature.[192]

Darwin estava intrigado pelo argumento do seu meio-primo Francis Galton, introduzido em 1865, mostrando que a análise estatística da hereditariedade demonstrava que traços morais e mentais humanos poderiam ser herdados, enquanto o princípio da seleção artificial animal poderia ser aplicado em humanos. Em A Descendência do Homem, Darwin notou que ajudar fracos a sobreviverem e viabilizarem famílias poderia desestabilizar os benefícios da seleção natural, mas tomou cuidado que reter tal ajuda colocaria em risco o instinto de solidariedade, "a parte mais nobre de nossa natureza", e fatores como a educação poderiam ser mais importantes. Quando Galton sugeriu publicar investigações que poderiam encorajar casamentos limitados a uma "casta", ou "dentre aqueles que eram naturalmente favorecidos", Darwin previu dificuldades práticas e pensou que "embora viável, temia a utopia, o chamado plano em melhorar a raça humana", preferindo simplesmente publicar a importância da hereditariedade e deixar as discussões para os indivíduos.[193] Francis Galton nomeou o campo de estudos que lançara de "eugenia" em 1883.[VIII][194]

Movimentos sociais evolutivos

Caricatura de Darwin na revista Vanity Fair em 1871.

A fama e a popularidade de Darwin levou seu nome a ser associado com ideias e movimentos que, as vezes, apenas tinham relação indireta com seus trabalhos e, até mesmo, iam diretamente contra suas visões. Thomas Malthus argumentou que o aumento populacional por recursos foi ordenado por Deus para levar os humanos a trabalharem produtivamente e se restringirem em criarem famílias; isto foi usado na década de 1830 para justificar a existência de workhouses e da economia laissez-faire.[195] Naquele tempo a evolução estava sendo vista como um implicante de relações sociais e o livro Social Statics, publicado em 1851 e de autoria de Herbert Spencer, baseava ideias de liberdade humana em relação a sua teoria lamarckiana de evolução.[196]

Logo após A Origem ser publicada em 1859, críticos ridicularizaram a descrição de Darwin da luta pela sobrevivência como uma justificativa malthusiana do capitalismo industrial inglês da época. O termo darwinismo foi usado por ideias evolucionárias de outros, incluindo a "sobrevivência do mais apto" de Spencer, como justificativa do progresso do livre-mercado e do poligenismo de Ernst Heackel. Escritores usaram a seleção natural para argumentar por várias ideologias constantemente contraditórias, como o colonialismo e o imperialismo. Entretanto, a visão holística de Darwin da natureza incluía a "dependência do outro"; então pacifistas, socialistas, reformadores sociais liberais e anarquistas, como Piotr Kropotkin, salientaram o valor da cooperação entre as espécies, ao invés da competição.[197] O próprio Darwin insistiu que políticas sociais não deveriam ser simplesmente guiadas por conceitos de luta e seleção da natureza.[198]

Depois da década de 1880, movimentos eugenistas se desenvolveram com ideias de hereditariedade biológica e com justificações pseudocientíficas que apelavam aos conceitos do darwinismo. Na Grã-Bretanha, a maioria compartilhou visões cuidadosas de Darwin de melhorias voluntárias e buscou encorajar aqueles com características boas na chamada "eugenia positiva". Durante o Eclipse do Darwinismo, uma base científica da eugenia foi dada pela genética mendeliana. A eugenia negativa que mirava eliminar aqueles de "mente fraca" era popular nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, sendo que nos Estados Unidos surgiram leis de esterilização compulsória, o que foi copiado por vários países. Posteriormente, a eugenia nazista trouxe o campo para um novo patamar, que culminou no genocídio de 6 milhões de pessoas (vide Holocausto).[199][200][VIII]

O termo "darwinismo social" era frequentemente usado na década de 1890, mas se tornou popular como um termo depreciativo na década de 1940, quando Richard Hofstadter o usou para atacar o conservadorismo laissez-faire defendido, por exemplo, por William Graham Sumner, que era contra as reformas e o socialismo. Desde então, é usado como um termo para se opor ao que é visto como consequências morais da evolução.[201][195]

Trabalhos

Publicações (em inglês)

Cartas (em inglês)

Ver também

Notas

Predefinição:Refbegin I. ^ Darwin era eminente como naturalista, geólogo, biólogo e autor. Depois de trabalhar como assistente de médico e dois anos como estudante de medicina, foi educado como clérigo; ele também foi treinado em taxidermia.[202]

II. ^ Robert FitzRoy deveria se tornar conhecido após a viagem pelo literalismo bíblico, mas nessa época ele tinha interesse considerável nas ideias de Lyell. Eles se conheceram antes da viagem quando Lyell pediu que fossem feitas observações na América do Sul. O diário de FitzRoy durante a subida do rio Santa Cruz, na Patagônia, registrou sua opinião de que as planícies eram praias altas, mas de volta, recém-casado com uma senhora muito religiosa, ele retratou essas ideias.Predefinição:Harv

III. ^ Na seção "Morfologia" do Capítulo XIII de A Origem das Espécies, Darwin comentou sobre padrões de ossos homólogos entre humanos e outros mamíferos, ao escrever: "O que pode ser mais curioso do que a mão de um homem, formada para agarrar, a de uma toupeira para cavar, a perna do cavalo, o remo do boto e a asa do morcego, devem todos ser construídos? No mesmo padrão, e deve incluir os mesmos ossos, nas mesmas posições relativas? "[203] e no capítulo final: "O arcabouço dos ossos sendo o mesmo na mão de um homem, na asa de morcego, na barbatana do boto e na perna do cavalo … Explique-se ao mesmo tempo sobre a teoria da descendência com modificações sucessivas, lentas e leves. "[204]

IV. 1 2 3 Em A Origem das Espécies Darwin mencionou as origens humanas em sua observação conclusiva: "No futuro distante eu vejo campos abertos para pesquisas muito mais importantes. Psicologia será baseada em um novo fundamento, o da aquisição necessária de cada poder e capacidade mental por gradação. A luz será lançada sobre a origem do homem e sua história."[123]

Em "Capítulo VI: Dificuldades na Teoria", ele se referiu à seleção sexual: "Eu poderia ter aduzido para esse mesmo propósito as diferenças entre as raças do homem, que são tão fortemente marcadas; posso acrescentar que um pouco de luz pode, aparentemente, ser jogada sobre a origem dessas diferenças, principalmente através da seleção sexual de um tipo particular, mas sem aqui entrar em detalhes copiosos meu raciocínio pareceria frívolo".[122]

Em A Descendência do Homem, de 1871, Darwin discutiu a primeira passagem: "Durante muitos anos colecionei notas sobre a origem ou a descendência do homem, sem qualquer intenção de publicar sobre o assunto, mas sim com a determinação de não publicar, pois pensava que deveria apenas acrescentar aos preconceitos contra os meus pontos de vista. Pareceu-me suficiente para indicar, na primeira edição de minha Origem das Espécies, que por esta obra "a luz seria lançada sobre a origem do homem e sua história"; e isso implica que o homem deve ser incluído com outros seres orgânicos em qualquer conclusão geral a respeito de sua maneira de aparecer nesta terra".[205] Em um prefácio à segunda edição de 1874, ele acrescentou uma referência ao segundo ponto: "vários críticos dizem que, quando descobri que muitos detalhes da estrutura no homem não poderiam ser explicados através da seleção natural, eu inventei a seleção sexual. Eu dei, no entanto, um esboço razoavelmente claro deste princípio na primeira edição da Origem das Espécies e eu afirmei que era aplicável ao homem".[206]

V. ^ Veja, por exemplo, Charlotte Perkins Gilman and the Feminization of Education por Deborah M. De Simone: "Gilman compartilhou muitas ideias educacionais básicas com a geração de pensadores que amadureceram durante o período de 'caos intelectual' causado pela Origem das Espécies de Darwin. Marcado pela crença de que os indivíduos podem dirigir a evolução humana e social, muitos progressistas passaram a ver a educação como uma panaceia para avançar o progresso social e resolver problemas como a urbanização, a pobreza ou a imigração".

VI. ^ Veja, por exemplo, a música "A lady fair of lineage high" da ópera Princess Ida de Gilbert e Sullivan, que descreve a ascendência do homem (mas não da mulher!) dos macacos .

VII. ^ A crença de Darwin de que os negros tinham a mesma humanidade essencial que os europeus, e tinham muitas semelhanças mentais, foi reforçada pelas lições que ele teve de John Edmonstone em 1826.[26] No início da viagem do Beagle, Darwin quase perdeu sua posição no navio ao criticar a defesa e os elogios de FitzRoy sobre a escravidão.Predefinição:Harv Ele escreveu sobre "quão firmemente o sentimento geral, como mostrado nas eleições, tem se levantado contra a escravidão. Que orgulho para a Inglaterra se ela for a primeira nação europeia que a abole completamente! Me disseram, antes de deixar a Inglaterra, que depois de morar em países escravocratas todas as minhas opiniões seriam alteradas, a única alteração que eu conheço é a formação de uma estimativa muito maior do caráter negro". Predefinição:Harv Quanto aos fueguinos, ele "não poderia acreditar em quão ampla era a diferença entre o homem selvagem e o civilizado: é maior do que entre um animal selvagem e um domesticado, visto que no homem há um maior poder de melhoria", mas ele conhecia e gostava de fueguinos civilizados como Jemmy Button: "Parece maravilhoso para mim, quando penso em todas as muitas boas qualidades dele, que ele deve ter sido da mesma raça e, sem dúvida, ter participado do mesmo personagem que os miseráveis e degradados selvagens que conhecemos aqui".Predefinição:Harv

Em Descendência do Homem, ele mencionou a semelhança das mentes dos fueguinos e de Edmonstone com os europeus ao argumentar contra "classificar as chamadas raças do homem como espécies distintas".[207]

Ele rejeitou os maus-tratos aos povos nativos e, por exemplo, escreveu sobre os massacres da Patagônia contrab homens, mulheres e crianças: "Todos aqui estão plenamente convencidos de que esta é a guerra mais justa, porque é contra os bárbaros". Quem acreditaria nesta idade que tais atrocidades poderiam ser cometidas em um país civilizado cristão?"Predefinição:Harv

VIII. 1 2 A genética estudou a hereditariedade humana como herança mendeliana, enquanto movimentos de eugenia procuravam administrar a sociedade, com foco na classe social, no caso do Reino Unido, e na deficiência e na etnia, nos Estados Unidos, o que fez com que os geneticistas vissem isso como uma pseudociência impraticável. Uma mudança de acordos voluntários para a eugenia "negativa" incluiu as leis de esterilização compulsória nos Estados Unidos, copiadas pela Alemanha nazista como a base para a eugenia nazista baseada em racismo virulento "higiene racial".
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Referências

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Bibliografia

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