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{{mais notas|data=novembro de 2014}} | {{mais notas|arte=sim|data=novembro de 2014}}{{Ver desambig|este=|[[amor]]|amor romântico}} | ||
O '''romantismo''' foi um movimento [[arte|artístico]], [[Política|político]] e [[Filosofia|filosófico]] surgido nas últimas décadas do {{séc|XVIII}} na [[Europa]] que durou por grande parte do {{séc|XIX}}. Caracterizou-se como uma [[visão de mundo]] contrária ao [[racionalismo]] e ao [[iluminismo]]<ref>[http://www.ub.edu/histofilosofia/gmayos/4presentacio.htm "O Iluminismo frente ao Romantismo no marco da subjetividade moderna"] de G. Mayos (traduzido por Karine Salgado).</ref> e buscou um [[nacionalismo]] que viria a consolidar os | O '''romantismo''' foi um movimento [[arte|artístico]], [[Política|político]] e [[Filosofia|filosófico]] surgido nas últimas décadas do {{séc|XVIII}} na [[Europa]] que durou por grande parte do {{séc|XIX}}. Caracterizou-se como uma [[visão de mundo]] contrária ao [[racionalismo]] e ao [[iluminismo]]<ref>[http://www.ub.edu/histofilosofia/gmayos/4presentacio.htm "O Iluminismo frente ao Romantismo no marco da subjetividade moderna"] {{Wayback|url=http://www.ub.edu/histofilosofia/gmayos/4presentacio.htm |date=20110721181704 }} de G. Mayos (traduzido por Karine Salgado).</ref> e buscou um [[nacionalismo]] que viria a consolidar os Estados nacionais na Europa. | ||
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o ''espírito romântico'' passa a designar toda uma | Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o ''espírito romântico'' passa a designar toda uma visão de mundo centrada no [[indivíduo]]. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de [[escapismo]]. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela [[razão]], o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela [[subjetividade]], pela emoção e pelo ''eu''. | ||
O termo ''romântico'' refere-se ao movimento estético, ou seja, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo. | O termo ''romântico'' refere-se ao movimento estético, ou seja, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo. | ||
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== Contexto histórico == | == Contexto histórico == | ||
[[ | [[Imagem:Wappers belgian revolution.jpg|thumb|upright=1.2|esquerda|''A Revolução Belga'',<small> por Gustaf Wappersde Wappers, nos [[Museus Reais de Belas-Artes da Bélgica]].</small>]] | ||
O culto à natureza e à imaginação já havia começado com os escoceses no {{séc|XIII}}, quando surgiram as primeiras histórias de [[cavaleiro]]s e donzelas, em [[verso]]. Nessa época, as [[narrativa]]s eram chamadas de [[romance]], palavra que deriva do advérbio latino ''romanice''<ref group="nota">A palavra romanice foi utilizada, então, para definir um tipo de poema [[Poesia épica|épico]]</ref> | O culto à natureza e à imaginação já havia começado com os escoceses no {{séc|XIII}}, quando surgiram as primeiras histórias de [[cavaleiro]]s e donzelas, em [[verso]]. Nessa época, as [[narrativa]]s eram chamadas de [[romance]], palavra que deriva do advérbio latino ''romanice,''<ref group="nota">A palavra ''romanice'' foi utilizada, então, para definir um tipo de poema [[Poesia épica|épico]].</ref> que significa "na língua de Roma".<ref>[http://books.google.com.br/books?id=3X6hu3e3KbUC&pg=PA321&lpg=PA321&dq=Massaud+Moises+movimento+romantico&source=bl&ots=vl_Roa66HF&sig=VmCuVt73raHqjW75Q3D3V2QCS2c&hl=pt-BR&sa=X&ei=jeXET-6FCLD06AGJhrmcCg&ved=0CFcQ6AEwBQ#v=snippet&q=cavaleiros&f=false Moisés, Massaud. História da literatura brasileira. Das origens ao romantismo. Volume I, pg. 317. Editora Cultrix (2001).]</ref> | ||
A origem do que viria a ser conhecido como "romantismo", no entanto, fora plantada no {{séc|XVII}}, quando o [[Literatura classicista|"espírito clássico"]] começaria a ser contestado na [[Grã-Bretanha]].<ref group="nota">Filósofos como [[John Locke]] passariam a refutar as ideias de [[Descartes]] (o conhecimento se dá | Algumas características típicas do romantismo já podem ser rastreadas nas obras de [[Isabella di Morra]], que se separou da poesia amorosa [[Francesco Petrarca|petrarquista]] do {{séc|XVI}}, afligida pela solidão a que foi forçada e que a acompanhará até sua morte trágica.<ref>Paul F. Grendler, Renaissance Society of America, ''Encyclopedia of the Renaissance: Machiavelli-Petrarchism'' Scribner, 1999, p.193</ref> | ||
A origem do que viria a ser conhecido como "romantismo", no entanto, fora plantada no {{séc|XVII}}, quando o [[Literatura classicista|"espírito clássico"]] começaria a ser contestado na [[Grã-Bretanha]].<ref group="nota">Filósofos como [[John Locke]] passariam a refutar as ideias de [[Descartes]] (o conhecimento se dá pela razão) e a defender que a compreensão do mundo só é possível por meio dos sentidos.</ref> | |||
O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo [[Despotismo|despóticos]] e surgia o [[liberalismo político]] (não confundir com o liberalismo econômico do século XX). No campo social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A [[Revolução Francesa]] é o clímax desse século de oposição. | O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo [[Despotismo|despóticos]] e surgia o [[liberalismo político]] (não confundir com o liberalismo econômico do século XX). No campo social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A [[Revolução Francesa]] é o clímax desse século de oposição. | ||
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== Características == | == Características == | ||
Segundo [[Jacques Barzun]], existiram três gerações de artistas românticos. A primeira emergiu entre 1790-1800, a segunda na década de 1820, e a terceira mais tarde nesse mesmo século.<ref>{{citar livro|titulo=From Dawn to Decadence: 500 Years of Western Cultural Life, 1500 to the Present|ultimo=Barzun|primeiro=Jacques|editora=Harper Perennial|ano=2001|local=EUA|paginas=469|acessodata=31/03/16}}</ref> | Segundo [[Jacques Barzun]], existiram três gerações de artistas românticos. A primeira emergiu entre 1790-1800, a segunda na década de 1820, e a terceira mais tarde nesse mesmo século.<ref>{{citar livro|titulo=From Dawn to Decadence: 500 Years of Western Cultural Life, 1500 to the Present|ultimo=Barzun|primeiro=Jacques|editora=Harper Perennial|ano=2001|local=EUA|paginas=469|acessodata=31/03/16}}</ref> | ||
* | * 1.ª geração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o [[subjetivismo]], o [[sonho]] de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da coletânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada. | ||
* | * 2.ª geração — Posteriormente também seriam notados o [[pessimismo]] e um certo gosto pela [[morte]], religiosidade e naturalismo. A mulher era ''alcançada'' mas a felicidade não era atingida. | ||
* | * 3.ª geração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica (vide [[Eça de Queirós]]), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível. | ||
=== Individualismo === | === Individualismo === | ||
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Praticamente todos os poemas românticos apresentam [[sentimentalismo]] já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida. | Praticamente todos os poemas românticos apresentam [[sentimentalismo]] já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida. | ||
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado. | O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado. Emoção acima de tudo. | ||
Emoção acima de tudo. | |||
=== Egocentrismo === | === Egocentrismo === | ||
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=== Grotesco e sublime === | === Grotesco e sublime === | ||
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de | Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do [[arcadismo]], que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de ''[[A Bela e a Fera]]'', no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda. | ||
=== Medievalismo === | === Medievalismo === | ||
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=== Byronismo === | === Byronismo === | ||
Inspirado na vida e na obra de [[Lord Byron]], um poeta inglês. Estilo de vida boémio, voltado para vícios, bebida, fumo , podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia. | Inspirado na vida e na obra de [[Lord Byron]], um poeta inglês. Estilo de vida boémio, voltado para vícios, bebida, fumo, podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia. | ||
== Romantismo nas belas artes == | == Romantismo nas belas artes == | ||
{{Artigo principal|[[Pintura do romantismo]]}} | {{Artigo principal|[[Pintura do romantismo]]}} | ||
[[ | [[Imagem:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg|direita|thumb|upright=1.2|''A Liberdade Guiando o Povo,'' <small>por [[Eugène Delacroix]], no [[Museu do Louvre]].</small>]] | ||
Segundo [[Giulio Carlo Argan]] na sua obra ''Arte moderna'' | Segundo [[Giulio Carlo Argan]] na sua obra ''Arte moderna, o'' romantismo e o neoclassicismo são simplesmente duas faces de uma mesma moeda. Enquanto o neoclássico busca um ideal sublime, objetivando o mundo, o romântico faz o mesmo, embora tenda a subjetivar o mundo exterior. Os dois movimentos estão interligados, portanto, pela idealização da realidade (mesmo que com resultados diversos). | ||
As primeiras manifestações românticas na [[pintura]] ocorreram quando [[Francisco Goya]] passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de temática neoclássica como Saturno devorando | As primeiras manifestações românticas na [[pintura]] ocorreram quando [[Francisco Goya]] passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de temática neoclássica como ''[[Saturno devorando um filho|Saturno Devorando um Filho]]'', por exemplo, apresenta uma série de emoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado. Goya cria um jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de forma a acentuar a situação dramática representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o romantismo somente chegaria à Academia mais tarde. | ||
O francês [[Eugène Delacroix]] é considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela [[A Liberdade Guiando o Povo]] reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os [[Revoluções de 1830|revolucionários de 1830]] guiados pelo espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da [[França]]). O artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa reserva para os acontecimentos (refletindo a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica mais conhecida. | O francês [[Eugène Delacroix]] é considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela ''[[A Liberdade Guiando o Povo]]'' reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os [[Revoluções de 1830|revolucionários de 1830]] guiados pelo espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da [[França]]). O artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa reserva para os acontecimentos (refletindo a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica mais conhecida. | ||
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica fundamental do romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino aos polos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O pintor inglês [[William Turner]] refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos supracitados. | A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica fundamental do romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino aos polos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O pintor inglês [[William Turner]] refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos supracitados. | ||
Géricault é outro dos grandes nomes do romantismo na pintura<ref> | Géricault é outro dos grandes nomes do romantismo na pintura.<ref>{{Citar web |url=http://lazer.hsw.uol.com.br/romantismo.htm |titulo=Como Tudo Funciona |acessodata=2014-07-24 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20140728023147/http://lazer.hsw.uol.com.br/romantismo.htm |arquivodata=2014-07-28 |urlmorta=yes }}</ref> A sua obra ''A Jangada da Medusa'', pintada por volta de 1819, com a mistura entre os elementos barrocos, o naturalismo e o dramatismo pessoal das personagens, é uma das mais célebres pinturas do movimento romântico.<ref>[http://www.infopedia.pt/$theodore-gericault;jsessionid=eAOkmZnh+xGd3l3+W-wcdg__ Infopedia]</ref> | ||
== Romantismo na literatura == | == Romantismo na literatura == | ||
[[ | [[Imagem:Johann Heinrich Wilhelm Tischbein - Goethe in der roemischen Campagna.jpg|esquerda|thumb||upright=1.2|''Goethe na Itália''<small> por [[Johann Heinrich Wilhelm Tischbein]], no [[Städel]].</small>]] | ||
O romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o [[mecenas|mecenato]] aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários [[Classicismo|clássicos]] e, por isso, apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior. A história do romantismo literário é bastante controversa. | O romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o [[mecenas|mecenato]] aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários [[Classicismo|clássicos]] e, por isso, apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior. A história do romantismo literário é bastante controversa. | ||
Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "[[ | Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "[[Pré-Romantismo|pré-românticas]]" em sentido lato. Os autores ingleses mais conhecidos desse pré-romantismo "extra-oficial" são [[William Blake]] (cujo misticismo latente em ''The Marriage of Heaven and Hell'' - ''O Casamento do Céu e Inferno'', 1793 atravessará o romantismo até o [[simbolismo]]) e [[Edward Young]] (cujos ''Night Thoughts'' - ''Pensamentos Noturnos'', 1742, re-editados por Blake em 1795, influenciarão o [[ultrarromantismo]]), ao lado de [[James Thomson (poeta)|James Thomson]], [[William Cowper]] e [[Robert Burns]]. O romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de [[Samuel Taylor Coleridge|Coleridge]] e [[William Wordsworth|Wordsworth]] (''Lyrical Ballads'' - ''Baladas Líricas'', 1798), fundadores; [[Lord Byron]] (''Childe Harold's Pilgrimage'', ''Peregrinação de Childe Harold'', 1818), [[Percy Bysshe Shelley|Shelley]] (''Hymn to Intellectual Beauty'' - ''Hino à Beleza Intelectual'', 1817) e [[John Keats|Keats]] (''Endymion'', 1817), após o Romantismo de Jena. | ||
Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "pré-romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram os movimentos ''[[Empfindsamkeit]]'' ("Sentimentalismo") e ''[[Sturm und Drang]]'' ("Tempestade e Ímpeto"), donde surge então, mergulhado no sentimentalismo, o pré-romantismo "oficial", isto é, conforme as convenções historiográficas. [[Goethe]] (''Die Leiden des Jungen Werther'' - ''[[Os Sofrimentos do Jovem Werther]]'', 1774), [[Schiller]] (''An die Freude'' - "Ode à Alegria", 1785) e [[Johann Gottfried von Herder|Herder]] (''Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und die Lieder alter Völker'' - "Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povos antigos", 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como [[Friedrich Schlegel|Schegel]] e [[Novalis]], com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisa expressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o "romantismo de [[Jena]]", o único romantismo autêntico em nível internacional. | Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "pré-romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram os movimentos ''[[Empfindsamkeit]]'' ("Sentimentalismo") e ''[[Sturm und Drang]]'' ("Tempestade e Ímpeto"), donde surge então, mergulhado no sentimentalismo, o pré-romantismo "oficial", isto é, conforme as convenções historiográficas. [[Goethe]] (''Die Leiden des Jungen Werther'' - ''[[Os Sofrimentos do Jovem Werther]]'', 1774), [[Schiller]] (''An die Freude'' - "Ode à Alegria", 1785) e [[Johann Gottfried von Herder|Herder]] (''Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und die Lieder alter Völker'' - "Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povos antigos", 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como [[Friedrich Schlegel|Schegel]] e [[Novalis]], com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisa expressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o "romantismo de [[Jena]]", o único romantismo autêntico em nível internacional. | ||
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Os aspectos fundamentais da temática romântica são o [[historicismo]] e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de [[Walter Scott]] (Inglaterra), [[Vitor Hugo]] (França), [[Almeida Garrett]] (Portugal), [[José de Alencar]] (Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento histórico que atravessava-se àquela altura, como no caso de [[Balzac]] ou [[Stendhal]] (ambos franceses). | Os aspectos fundamentais da temática romântica são o [[historicismo]] e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de [[Walter Scott]] (Inglaterra), [[Vitor Hugo]] (França), [[Almeida Garrett]] (Portugal), [[José de Alencar]] (Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento histórico que atravessava-se àquela altura, como no caso de [[Balzac]] ou [[Stendhal]] (ambos franceses). | ||
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo ([[Mal do século]]). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de ultrarromânticos. Esses escritores como | A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo ([[Mal do século]]). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de ultrarromânticos. Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e [[Álvares de Azevedo]] beberam do ''Sturm und Drang'' alemão, perpetuando as fontes sentimentais. | ||
O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o romantismo nos mostra como bases de vida o amor e a liberdade. | O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o romantismo nos mostra como bases de vida o amor e a liberdade. | ||
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As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com [[Ludwig van Beethoven|Beethoven]]. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a ''Sonata Patética''. | As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com [[Ludwig van Beethoven|Beethoven]]. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a ''Sonata Patética''. | ||
Outros compositores como [[Chopin]], [[ | Outros compositores como [[Chopin]], [[Piotr Ilitch Tchaikovski|Tchaikovski]], [[Felix Mendelssohn]], [[Liszt]], [[Grieg]] e [[Brahms]] levaram ainda mais adiante o ideal romântico de Beethoven, deixando o rigor formal do [[classicismo]] para escreverem músicas mais de acordo com suas emoções. | ||
Na [[ópera]], os compositores mais notáveis foram [[Verdi]] e [[Wagner]]. O primeiro procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico | Na [[ópera]], os compositores mais notáveis foram [[Verdi]] e [[Wagner]]. O primeiro procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico — entre as quais as óperas ''[[Nabucco]]'', ''[[Les vêpres siciliennes]]'', ''[[I Lombardi nella Prima Crociata]]'' — embora tenha escrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como ''[[La Traviata]]''; O segundo enfocava histórias mitológicas germânicas, caso da tetralogia do ''[[Anel do Nibelungo]]'' e outras óperas como ''[[Tristão e Isolda]]'' e ''[[O Holandês Voador]]'', ou sagas medievais como ''[[Tannhäuser und der Sängerkrieg aus Wartburg|Tannhäuser]]'', ''[[Lohengrin (ópera)|Lohengrin]]'' e ''[[Parsifal]]''. Mais tarde na [[Itália]] o romantismo na ópera se desenvolveu ainda mais com [[Puccini]]. | ||
== Romantismo em Portugal == | == Romantismo em Portugal == | ||
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Teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a [[Questão Coimbrã]]. | Teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a [[Questão Coimbrã]]. | ||
A primeira geração do romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais autores são [[Almeida Garrett]], [[Alexandre Herculano]], [[Antônio Feliciano de Castilho]]. A segunda geração, ultra-romântica, de 1840 a 1860 e tem como principais autores, [[Camilo Castelo Branco]] e [[Soares de Passos]]. A terceira geração, pré-realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais autores [[Júlio Dinis]] e [[João de Deus]]. | A primeira geração do romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais autores são [[Almeida Garrett]], [[Alexandre Herculano]], [[Antônio Feliciano de Castilho]]. A segunda geração, ultra-romântica, de 1840 a 1860 e tem como principais autores, [[Camilo Castelo Branco]] e [[Soares de Passos]]. A terceira geração, pré-realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais autores [[Júlio Dinis]] e [[João de Deus de Nogueira Ramos|João de Deus]]. | ||
== Romantismo no Brasil == | == Romantismo no Brasil == | ||
{{Artigo principal|[[Romantismo no Brasil]]}} | {{Artigo principal|[[Romantismo no Brasil]]}} | ||
De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas. | De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas. | ||
No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos. | No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos. | ||
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Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida. | Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida. | ||
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de ''geração indianista''. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar [[Gonçalves de Magalhães]], [[Gonçalves Dias]] e [[Araújo Porto Alegre]]. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do romantismo no Brasil. Obras: [[Suspiros Poéticos e Saudades]]. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: | A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de ''geração indianista''. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar [[Gonçalves de Magalhães]], [[Gonçalves Dias]] e [[Araújo Porto Alegre]]. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do romantismo no Brasil. Obras: ''[[Suspiros Poéticos e Saudades]]''. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: ''[[Canção do exílio]]'' e ''[[I-Juca-Pirama]]''. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a ''Revista Niterói-Brasiliense''. | ||
Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo. | Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo. | ||
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A segunda geração, também conhecida como ''Byroniana'' e ''Ultrarromantismo'', recebeu a denominação de [[mal do século]] pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão. | A segunda geração, também conhecida como ''Byroniana'' e ''Ultrarromantismo'', recebeu a denominação de [[mal do século]] pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão. | ||
Entre seus principais autores estão [[Álvares de Azevedo]], [[Casimiro de Abreu]], [[Fagundes Varela]], [[Junqueira Freire]] e [[Pedro de Calasans]]. Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX. | Entre seus principais autores estão [[Álvares de Azevedo]], [[Casimiro de Abreu]], [[Fagundes Varela]], [[Junqueira Freire]] e [[Pedro de Calasans]]. Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: ''Pálida à Luz'', ''Soneto'', ''Lembranças de Morrer'', ''Noite na Taverna''. Casimiro de Abreu escreveu ''As Primaveras'', ''Poesia e amor'', etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX. | ||
Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade. | Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) — em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade. | ||
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração [[Condoreirismo|Condoreira]], simbolizada pelo [[condor]], uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou hugoniana, referente ao escritor francês [[Victor Hugo]], grande pensador do social e influenciador dessa geração. | Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração [[Condoreirismo|Condoreira]], simbolizada pelo [[condor]], uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou hugoniana, referente ao escritor francês [[Victor Hugo]], grande pensador do social e influenciador dessa geração. | ||
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As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada. | As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada. | ||
Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos | Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos — indianista, urbano ou regional — que aconteceram todos simultaneamente. | ||
No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de [[Memórias Póstumas de Brás Cubas]], por [[Machado de Assis]], em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista. | No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de ''[[Memórias Póstumas de Brás Cubas]]'', por [[Machado de Assis]], em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista. | ||
=== Principais escritores românticos brasileiros === | === Principais escritores românticos brasileiros === | ||
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* [[Álvares de Azevedo]]: o maior romântico da Segunda Geração Romântica; autor de "[[Lira dos Vinte Anos]]"', "[[Noite na Taverna]]" e "[[Macário (livro)|Macário]]". | * [[Álvares de Azevedo]]: o maior romântico da Segunda Geração Romântica; autor de "[[Lira dos Vinte Anos]]"', "[[Noite na Taverna]]" e "[[Macário (livro)|Macário]]". | ||
* [[Castro Alves]]: grande representante da Geração Condoeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas como "[[O Navio Negreiro]]". | * [[Castro Alves]]: grande representante da Geração Condoeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas como "[[O Navio Negreiro]]". | ||
* [[Joaquim Manuel de Macedo]], romancista urbano escreveu "[[A Moreninha]]" e também | * [[Joaquim Manuel de Macedo]], romancista urbano escreveu "[[A Moreninha]]" e também "[[O Moço Loiro]]". | ||
* [[José de Alencar]], principal romancista romântico. Romances urbanos: "[[Lucíola]]"; "[[A Viuvinha]]"; "[[Cinco Minutos]]"; "[[Senhora (livro)|Senhora]]". Romances regionalistas: "[[O Gaúcho]]", "[[O Sertanejo]]", "[[O Tronco do Ipê]]". Romances históricos: "[[A Guerra dos Mascates]]"; "[[As Minas de Prata]]". Romances indianistas: "[[O Guarani]]", "[[Iracema]]" e o "[[Ubirajara (livro)|Ubirajara]]". | * [[José de Alencar]], principal romancista romântico. Romances urbanos: "[[Lucíola]]"; "[[A Viuvinha]]"; "[[Cinco Minutos]]"; "[[Senhora (livro)|Senhora]]". Romances regionalistas: "[[O Gaúcho]]", "[[O Sertanejo]]", "[[O Tronco do Ipê]]". Romances históricos: "[[A Guerra dos Mascates]]"; "[[As Minas de Prata]]". Romances indianistas: "[[O Guarani]]", "[[Iracema]]" e o "[[Ubirajara (livro)|Ubirajara]]". | ||
* [[Manuel Antônio de Almeida]]: romancista urbano, precursor do [[realismo]]. Obras: "[[Memórias de um Sargento de Milícias]]". | * [[Manuel Antônio de Almeida]]: romancista urbano, precursor do [[realismo]]. Obras: "[[Memórias de um Sargento de Milícias]]". | ||
* [[Bernardo Guimarães]]: considerado fundador do ''regionalismo''. Obras: "[[A Escrava Isaura]]"; "[[O Seminarista]]" | * [[Bernardo Guimarães]]: considerado fundador do ''regionalismo''. Obras: "[[A Escrava Isaura]]"; "[[O Seminarista]]" | ||
* [[Franklin Távora]]: regionalista. Obra mais importante: "[[O Cabeleira]]". | * [[Franklin Távora]]: regionalista. Obra mais importante: "[[O Cabeleira]]". | ||
* [[Visconde de Taunay]]: regionalista. Obra mais importante: "[[Inocência (livro)|Inocência]]". | * [[Visconde de Taunay]]: regionalista. Obra mais importante: "[[Inocência (livro)|Inocência]]". | ||
* [[Machado de Assis]]: estilo único, dotado de fase romântica e realista. Em sua fase romântica destacam-se "[[A Mão e a Luva]]" e "[[Helena (livro)|Helena]]". Ainda em tal fase, realizava análise psicológica e | * [[Machado de Assis]]: estilo único, dotado de fase romântica e realista. Em sua fase romântica destacam-se "[[A Mão e a Luva]]" e "[[Helena (livro)|Helena]]". Ainda em tal fase, realizava análise psicológica e crítica social, mostrando-se atípico dentre os demais românticos. | ||
=== Demais artes === | === Demais artes === | ||
Apesar da produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país neste período um grande incentivo ao [[academicismo]] e ao [[neoclassicismo]]. O neoclássico foi o estilo oficial do [[Império do Brasil]] recém-proclamado e o grande centro das artes no país é a [[Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro|Escola Imperial de Belas Artes]] do [[Rio de Janeiro]], lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da [[Missão francesa]] trazida pelo príncipe-regente [[João VI de Portugal|D. João VI]]. Principais características: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade. | Apesar da produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país neste período um grande incentivo ao [[academicismo]] e ao [[neoclassicismo]]. O neoclássico foi o estilo oficial do [[Império do Brasil]] recém-proclamado e o grande centro das artes no país é a [[Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro|Escola Imperial de Belas Artes]] do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da [[Missão francesa]] trazida pelo príncipe-regente [[João VI de Portugal|D. João VI]]. Principais características: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade. | ||
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Edição atual tal como às 01h16min de 12 de agosto de 2022
O romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que durou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo[1] e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os Estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o romantismo toma mais tarde a forma de um movimento, e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético, ou seja, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
O romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das lendas nacionais.[2]
Contexto histórico
O culto à natureza e à imaginação já havia começado com os escoceses no século XIII, quando surgiram as primeiras histórias de cavaleiros e donzelas, em verso. Nessa época, as narrativas eram chamadas de romance, palavra que deriva do advérbio latino romanice,[nota 1] que significa "na língua de Roma".[3]
Algumas características típicas do romantismo já podem ser rastreadas nas obras de Isabella di Morra, que se separou da poesia amorosa petrarquista do século XVI, afligida pela solidão a que foi forçada e que a acompanhará até sua morte trágica.[4]
A origem do que viria a ser conhecido como "romantismo", no entanto, fora plantada no século XVII, quando o "espírito clássico" começaria a ser contestado na Grã-Bretanha.[nota 2]
O romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam sistemas de governo despóticos e surgia o liberalismo político (não confundir com o liberalismo econômico do século XX). No campo social imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras. A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico antes de seu nascimento de fato, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e na Inglaterra. Na Alemanha, o romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na unificação germânica com o movimento Sturm und Drang.
O romantismo viria a se manifestar de forma bastante variada nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a música (embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do que em outras artes). À medida que a escola foi sendo explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que daria forma ao realismo.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822, com o Primeiro reinado, com a Guerra do Paraguai e com a campanha abolicionista.
Características
Segundo Jacques Barzun, existiram três gerações de artistas românticos. A primeira emergiu entre 1790-1800, a segunda na década de 1820, e a terceira mais tarde nesse mesmo século.[5]
- 1.ª geração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da coletânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
- 2.ª geração — Posteriormente também seriam notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
- 3.ª geração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irônica (vide Eça de Queirós), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.
Individualismo
Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções e sentimentos.
Subjetivismo
O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um indivíduo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas sensações captam. Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
Idealização
Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é vista como uma virgem frágil, o índio é visto como herói nacional e a noção de pátria também é idealizada.
Sentimentalismo exacerbado
Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado. Emoção acima de tudo.
Egocentrismo
Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.
Natureza interagindo com o eu lírico
A natureza, no romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo, que a natureza é mera paisagem. No romantismo, a natureza interage com o eu-lírico. A natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.
Grotesco e sublime
Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo, que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.
Medievalismo
Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas passam-se em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.
Indianismo
É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade europeia.
Byronismo
Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, um poeta inglês. Estilo de vida boémio, voltado para vícios, bebida, fumo, podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia.
Romantismo nas belas artes
Segundo Giulio Carlo Argan na sua obra Arte moderna, o romantismo e o neoclassicismo são simplesmente duas faces de uma mesma moeda. Enquanto o neoclássico busca um ideal sublime, objetivando o mundo, o romântico faz o mesmo, embora tenda a subjetivar o mundo exterior. Os dois movimentos estão interligados, portanto, pela idealização da realidade (mesmo que com resultados diversos).
As primeiras manifestações românticas na pintura ocorreram quando Francisco Goya passou a pintar depois de começar a perder a audição. Um quadro de temática neoclássica como Saturno Devorando um Filho, por exemplo, apresenta uma série de emoções para o espectador que o fazem se sentir inseguro e angustiado. Goya cria um jogo de luz-e-sombra, linhas de composição diagonais e pinceladas "grosseiras" de forma a acentuar a situação dramática representada. Apesar de Goya ter sido um acadêmico, o romantismo somente chegaria à Academia mais tarde.
O francês Eugène Delacroix é considerado um pintor romântico por excelência. Sua tela A Liberdade Guiando o Povo reúne o vigor e o ideal românticos em uma obra que estrutura-se em um turbilhão de formas. O tema são os revolucionários de 1830 guiados pelo espírito da Liberdade (retratados aqui por uma mulher carregando a bandeira da França). O artista coloca-se metaforicamente como um revolucionário ao se retratar em um personagem da turba, apesar de olhar com uma certa reserva para os acontecimentos (refletindo a influência burguesa no romantismo). Esta é provavelmente a obra romântica mais conhecida.
A busca pelo exótico, pelo inóspito e pelo selvagem formaria outra característica fundamental do romantismo. Exaltavam-se as sensações extremas, os paraísos artificiais, a natureza em seu aspecto mais bruto. Lançar-se em "aventuras" ao embarcar em navios com destino aos polos, por exemplo, tornou-se uma forma de inspiração para alguns artistas. O pintor inglês William Turner refletiu este espírito em obras como Mar em tempestade onde o retrato de um fenômeno da Natureza é usado como forma de atingir os sentimentos supracitados.
Géricault é outro dos grandes nomes do romantismo na pintura.[6] A sua obra A Jangada da Medusa, pintada por volta de 1819, com a mistura entre os elementos barrocos, o naturalismo e o dramatismo pessoal das personagens, é uma das mais célebres pinturas do movimento romântico.[7]
Romantismo na literatura
O romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o mecenato aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público leitor. Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam ligados aos valores literários clássicos e, por isso, apreciariam mais a emoção do que a sutileza das formas do período anterior. A história do romantismo literário é bastante controversa.
Em primeiro lugar, as manifestações em poesia e prosa popular na Inglaterra são os primeiros antecedentes, embora sejam consideradas "pré-românticas" em sentido lato. Os autores ingleses mais conhecidos desse pré-romantismo "extra-oficial" são William Blake (cujo misticismo latente em The Marriage of Heaven and Hell - O Casamento do Céu e Inferno, 1793 atravessará o romantismo até o simbolismo) e Edward Young (cujos Night Thoughts - Pensamentos Noturnos, 1742, re-editados por Blake em 1795, influenciarão o ultrarromantismo), ao lado de James Thomson, William Cowper e Robert Burns. O romantismo "oficial" é reconhecido nas figuras de Coleridge e Wordsworth (Lyrical Ballads - Baladas Líricas, 1798), fundadores; Lord Byron (Childe Harold's Pilgrimage, Peregrinação de Childe Harold, 1818), Shelley (Hymn to Intellectual Beauty - Hino à Beleza Intelectual, 1817) e Keats (Endymion, 1817), após o Romantismo de Jena.
Em segundo lugar, os alemães procuraram renovar sua literatura através do retorno à natureza e à essência humana, com assídua recorrência ao "pré-romantismo extra-oficial" da Inglaterra. Esses escritores alemães formaram os movimentos Empfindsamkeit ("Sentimentalismo") e Sturm und Drang ("Tempestade e Ímpeto"), donde surge então, mergulhado no sentimentalismo, o pré-romantismo "oficial", isto é, conforme as convenções historiográficas. Goethe (Die Leiden des Jungen Werther - Os Sofrimentos do Jovem Werther, 1774), Schiller (An die Freude - "Ode à Alegria", 1785) e Herder (Auszug aus einem Briefwechsel über Ossian und die Lieder alter Völker - "Extrato da correspondência sobre Ossian e as canções dos povos antigos", 1773) formam a Tríade. Alguns jovens alemães, como Schegel e Novalis, com novos ideais artísticos, afirmam que a literatura, enquanto arte literária, precisa expressar não só o sentimento como também o pensamento, fundidos na ironia e na auto-reflexão. Era o "romantismo de Jena", o único romantismo autêntico em nível internacional.
Em terceiro lugar, a difusão europeia do romantismo tomou como românticas as formas pré-românticas da Inglaterra e da Alemanha, privilegiando, portanto, apenas o sentimentalismo em detrimento da complicada reflexão do romantismo de Jena. Por isso, mundialmente, o romantismo é uma extensão do pré-romantismo. Assim, na França, destacam-se Stendhal, Hugo e Musset; na Itália Leopardi e Alessandro Manzoni; em Portugal Garrett e Herculano; na Espanha Espronceda e Zorilla.
Tendo o liberalismo como referência ideológica, o romantismo renega as formas rígidas da literatura, como versos de métrica exata. O romance se torna o gênero narrativo preferencial, em oposição à epopeia. É a superação da retórica, tão valorizada pelos clássicos.
Os aspectos fundamentais da temática romântica são o historicismo e o individualismo. O historicismo está representado nas obras de Walter Scott (Inglaterra), Vitor Hugo (França), Almeida Garrett (Portugal), José de Alencar (Brasil), entre tantos outros. São resgates históricos apaixonados e saudosos ou observações sobre o momento histórico que atravessava-se àquela altura, como no caso de Balzac ou Stendhal (ambos franceses).
A outra vertente, focada no individualismo, traz consigo o culto do egocentrismo, vazado de melancolia e pessimismo (Mal do século). Pelo apego ao intimismo e a valores extremados, foram chamados de ultrarromânticos. Esses escritores como Byron, Alfred de Musset e Álvares de Azevedo beberam do Sturm und Drang alemão, perpetuando as fontes sentimentais.
O romantismo é um movimento que vai contra o avanço da modernidade em termos da intensa racionalização e mecanização. É uma crítica à perda das perspectivas que fogem àquelas correlacionadas à razão. Por parte o romantismo nos mostra como bases de vida o amor e a liberdade.
Romantismo na música
As primeiras evidências do romantismo na música aparecem com Beethoven. Suas sinfonias, a partir da terceira, revelam uma música com temática profundamente pessoal e interiorizada, assim como algumas de suas sonatas para piano também, entre as quais é possível citar a Sonata Patética.
Outros compositores como Chopin, Tchaikovski, Felix Mendelssohn, Liszt, Grieg e Brahms levaram ainda mais adiante o ideal romântico de Beethoven, deixando o rigor formal do classicismo para escreverem músicas mais de acordo com suas emoções.
Na ópera, os compositores mais notáveis foram Verdi e Wagner. O primeiro procurou escrever óperas, em sua maioria, com conteúdo épico ou patriótico — entre as quais as óperas Nabucco, Les vêpres siciliennes, I Lombardi nella Prima Crociata — embora tenha escrito também algumas óperas baseadas em histórias de amor como La Traviata; O segundo enfocava histórias mitológicas germânicas, caso da tetralogia do Anel do Nibelungo e outras óperas como Tristão e Isolda e O Holandês Voador, ou sagas medievais como Tannhäuser, Lohengrin e Parsifal. Mais tarde na Itália o romantismo na ópera se desenvolveu ainda mais com Puccini.
Romantismo em Portugal
Teve como marco inicial a publicação do poema "Camões", de Almeida Garrett, em 1825, e durou cerca de 40 anos terminando por volta de 1865 com a Questão Coimbrã.
A primeira geração do romantismo em Portugal vai de 1825 a 1840. Seus principais autores são Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Antônio Feliciano de Castilho. A segunda geração, ultra-romântica, de 1840 a 1860 e tem como principais autores, Camilo Castelo Branco e Soares de Passos. A terceira geração, pré-realista, de 1860 a 1870, aproximadamente, teve como principais autores Júlio Dinis e João de Deus.
Romantismo no Brasil
De acordo com o tema principal, os romances no Brasil podem ser classificados como indianistas, urbanos ou históricos e regionalistas.
No romance indianista, o índio era o foco da literatura, pois era considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, e era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. Junto com tudo isso, o indianismo expressava os costumes e a linguagem indígenas, cujo retrato fez de certos romances excelentes documentos históricos.
Os romances urbanos tratam da vida na capital e relatam as particularidades da vida cotidiana da burguesia, cujos membros se identificavam com os personagens. Os romances faziam sempre uma crítica à sociedade através de situações corriqueiras, como o casamento por interesse ou a ascensão social a qualquer preço.
Por fim, o romance regionalista propunha uma construção de texto que valorizasse as diferenças étnicas, linguísticas, sociais e culturais que afastavam o povo brasileiro da Europa, e caracterizava-os como uma nação. Os romances regionalistas criavam um vasto panorama do Brasil, representando a forma de vida e individualidade da população de cada parte do país. A preferência dos autores era por regiões afastadas de centros urbanos, pois estes estavam sempre em contato com a Europa, além de o espaço físico afetar suas condições de vida.
A primeira geração (nacionalista–indianista) era voltada para a natureza, o regresso ao passado histórico e ao medievalismo. Cria um herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação de geração indianista. O sentimentalismo e a religiosidade são outras características presentes. Entre os principais autores podemos destacar Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Gonçalves de Magalhães foi o introdutor do romantismo no Brasil. Obras: Suspiros Poéticos e Saudades. Gonçalves Dias foi o mais significativo poeta romântico brasileiro. Obras: Canção do exílio e I-Juca-Pirama. Araújo Porto Alegre fundou com os outros dois a Revista Niterói-Brasiliense.
Entre as principais características da primeira geração romântica no Brasil estão: o nacionalismo ufanista, o indianismo, o subjetivismo, a religiosidade, o brasileirismo (linguagem), a evasão do tempo e espaço, o egocentrismo, o individualismo, o sofrimento amoroso, a exaltação da liberdade, a expressão de estados de alma, emoções e sentimentalismo.
A segunda geração, também conhecida como Byroniana e Ultrarromantismo, recebeu a denominação de mal do século pela sua característica de abordar temas obscuros como a morte, amores impossíveis e a escuridão.
Entre seus principais autores estão Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Junqueira Freire e Pedro de Calasans. Álvares de Azevedo fazia parte da sociedade epicuréia destinada a repetir no Brasil a existência boêmia de Byron. Obras: Pálida à Luz, Soneto, Lembranças de Morrer, Noite na Taverna. Casimiro de Abreu escreveu As Primaveras, Poesia e amor, etc. Fagundes Varela, embora byroniano, já tinha em sua poesia algumas características da terceira geração do romantismo. Junqueira Freire, com estilo dividido entre a homossexualidade e a heterossexualidade, demonstrava as idiossincrasias da religião católica do século XIX.
Já as principais características da segunda geração foram o profundo subjetivismo, o egocentrismo, o individualismo, a evasão na morte, o saudosismo (lamentação) — em Casimiro de Abreu, por exemplo, o pessimismo, o sentimento de angústia, o sofrimento amoroso, o desespero, o satanismo e a fuga da realidade.
Por fim há a terceira geração, conhecida também como geração Condoreira, simbolizada pelo condor, uma ave que costuma construir seu ninho em lugares muito altos e tem visão ampla sobre todas as coisas, ou hugoniana, referente ao escritor francês Victor Hugo, grande pensador do social e influenciador dessa geração.
Os destaques desta geração foram Castro Alves, Sousândrade e Tobias Barreto. Castro Alves, denominado "Poeta dos Escravos", o mais expressivo representante dessa geração com obras como "Espumas Flutuantes" e "Navio Negreiro". Sousândrade não foi um poeta muito influente, mas tem uma pequena importância pelo descritivismo de suas obras. Tobias Barreto é famoso pelos seus poemas românticos.
As principais características são o erotismo, a mulher vista com virtudes e pecados, o abolicionismo, a visão ampla e conhecimento sobre todas as coisas, a realidade social e a negação do amor platônico, com a mulher podendo ser tocada e amada.
Essas três gerações citadas acima apenas se aplicam para a poesia romântica, pois a prosa no Brasil não foi marcada por gerações, e sim por estilos de textos — indianista, urbano ou regional — que aconteceram todos simultaneamente.
No país, entretanto, o romantismo perdurará até à década de 1880. Com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, por Machado de Assis, em 1881, ocorre formalmente a passagem para o período realista.
Principais escritores românticos brasileiros
- Gonçalves Dias: principal poeta romântico e uns dos melhores da língua portuguesa, nacionalista, autor da famosa "Canção do Exílio", da nem tão famosa "I-Juca-Pirama" e de muitos outros poemas.
- Álvares de Azevedo: o maior romântico da Segunda Geração Romântica; autor de "Lira dos Vinte Anos"', "Noite na Taverna" e "Macário".
- Castro Alves: grande representante da Geração Condoeira, escreveu, principalmente, poesias abolicionistas como "O Navio Negreiro".
- Joaquim Manuel de Macedo, romancista urbano escreveu "A Moreninha" e também "O Moço Loiro".
- José de Alencar, principal romancista romântico. Romances urbanos: "Lucíola"; "A Viuvinha"; "Cinco Minutos"; "Senhora". Romances regionalistas: "O Gaúcho", "O Sertanejo", "O Tronco do Ipê". Romances históricos: "A Guerra dos Mascates"; "As Minas de Prata". Romances indianistas: "O Guarani", "Iracema" e o "Ubirajara".
- Manuel Antônio de Almeida: romancista urbano, precursor do realismo. Obras: "Memórias de um Sargento de Milícias".
- Bernardo Guimarães: considerado fundador do regionalismo. Obras: "A Escrava Isaura"; "O Seminarista"
- Franklin Távora: regionalista. Obra mais importante: "O Cabeleira".
- Visconde de Taunay: regionalista. Obra mais importante: "Inocência".
- Machado de Assis: estilo único, dotado de fase romântica e realista. Em sua fase romântica destacam-se "A Mão e a Luva" e "Helena". Ainda em tal fase, realizava análise psicológica e crítica social, mostrando-se atípico dentre os demais românticos.
Demais artes
Apesar da produção literária ser predominantemente romântica, vive-se no país neste período um grande incentivo ao academicismo e ao neoclassicismo. O neoclássico foi o estilo oficial do Império do Brasil recém-proclamado e o grande centro das artes no país é a Escola Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, lar do neoclassicismo no Brasil, sob influência direta da Missão francesa trazida pelo príncipe-regente D. João VI. Principais características: subjetivismo, evasão, erotismo, senso de mistério e religiosidade.
Ver também
- Lista de artistas do Romantismo
- Empfindsamkeit
- Romantismo sombrio
- Templo de Valhala
- Fritz Stern
- Realismo
- Culto de qing
- Orientação romântica
Referências
- ↑ "O Iluminismo frente ao Romantismo no marco da subjetividade moderna" Arquivado em 21 de julho de 2011, no Wayback Machine. de G. Mayos (traduzido por Karine Salgado).
- ↑ Livro Anglo Vestibulares; Português 2: Literatura I; Ano 2001
- ↑ Moisés, Massaud. História da literatura brasileira. Das origens ao romantismo. Volume I, pg. 317. Editora Cultrix (2001).
- ↑ Paul F. Grendler, Renaissance Society of America, Encyclopedia of the Renaissance: Machiavelli-Petrarchism Scribner, 1999, p.193
- ↑ Barzun, Jacques (2001). From Dawn to Decadence: 500 Years of Western Cultural Life, 1500 to the Present. EUA: Harper Perennial. 469 páginas
- ↑ «Como Tudo Funciona». Consultado em 24 de julho de 2014. Arquivado do original em 28 de julho de 2014
- ↑ Infopedia
Bibliografia
- Manual de Literatura Brasileira (Sergius Gonzaga, Mercado Aberto, cap. III, págs. 37-82, 1985, Porto Alegre)
- William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar.Português: Linguagens,São Paulo, Atual Editora, 2003, cap. XVI.
Ligações externas
- «Enciclopédia Universal» (em português)
- «Literatura romântica portuguesa» (em português)
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