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História do Paraguai: mudanças entre as edições

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{{Cultura do Paraguai}}
A '''história do [[Paraguai]]''' se estende desde as primeiras ocupações humanos até os dias atuais. Geralmente é dividida em três períodos: Pré-colombiano, colonial e republicano.
A '''história do [[Paraguai]]''' se estende desde as primeiras ocupações humanos até os dias atuais. Geralmente é dividida em três períodos: Pré-colombiano, colonial e republicano.


== Era pré-colombiana (?-1520) ==
== Era pré-colombiana (?-1520) ==
[[Ficheiro:Tupian_languages.png|miniaturadaimagem|Mapa da expansão guarani na América do Sul no [[século XVI]].]]
[[Ficheiro:Tupian_languages.png|miniaturadaimagem|Mapa da expansão guarani na América do Sul no [[século XVI]].|356x356px]]
{{Artigo principal|Pré-história do Paraguai}}
{{Artigo principal|Pré-história do Paraguai}}
Antes da chegada de colonos espanhóis nos rios [[Rio Paraguai|Paraguai]] e [[Rio Paraná|Paraná]], o atual território do Paraguai era habitado único e exclusivamente por indígenas de diversas etnias. Estas etnias podem ser classificadas em três grupos: os [[pampídeos]], os [[Macro-jê|jês]] e os [[Línguas tupi-guaranis|amazônicos]].<ref>{{Citar web|titulo=La nación Paî tavyterâ y el cerro Jasuka Venda o cerro guasu, en el Amambay - Cultural - ABC Color|url=https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/cultural/la-nacion-pa-tavyter-y-el-cerro-jasuka-venda-o-cerro-guasu-en-el-amambay-56118.html|lingua=es}}</ref> Ainda não se sabe qual destes grupos chegou primeiro ao território. Em termos linguísticos, também se pode dividir os nativos em três grupos: os povos [[Mascoyan]], os [[Mataco-Guaicurú]] e os [[Línguas tupi-guaranis|Tupí-guarani]].<ref>{{Citar web|titulo=South American languages {{!}} Mapa, Geografia, História do brasil|url=https://www.pinterest.com/pin/308848486930459566/|lingua=pt}}</ref>
Antes da chegada de colonos espanhóis nos rios [[Rio Paraguai|Paraguai]] e [[Rio Paraná|Paraná]], o atual território do Paraguai era habitado único e exclusivamente por indígenas, de diversas etnias. Estas etnias podem ser classificadas em três grupos: os [[pampídeos]], os [[Macro-jê|jês]] e os [[Línguas tupi-guaranis|amazônicos]].<ref>{{Citar web|titulo=La nación Paî tavyterâ y el cerro Jasuka Venda o cerro guasu, en el Amambay|url=https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/cultural/la-nacion-pa-tavyter-y-el-cerro-jasuka-venda-o-cerro-guasu-en-el-amambay-56118.html|lingua=es|data=03-01-2010|acessodata=07-04-2020|publicado=ABC color|ultimo=Escobar|primeiro=Sofía}}</ref> Ainda não se sabe qual destes grupos chegou primeiro ao território. Em termos linguísticos, também se pode dividir os nativos em três grupos: os povos [[Mascoyan]], os [[Mataco-Guaicurú]] e os [[Línguas tupi-guaranis|Tupí-guarani]].<ref>{{Citar web|titulo=South American Languages|url=https://www.pinterest.com/pin/308848486930459566/|lingua=pt|data=|acessodata=07-04-2020|publicado=Pinterest|ultimo=Brito|primeiro=Milton}}</ref>


No [[século XV]] os [[guaranis]] avançaram a partir do norte em direção ao chaco e do leste em direção a área central do Paraguai.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Almeida|primeiro=Fernando|ultimo2=Neves|primeiro2=Eduardo Góes|ultimo3=Almeida|primeiro3=|ultimo4=|primeiro4=|data=2015|titulo=EVIDÊNCIAS ARQUEOLÓGICAS PARA A ORIGEM DOS TUPI-GUARANI NO LESTE DA AMAZÔNIA|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-93132015000300499&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Mana|lingua=es|volume=21|numero=3|paginas=499–525|doi=10.1590/0104-93132015v21n3p499|issn=0104-9313|acessodata=07/04/2020}}</ref> Este movimento se deu graças a superioridade numérica e posse de uma cultura material mais desenvolvida, onde praticavam o cultivo da [[mandioca]], [[milho]] e [[amendoim]]. A prática de uma [[agricultura]] de [[roça]] permitia que obtivessem excedentes necessários para manter uma população em contínuo crescimento demográfico, e que necessitava de novos territórios.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Perusset|primeiro=Macarena|ultimo2=Rosso|primeiro2=Cintia N.|data=2009|titulo=Guerra, canibalismo y venganza colonial: los casos mocoví y guaraní|url=http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1851-37512009000100003&lng=es&nrm=iso&tlng=es|jornal=Memoria americana|lingua=es|numero=17-1|paginas=61–81|issn=1851-3751|acessodata=07/04/2020}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Wayback Machine|url=https://web.archive.org/web/20100714112932/http://www.unicefninezindigena.org.ar/pdf/Legislacion/comprension_guarani.pdf|data=2010-07-14}}</ref>
No [[século XV]] os [[guaranis]] avançaram a partir do norte em direção ao chaco e do leste em direção a área central do Paraguai.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-93132015000300499&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|titulo=Evidências Arqueológicas Para a Origem do Tupi-Guarani no leste da  Amazônia|data=2015|acessodata=07-04-2020|publicado=Scielo|ultimo=Almeida|primeiro=Fernando|primeiro2=Eduardo|ultimo2=Neves}}</ref> Este movimento se deu graças a superioridade numérica e posse de uma cultura material mais desenvolvida, onde praticavam o cultivo da [[mandioca]], [[milho]] e [[amendoim]]. A prática de uma [[agricultura]] de [[roça]] permitia que obtivessem excedentes necessários para manter uma população em contínuo crescimento demográfico, e que necessitava de novos territórios.<ref>{{citar web|url=http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1851-37512009000100003&lng=es&nrm=iso&tlng=es|titulo=Guerra, canibalismo e vingança colonial: os casos Mocoví e Guaraní|data=2009|acessodata=07-04-2020|publicado=Scielo|ultimo=Perusset|primeiro=Macarena|primeiro2=Cintia|ultimo2=Rosso}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=La Compresión Guarani de la Vida Buena|url=https://web.archive.org/web/20100714112932/http://www.unicefninezindigena.org.ar/pdf/Legislacion/comprension_guarani.pdf|data=14-07-2010|acessodata=07-04-2020|publicado=FAM Bolívia|ultimo=Reko|primeiro=Ñande|arquivourl=|paginas=204|autor=|pagina=15-22|urlmorta=}}</ref>


Os guaranis encontraram na região grupos [[jê]]s, como os [[guayaki]], coletores e caçadores, e também os grupos do Pampa, como os [[paiaguás]]. O primeiro contato dos guaranis com os [[Europa|europeus]] foi com [[Aleixo Garcia]], explorador português que participou em várias expedições à [[América do Sul]] com a frota espanhola.<ref name=":0">{{Citar web|titulo=Jornalista resgata saga de Aleixo Garcia|url=https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/jornalista-resgata-saga-de-aleixo-garcia-97869.html|lingua=pt|primeiro=Folha de|ultimo=Londrina}}</ref>
Os guaranis encontraram na região grupos [[jê]]s, como os [[guayaki]], coletores e caçadores, e também os grupos do Pampa, como os [[paiaguás]]. O primeiro contato dos guaranis com os [[Europa|europeus]] foi com [[Aleixo Garcia]], explorador português que participou em várias expedições à [[América do Sul]] com a frota espanhola.<ref name=":0">{{Citar web|titulo=Jornalista resgata saga de Aleixo Garcia|url=https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/jornalista-resgata-saga-de-aleixo-garcia-97869.html|lingua=pt|primeiro=|ultimo=|data=16-09-1998|acessodata=07-04-2020|publicado=Folha de Londrina}}</ref>


Entre o final de 1524 e começo de 1525, Garcia chegou onde hoje fica [[Assunção]], treze anos antes de sua fundação. O grupo recrutou 2.000 guerreiros guaranis para invadir terras no [[Chaco paraguaio]], enfrentando as tribos locais, consideradas perigosas pelos exploradores. Marchando para o oeste, após ter cruzado o Rio Paraná, o grupo de García descobriu as [[Cataratas do Iguaçu]] (há uma versão que diz que o descobridor das Cataratas do Iguaçu foi [[Álvar Núñez Cabeza de Vaca]], sendo a mais aceita,<ref>{{Citar web|titulo=Cataratas do Iguaçu foram descobertas há 477 anos por Álvar Núnez|url=https://foz.portaldacidade.com/noticias/cidade/cataratas-do-iguacu-foram-descobertas-ha-477-anos-por-alvar-nunez|lingua=pt-BR|primeiro=Portal da|ultimo=Cidade}}</ref> porém há fontes que ainda creditam o português<ref>{{Citar web|titulo=Caminho do Peabiru: trilha histórica começa em Palhoça e segue até o Peru|url=https://www.nsctotal.com.br/noticias/caminho-do-peabiru-trilha-historica-comeca-em-palhoca-e-segue-ate-o-peru|lingua=pt-BR}}</ref>).<ref name=":0" /><ref name=":1">{{Citar web|titulo=Biografia de Alejo García|url=https://www.biografiasyvidas.com/biografia/g/garcia_alejo.htm}}</ref>
Entre o final de 1524 e começo de 1525, Garcia chegou onde hoje fica [[Assunção]], treze anos antes de sua fundação. O grupo recrutou 2 000 guerreiros guaranis para invadir terras no [[Chaco paraguaio]], enfrentando as tribos locais, consideradas perigosas pelos exploradores. Marchando para o oeste, após ter cruzado o Rio Paraná, o grupo de García descobriu as [[Cataratas do Iguaçu]] (há uma versão que diz que o descobridor das Cataratas do Iguaçu foi [[Álvar Núñez Cabeza de Vaca]], sendo a mais aceita,<ref>{{Citar web|titulo=Cataratas do Iguaçu foram descobertas há 477 anos por Álvar Núnez|url=https://foz.portaldacidade.com/noticias/cidade/cataratas-do-iguacu-foram-descobertas-ha-477-anos-por-alvar-nunez|lingua=pt|primeiro=|ultimo=|data=31-01-2019|acessodata=07-04-2020|publicado=Portal da Cidade-Foz do Iguaçu}}</ref> porém há fontes que ainda creditam o português<ref>{{Citar web|titulo=Caminho do Peabiru: trilha histórica começa em Palhoça e segue até o Peru|url=https://www.nsctotal.com.br/noticias/caminho-do-peabiru-trilha-historica-comeca-em-palhoca-e-segue-ate-o-peru|lingua=pt|data=24-04-2019|acessodata=07-04-2020|publicado=NSC total|ultimo=Bazzo|primeiro=Dayane}}</ref>).<ref name=":0" /><ref name=":1">{{Citar web|titulo=Biografia de Alejo García|url=https://www.biografiasyvidas.com/biografia/g/garcia_alejo.htm|data=2004|acessodata=07-04-2020|publicado=Biografías y Vidas|ultimo=Ruiza|primeiro=Fernández|lingua=es}}</ref>


Em 1533, Garcia subiu o [[rio Pilcomayo]], chegando às fronteiras do [[império inca]], zona da atual [[Cochabamba]], [[Bolívia]]. Existe o registro de uma batalha entre suas forças, juntos dos guaranis com as forças incas, oito anos antes de [[Francisco Pizarro]] conquistá-los.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> Os exploradores destruíam as aldeias que encontraram pelo caminho, antes que o exército de [[Huayna Capac]], então governante inca, reagisse. Quando voltava para o litoral Garcia foi assassinado às margens do rio Paraguai pelos paiaguás, perto da atual cidade de [[San Pedro del Ycuamandiyú]], mas a notícia da batalha com os incas chegou aos exploradores espanhóis e atraiu [[Sebastião Caboto]], filho do explorador genovês [[João Caboto]], ao Rio Paraguai, dois anos depois.<ref name=":1" />
Em 1533, Garcia subiu o [[rio Pilcomayo]], chegando às fronteiras do [[império inca]], zona da atual [[Cochabamba]], [[Bolívia]]. Existe o registro de uma batalha entre suas forças, juntos dos guaranis com as forças incas, oito anos antes de [[Francisco Pizarro]] conquistá-los.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> Os exploradores destruíam as aldeias que encontraram pelo caminho, antes que o exército de [[Huayna Capac]], então governante inca, reagisse. Quando voltava para o litoral Garcia foi assassinado às margens do rio Paraguai pelos paiaguás, perto da atual cidade de [[San Pedro del Ycuamandiyú]], mas a notícia da batalha com os incas chegou aos exploradores espanhóis e atraiu [[Sebastião Caboto]], filho do explorador genovês [[João Caboto]], ao Rio Paraguai, dois anos depois.<ref name=":1" />


== Período colonial (1520-1811) ==
== Período colonial (1520-1811) ==
{{Artigo principal|Governo do Rio da Prata e do Paraguay}}[[Ficheiro:Paraguay_-_O_Prov_de_Rio_de_la_Plata_-_cum_regionibus_adiacentibus_Tvcvman_et_Sta._Cruz_de_la_Sierra_-_ca_1600.jpg|alt=|miniaturadaimagem|253x253px|Mapa da Região do Prata no início do século XVII.]]O período colonial do Paraguai compreende do período descobrimento europeu do Paraguai nos anos 1520 até sua independência em 1811.<ref>{{Citar web|titulo=Paraguai - História do Paraguai|url=https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/historia-paraguai.htm|lingua=pt-br}}</ref> Os primeiros colonos [[Espanha|espanhóis]] chegaram ao Paraguai no início do [[século XVI]].<ref>{{citar web|url=http://www.portalguarani.com/obras_autores_detalles.php?id_obras=11925|titulo=La Colonización del Paraguay (1537 – 1680) |autor=PAOLI, Juan Bautista Rivarola|data=2010|publicado=Portal Guaraní|acessodata=[[11 de dezembro]] de [[2010]]}}</ref> A cidade de [[Assunção]], fundada em [[15 de agosto]] de [[1537]],<ref>{{citar web|url=http://www.paraguaymipais.com.ar/historia/2010/08/fundacion-de-asuncion/|titulo=Fundación de Asunción|autor=Redação|data=[[14 de agosto]] de [[2010]]|publicado=Paraguay Mi País|acessodata=[[11 de dezembro]] de [[2010]]}}</ref> logo se tornou o centro de uma província nas [[Império colonial espanhol|colônias espanholas na América do Sul]], conhecida como '''"Nueva Andalucia"'''.<ref>{{citar livro|url=http://www.historiadelderecho.uchile.cl/index.php/RCHD/article/viewFile/25004/26355|título=Las Capitulaciones Rioplatenses|ultimo=Zorraquín Becú|primeiro=Ricardo|editora=|ano=1989|local=|página=|páginas=90-92}}</ref>
{{Artigo principal|Governo do Rio da Prata e do Paraguay}}[[Ficheiro:Paraguay_-_O_Prov_de_Rio_de_la_Plata_-_cum_regionibus_adiacentibus_Tvcvman_et_Sta._Cruz_de_la_Sierra_-_ca_1600.jpg|alt=|miniaturadaimagem|261x261px|Mapa da Região do Prata no início do século XVII.]]O período colonial do Paraguai compreende do período descobrimento europeu do Paraguai nos anos 1520 até sua independência em 1811.<ref>{{Citar web|titulo=Paraguai - História do Paraguai|url=https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/historia-paraguai.htm|lingua=pt|data=|acessodata=08-04-2020|publicado=Brasil Escola|ultimo=Francisco|primeiro=Wagner de Ciqueira e}}</ref> Os primeiros colonos [[Espanha|espanhóis]] chegaram ao Paraguai no início do [[século XVI]].<ref>{{citar web|url=http://www.portalguarani.com/obras_autores_detalles.php?id_obras=11925|titulo=La Colonización del Paraguay (1537 – 1680) |autor=PAOLI, Juan Bautista Rivarola|data=2010|publicado=Portal Guaraní|acessodata=11 de dezembro de 2010}}</ref> A cidade de [[Assunção]], fundada em [[15 de agosto]] de [[1537]],<ref>{{citar web|url=http://www.paraguaymipais.com.ar/historia/2010/08/fundacion-de-asuncion/|titulo=Fundación de Asunción|autor=|data=2010|publicado=Paraguay Ñane Retã|acessodata=08-04-2020|ultimo=|primeiro=}}</ref> logo se tornou o centro de uma província nas [[Império colonial espanhol|colônias espanholas na América do Sul]], conhecida como '''"Nueva Andalucia"'''.<ref>{{citar livro|url=http://www.historiadelderecho.uchile.cl/index.php/RCHD/article/viewFile/25004/26355|título=Las Capitulaciones Rioplatenses|ultimo=Zorraquín Becú|primeiro=Ricardo|ano=1989|página=90-92|total-páginas=105}}</ref>


{{quote2|…o Paraguai não chegou a formar grandes latifúndios exportadores, em mãos de uma camada poderosa de proprietários rurais, como aconteceu em muitos países latino-americanos. (…) Os camponeses livres, na sua maioria mestiços, haviam sido, no início do século XVIII, os protagonistas das grandes rebeliões "comuneras" contra os jesuítas e as autoridades espanholas ligadas a eles."''<ref>MENDES JUNIOR, Antonio & MARANHÃO, Ricardo - '''República Velha'''; Coleção Brasil História, Texto & Consulta. São Paulo, Ed. Brasiliense, 3ª. Ed., 1983, p. 46</ref>}}
{{quote2|…o Paraguai não chegou a formar grandes latifúndios exportadores, em mãos de uma camada poderosa de proprietários rurais, como aconteceu em muitos países latino-americanos. (…) Os camponeses livres, na sua maioria mestiços, haviam sido, no início do século XVIII, os protagonistas das grandes rebeliões "comuneras" contra os jesuítas e as autoridades espanholas ligadas a eles."''<ref>MENDES JUNIOR, Antonio & MARANHÃO, Ricardo - '''República Velha'''; Coleção Brasil História, Texto & Consulta. São Paulo, Ed. Brasiliense, 3ª. Ed., 1983, p. 46</ref>}}


=== Primeiros exploradores ===
=== Primeiros exploradores ===
Antes da chegada dos [[Europa|europeus]], os territórios situados entre os rios [[rio Paraná|Paraná]] e [[rio Paraguai|Paraguai]] eram ocupados pelos [[guaranis]], que viviam da agricultura, da caça e da pesca.<ref name=":1" /> Acossados, no [[século XV]], por tribos da região do [[Grande Chaco]], os guaranis cruzaram o rio Paraguai e submeteram seus inimigos, levando o conflito aos limites meridionais do [[império Inca]]. Eram, assim, os aliados dos primeiros exploradores europeus que procuravam rotas mais curtas para as minas do [[Peru]].<ref>{{Citar web|titulo=02/03/2019 - Documentário sobre relação entre guaranis e incas estreia no Cinema do CIC|url=https://www.revistamuseu.com.br/site/br/o-escriba/6124-02-03-2019-documentario-sobre-relacao-entre-guaranis-e-incas-estreia-no-cinema-do-cic.html}}</ref>
Antes da chegada dos [[Europa|europeus]], os territórios situados entre os rios [[rio Paraná|Paraná]] e [[rio Paraguai|Paraguai]] eram ocupados pelos [[guaranis]], que viviam da agricultura, da caça e da pesca.<ref name=":1" /> Acossados, no [[século XV]], por tribos da região do [[Grande Chaco]], os guaranis cruzaram o rio Paraguai e submeteram seus inimigos, levando o conflito aos limites meridionais do [[império Inca]]. Eram, assim, os aliados dos primeiros exploradores europeus que procuravam rotas mais curtas para as minas do [[Peru]].<ref>{{Citar web|titulo=Documentário sobre relação entre guaranis e incas estreia no Cinema do CIC|url=https://www.revistamuseu.com.br/site/br/o-escriba/6124-02-03-2019-documentario-sobre-relacao-entre-guaranis-e-incas-estreia-no-cinema-do-cic.html|data=2019|acessodata=11-04-2020|publicado=Revista Museu|ultimo=|primeiro=}}</ref>


Aleixo Garcia, que partiu do litoral [[brasil]]eiro em 1524 e [[Sebastião Caboto]], que subiu o Paraná em [[1526]], foram os primeiros a atingir as terras interiores da [[bacia Platina]], hoje pertencentes ao Paraguai, mas coube a [[Domingos Martínez de Irala]] a fundação dos primeiros núcleos coloniais (1536-1556).<ref>{{Citar web|titulo=Conquista del Río de la Plata (II): Sebastián Caboto y el Adelantado Pedro de Mendoza|url=https://www.historiadelnuevomundo.com/index.php/2013/02/conquista-del-rio-de-la-plata-ii-sebastian-caboto-y-el-adelantado-pedro-de-mendoza/|data=2013-02-03|lingua=es-ES|ultimo=-}}</ref> [[Juan de Ayolas]], Juan de Salazar e [[Juan de Garay]] também realizaram penetrações na região.{{Sfn|Mitre|1903|p=24-31}} Irala fundou as primeiras colonias onde hoje é o Paraguai, que logo se transformou no centro da transformação espanhola na região sul-oriental da [[América do Sul]]. Sua política de colonização consistiu na delimitação das fronteiras com o Brasil através da construção de uma linha de fortes contra a expansão [[Portugal|portuguesa]], na fundação de vilas e na intensa miscigenação de [[espanhóis]] com guaranis, principal fator da formação da população do país.<ref>{{citar livro|título=LÍNGUA, NAÇÃO E NACIONALISMO|ultimo=Zuccolinno|primeiro=Carolina|editora=UNICAMP|ano=2001|local=Campinas|página=22-30|páginas=8}}</ref>
Aleixo Garcia, que partiu do litoral [[brasil]]eiro em 1524 e [[Sebastião Caboto]], que subiu o Paraná em [[1526]], foram os primeiros a atingir as terras interiores da [[bacia Platina]], hoje pertencentes ao Paraguai, mas coube a [[Domingos Martínez de Irala]] a fundação dos primeiros núcleos coloniais (1536-1556).<ref>{{Citar web|titulo=Conquista del Río de la Plata (II): Sebastián Caboto y el Adelantado Pedro de Mendoza|url=https://www.historiadelnuevomundo.com/index.php/2013/02/conquista-del-rio-de-la-plata-ii-sebastian-caboto-y-el-adelantado-pedro-de-mendoza/|data=2013|lingua=es|ultimo=|acessodata=11-04-2020|publicado=Historiadelnuevomundo|primeiro=}}</ref> [[Juan de Ayolas]], Juan de Salazar e [[Juan de Garay]] também realizaram penetrações na região.{{Sfn|Mitre||5=1903|p=24-31|pp=8}} Irala fundou as primeiras colonias onde hoje é o Paraguai, que logo se transformou no centro da transformação espanhola na região sul-oriental da [[América do Sul]]. Sua política de colonização consistiu na delimitação das fronteiras com o Brasil através da construção de uma linha de fortes contra a expansão [[Portugal|portuguesa]], na fundação de vilas e na intensa miscigenação de [[espanhóis]] com guaranis, principal fator da formação da população do país.<ref>{{citar livro|url=http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/270722/1/RodriguezZuccolillo_CarolinaMaria_D.pdf|título=LÍNGUA, NAÇÃO E NACIONALISMO|ultimo=Zuccolinno|primeiro=Carolina|editora=UNICAMP|ano=2001|local=Campinas|página=22-30|total-páginas=254}}</ref>


=== Século XVI ===
=== Século XVI ===
[[Ficheiro:Asunción - Ex Cabildo y Ministerio de Educación (Plaza Independencia)(2).JPG|thumb|Cabildo de [[Assunção]] (1537-1811).|alt=]]Os primeiros europeus, membros da expedição comandada por [[Juan de Salazar de Espinosa]] e [[Gonzalo de Mendoza]] e destinada a procurar Ayolas,<ref name=":2">{{Citar web|titulo=Conquista del Río de la Plata (III): La expedición de Juan de Ayolas y fundación de Asunción por Juan Salazar de Espinosa|url=https://www.historiadelnuevomundo.com/index.php/2013/03/conquista-del-rio-de-la-plata-iii-la-expedicion-de-juan-de-ayolas-y-fundacion-de-asuncion-por-juan-salazar-de-espinosa/|data=2013-03-12|lingua=es-ES|ultimo=-}}</ref> estabeleceram-se em um trecho da margem oriental do Rio Paraguai, após o fracasso da primeira fundação da cidade de [[Buenos Aires]] no começo do [[século XVI]]. Fundaram uma fortificação que se tornaria futuramente a cidade de [[Assunção]] no dia [[15 de agosto]] de [[1537]], dia de [[Nossa Senhora da Assunção|Nossa Senhora de Assunção]].<ref>{{Citar web|titulo=Assunção|url=https://www.portalsaofrancisco.com.br/turismo/assuncao|data=2016-06-09|lingua=pt-BR|ultimo=admin}}</ref> Seguiram rio acima e se encontraram com Irala, que tinha ordens de esperar a seu chefe Ayolas. Os três homens o procuraram, sem sucesso. Então, Salazar e Gonzalo de Mendoza desceram o rio de regresso ao recém-fundado [[Forte de Assunção]].<ref name=":2" />
[[Ficheiro:Asunción - Ex Cabildo y Ministerio de Educación (Plaza Independencia)(2).JPG|thumb|Cabildo de [[Assunção]] (1537-1811).|alt=|252x252px]]Os primeiros europeus, membros da expedição comandada por [[Juan de Salazar de Espinosa]] e [[Gonzalo de Mendoza]] e destinada a procurar Ayolas,<ref name=":2">{{Citar web|titulo=Conquista del Río de la Plata (III): La expedición de Juan de Ayolas y fundación de Asunción por Juan Salazar de Espinosa|url=https://www.historiadelnuevomundo.com/index.php/2013/03/conquista-del-rio-de-la-plata-iii-la-expedicion-de-juan-de-ayolas-y-fundacion-de-asuncion-por-juan-salazar-de-espinosa/|data=2013|lingua=es|ultimo=|acessodata=11-04-2020|publicado=historiadelnuevomundo|primeiro=}}</ref> estabeleceram-se em um trecho da margem oriental do Rio Paraguai, após o fracasso da primeira fundação da cidade de [[Buenos Aires]] no começo do [[século XVI]]. Fundaram uma fortificação que se tornaria a cidade de [[Assunção]] no dia [[15 de agosto]] de [[1537]], dia de [[Nossa Senhora da Assunção|Nossa Senhora de Assunção]].<ref>{{Citar web|titulo=Assunção|url=https://www.portalsaofrancisco.com.br/turismo/assuncao|data=2016|lingua=pt|ultimo=|acessodata=11-04-2020|publicado=Portal São Francisco|primeiro=}}</ref> Seguiram rio acima e se encontraram com Irala, que tinha ordens de esperar a seu chefe Ayolas. Os três homens o procuraram, sem sucesso. Então, Salazar e Gonzalo de Mendoza desceram o rio de regresso ao recém-fundado [[Forte de Assunção]].<ref name=":2" />


Em meados dos anos 1560, a população de Assunção já alcançava aproximadamente 1.500 pessoas, na sua maioria indígenas. Os embarques de prata que vinham do [[Peru]]<nowiki/>obrigatoriamente passavam por Assunção.<ref>{{citar livro|url=http://www.revistanavigator.com.br/navig4/art/N4_art6.pdf|título=Caminho da Prata de Potosí a Sevilha|ultimo=Deveza|primeiro=Felipe|editora=UFRJ|ano=2012|local=|página=81-82|páginas=2}}</ref> Esta se converteu na capital de uma província espanhola que abarcava uma porção que compreendia os territórios atuais do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia, tendo sido apelidada de "''Província Gigante de las Indias''".<ref>{{Citar periódico|ultimo=Domingo|primeiro=Paola|data=2012-09-13|titulo=De la « Provincia Gigante de Indias » à la « Tierra en Medio de la Mar » : l'espace paraguayen aux XVIe et XVIIe siècles (1534-1617)|url=http://journals.openedition.org/e-spania/21861|jornal=e-Spania. Revue interdisciplinaire d’études hispaniques médiévales et modernes|lingua=fr|numero=14|doi=10.4000/e-spania.21861|issn=1951-6169}}</ref>
Em meados dos anos 1560, a população de Assunção já alcançava aproximadamente 1 500 pessoas, na sua maioria indígenas. Os embarques de prata que vinham do [[Peru]]<nowiki/>obrigatoriamente passavam por Assunção.<ref>{{citar livro|url=http://www.revistanavigator.com.br/navig4/art/N4_art6.pdf|título=Caminho da Prata de Potosí a Sevilha|ultimo=Deveza|primeiro=Felipe|editora=UFRJ|ano=2012|local=Rio de Janeiro|página=81-82}}</ref> Esta se converteu na capital de uma província espanhola que abarcava uma porção que compreendia os territórios atuais do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia, tendo sido apelidada de "''Província Gigante de las Indias''".<ref>{{Citar periódico|ultimo=Domingo|primeiro=Paola|data=2012|titulo=Província Gigante de las Índias|url=http://journals.openedition.org/e-spania/21861|jornal=e-Spania|lingua=fr|numero=14|doi=10.4000/e-spania.21861|issn=1951-6169|acessodata=11-04-2020}}</ref>


Com a consolidação de Assunção como sede de uma província colonial [[Espanha|espanhola]], recebeu o título de ''"Madre de las Cuidades",''<ref>{{Citar periódico|ultimo=Pais (@_anapais)|primeiro=Ana|data=2017-08-15|titulo=Cómo Asunción se convirtió en "madre" de más de 70 ciudades de Sudamérica hace 480 años|url=https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-40920828|jornal=BBC News Mundo|lingua=es}}</ref> emanando povoações que fundariam diversas cidades, sendo as principais: [[Ontiveros]], [[Cidade Real del Guaíra|Cidade Real del Guayrá]], ''[[Villa Rica del Espíritu Santo]]'', [[Santiago de Xerez|Santiago de Jerez]], [[Santa Cruz de la Sierra]], Buenos Aires, [[Corrientes (cidade)|Corrientes]], [[Santa Fé (Argentina)|Santa Fé]] e [[Concepción del Bermejo]].{{Sfn|Luna||pp=12-61}}
Com a consolidação de Assunção como sede de uma província colonial [[Espanha|espanhola]], recebeu o título de ''"Madre de las Cuidades",''<ref>{{Citar periódico|ultimo=Pais|primeiro=Ana|data=2017|titulo=Cómo Asunción se convirtió en "madre" de más de 70 ciudades de Sudamérica hace 480 años|url=https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-40920828|jornal=BBC News Mundo|lingua=es|acessodata=11-04-2020}}</ref> emanando povoações que fundariam diversas cidades, sendo as principais: [[Ontiveros]], [[Cidade Real del Guaíra|Cidade Real del Guayrá]], ''[[Villa Rica del Espíritu Santo]]'', [[Santiago de Xerez|Santiago de Jerez]], [[Santa Cruz de la Sierra]], Buenos Aires, [[Corrientes (cidade)|Corrientes]], [[Santa Fé (Argentina)|Santa Fé]] e [[Concepción del Bermejo]].{{Sfn|Luna||pp=12-61}}


=== Jesuítas ===
=== Jesuítas ===
[[Ficheiro:Réductions_jésuites.png|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|253x253px|Reduções jesuítas até o Século XVIII (as paraguaias de 23 à 30)]]
[[Ficheiro:Réductions_jésuites.png|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|253x253px|Reduções jesuítas até o Século XVIII (as paraguaias de 23 à 30)]]
Em 1604, durante o governo de [[Hernando Arias de Saavedra|Hernandarias de Saavedra]], os primeiros jesuítas chegaram ao Paraguai. Os objetivos das missões jesuítas eram catequizar os indígenas e servirem como postos avançados contra a expansão portuguesa.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Freitag|primeiro=Barbara|data=2013|titulo="Habemus Papam" e a história das Missões jesuíticas na bacia do Prata|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-40142013000200024&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Estudos Avançados|lingua=pt|volume=27|numero=78|paginas=321–324|doi=10.1590/S0103-40142013000200024|issn=0103-4014|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Ruínas dos missionários jesuítas ajudam a contar história do Paraguai|url=http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2015/11/ruinas-dos-missionarios-jesuitas-ajudam-contar-historia-do-paraguai.html|data=2015-11-28|lingua=pt-br}}</ref> Com uma certa autonomia em relação a Assunção, essas instituições seguiam um sistema teocrático próprio. Até o fim das missões em 1767, estima-se que entre 200 mil e 250 mil indígenas viveram nas 32 reduções.<ref>{{Citar web|titulo=Missões Jesuíticas no Paraguai: Ruínas de Encarnación|url=http://essemundoenosso.com.br/2013/10/07/missoes-jesuiticas-no-paraguai/|data=2013-10-07|lingua=pt-BR}}</ref>
Em 1604, durante o governo de [[Hernando Arias de Saavedra|Hernandarias de Saavedra]], os primeiros jesuítas chegaram ao Paraguai. Os objetivos das missões jesuítas eram catequizar os indígenas e servirem como postos avançados contra a expansão portuguesa.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Freitag|primeiro=Barbara|data=2013|titulo="Habemus Papam" e a história das Missões jesuíticas na bacia do Prata|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0103-40142013000200024&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Estudos Avançados|lingua=pt|volume=27|numero=78|paginas=321–324|doi=10.1590/S0103-40142013000200024|issn=0103-4014|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Ruínas dos missionários jesuítas ajudam a contar história do Paraguai|url=http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2015/11/ruinas-dos-missionarios-jesuitas-ajudam-contar-historia-do-paraguai.html|data=2015|lingua=pt|acessodata=12-04-2020|publicado=Globo Repórter|ultimo=|primeiro=}}</ref> Com uma certa autonomia em relação a Assunção, essas instituições seguiam um sistema teocrático próprio. Até o fim das missões em 1767, estima-se que entre 200 mil e 250 mil indígenas viveram nas 32 reduções.<ref>{{Citar web|titulo=Missões Jesuíticas no Paraguai: Ruínas de Encarnación|url=http://essemundoenosso.com.br/2013/10/07/missoes-jesuiticas-no-paraguai/|data=2013|lingua=pt-BR|acessodata=12-04-2020|publicado=Esse Mundo é Nosso|ultimo=Carvalho|primeiro=Rafael}}</ref>
[[Ficheiro:ParaguayTrinidadReduction.jpg|alt=|miniaturadaimagem|252x252px|Ruínas da Redução Jesuíta de Trinidad.]]
[[Ficheiro:ParaguayTrinidadReduction.jpg|alt=|miniaturadaimagem|252x252px|Ruínas da Redução Jesuíta de Trinidad.]]
As missões inicialmente instalaram-se na região de Guayrá - atual estado brasileiro do [[Paraná]] - e depois se expandiram em direção ao sudoeste, se estabelecendo nos arredores do [[Rio Tebicuary]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=7iuXgnZ7d8EC&redir_esc=y|título=Órdenes religiosas entre América y Asia: ideas para una historia misionera de los espacios coloniales|ultimo=Corsi|primeiro=Elisabetta|data=2008|editora=El Colegio de Mexico AC|lingua=es}}</ref> A [[língua guarani]] foi respeitada e fixou-se na forma escrita; nela foram transcritas importantes obras de teologia,<ref>{{Citar web|titulo=Depois de 46 anos de trabalho, uma Bíblia em guarani - Política|url=https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,depois-de-46-anos-de-trabalho-uma-biblia-em-guarani,20040414p32372|lingua=pt-BR}}</ref> impressas na primeira [[imprensa]] do [[Rio da Prata]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Chamorro|primeiro=Graciela|data=2007|titulo=Antonio Ruiz de Montoya: promotor y defensor de lenguas y pueblos indígenas|url=http://revistas.unisinos.br/index.php/historia/article/view/5905|jornal=História Unisinos|lingua=pt|volume=11|numero=2|paginas=252–260|doi=10.4013/5905|issn=2236-1782}}</ref>
As missões inicialmente instalaram-se na região de Guayrá - atual estado brasileiro do [[Paraná]] - e depois se expandiram em direção ao sudoeste, se estabelecendo nos arredores do [[Rio Tebicuary]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=7iuXgnZ7d8EC&redir_esc=y|título=Órdenes religiosas entre América y Asia: ideas para una historia misionera de los espacios coloniales|ultimo=Corsi|primeiro=Elisabetta|data=|editora=El Colegio de Mexico AC|ano=2008|local=Ciudad do México|página=205-215|total-páginas=309|lingua=es}}</ref> A [[língua guarani]] foi respeitada e fixou-se na forma escrita; nela foram transcritas importantes obras de teologia,<ref>{{Citar web|titulo=Depois de 46 anos de trabalho, uma Bíblia em guarani|url=https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,depois-de-46-anos-de-trabalho-uma-biblia-em-guarani,20040414p32372|lingua=pt|data=2004|acessodata=12-04-2020|publicado=Estadão|ultimo=Weterman|primeiro=Daniel}}</ref> impressas na primeira [[imprensa]] do [[Rio da Prata]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Chamorro|primeiro=Graciela|data=2007|titulo=Antonio Ruiz de Montoya: promotor y defensor de lenguas y pueblos indígenas|url=http://revistas.unisinos.br/index.php/historia/article/view/5905|jornal=História Unisinos|lingua=pt|volume=11|numero=2|paginas=252–260|doi=10.4013/5905|issn=2236-1782|acessodata=12-04-2020}}</ref>


A respeito da organização das reduções, cada povoado era administrada por um [[Padre Reitor]], ente de máxima autoridade. O Padre Doutrinático era encarregado da instrução religiosa. O Padre Dispenseiro era encarregado da administração econômica. Ainda existiam um ou mais Padres Auxiliares ou Coadjuntor, que serviram de mediadores entre o reitor e a população indígena.{{Sfn|Fajardo||p=159-161|pp=3}}
A respeito da organização das reduções, cada povoado era administrada por um [[Padre Reitor]], ente de máxima autoridade. O Padre Doutrinático era encarregado da instrução religiosa. O Padre Dispenseiro era encarregado da administração econômica. Ainda existiam um ou mais Padres Auxiliares ou Coadjuntor, que serviram de mediadores entre o reitor e a população indígena.{{Sfn|Fajardo||p=159-161|pp=3}}


=== Século XVII ===
=== Século XVII ===
Em 1617, ainda no governo de Hernandarias, a província em duas governadorias: a do [[Governança do Paraguai|Paraguai]] e a de [[Governança de Buenos Aires|Buenos Aires]]. Desta forma o Paraguai perdeu a zona marítima do estuário do rio da Prata, ficando isolado no interior do continente, e conservou só Assunção, Ciudad Real e Villa Rica del Guayrá. Posteriormente. O último acesso paraguaio ao mar foi perdido junto do território chamado de Mbiazá ou Yviazá (ou La Vera), que correspondia ao atual estado brasileiro de [[Santa Catarina]], território no qual se encontrava o porto de San Francisco de Mbiazá, fundado em 1538.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Kraselsky|primeiro=Javier Gerardo|data=2011-03-21|titulo=Las estrategias de los actores del Río de La Plata : Las juntas y el Consulado de Comercio de Buenos Aires a fines del Antiguo Régimen 1748-1809|url=http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/library?a=d&c=tesis&d=Jte447|lingua=es}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Relación geográfica e histórica de la provincia de Misiones|url=http://www.lluisvives.com/servlet/SirveObras/acadLetArg/12048061999088284198624/p0000001.htm#I_6_|primeiro=Diego (1749-1830)|ultimo=Alvear}}</ref>
Em 1617, ainda no governo de Hernandarias, a província divida em duas governadorias: a do [[Governança do Paraguai|Paraguai]] e a de [[Governança de Buenos Aires|Buenos Aires]]. Desta forma o Paraguai perdeu a zona marítima do estuário do rio da Prata, ficando isolado no interior do continente, e conservou só Assunção, Ciudad Real e Villa Rica del Guayrá. Posteriormente, o último acesso paraguaio ao mar foi perdido junto do território chamado de Mbiazá ou Yviazá (ou La Vera), que correspondia ao atual estado brasileiro de [[Santa Catarina]], território no qual se encontrava o porto de San Francisco de Mbiazá, fundado em 1538.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Kraselsky|primeiro=Javier Gerardo|data=2011-03-21|titulo=Las estrategias de los actores del Río de La Plata : Las juntas y el Consulado de Comercio de Buenos Aires a fines del Antiguo Régimen 1748-1809|url=http://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/library?a=d&c=tesis&d=Jte447|lingua=es}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Relación geográfica e histórica de la provincia de Misiones|url=http://www.lluisvives.com/servlet/SirveObras/acadLetArg/12048061999088284198624/p0000001.htm#I_6_|primeiro=Diego (1749-1830)|ultimo=Alvear}}</ref>


=== Século XVIII ===
=== Século XVIII ===
{{Artigo principal|Vice-Reino do Rio da Prata}}[[Ficheiro:Nuevo_mapa_del_virreinato_del_rio_de_la_plata.PNG|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|311x311px|Mapa do [[Vice-Reino do Rio da Prata|Vice-reino do Rio da Prata]] em 1777.]]
{{Artigo principal|Vice-Reino do Rio da Prata}}[[Ficheiro:Nuevo_mapa_del_virreinato_del_rio_de_la_plata.PNG|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|311x311px|Mapa do [[Vice-Reino do Rio da Prata|Vice-reino do Rio da Prata]] em 1777.]]
Em 1717, aconteceu a [[Revolução Comunera]].<ref name=":3">{{Citar web|titulo=La Revolución comunera en Paraguay (1) - Escolar - ABC Color|url=https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/escolar/la-revolucion-comunera-en-paraguay-1-1353980.html|lingua=es}}</ref> Os rebeldes foram derrotados na [[batalha de Tovatí]] em 1721, tendo sido impostas duras sanções a província que enfraqueceram sua economia.<ref name=":3" /><ref>{{Citar web|titulo=Portal Guarani - HERIB CABALLERO CAMPOS - LA REVOLUCIÓN COMUNERA 1721-1735, 2012 - Por HERIB CABALLERO CAMPOS|url=http://www.portalguarani.com/679_herib_caballero_campos/19803_la_revolucion_comunera_1721_1735_2012__por_herib_caballero_campos.html}}</ref> Em 1750, o [[Tratado de Madrid (1750)|Tratado de Madrid]] entre [[Espanha]] e [[Portugal]] afetou o Paraguai com as perdas de Guayrá (entre o Rio Paraná e o [[Oceano Atlântico|Oceano Atlântico)]], a grande província do Itatín e a região de Cuyabá (atual [[Cuiabá]], no [[Mato Grosso]]), que foram cedidos ao Brasil português.<ref>{{Citar web|titulo=Tratado de Madri (1750)|url=https://brasilescola.uol.com.br/historiab/tratado-madri.htm|lingua=pt-br}}</ref> Ainda no Tratado de Madrid, a corte espanhola e a coroa portuguesa decidiram repartir o território das reduções indígenas.<ref>{{Citar web|titulo=Região das Missões - Rio Grande do Sul|url=https://www.brasil-turismo.com/rio-grande-sul/missoes/missoes.htm}}</ref> Os jesuítas não aceitaram, e os exércitos espanhol e português empreenderam a chamada [[Guerra Guaranítica]] e acabaram com as reduções em 1757.<ref>{{Citar web|titulo=Guerras Guaraníticas (1753 – 1756)|url=https://brasilescola.uol.com.br/historiab/guerras-guaraniticas.htm|lingua=pt-br}}</ref> Em 1767 os jesuítas foram expulsos da Espanha e de seus domínios, por ordem de [[Carlos III da Espanha|Carlos III]].<ref>{{Citar web|titulo=27-02-1767 – O decreto secreto de Carlos III que expulsou os jesuítas da Espanha|url=http://www.ihu.unisinos.br/noticias/528799-27-02-1767-o-decreto-secreto-de-carlos-iii-que-expulsou-os-jesuitas-da-espanha|lingua=pt-br|ultimo=Joao}}</ref>  
Em 1717, aconteceu a [[Revolução Comunera]].<ref name=":3">{{Citar web|titulo=La Revolución comunera en Paraguay (1) - Escolar - ABC Color|url=https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/escolar/la-revolucion-comunera-en-paraguay-1-1353980.html|lingua=es|data=2015|acessodata=12-04-2020|publicado=ABC Color|ultimo=Panglialunga|primeiro=Viviana}}</ref> Os rebeldes foram derrotados na [[batalha de Tovatí]] em 1721, tendo sido impostas duras sanções a província que enfraqueceram sua economia.<ref name=":3" /><ref>{{Citar web|titulo=La Revolución Comunera 1721-1735|url=http://www.portalguarani.com/679_herib_caballero_campos/19803_la_revolucion_comunera_1721_1735_2012__por_herib_caballero_campos.html|data=2012|acessodata=12-04-2020|publicado=Portal Guaraní|ultimo=Campos|primeiro=Herib}}</ref> Em 1750, o [[Tratado de Madrid (1750)|Tratado de Madrid]] entre [[Espanha]] e [[Portugal]] afetou o Paraguai com as perdas de Guayrá (entre o Rio Paraná e o [[Oceano Atlântico]]), a grande província do Itatín e a região de Cuyabá (atual [[Cuiabá]], no [[Mato Grosso]]), que foram cedidos ao Brasil português.<ref>{{Citar web|titulo=Tratado de Madri (1750)|url=https://brasilescola.uol.com.br/historiab/tratado-madri.htm|data=|acessodata=12-04-2020|publicado=Brasil Escola|ultimo=Souza|primeiro=Ranier Gonçalves}}</ref> Ainda no Tratado de Madrid, a corte espanhola e a coroa portuguesa decidiram repartir o território das reduções indígenas.<ref>{{Citar web|titulo=Região das Missões|url=https://www.brasil-turismo.com/rio-grande-sul/missoes/missoes.htm|data=|acessodata=12-04-2020|publicado=Guia Geográfico do Rio Grande do Sul|ultimo=|primeiro=}}</ref> Os jesuítas não aceitaram, e os exércitos espanhol e português empreenderam a chamada [[Guerra Guaranítica]] e acabaram com as reduções em 1757.<ref>{{Citar web|titulo=Guerras Guaraníticas (1753 –1756)|url=https://brasilescola.uol.com.br/historiab/guerras-guaraniticas.htm|data=|acessodata=12-04-2020|publicado=Brasil Escola|ultimo=Souza|primeiro=Ranier Gonçalves}}</ref> Em 1767 os jesuítas foram expulsos da Espanha e de seus domínios, por ordem de [[Carlos III da Espanha|Carlos III]].<ref>{{Citar web|titulo=O decreto secreto de Carlos III que expulsou os jesuítas da Espanha|url=http://www.ihu.unisinos.br/noticias/528799-27-02-1767-o-decreto-secreto-de-carlos-iii-que-expulsou-os-jesuitas-da-espanha|ultimo=|data=2014|acessodata=12-04-2020|publicado=Adital|primeiro=}}</ref>


O [[Vice-Reino do Rio da Prata]] foi criado em 1776 pelo rei [[Carlos III de Espanha|Carlos III]], integrando em sua jurisdição os atuais territórios da [[Argentina]], e do [[Uruguai]], dos atuais estados [[brasil]]eiros do [[Rio Grande do Sul]] e Santa Catarina, o Paraguai, a [[Bolívia]] e o norte do [[Chile]]. A criação do Vice-Reino do Rio da Prata separou o Paraguai do [[Vice-Reino do Peru]]. A capital do novo Vice-Reino era Buenos Aires.<ref name=":4">{{Citar web|titulo=Vice-reinado do Rio da Prata: causas, história, política|url=https://maestrovirtuale.com/vice-reinado-do-rio-da-prata-causas-historia-politica/|lingua=pt-BR}}</ref> A criação do Vice-Reino obedeceu à necessidade de organizar melhor a administração do extenso território acossado pelo contrabando e pela constante penetração dos portugueses e luso-brasileiros. Em 1777 a província do Paraguai foi integrada no Vice-Reino do Rio da Prata dentro do qual se manteve até 1811. Em 1782, estabeleceu-se no Vice-Reino o regime das ''[[intendência]]s''.<ref name=":4" /> Assunção era, na província ou Intendência do Paraguai, o único povoado com categoria de cidade. A zona ao sul do [[rio Tebicuary]] e ao leste da cordilheira de Caaguazú por sua vez correspondia à Governação das Missões Guaranis (ou Província Subordinada das Missões) constituída com os restos das [[Missões Jesuíticas]] que ficaram sob controle espanhol.<ref name=":4" />
O [[Vice-Reino do Rio da Prata]] foi criado em 1776 pelo rei [[Carlos III de Espanha|Carlos III]], integrando em sua jurisdição os atuais territórios da [[Argentina]], e do [[Uruguai]], dos atuais estados [[brasil]]eiros do [[Rio Grande do Sul]] e Santa Catarina, o Paraguai, a [[Bolívia]] e o norte do [[Chile]]. A criação do Vice-Reino do Rio da Prata separou o Paraguai do [[Vice-Reino do Peru]]. A capital do novo Vice-Reino era Buenos Aires.<ref name=":4">{{Citar web|titulo=Vice-reinado do Rio da Prata: causas, história, política|url=https://maestrovirtuale.com/vice-reinado-do-rio-da-prata-causas-historia-politica/|lingua=pt-BR|data=|acessodata=12-04-2020|publicado=Maestrovirtuale|ultimo=|primeiro=}}</ref> A criação do Vice-Reino obedeceu à necessidade de organizar melhor a administração do extenso território acossado pelo contrabando e pela constante penetração dos portugueses e luso-brasileiros. Em 1777 a província do Paraguai foi integrada no Vice-Reino do Rio da Prata dentro do qual se manteve até 1811. Em 1782, estabeleceu-se no Vice-Reino o regime das ''[[intendência]]s''.<ref name=":4" /> Assunção era, na província ou Intendência do Paraguai, o único povoado com categoria de cidade. A zona ao sul do [[rio Tebicuary]] e ao leste da cordilheira de Caaguazú por sua vez correspondia à Governação das Missões Guaranis (ou Província Subordinada das Missões) constituída com os restos das [[Missões Jesuíticas]] que ficaram sob controle espanhol.<ref name=":4" />


== Independência ==
== Independência ==
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A primeira manifestação contundente se deu em 1717, através da [[Revolução Comunera]], porém somente a partir do século XIX que o processo de independência é considerado.<ref name=":3" />
A primeira manifestação contundente se deu em 1717, através da [[Revolução Comunera]], porém somente a partir do século XIX que o processo de independência é considerado.<ref name=":3" />


À medida que [[Buenos Aires]] tornava-se mais poderosa, os líderes paraguaios perceberam o declínio da importância de sua [[província]]. Embora também contestassem a autoridade [[Espanha|espanhola]], recusaram-se a aceitar a declaração de [[independência da Argentina]] ([[1810]]) como extensiva ao Paraguai.<ref>{{Citar web|titulo=História da Argentina|url=https://www.infoescola.com/argentina/historia-da-argentina/|lingua=pt-BR}}</ref>{{Sfn|Acevedo|||p=56}} Nem mesmo a intervenção do [[exército da Argentina|exército argentino]], comandado pelo general [[Manuel Belgrano]],<ref>{{Citar web|titulo=Los valores de Belgrano siguen vigentes 200 años después|url=https://www.clarin.com/sociedad/valores-Belgrano-siguen-vigentes-despues_0_SJB_0Tg6Dme.html|lingua=es|ultimo=Clarín.com}}</ref> conseguiu efetivar a incorporação da província. Mais tarde, porém, quando o governador espanhol do Paraguai solicitou auxílio [[Portugal|português]] para defender a colônia dos ataques de Buenos Aires, os paraguaios, liderados por [[Fulgencio Yegros]], [[Pedro Juan Caballero]] e [[Vicente Ignácio Iturbide]], depuseram o governador [[Bernardo Velasco (governador do Paraguai)|Bernardo Velasco]] e proclamaram a independência do país em [[15 de maio]] de [[1811]].{{Sfn|Acevedo||p=56-57|pp=2}}
À medida que [[Buenos Aires]] tornava-se mais poderosa, os líderes paraguaios perceberam o declínio da importância de sua [[província]]. Embora também contestassem a autoridade [[Espanha|espanhola]], recusaram-se a aceitar a declaração de [[independência da Argentina]] ([[1810]]) como extensiva ao Paraguai.<ref>{{Citar web|titulo=História da Argentina|url=https://www.infoescola.com/argentina/historia-da-argentina/|data=|acessodata=15-04-2020|publicado=Info Escola|ultimo=Pacievitch|primeiro=Thais}}</ref>{{Sfn|Acevedo|||p=56}} Nem mesmo a intervenção do [[exército da Argentina|exército argentino]], comandado pelo general [[Manuel Belgrano]],<ref>{{Citar web|titulo=Los valores de Belgrano siguen vigentes 200 años después|url=https://www.clarin.com/sociedad/valores-Belgrano-siguen-vigentes-despues_0_SJB_0Tg6Dme.html|lingua=es|ultimo=|data=2011|acessodata=14-04-2020|publicado=Clarín|primeiro=}}</ref> conseguiu efetivar a incorporação da província. Mais tarde, porém, quando o governador espanhol do Paraguai solicitou auxílio [[Portugal|português]] para defender a colônia dos ataques de Buenos Aires, os paraguaios, liderados por [[Fulgencio Yegros]], [[Pedro Juan Caballero]] e [[Vicente Ignácio Iturbide]], depuseram o governador [[Bernardo Velasco (governador do Paraguai)|Bernardo Velasco]] e proclamaram a independência do país em [[15 de maio]] de [[1811]].{{Sfn|Acevedo||p=56-57|pp=2}}


=== Antecedentes ===
=== Antecedentes ===
[[Ficheiro:Paraguay_campaña_05.jpg|alt=|miniaturadaimagem|288x288px|Campanha de [[Manuel Belgrano|Belgrano]] no final de 1810.|esquerda]]
[[Ficheiro:Paraguay_campaña_05.jpg|alt=|miniaturadaimagem|288x288px|Campanha de [[Manuel Belgrano|Belgrano]] no final de 1810.|esquerda]]
Em 1806 e 1807, ocorrem [[Invasões Britânicas|invasões inglesas]], ocupando as cidades de Buenos Aires e [[Montevidéu]]. De Assunção, [[Córdova (Argentina)|Córdova]] e outros locais do vice-reinado, foram enviadas tropas que colaboraram na expulsão dos invasores. As invasões inglesas demonstraram a [[Império Espanhol|metrópole espanhola]] o quão independente era o vice-reino.<ref>{{Citar web|titulo=Invasión Inglesa de 1806/1807|url=http://www.lagazeta.com.ar/robo.htm|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
Em 1806 e 1807, ocorrem [[Invasões Britânicas|invasões inglesas]], ocupando as cidades de Buenos Aires e [[Montevidéu]]. De Assunção, [[Córdova (Argentina)|Córdova]] e outros locais do vice-reinado, foram enviadas tropas que colaboraram na expulsão dos invasores. As invasões inglesas demonstraram a [[Império Espanhol|metrópole espanhola]] o quão independente era o vice-reino.<ref>{{Citar web|titulo=Invasión Inglesa de 1806/1807|url=http://www.lagazeta.com.ar/robo.htm|data=|acessodata=14-04-2020|publicado=Lagazeta|ultimo=|primeiro=}}</ref>


Em 1810, chegou a notícia em Buenos Aires, capital do vice-reinado do Rio da Prata, que [[Sevilha]] havia sido ocupada pelas forças de [[Napoleão Bonaparte]].{{Sfn|Martínez||p=53}} Em resposta, reuniu-se um conselho aberto, que em 25 de maio de 1810 substituiu o Vice-rei [[Cisneros (Vice-rei)|Cisneros]] por uma junta do governo.<ref name=":5">{{Citar web|titulo=El Historiador :: Documentos históricos :: Acta final de la sesión del 25 de mayo de 1810|url=https://web.archive.org/web/20170621102638/http://www.elhistoriador.com.ar/documentos/independencia/acta_final_sesion_25_de_mayo_1810.php|data=2017-06-21}}</ref> Entre seus objetivos, estava convocar a reunião de um congresso de representantes de todas as províncias do Vice-reino do Rio da Prata, para definir a forma de governo do ex-vice-reinado.<ref name=":5" />
Em 1810, chegou a notícia em Buenos Aires, capital do vice-reinado do Rio da Prata, que [[Sevilha]] havia sido ocupada pelas forças de [[Napoleão Bonaparte]].{{Sfn|Martínez||p=53}} Em resposta, reuniu-se um conselho aberto, que em 25 de maio de 1810 substituiu o Vice-rei [[Cisneros (Vice-rei)|Cisneros]] por uma junta do governo.<ref name=":5">{{Citar web|titulo=Acta final de la sesión del 25 de mayo de 1810|url=https://web.archive.org/web/20170621102638/http://www.elhistoriador.com.ar/documentos/independencia/acta_final_sesion_25_de_mayo_1810.php|data=2017|acessodata=14-04-2020|publicado=El Historiador|ultimo=Lorenzo|primeiro=Celso Ramón}}</ref> Entre seus objetivos, estava convocar a reunião de um congresso de representantes de todas as províncias do Vice-reino do Rio da Prata, para definir a forma de governo do ex-vice-reinado.<ref name=":5" />


Em resposta à convocação, a Assembléia Geral de 24 de junho de 1810, que ocorreu em Assunção, decidiu se manter fiel ao Conselho de Regência, que se refugiara em [[Cádis|Cádiz]] e governava em nome de [[Fernando VII de Espanha|Fernando VII]], prisioneiro de Napoleão.<ref>{{Citar web|titulo=Cortes de Cádiz - Infopédia|url=https://www.infopedia.pt/$cortes-de-cadiz|lingua=pt|ultimo=Infopédia}}</ref>
Em resposta à convocação, a Assembléia Geral de 24 de junho de 1810, que ocorreu em Assunção, decidiu se manter fiel ao Conselho de Regência, que se refugiara em [[Cádis|Cádiz]] e governava em nome de [[Fernando VII de Espanha|Fernando VII]], prisioneiro de Napoleão.<ref>{{Citar web|titulo=Cortes de Cádiz|url=https://www.infopedia.pt/$cortes-de-cadiz|lingua=pt|ultimo=|data=|acessodata=15-04-2020|publicado=Infopédia|primeiro=}}</ref>


No final de 1810, as tropas sob o comando do general Manuel Belgrano marcharam em uma expedição para tentar adicionar ao Paraguai as recém-criadas [[Províncias Unidas do Rio da Prata]]. As forças daquela expedição não receberam apoio local e foram derrotadas nas batalhas de [[Batalha de Paraguarí|Paraguarí]] e [[Batalha de Tacuarí|Tacuarí]] - 19 de janeiro e 9 de março de 1811 - pelos monarquistas, que até então eram liderados pelos oficiais [[Fulgencio Yegros]] e [[Manuel Cabanas|Manuel Cabañas]].<ref>{{Citar web|titulo=La batalla de Paraguarí|url=https://www.ultimahora.com/la-batalla-paraguari-n396055.html|lingua=es-ES}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=BATALLA DE TACUARÍ (09/03/1811)|url=https://elarcondelahistoria.com/batalla-de-tacuari-931811/|data=2015-12-10|lingua=es}}</ref> Essas batalhas, tanto pelo sucesso das forças paraguaias quanto pela fuga por ocasião do governador espanhol Velasco - pensando que haviam sofrido um revés militar - e os contatos repetidos dos oficiais paraguaios com Belgrano, são considerados o início das [[Exército Paraguaio|Forças Armadas Paraguaias]].<ref>{{Citar web|titulo=Ejército Paraguayo :: Historia|url=http://www.ejercito.mil.py/index.php/Ej%C3%A9rcito/marco-legal}}</ref>
No final de 1810, as tropas sob o comando do general Manuel Belgrano marcharam em uma expedição para tentar adicionar ao Paraguai as recém-criadas [[Províncias Unidas do Rio da Prata]]. As forças daquela expedição não receberam apoio local e foram derrotadas nas batalhas de [[Batalha de Paraguarí|Paraguarí]] e [[Batalha de Tacuarí|Tacuarí]] - 19 de janeiro e 9 de março de 1811 - pelos monarquistas, que até então eram liderados pelos oficiais [[Fulgencio Yegros]] e [[Manuel Cabanas|Manuel Cabañas]].<ref>{{Citar web|titulo=La batalla de Paraguarí|url=https://www.ultimahora.com/la-batalla-paraguari-n396055.html|lingua=es|data=2011|acessodata=15-03-2020|publicado=Última Hora|ultimo=Alcalá|primeiro=Guido Rodríguez}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Batalha de Tacuarí (09/03/1811)|url=https://elarcondelahistoria.com/batalla-de-tacuari-931811/|data=2015|lingua=es|acessodata=15-04-2020|publicado=El Arcon de la Historia|ultimo=|primeiro=}}</ref> Essas batalhas, tanto pelo sucesso das forças paraguaias quanto pela fuga por ocasião do governador espanhol Velasco - pensando que haviam sofrido um revés militar - e os contatos repetidos dos oficiais paraguaios com Belgrano, são considerados o início das [[Exército Paraguaio|Forças Armadas Paraguaias]].<ref name=":11">{{Citar web|titulo=Ejército Paraguayo - Historia|url=http://www.ejercito.mil.py/index.php/Ej%C3%A9rcito/marco-legal|data=|acessodata=15-04-2020|publicado=Departamento de Comunicación Social|ultimo=|primeiro=}}</ref>


=== Revolução de Maio de 1811 ===
=== Revolução de Maio de 1811 ===
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{{Artigo principal|Revolução de Maio de 1811}}
{{Artigo principal|Revolução de Maio de 1811}}
[[Ficheiro:Flag_of_Paraguay_1811.svg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|237x237px|Bandeira provisória, usada em junho de 1811.]]
[[Ficheiro:Flag_of_Paraguay_1811.svg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|237x237px|Bandeira provisória, usada em junho de 1811.]]
Após várias semanas de conspirações, na noite do dia 14 de 1811 as tropas comandadas por Pedro Juan Caballero e Fulgencio Yegros chegam a Assunção.<ref name=":6">{{Citar web|titulo=Independência do Paraguai|url=https://www.suapesquisa.com/historia/independencia_paraguai.htm}}</ref> Um congresso foi realizado em 17 de junho, onde o governador Velasco foi acusado de negociar com os portugueses a defesa da metrópole espanhola, mesmo ao preço de se tornar dependente do [[Império Português]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Maestri|primeiro=Mário|titulo=A primeira independência do Paraguai|url=https://www.academia.edu/11670603/A_primeira_independ%C3%AAncia_do_Paraguai|jornal=Revista História &amp; Luta de Classes No 12 – Setembro de 2011, pp. 73-78.|lingua=en}}</ref> Em seu lugar, foi nomeado um Conselho de Administração, presidido por Fulgencio Yegros.<ref name=":6" />
Após várias semanas de conspirações, na noite do dia 14 de 1811 as tropas comandadas por Pedro Juan Caballero e Fulgencio Yegros chegam a Assunção.<ref name=":6">{{Citar web|titulo=Independência do Paraguai|url=https://www.suapesquisa.com/historia/independencia_paraguai.htm|data=2019|acessodata=15-04-2020|publicado=Sua Pesquisa.com|ultimo=Ramos|primeiro=Jefferson Machado}}</ref> Um congresso foi realizado em 17 de junho, onde o governador Velasco foi acusado de negociar com os portugueses a defesa da metrópole espanhola, mesmo ao preço de se tornar dependente do [[Império Português]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Maestri|primeiro=Mário|data=2011|titulo=A primeira independência do Paraguai|url=https://www.academia.edu/11670603/A_primeira_independ%C3%AAncia_do_Paraguai|jornal=Academia|lingua=en|acessodata=15-04-2020}}</ref> Em seu lugar, foi nomeado um Conselho de Administração, presidido por Fulgencio Yegros.<ref name=":6" />


Em 12 de outubro de 1811, foi assinado um [[Confederação Assunção-Buenos Aires|tratado com a Junta de Buenos Aires]], que estabeleceu, entre outras disposições, um projeto de confederação entre as Províncias Unidas do Rio da Prata e Paraguai, que não foi aceito devido aos distintos interesses de Buenos Aires e Assunção.<ref>{{Citar web|titulo=URQUIZA DENIS (Argentina) Tratado de Límites Buenos Aires-Paraguay de 1811|url=https://web.archive.org/web/20080510223711/http://www.urquizadenis.com.ar/Documentos%20Fundamentales%20del%20Constitucionalismo/Tratado_de_limites_BuenosAires_Paraguay.htm#adicional|data=2008-05-10}}</ref> Houve reconhecimento de ambas as partes, porém algumas questões fronteiriças ainda ficaram em aberto.<ref>{{Citar web|titulo=Manuel Trelles - Cuestión de límites entre la República Argentina y el Paraguay|url=https://web.archive.org/web/20100612165943/http://planetariogalilei.com.ar/ameghino/obras/trelles/limite1.htm|data=2010-06-12}}</ref>
Em 12 de outubro de 1811, foi assinado um [[Confederação Assunção-Buenos Aires|tratado com a Junta de Buenos Aires]], que estabeleceu, entre outras disposições, um projeto de confederação entre as Províncias Unidas do Rio da Prata e Paraguai, que não foi aceito devido aos distintos interesses de Buenos Aires e Assunção.<ref>{{Citar web|titulo=Tratados de Limites entre Buenos Aires y Paraguay|url=https://web.archive.org/web/20080510223711/http://www.urquizadenis.com.ar/Documentos%20Fundamentales%20del%20Constitucionalismo/Tratado_de_limites_BuenosAires_Paraguay.htm#adicional|data=2008|acessodata=15-04-2020|publicado=Senado Argentino|ultimo=Denis|primeiro=Carlos Urquiza}}</ref> Houve reconhecimento de ambas as partes, porém algumas questões fronteiriças ainda ficaram em aberto.<ref>{{Citar web|titulo=Cuestión de Limites entre la República Argentina y el Paraguay|url=https://web.archive.org/web/20100612165943/http://planetariogalilei.com.ar/ameghino/obras/trelles/limite1.htm|data=2010|acessodata=15-04-2020|publicado=Proyecto Ameghino|ultimo=Trelles|primeiro=Manuel Ricardo}}</ref>


== Pátria Velha (1811-1864) ==
== Pátria Velha (1811-1864) ==
Em 1814, após um período de consulado, um congresso elegeu [[José Gaspar Rodríguez de Francia]] como presidente vitalício do Paraguai.<ref name=":7">{{Citar web|titulo=Primeras formas de gobierno del Paraguay independiente - Escolar - ABC Color|url=https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/escolar/primeras-formas-de-gobierno-del-paraguay-independiente-404465.html|lingua=es}}</ref>{{nota de rodapé|Semelhate a ditador}} Nos governos de Francia (1814-1840), [[Carlos Antonio López]] (1841-1862) e [[Francisco Solano López]] (1862-1870) o Paraguai se desenvolveu de maneira bastante diferente de outros países da [[América do Sul]]. Foi-se incentivado um crescimento econômico auto-suficiente, baseado no caráter estatal da maioria das empresas. Tal política econômica mostrou-se mais bem sucedida que a aplicada nos países vizinhos.<ref>{{Citar web|titulo=O que foi a Guerra do Paraguai?|url=https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-guerra-paraguai.htm|lingua=pt-br}}</ref> O regime da Família López foi caracterizado por um forte centralismo na produção e distribuição de bens. Não havia distinção entre a esfera pública e a privada.<ref>{{Citar web|titulo=Carlos Antonio López {{!}} dictator of Paraguay|url=https://www.britannica.com/biography/Carlos-Antonio-Lopez|lingua=en}}</ref>
Em 1814, após um período de consulado, um congresso elegeu [[José Gaspar Rodríguez de Francia]] como presidente vitalício do Paraguai.<ref name=":7">{{Citar web|titulo=Primeras formas de gobierno del Paraguay independiente|url=https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/escolar/primeras-formas-de-gobierno-del-paraguay-independiente-404465.html|lingua=es|data=2012|acessodata=16-04-2020|publicado=ABC Color|ultimo=Dalles|primeiro=Paola}}</ref>{{nota de rodapé|Semelhate a ditador}} Nos governos de Francia (1814-1840), [[Carlos Antonio López]] (1841-1862) e [[Francisco Solano López]] (1862-1870) o Paraguai se desenvolveu de maneira bastante diferente de outros países da [[América do Sul]]. Foi-se incentivado um crescimento econômico auto-suficiente, baseado no caráter estatal da maioria das empresas. Tal política econômica mostrou-se mais bem sucedida que a aplicada nos países vizinhos.<ref>{{Citar web|titulo=O que foi a Guerra do Paraguai?|url=https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-guerra-paraguai.htm|data=|acessodata=16-04-2020|publicado=Brasil Escola|ultimo=Silva|primeiro=Daniel Neves}}</ref> O regime da Família López foi caracterizado por um forte centralismo na produção e distribuição de bens. Não havia distinção entre a esfera pública e a privada.<ref>{{Citar web|titulo=Carlos Antonio López|url=https://www.britannica.com/biography/Carlos-Antonio-Lopez|lingua=en|data=|acessodata=16-04-2020|publicado=Encyclopedia Britannica|ultimo=|primeiro=}}</ref>
===Governo de José de Francia (1814-1840)===
===Governo de José de Francia (1814-1840)===
[[Arquivo:José Rodriguez Gaspar Francia.jpg|thumb|[[José Gaspar Rodríguez de Francia]].]]
[[Arquivo:José Rodriguez Gaspar Francia.jpg|thumb|[[José Gaspar Rodríguez de Francia]].]]
Dado a consolidação de [[Buenos Aires]] como centro da região, Francia se preocupou em fortalecer economicamente o Paraguai, numa tentativa de fazer Assunção um grande centro, assim como era a capital argentina, além de confirmar a soberania do Paraguai.<ref name=":8">{{Citar web|titulo=José Gaspar Rodríguez de Francia {{!}} dictator of Paraguay|url=https://www.britannica.com/biography/Jose-Gaspar-Rodriguez-de-Francia|lingua=en}}</ref> Até o fim de seu governo o Congresso que o elegeu nunca se reuniu novamente.<ref name=":7" /><ref name=":9">{{Citar web|titulo=The Most Absurd Dictator Ever|url=https://medium.com/politics-history-society/the-most-absurd-dictator-ever-42d05d29c136|data=2018-12-09|lingua=en|primeiro=George|ultimo=G}}</ref>
Dado a consolidação de [[Buenos Aires]] como centro da região, Francia se preocupou em fortalecer economicamente o Paraguai, numa tentativa de fazer Assunção um grande centro, assim como era a capital argentina, além de confirmar a soberania do Paraguai.<ref name=":8">{{Citar web|titulo=José Gaspar Rodríguez de Francia|url=https://www.britannica.com/biography/Jose-Gaspar-Rodriguez-de-Francia|lingua=en|data=|acessodata=16-04-2020|publicado=Encyclopedia Britannica|ultimo=|primeiro=}}</ref> Até o fim de seu governo o Congresso que o elegeu nunca se reuniu novamente.<ref name=":7" /><ref name=":9">{{Citar web|titulo=The Most Absurd Dictator Ever|url=https://medium.com/politics-history-society/the-most-absurd-dictator-ever-42d05d29c136|data=2018|lingua=en|primeiro=George|ultimo=G|acessodata=16-03-2020|publicado=Politics, History, Society}}</ref>


Ao longo de seu governo, a elite colonial espanhola presente no país perdeu força. Nesse processo, foi-se proibido o casamento de europeus com europeus, forçando os colonos a casarem-se com mulheres locais.<ref>{{Citar web|titulo=Jose Gaspar Rodriguez Francia|url=http://www.latinamericanstudies.org/paraguay/francia.htm}}</ref> Além disso, as fronteiras foram totalmente fechadas, com ninguém podendo sair e os que entrassem a ficar em prisão domicilar.<ref name=":8" />
Ao longo de seu governo, a elite colonial espanhola presente no país perdeu força. Nesse processo, foi-se proibido o casamento de europeus com europeus, forçando os colonos a casarem-se com mulheres locais.<ref>{{Citar web|titulo=Jose Gaspar Rodriguez Francia|url=http://www.latinamericanstudies.org/paraguay/francia.htm|data=|acessodata=16-04-2020|publicado=Latin America Studies|ultimo=|primeiro=}}</ref> Além disso, as fronteiras foram totalmente fechadas, com ninguém podendo sair e os que entrassem a ficar em prisão domiciliar.<ref name=":8" />


Em 1815, a [[Igreja católica Romana|Igreja Católica Romana]] no Paraguai foi declarada independente de Roma, com Francia nomeando-se chefe da Igreja paraguaia.{{Sfn|Irala Burgos||p=33}} Em meados de junho de 1816, todas as procissões noturnas foram proibidas, exceto a de ''[[Corpus Christi]]''. Em 1819, o bispo foi persuadido a transferir a autoridade para o vigário geral, e em 1820 os frades foram secularizados. Em 4 de agosto de 1820, todos os clérigos foram forçados a jurar lealdade ao Estado, e suas imunidades clericais foram retiradas.{{Sfn|Irala Burgos||p=33}} Os quatro mosteiros do país foram nacionalizados em 1824.{{Sfn|Irala Burgos||p=34-37|pp=4}} A [[Inquisição]] foi abolida, e os confessionários passaram a contar com forcas próprias.{{Sfn|Irala Burgos||p=40}}
Em 1815, a [[Igreja católica Romana|Igreja Católica Romana]] no Paraguai foi declarada independente de Roma, com Francia nomeando-se chefe da Igreja paraguaia.{{Sfn|Irala Burgos||p=33}} Em meados de junho de 1816, todas as procissões noturnas foram proibidas, exceto a de ''[[Corpus Christi]]''. Em 1819, o bispo foi persuadido a transferir a autoridade para o vigário geral, e em 1820 os frades foram secularizados. Em 4 de agosto de 1820, todos os clérigos foram forçados a jurar lealdade ao Estado, e suas imunidades clericais foram retiradas.{{Sfn|Irala Burgos||p=33}} Os quatro mosteiros do país foram nacionalizados em 1824.{{Sfn|Irala Burgos||p=34-37|pp=4}} A [[Inquisição]] foi abolida, e os confessionários passaram a contar com forcas próprias.{{Sfn|Irala Burgos||p=40}}
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Tendo morrido em 20 de setembro de 1840, Francia é conhecido como o líder que apesar de autocrático e autoritário, consolidou a soberania do Paraguai na região do Prata.<ref name=":7" /><ref name=":9" />
Tendo morrido em 20 de setembro de 1840, Francia é conhecido como o líder que apesar de autocrático e autoritário, consolidou a soberania do Paraguai na região do Prata.<ref name=":7" /><ref name=":9" />


=== Carlos Antonio López (1841-1862) ===
=== Governo de Carlos Antonio López (1841-1862) ===
[[Arquivo:Inhabitants Of Paraguay, 19th Centuty.jpg|left|thumb|361x361px|Habitantes do Paraguai, na primeira metade do século XIX. Autor desconhecido.]]
[[Ficheiro:Carlos_Antonio_López.jpg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|[[Carlos Antonio López]].|227x227px]]
Francia não havia deixado nenhum sucessor, sendo assim iniciou-se uma disputa pelo poder no Paraguai. Após a morte de Francia, uma junta liderada por [[Manuel Antonio Ortiz]], tomou o poder.<ref name=":10">{{Citar web|titulo=Ministerio de Educación y Cultura - Paraguay » Fechas Especiales » En 1840 se formó una Junta Provisional de Gobierno para suceder a Rodríguez de Francia|url=https://www.mec.gov.py/cms_v2/recursos/5286-en-1840-se-formo-una-junta-provisional-de-gobierno-para-suceder-a-rodriguez-de-francia}}</ref> Em 22 de janeiro de 1841, Ortiz foi derrubado de seu posto por [[Juan José Medina]], que por sua vez sofreu um golpe em 9 de fevereiro,<ref>{{Citar web|titulo=Juan José Medina|url=https://www.wikiwand.com/de/Juan_Jos%C3%A9_Medina|data=|acessodata=17/04/2020|publicado=Wiki Wand|ultimo=|primeiro=|lingua=de}}</ref> liderado por [[Mariano Roque Alonso|Mariano Roque Alonzo]].{{Sfn|Nickson||p=41}} Em 14 de março de 1841, com pouca autoridade para governar, Alonzo reinstituíu o consulado, trazendo para o governo [[Carlos Antonio López]].{{Sfn|Nickson||p=41}} O consulado durou até 13 de março de 1844, quando o Congresso nomeou Lopez o Presidente da República, cargo que ocupou até sua morte em 1862.<ref name=":10" /><ref>{{Citar web|titulo=Carlos Antonio Lopez {{!}} Encyclopedia.com|url=https://www.encyclopedia.com/people/history/paraguay-history-biographies/carlos-antonio-lopez}}</ref>
Francia não havia deixado nenhum sucessor, sendo assim iniciou-se uma disputa pelo poder no Paraguai. Após a morte de Francia, uma junta liderada por [[Manuel Antonio Ortiz]], tomou o poder.<ref name=":10">{{Citar web|titulo=En 1840 se formó una Junta Provisional de Gobierno para suceder a Rodríguez de Francia|url=https://www.mec.gov.py/cms_v2/recursos/5286-en-1840-se-formo-una-junta-provisional-de-gobierno-para-suceder-a-rodriguez-de-francia|data=2010|acessodata=17-04-2020|publicado=Ministerio de Educación y Cultura|ultimo=Mllamas|primeiro=}}</ref> Em 22 de janeiro de 1841, Ortiz foi derrubado de seu posto por [[Juan José Medina]], que por sua vez sofreu um golpe em 9 de fevereiro,<ref>{{Citar web|titulo=Juan José Medina|url=https://www.wikiwand.com/de/Juan_Jos%C3%A9_Medina|data=|acessodata=17-04-2020|publicado=Wikiwand|ultimo=|primeiro=|lingua=de}}</ref> liderado por [[Mariano Roque Alonso|Mariano Roque Alonzo]].{{Sfn|Nickson||p=41}} Em 14 de março de 1841, com pouca autoridade para governar, Alonzo reinstituiu o consulado, trazendo para o governo [[Carlos Antonio López]].{{Sfn|Nickson||p=41}} O consulado durou até 13 de março de 1844, quando o Congresso nomeou Lopez como Presidente da República, cargo que ocupou até sua morte em 1862.<ref name=":10" /><ref name=":12">{{Citar web|titulo=Carlos Antonio Lopez|url=https://www.encyclopedia.com/people/history/paraguay-history-biographies/carlos-antonio-lopez|data=|acessodata=17-04-2020|publicado=Encyclopedia.com|ultimo=|primeiro=|lingua=en}}</ref>


Carlos Antonio López continuou, embora com um estilo diferente, abrindo lentamente o país para o exterior, a defesa da independência paraguaia, especialmente ameaçada pela recusa do governador de Buenos Aires [[Juan Manuel de Rosas]] em reconhecer a independência do país e sua insistência em continuar considerando que a Argentina incipiente tinha direitos sobre a antiga província do Paraguai, herdada do domínio espanhol.
Embora o governo de Carlos tenha sido semelhante ao sistema de Francia, seus meios eram diferentes.<ref>{{Citar web|titulo=Biografía de Don Carlos Antonio López|url=https://web.archive.org/web/20110808154451/http://www.abc.com.py/nota/biografia-de-don-carlos-antonio-lopez|data=2010|acessodata=17-04-2020|publicado=ABC Color|ultimo=|primeiro=|ISO=|lingua=es}}</ref> Em seu governo são encontrados alguns traços de corrupção, tendo ele se tornado o homem mais rico do país.{{Sfn|Bannon|Masten Dunne|p=587}} Além disso, a população paraguaia aumentou de cerca de 220 000 em 1840 para cerca de 400 000 em 1860.<ref>{{Citar web|titulo=Carlos Antonio López|url=https://www.laguia2000.com/paraguay/carlos-antonio-lopez|data=2009|acessodata=18-04-2020|publicado=La Guía|ultimo=|primeiro=|ISO=|lingua=es}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=La población en Paraguay tras la guerra|url=https://www.ultimahora.com/la-poblacion-paraguay-la-guerra-n943084.html|lingua=es|data=2015|acessodata=18-04-2020|publicado=UltimaHora|ultimo=Telesca|primeiro=Ignacio}}</ref>{{Sfn|Palomo||p=207-214}}


Entre as ações de progresso do governo López, destaca-se a criação do primeiro jornal nacional: El Paraguayo Independiente, da Frota Mercante e da Ferrovia. O início da fundição de [[Ybycuí]], os arsenais nacionais e a contratação de cerca de 200 técnicos europeus que contribuíram com seu conhecimento e trabalharam para a modernização da capital e do país. Educação e cultura foram outros campos altamente favorecidos pelas iniciativas de Dom Carlos, que cumpriu um segundo e terceiro mandatos, até sua morte em [[1862]].
Durante seu mandato, López aumentou o contingente das forças armadas para 18 000 soldados ativos e 46 000 reservistas e melhorou a qualidade de seus equipamentos.<ref name=":11" /> Em seu governo a educação também melhorou significativamente, com cerca de 400 escolas construídas.<ref>{{Citar web|titulo=Historia de la Educación en el Paraguay|url=http://www.portalguarani.com/2572_juan_speratti/20109_historia_de_la_educacion_en_el_paraguay_1812_1932__por_juan_speratti.html|data=1998|acessodata=18-04-2020|publicado=Portal Guaraní|ultimo=Speratti|primeiro=Juan}}</ref> O primeiro telégrafo do país, ligando Assunção a [[Humaitá (Paraguai)|Humaitá]], foi construído. Também foi construída uma ferrovia de [[Assunção]] a [[Paraguarí (cidade)|Paraguarí]], em 1858. Em 22 de setembro de 1861, a Estação Ferroviária Central foi inaugurada em Assunção.<ref name=":12" /><ref>{{Citar web|titulo=História|url=https://web.archive.org/web/20091222094215/http://www.ferrocarriles.com.py/historia/index.html|data=2009-12-22|acessodata=18-04-2020|publicado=Ferrocarriles de Paraguay S.A|ultimo=Orué|primeiro=Francisco}}</ref>


Com isso, após um mês de negociações, seu filho [[Francisco Solano López]], de 36 anos, é eleito presidente do Paraguai. Ele liderou em [[1853]] uma viagem de mais de um ano e meio para a [[Europa]], como embaixador de seu pai, para obter reconhecimento da independência do país e foi ele quem fechou acordos com as empresas inglesas (principalmente) que o venderam para o país a tecnologia necessária para uma decolagem econômica e industrial extraordinária durante esses anos, sem recorrer a nenhum empréstimo, além de ser quem contratou as centenas de técnicos europeus que o colocaram em prática.
No referente a relações exteriores, López marcou um período de abertura política no Paraguai, que teve como resultado um crescimento da economia paraguaia e maior reconhecimento internacional.<ref name=":12" />
== Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) ==
 
=== Governo de Francisco Solano López (1862-1870) ===
[[Ficheiro:Solano_Lopez_1866_by_Garcia.jpg|miniaturadaimagem|[[Francisco Solano López]].]]
Filho de Carlos López, [[Francisco Solano López|Solano]] ascendeu ao poder em 16 de outubro de 1862, eleito pelo congresso.<ref name=":13">{{Citar web|titulo=Francisco Solano López|url=https://br.historyplay.tv/biografias/GUERRA-DO-PARAGUAI-francisco-solano-lopez|data=2015|primeiro=|ultimo=|acessodata=18-04-2020|publicado=History}}</ref> A principais características de suas políticas econômicas eram o [[protecionismo]] e a política da [[Balança comercial|balança comercial favorável]], sendo madeira e erva-mate os produtos mais exportados.<ref>{{Citar web|titulo=Guerra do Paraguai|url=http://www.bussolaescolar.com.br/historia_do_brasil/guerra_do_paraguai.htm|data=|acessodata=18-04-2020|publicado=Bussola Escolar|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Guerra do Paraguai|url=http://www.pedalnaestrada.com.br/pages.php?recid=54|data=2006|acessodata=18-04-2020|publicado=Pedal na Estrada|ultimo=|primeiro=}}</ref> O resultado dessas medidas foram até certo ponto, uma auto-suficiência em relação aos países vizinhos, praticamente inibindo o capital externo do país.<ref name=":13" />
 
No início de seu governo, houve uma importante expansão da indústria têxtil, a partir de maquinário inglês.{{Sfn|Pomer||p=21}} O comércio, ainda que pequeno, era muito incentivado por seu governo, através de uma política aplicada até 1864, junto do [[Partido Blanco|governo blanco]] do [[Uruguai]], denominada "Equilíbrio do Rio da Prata".{{Sfn|Poucel||p=43}}
 
== Guerra do Paraguai (1864-1870) ==
{{Artigo principal|Guerra do Paraguai}}
{{Artigo principal|Guerra do Paraguai}}
===Antecedentes===
===Antecedentes===
[[Arquivo:Francisco Solano Lopez.jpg|thumb|[[Francisco Solano López]].]]
[[Ficheiro:Territorial_disputes_in_the_Platine_region_in_1864.svg|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|Disputas territoriais na região do prata (1864).]]
Ao longo do [[século XIX]], o Paraguai reduziu suas reivindicações territoriais para não aumentar os conflitos externos com o [[Império do Brasil|Brasil]] e a [[Confederação Argentina|Argentina]]. No entanto, o Império não observou o mesmo comportamento e tentou impor limites ao seu vizinho.<ref>Doratioto, Francisco: ''Maldita guerra. Nueva historia de la Guerra del Paraguay''. San Pablo/Buenos Aires: Emecé, 2008, pág. 30-35. ISBN 978-950-04-2574-2</ref> Por seu lado, a Argentina aumentou suas reivindicações ao longo da [[década de 1850]], exigindo soberania sobre todo o [[Chaco Boreal]].<ref>{{Citar web|titulo=La misión Guido al Paraguay. El tratado de julio de 1856|url=http://www.argentina-rree.com/5/5-073.htm|data=2000|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
Ao longo do [[século XIX]], o Paraguai reduziu suas reivindicações territoriais para não aumentar os conflitos externos com o [[Império do Brasil|Brasil]] e a [[Confederação Argentina|Argentina]], porém ainda suas reclamações eram comuns as do Brasil.{{Sfn|Doratioto||p=30-35}} Por seu lado, a Argentina aumentou suas reivindicações ao longo da [[década de 1850]], exigindo soberania sobre todo o [[Chaco Boreal]].<ref>{{Citar web|titulo=La misión Guido al Paraguay. El tratado de julio de 1856 - 5|url=http://www.argentina-rree.com/5/5-073.htm|data=2000|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=Historia de las Relaciones Exteriores Argentinas|ultimo=Escudé|primeiro=Carlos|ultimo2=Cisneros|primeiro2=Andrés|paginas=86|pagina=73}}</ref>
 
Após a queda da [[Confederação Argentina]], o governo do Paraguai ainda esperou por algum tempo que seu regime político e econômico fosse respeitado.<ref>[http://www.paginadigital.com.ar/articulos/2005/2005prim/noticias/triple-alianza-020305.asp ''La guerra de la triple alianza contra el Paraguay aniquiló la única experiencia exitosa de desarrollo independiente'', por] [[Eduardo Galeano]]<span>.</span> Publicado em 3 de março de 2005. Consultado em 17 de abril de 2020.{{Ligação inativa}}</ref> Mas o apoio argentino e imperial à revolução de [[Venancio Flores]] no [[Uruguai]], contribuído pela [[Guerra do Uruguai]],<ref>Véase Doratioto, ''Maldita guerra'', pág. 41-94. convencieron a López que tarde o temprano debería defenderse de ambos países.</ref>  aumentou a contínua campanha contra seu governo na imprensa de Buenos Aires.<ref>{{Citar web|titulo=La actitud paraguaya ante los sucesos en Uruguay|url=http://www.argentina-rree.com/6/6-026.htm|data=2000|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Eles convenceram López de que mais cedo ou mais tarde ele deveria se defender dos dois países.


O presidente López exigiu que o Brasil se abstenha de intervir no Uruguai, mas o Império invadiu o país em meados de [[1864]].<ref>Zenequelli, Lilia: ''Crónica de una guerra, La Triple Alianza''. Buenos Aires: Dunken, 1997. ISBN 987-9123-36-0</ref> Como resposta, López [[Campanha do Mato Grosso|invadiu a província de Mato Grosso]]. Quando o Brasil entrou na Grande Guerra, em 12 de outubro de 1864, os paraguaios capturaram, um mês depois, o navio "Marquês de Olinda". Nele estava o governador brasileiro de Mato Grosso, coronel [[Frederico Carneiro de Campos]], visconde de Caravelas.
Após a queda da [[Confederação Argentina]], o governo do Paraguai ainda esperou por algum tempo a consolidação de seu regime, tendo para isso, seus aliados do [[Partido Nacional (Uruguai)|Partido Blanco]] no poder no [[Uruguai]].<ref name=":14">{{Citar web|titulo=Guerra contra Aguirre entre Brasil e Uruguai|url=https://guerras.brasilescola.uol.com.br/seculo-xvi-xix/guerra-contra-aguirre.htm|lingua=pt-br|data=|acessodata=29-04-2020|publicado=Guerras Brasil Escola|ultimo=Pinto|primeiro=Teles}}</ref> A Argentina e o Brasil ofereceram apoio à revolução de [[Venancio Flores]] no [[Uruguai]], contribuído pela [[Guerra do Uruguai]], que tirou do poder [[Atanasio Cruz Aguirre]].<ref name=":14" />{{Sfn|Doratioto||p=41-94}} Na Argentina, houve uma intensa propaganda contrária a posição paraguaia, em apoio dos colorados no Uruguai.<ref>{{Citar web|titulo=La actitud paraguaya ante los sucesos en Uruguay - 6|url=http://www.argentina-rree.com/6/6-026.htm|data=2000|acessodata=17-04-2020|publicado=Historia de las Relaciones Exteriores Argentinas|ultimo=Escudé|primeiro=Carlos|ultimo2=Cisneros|primeiro2=Andrés|paginas=119|pagina=26}}</ref>


Isso revelou aos paraguaios que, do norte do Paraguai, os brasileiros planejavam realizar uma invasão com 12.000 soldados (6.000 que estavam no local, mais outros 6.000 que chegariam como reforços) bem armados e uma frota de 6 a 8 navios de guerra. Prova disso foi o avanço ilegal que as tropas imperiais fizeram sobre a área, fundando ou ocupando fortes e instalando campos naquele território "em disputa".
López exigiu que o Brasil não intervisse no Uruguai, mas o Império invadiu o país em meados de [[1864]].{{Sfn|Zenequelli||p=122}}<ref>{{Citar web|titulo=A Invasão do Uruguai e o Início da Guerra do Paraguai|url=http://www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/invasao_uruguai.html|data=|acessodata=30-04-2020|publicado=Multirio.rj|ultimo=|primeiro=}}</ref> A resposta paraguaia veio em 12 de outubro de 1864, quando o navio "[[Vapor Marquês de Olinda|Marquês de Olinda]]" foi capturado. Nele estava o governador de Mato Grosso, coronel [[Frederico Carneiro de Campos]].<ref>{{Citar web|titulo=Vapor Marquês de Olinda|url=http://www.naval.com.br/ngb/M/M045/M045.htm|data=1999|acessodata=30-04-2020|publicado=NGB|ultimo=|primeiro=}}</ref> Posteriormente, houve a [[Campanha do Mato Grosso|invasão paraguaia da província do Mato Grosso]], fato inicial da guerra.<ref>{{Citar web|titulo=Guerra do Paraguai: qual o papel do Brasil no maior conflito da América do Sul? - Tópico 2|url=https://www.hipercultura.com/guerra-paraguai-brasil/|data=|acessodata=30-04-2020|publicado=Hipercultura|ultimo=Neto|primeiro=Carlos|ultimo2=Bezerra|primeiro2=Juliana}}</ref>


=== Primeiro ataque e subsequente defesa ===
=== Primeiro ataque e subsequente defesa ===
Isso levou ao "ataque preventivo" ao [[Província de Mato Grosso|Mato Grosso]] em [[1865]], que foi completamente vitorioso para as armas paraguaias. Os aliados estavam desarticulados, seu plano foi quebrado em pedaços e eles recorreram a uma operação desesperada.
[[Arquivo:Tuyuti.jpg|thumb|A [[Batalha de Tuiuti]], um marco da [[Guerra do Paraguai]]. Pintura a óleo de [[Cándido López (pintor)|Cándido López]].]]López solicitou autorização do [[Governo da Argentina|governo argentino]] para atravessar o território da [[Corrientes (província)|Província de Corrientes]], a fim de chegar no [[Rio Grande do Sul|sul do Brasil]] e posteriormente invadir o Uruguai.<ref>{{Citar web|titulo=López solicita permiso para atravesar territorio argentino|url=http://www.argentina-rree.com/6/6-030.htm|data=2000|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=Historia de las Relaciones Exteriores Argentinas|ultimo=Carlos|primeiro=Escudé|paginas=119|pagina=30|primeiro2=Andrés|ultimo2=Cisneros}}</ref> Com o Presidente [[Bartolomé Mitre]] negando a autorização, o Paraguai declarou guerra contra a Argentina<ref>{{Citar web|titulo=Declaración de Guerra de Paraguay a Argentina|url=https://web.archive.org/web/20111109044240/http://www.mec.gov.py/cms/recursos/6959|data=2011|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=Ministerio de Educación y Cultura de Paraguay|ultimo=|primeiro=}}</ref> e [[Campanha de Corrientes|invadiu Corrientes]]. Em uma série sucessiva de vitórias, chegou até perto do território uruguaio, na cidade de [[Uruguaiana]].<ref>{{Citar web|titulo=Guerra do Paraguai|url=https://www.cepmgnn.com/guerra-do-paraguai|data=|acessodata=17-04-2020|publicado=Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás, Unidade Nivo das Neves|ultimo=|primeiro=}}</ref> As posteriores derrotas nas batalhas [[Batalha Naval do Riachuelo|do Riachuelo]], [[Batalha de Jataí|Jataí]], e no [[Cerco de Uruguaiana]]<ref>{{Citar web|titulo=Batalha Naval do Riachuelo|url=https://brasilescola.uol.com.br/historiab/batalha-naval-riachuelo.htm|lingua=pt-br|data=|acessodata=03-05-2020|publicado=Brasil Escola|ultimo=Souza|primeiro=Rainer Gonçalves}}</ref>{{Sfn|Moreno||p=74-77}}<ref>{{Citar web|titulo=Guerra do Paraguai|url=https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/guerra-do-paraguai|data=2015|ultimo=|acessodata=01-05-2020|publicado=Portal São Francisco|primeiro=}}</ref> marcaram o fim da ofensiva paraguaia. Em 1 de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram o [[Tratado da Tríplice Aliança]].<ref>{{Citar web|titulo=Tratado de la Triple Alianza contra Paraguay|url=http://www.lagazeta.com.ar/triple.htm|data=|acessodata=17-04-2020|publicado=Lagazeta|ultimo=}}</ref>


Os 6.000 que deveriam reforçar, com tempo e preparação, as tropas brasileiras que estavam em Mato Grosso, foram enviados para ajudar seus companheiros no final de 1865. O coronel [[Carlos de Morais Camisão]] e seus subordinados, tenente-coronel [[Albino de Carvalho]] e o visconde de Taunay lideraram o avanço, que foi uma verdadeira luta contra "dificuldades e fadiga".
Os aliados iniciaram uma campanha no sul do Paraguai em meados de [[1866]].{{Sfn|Doratioto||p=198}} Houve uma série de batalhas ao longo das fortificações paraguaias nas margens do [[Rio Paraguai]], com destaque para [[Batalha de Tuiuti|Tuiuti]] e [[Batalha de Curupaiti|Curupaiti]],<ref>{{Citar web|titulo=Batalha de Tuiuti - resumo, história|url=https://www.historiadobrasil.net/resumos/batalha_tuiuti.htm|data=2019|acessodata=01-05-2020|publicado=História do Brasil.net|ultimo=Ramos|primeiro=Jefferson Evandro}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Guerra do Paraguai|url=http://www.ricardoorlandini.net/hoje_historia/ver/4657/guerra-do-paraguai-acontece-a-batalha-de-curupaiti|data=|acessodata=01-04-2020|publicado=Guerras Brasil Escola|ultimo=Neves|primeiro=Daniel}}</ref> culminando na tomada da fortaleza de [[Humaitá (Paraguai)|Humaitá]] pelos aliados em 1868.<ref>{{Citar web|titulo=A guerra do fim do Império|url=https://jornaldebrasilia.com.br/60anos/a-guerra-do-fim-do-imperio/|data=2020|primeiro=Olavo David|ultimo=Neto|acessodata=02-05-2020|publicado=Jornal de Brasília|ultimo2=Mendonça|autor=|primeiro2=Vítor}}</ref> Nesse meio tempo uma epidemia de [[cólera]] dizimou os dois exércitos,<ref>{{Citar web|titulo=A Guerra do Paraguai foi uma das primeiras com armas biológicas?|url=https://super.abril.com.br/mundo-estranho/e-verdade-que-a-guerra-do-paraguai-foi-uma-das-primeiras-em-que-foram-usadas-armas-biologicas/|data=2011|acessodata=02-05-2020|publicado=Super Interessante|ultimo=|primeiro=}}</ref> dando uma pausa na ofensiva aliada.{{Sfn|Gavier||p=152}}{{Sfn|Gavier||p=157-161}}


Os brasileiros conseguiram superar pântanos, meandros, florestas, doenças e escassez. Cerca de 2.000 de seus companheiros foram deixados para trás quando chegaram às posições controladas pelo Paraguai.
Durante a [[Campanha do Piquissiri]], ocorreram quatro grandes batalhas, forçando López a deixar [[Assunção]] e recuar para o interior do país.{{Sfn|Mendoza||p=39-66}} Praticamente todo seu exército foi morto ou capturado nessa campanha.{{Sfn|Doratioto||p=335-366}} A cidade de Assunção foi [[Saque de Assunção|ocupada e saqueada]].{{Sfn|Gavier||p=166-169}}


O marechal López, sempre informado, já sabia tudo isso e (segundo [[Jorge Thompson]] em sua famosa obra ''A Guerra do Paraguai'' ) pessoalmente, sem informar a maior parte do exército que estava na [[fortaleza de Humaitá]], partiu para o norte na vila de [[Concepción (Paraguai)|Concepción]]. A partir daí, ele organizou uma defesa, que ficou a cargo de [[Martín Urbieta]]. Somente depois de dominar um amplo território, López solicitou autorização do [[Governo da Argentina|governo argentino]] para atravessar o território da [[Corrientes (província)|Província de Corrientes]], para confrontar o Brasil no Uruguai nas proximidades.<ref>{{Citar web|titulo=López solicita permiso para atravesar territorio argentino (enero-febrero de 1865)|url=http://www.argentina-rree.com/6/6-030.htm|data=2000|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> A resposta negativa do presidente argentino [[Bartolomé Mitre]] levou Francisco Solano López a declarar guerra contra a Argentina<ref>{{Citar web|titulo=Ministerio de Educación y Cultura - Paraguay » Fechas Especiales » Declaración de Guerra de Paraguay a Argentina|url=https://web.archive.org/web/20111109044240/http://www.mec.gov.py/cms/recursos/6959|data=2011-11-09|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> e ordenar a [[Campanha de Corrientes|invasão paraguaia de Corrientes]], que começou com uma série de vitórias, mas as sucessivas derrotas nas [[Batalha Naval do Riachuelo|Batalhas do Riachuelo]],<ref>Tissera: «Riachuelo, la batalla que cerró a Solano López la ruta al océano», revista ''Todo es Historia'', número&nbsp;46, Buenos Aires, 1971.</ref> [[Batalha de Jataí|Jataí]], e o [[Cerco de Uruguaiana]]<ref>Giorgio, Dante A.: «Yatay, la primera sangre», revista ''Todo es Historia'', n.º&nbsp;445, Buenos Aires, 2004.</ref><ref>Ruiz Moreno, Isidoro: ''Campañas militares argentinas'' (tomo IV). Buenos Aires: Emecé, 2008, pág.&nbsp;74-77. ISBN 978-950-620-257-6</ref> finalmente forçaram os paraguaios a evacuar o território de Corrientes no final de 1865.<ref>Castello, Antonio Emilio: ''Historia de Corrientes''. Buenos Aires: Plus Ultra, 1991, pág. 416. ISBN 950-21-0619-9.</ref>
Apesar das derrotas, López continuou sua resistência na chamada [[Campanha da Cordilheira]].{{Sfn|Mendoza||p=62}} Seu exército foi completamente destruído nas batalhas de [[Batalha de Piribebuy|Piribebuy]]<ref>{{Citar web|titulo=La Batalla de Piribebuy|url=https://web.archive.org/web/20090907181411/http://www.abc.com.py/2009/08/17/nota/14083-La-batalla-de-Piribebuy/|data=2009|acessodata=17-04-2020|publicado=ABC Color|ultimo=Veron|primeiro=Luiz}}</ref> e [[Acosta Ñu]], marcada por uma expressiva vitória dos aliados.<ref>{{Citar web|titulo=Batalla de Acosta Ñú|url=http://www.lagazeta.com.ar/acosta-nu.htm|data=|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=Lagazeta|ultimo=|primeiro=}}</ref> A maioria dos soldados de López eram adolescentes ou crianças.<ref>{{citar web|url=https://web.archive.org/web/20111107231926/http://www.larueda.com.py/rll008.htm|titulo=Y Otra vez el fuego, Acosta Ñú|data=2011|acessodata=17-04-2020|publicado=Laureda|ultimo=León|primeiro=Rubén Luces}}</ref> Os últimos remanescentes do exército de López, foram encontrados em 1º de março de [[1870]] pelas forças imperiais na [[Batalha de Cerro Corá]]. López foi morto em combate e as últimas forças leais se renderam.<ref>{{Citar web|titulo=Cerro Corá: "La Epopeya de un Pueblo"|url=https://www.monografias.com/trabajos59/cerro-cora/cerro-cora2.shtml|lingua=es|primeiro=Gustavo Carrère|ultimo=Cadirant|data=|acessodata=17-04-2020|publicado=Monografias.com}}</ref>


Brasil, Argentina e Uruguai assinaram em 1 de maio de 1865 o [[tratado da Tríplice Aliança]], forçando-se mutuamente a lutar contra o Paraguai até forçar a saída de Francisco Solano López e impor ao Paraguai os limites que seus dois países vizinhos desejavam. Além disso, foi estabelecido que uma grande indenização de guerra seria imposta ao país.<ref>{{Citar web|titulo=La Triple Alianza contra Paraguay.Tratado secreto de la infame de la Guerra contra Paraguay Puntas del Rosario Genocicio paraguayo La Historia liberal y revision histórica Nacionlismo mitrista Apuntes de historia Argentina. Cronologia de acontecimientos.|url=http://www.lagazeta.com.ar/triple.htm|data=|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
== Período entre guerras (1870-1932) ==
=== Pós-guerra ===
[[Arquivo:Asunción del Paraguay 1892.jpg|thumb|Assunção em [[1892]].]]
As [[Guerra do Paraguai#Consequências|consequências da Guerra do Paraguai]] foram devastadoras para o país, levando a morte de dois terços de todos os homens adultos<ref>{{Citar web|titulo=Guerra do Paraguai - história, causas e consequências|url=https://www.suapesquisa.com/historia/guerradoparaguai/}}</ref> (número contestado)<ref>{{Citar livro|url=http://archive.org/details/lapoblacindelpa00carrgoog|título=La población del Paraguay, antes y después de la guerra; rectificación de opiniones generalmente aceptadas ..|ultimo=Carrasco|primeiro=Gabriel|data=1905|editora=Asunción del Paraguay, Talleres nacionales de H. Kraus}}</ref> e a perca grande parte do território paraguaio. O país foi submetido à ocupação brasileira que durou seis anos (até [[1876]]).<ref>{{citar web|url=http://www.argentina-rree.com/6/6-050.htm|titulo=Los efectos del tratado Cotegipe-Lóizaga en la política interna argentina - 6|data=2000|acessodata=04-05-2020|publicado=Historia de las Relaciones Exteriores Argentinas|ultimo=Escudé|primeiro=Carlos|ultimo2=Cisneros|primeiro2=Andrés|paginas=119|pagina=50}}</ref> Os territórios disputados com o Brasil e a Argentina foram perdidos, com exceção do [[Chaco|Grande Chaco]].{{carece de fontes|data=abril de 2021}} A situação criada levou a uma estagnação econômica que duraria pelo resto do século. Em relação ao social, a [[poligamia]] se tornou muito comum no país (indivíduo que se relaciona sexualmente com vários outros da mesma espécie)<ref>{{Citar web|titulo=poligamia - Wikcionário|url=https://pt.wiktionary.org/wiki/poligamia|obra=pt.wiktionary.org|acessodata=2020-07-22}}</ref> para repovoar o país, assim como a sociedade [[matriarca]]l prevaleceu, mas ao mesmo tempo um forte machismo, um contexto que ainda persiste hoje, principalmente nas classes médias baixas.<ref>{{Citar web|titulo=20 curiosidades sobre a Guerra do Paraguai|url=https://historiadigital.org/curiosidades/20-curiosidades-sobre-a-guerra-do-paraguai/|data=2012-09-18|lingua=pt-BR}}</ref>


[[Arquivo:Tuyuti.jpg|thumb|A [[Batalha de Tuiuti]], um marco da [[Guerra do Paraguai]]. Pintura a óleo de [[Cándido López (pintor)|Cándido López]].]]
Os aliados instalaram no Paraguai um governo provisório em julho de [[1869]] e era composto por [[Cirilo Antonio Rivarola]], [[Carlos Loizaga]] e [[José Antonio Bedoya]]. Esse governo representava os interesses das autoridades militares brasileiras e em menor grau, as do comando militar argentino.<ref>{{citar livro|título=Maldita guerra. Nueva historia de la Guerra del Paraguay|ultimo=|primeiro=|ano=2008|local=[[São Paulo (cidade)|São Paulo]] e [[Buenos Aires]]|páginas=407-413|isbn=978-950-04-2574-2|apelido=Doratioto|nome=Francisco|acessodata=|editora=Emecé}}</ref> Loizaga e Bedoya eram oficiais da chamada "Legião Paraguaia", um corpo militar que apoiava os aliados.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-01881999000200012&lng=en&nrm=iso&tlng=pt |titulo=Entre retratos e cadáveres: a fotografia na Guerra do Paraguai |data=1999 |jornal=Revista Brasileira de História |numero=38 |ultimo=Toral |primeiro=André Amaral de |paginas=283–310 |lingua=pt |doi=10.1590/S0102-01881999000200012 |issn=0102-0188 |volume=19}}</ref> Por sua parte, Rivarola participou de conspirações contra os governos de López e foi incorporado à força como sargento no exército paraguaio, do qual havia desertado. Logo depois, Loizaga e Bedoya renunciaram e se retiraram para Buenos Aires, com assumindo Rivarola como presidente.<ref name="argentina">{{Citar web|titulo=La formación del gobierno provisional tras la ocupación aliada de Asunción (junio de 1869)|url=http://www.argentina-rree.com/6/6-047.htm|data=2000|acessodata=18 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Guerra da triplice aliança : submissão, genocídio e dívida pública|url=https://www.cadtm.org/Guerra-da-triplice-alianca|obra=www.cadtm.org|acessodata=2020-07-22}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Eventos Paraguai (Página 3 )|url=https://www.ponteiro.com.br/mostrad9.php?w=43&rycpttk=788&start=70|obra=www.ponteiro.com.br|acessodata=2020-07-22}}</ref>


A seguinte fase, iniciada com a invasão aliada de 16 de abril de [[1866]],<ref>Doratioto, ''Maldita guerra'', pág. 198.</ref> foi uma luta pela posse do [[Ñeembucú (departamento)|extremo sul do Paraguai]], especialmente a fortaleza de [[Humaitá (Paraguai)|Humaitá]], que impediu a passagem de navios inimigos para o centro do país.<ref>Zenequelli, Lilia, ''Crónica de una guerra, La Triple Alianza''.</ref> As batalhas de [[Batalha de Tuiuti|Tuiuti]] e [[Batalha de Curupaiti|Curupaiti]]<ref>Díaz Gavier, Mario: ''En tres meses en Asunción'', Rosario (Argentina): Editorial del Boulevard, 2005. ISBN 987-556-118-5</ref> foram derrotas das forças paraguaias a primeira paraguaia e aliado a segunda, levaram à parada prática das operações após uma série de pequenos combates. Uma epidemia de [[cólera]] dizimou os dois exércitos.<ref>Díaz Gavier, ''En tres meses en Asunción'', pág. 152.</ref> Quando o Império retomou sua ofensiva, em meados de [[1867]], ainda levava um ano para tomar Humaitá e as outras fortalezas da região.<ref>Díaz Gavier, ''En tres meses en Asunción'', pág. 157-161.</ref>
Em 15 de agosto de 1870, uma Convenção Constitucional se reuniu em Assunção para sancionar a primeira [[Constituição do Paraguai#Constituição de 1870|Constituição paraguaia]], baseada na [[constituição argentina de 1853]].<ref>{{Citar web |ultimo=Asunción |primeiro=Benigno Núñez Novo Canal no youtube: Dr Benigno Novo https://www youtube com/channel/UCLWL2beVzg-Br8lzRzddgGw Doutor em direito internacional pela Universidad Autónoma de |ultimo2=Asunción |primeiro2=mestre em ciências da educação pela Universidad Autónoma de |url=https://jus.com.br/artigos/84052/a-historia-das-constituicoes-paraguaias |titulo=A história das Constituições paraguaias - Jus.com.br {{!}} Jus Navigandi |acessodata=2020-07-25 |website=jus.com.br |lingua=pt-br |ultimo3=autor |primeiro3=especialista em educação: área de concentração: ensino pela Faculdade Piauiense e bacharel em direito pela Universidade Estadual da Paraíba Textos publicados pelo autor Fale com o}}</ref> A mesma Convenção declarou o Triunvirato dissolvido, que foi reduzido apenas a Rivarola, nomeando [[Facundo Machaín]] como novo presidente. No entanto, um golpe de estado das forças militares paraguaias obrigou a própria Convenção a eleger Rivarola, que assumiu o cargo em 1º de setembro daquele ano, como seu presidente, logo após a Constituição ter sido sancionada.<ref>{{citar livro|título=Lecciones de historia paraguaya|ultimo=Natalicio|primeiro=Víctor|ano=1974|local=[[Assunção]]|páginas=185-187|acessodata=}}</ref>


A campanha a seguir durou apenas algumas semanas. Durante a [[Campanha do Piquissiri]], ocorreram quatro grandes batalhas, forçando López a deixar Assunção e recuar para o interior do país.<ref>Mendoza, Hugo, ''La Guerra contra la Triple Alianza'', 2.ª Parte, Ed El Libro, Asunción del Paraguay, 2010, pág. 39-66. ISBN 978-99953-1-0-079-0</ref> Praticamente todo seu exército foi morto ou capturado nessa campanha.<ref>Doratioto, ''Maldita guerra'', pág. 335-366.</ref> A cidade de Assunção foi [[Saque de Assunção|ocupada e saqueada]].<ref>Díaz Gavier, ''En tres meses en Asunción'', pág. 166-169.</ref>
A eleição do Congresso Nacional marcou o início do fim do governo de Rivarola, que terminou com a renúncia em 18 de dezembro de [[1871]]. Sob o comando de seu sucessor, [[Salvador Jovellanos]], foi assinado o [[Tratado de Loizaga – Cotegipe]], que sancionou as reivindicações ao [[Império brasileiro|Império Brasileiro]] havia estabelecido ao assinar o tratado: o estabelecimento dos limites do norte do país no [[Rio Apa]] até o [[Salto de Sete Quedas]]. O Império garantiu um tratado deixando a Argentina de lado, que por sua vez reivindicou todo o Chaco Boreal. Pelo Tratado de Machain-Yrigoyen, foi definido que o Chaco central, a maior parte da atual [[Formosa (província)|província argentina de Formosa]], seria dada para a [[Argentina]], enquanto o território ao norte do [[Río Verde (rio do Paraguai)|rio Verde]] foi deixado para o Paraguai. Foi estabelecido que seria resolvido por uma [[Sentença|sentença arbitral]], pelo [[presidente dos Estados Unidos]], [[Rutherford B. Hayes]], a implantação do [[Presidente Hayes|departamento do Presidente Hayes]] em território paraguaio em novembro de [[1878]].<ref>Vasconsellos (1974), pág. 187-189.</ref>


Apesar da gravidade das derrotas, López continuou sua resistência na chamada [[Campanha da Cordilheira]].<ref>Mendoza, ''La Guerra contra la Triple Alianza'', pág. 62.</ref> Seu exército foi completamente destruído nas batalhas de [[Batalha de Piribebuy|Piribebuy]]<ref>{{Citar web|titulo=ABC Digital|url=https://web.archive.org/web/20090907181411/http://www.abc.com.py/2009/08/17/nota/14083-La-batalla-de-Piribebuy/|data=2009-09-07|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=[[ABC Color]]|ultimo=|primeiro=}}</ref> e [[Acosta Ñu]], marcada pelo massacre dos aliados.<ref>{{Citar web|titulo=Batalla y masacre de Acosta-Nu Día del niño paraguayo Guerra del Paraguay Apuntes de historia de la Guerra del Paraguay Masacre de Acosta Ñu Genocidio americano Triple Alianza Emilio Mitre Bernardino Caballero Historia Argentina el feto en el vientre de la mujer Batallas y Combates, Yo el Supremo Roa Bastos Juan O'Leary Biografia Francisco Solano López|url=http://www.lagazeta.com.ar/acosta-nu.htm|data=|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> A maioria dos soldados de López eram adolescentes ou crianças.<ref>[https://web.archive.org/web/20111107231926/http://www.larueda.com.py/rll008.htm ''Acosta Ñu'', por Rubén Luces León, en La Rueda.com.]</ref> Os últimos remanescentes do exército de López, perseguidos em todo o interior do país, foram encontrados em 1º de março de [[1870]] pelas forças imperiais na [[Batalha de Cerro Corá]]. López foi morto em combate e as últimas forças leais se renderam.<ref>{{Citar web|titulo=Cerro Corá: "La Epopeya de un Pueblo" (página 2) - Monografias.com|url=https://www.monografias.com/trabajos59/cerro-cora/cerro-cora2.shtml|lingua=es|primeiro=Gustavo Carrére Cadirant|ultimo=Monografias.com|data=|acessodata=17 de abril de 2020|publicado=}}</ref>
=== Recuperação econômica ===
Enquanto isso, Jovellanos foi substituído em novembro de 1874 por [[Juan Bautista Gill]]. Após a morte de Gill, ele foi sucedido por seu vice-presidente, [[Higinio Uriarte]], que também não conseguiu estabilizar a situação política no Paraguai. Após o governo de [[Cándido Bareiro]], ex-embaixador dos López na Europa, o Congresso nomeou [[Bernardino Caballero]] em [[1880]] para suceder Gill, que mais tarde seria reeleito e governaria até [[1886]]. Durante seu mandato, as instituições foram reorganizadas, o [[transporte ferroviário]] e a [[telegrafia]] foram ampliados.


== Era contemporânea ==
Em várias cidades, dezenas de escolas foram fundadas e o primeiro [[bonde]] foi estabelecido em Assunção. Ele foi sucedido pelo general [[Patricio Escobar]], que continuou sua política. Sua contribuição mais lembrada para a cultura do país foi a fundação da [[Universidade Nacional de Assunção]]. Seus oponentes fundaram o primeiro partido paraguaio moderno, o [[Partido Liberal Radical Autêntico|Partido Liberal]], que seguiu a tradição dos oponentes do governo López. Nesse mesmo ano, os apoiadores do governo, liderados pelo general Caballero, fundaram o [[Partido Colorado (Paraguai)|Partido Colorado]], que reivindicou a tradição nacionalista e a ação paraguaia na Guerra da Tríplice Aliança. Este manteria o governo até o início do século seguinte.<ref>Vasconsellos (1974), pág. 193-199.</ref>
[[Imagem:Morínigo and Roosevelt.jpg|thumb|esquerda|[[Higino Morínigo]] durante um encontro com [[Franklin D. Roosevelt]] na [[Casa Branca]] em 9 de junho de 1943]]
Sob o governo do general [[Higino Morínigo]] ([[1940]]-[[1948|48]]), o Paraguai recaiu na [[ditadura militar]], em que as liberdades civis foram suprimidas e restabelecidos os direitos do latifundiários. A oposição cresceu a partir de [[1944]], e, em [[1947]], liberais e febreristas, com o apoio de parte do exército, sublevaram-se. Embora derrotados, provocaram a renúncia do ditador. Após sucessivos golpes de Estado que levaram ao poder quatro presidentes, inclusive o escritor [[Juan Natalicio González]], o líder do Partido Colorado, [[Federico Chávez]] ([[1949]]-[[1954|54]]), assumiu o governo. Sua administração caracterizou-se pelo alinhamento com o regime de [[Juan Domingo Perón]], na [[Argentina]]. Dificuldades econômicas e financeiras, decorrentes do forte processo inflacionário que se seguira à [[Guerra civil paraguaia|Guerra Civil de 1947]], contribuíram para sua deposição.


Em maio de [[1954]], o comandante do exército, general [[Alfredo Stroessner]], tomou o poder, Stroessner fez-se eleger presidente nesse ano e foi reeleito em [[1958]], [[1963]], [[1973]], [[1978]], [[1983]] e [[1988]]. Para cada eleição, suspendeu-se por um dia o [[estado de sítio]]. Stroessner garantiu seu regime exilando os líderes democráticos, cercando-se de áulicos e controlando diretamente as forças armadas. Aos apelos da Igreja em favor dos presos políticos, reagiu expulsando do país vários sacerdotes. No campo econômico, o Paraguai foi marcado por contrabando e pela inauguração da [[Usina Hidrelétrica de Itaipu|usina hidrelétrica de Itaipu]], um projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.
O crescimento econômico continuou baixo nos governos de [[Juan Gualberto González]], [[Juan Bautista Egusquiza]], [[Emilio Aceval]] e [[Juan Antonio Escurra]]. Não havia estabilidade política, pois González e Aceval foram forçados a renunciar, deixando seus vice-presidentes em seu lugar. Enquanto isso, Escurra foi derrubado por uma revolução liberal, liderada pelo general [[Benigno Ferreira]], em [[1904]].<ref>Vasconsellos (1974), pág. 199-200.</ref>


Stroessner foi deposto em [[3 de fevereiro]] de [[1989]] em golpe liderado pelo general [[Andrés Rodríguez]] que deixou dezenas de mortos. Empossado na presidência, Rodríguez levantou a censura à imprensa, autorizou a volta dos exilados, legalizou organizações políticas, que estavam proibidas e convocou eleições. A 1º de maio, foi eleito presidente. Em [[1991]], assinou, em [[Assunção]], junto com os presidentes do [[Brasil]], [[Argentina]] e [[Uruguai]], o tratado de criação do mercado Comum do Sul ([[Mercosul]]). Nas eleições presidenciais e legislativas de [[9 de maio]] de [[1993]], ganhou [[Juan Carlos Wasmosy]], que tomou posse na presidência em [[15 de agosto]] do mesmo ano.
=== Primeira guerra civil ===
Nos anos seguintes, o Partido Liberal liderou o país. No entanto, foi dividido em frações, levando à constante instabilidade política. Após dois curtos governos revolucionários, o general Ferreira assumiu a presidência, que por sua vez foi derrubada pelo general [[Albino Jara]]. Revoluções sucessivas lideradas por liberais dissidentes e pelo Colorado levaram aos curtos mandatos de [[Emiliano González Navero]], [[Manuel Gondra]], Albino Jara, [[Liberato Marcial Rojas]] e novamente González Navero, dos quais nenhum conseguiu completar os quatro anos prescritos pela Constituição.


[[Juan Carlos Wasmosy]], do [[Partido Colorado (Paraguai)|partido Colorado]], foi eleito presidente em [[1993]]. Investigações sobre a ligação de paraguaios com o [[narcotráfico]] internacional e o veto aos protestos de militares, em [[1994]], geraram conflitos entre Wasmosy e o chefe do exército, [[Lino Oviedo]], que tentou um golpe, frustrado por manifestações no país e dos demais membros do [[Mercosul]] e dos [[Estados Unidos]]. Oviedo foi indicado a concorrer à presidência, mas um tribunal militar o condenou a dez anos de prisão, em março de [[1998]], pela tentativa de golpe, tornando-o inelegível. Seu substituto, [[Raúl Cubas]], venceu o pleito em maio e libertou Oviedo por decreto. A corte Suprema declarou ilegal o indulto, mas Cubas ignorou essa posição.
O primeiro a conseguir isso desde a presidência de Escobar foi [[Eduardo Schaerer]], entre [[1912]] e [[1916]]. Seu período de governo foi marcado por um grande crescimento econômico, causado pelas vantagens comerciais trazidas pela [[Primeira Guerra Mundial]]. Seus sucessores foram [[Manuel Franco]], [[José Pedro Montero]], Manuel Gondra e [[Eusebio Ayala]], que nenhum dos quais conseguiram completar o mandato. Depois veio a longa [[Guerra Civil Paraguaia (1922-1923)|Guerra Civil Paraguaia de 1922 a 1923]], na qual uma facção liberal foi derrotada após uma sangrenta luta contra outra do mesmo partido.<ref>{{Citar web|titulo=Portal Guarani - LILIANA M. BREZZO - LA GUERRA CIVIL DE 1922-1923 (Autora: LILIANA M. BREZZO)|url=http://www.portalguarani.com/1269_liliana_m_brezzo/12001_la_guerra_civil_de_1922_1923_autora_liliana_m_brezzo_.html|data=2010|acessodata=18 de abril de 2020|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref> Somente a partir de [[1924]], se iniciou um período de estabilidade, com [[Eligio Ayala]], [[José Patricio Guggiari]] e Eusebio Ayala, completando cada um os seus quatro anos de mandato.<ref>Vasconsellos (1974), pág. 200-205.</ref>


Em março de 1999, o vice-presidente eleito, [[Luis María Argaña]], rival do Oviedo no [[Partido Colorado (Paraguai)|Partido Colorado]], foi morto a tiros em [[Assunção]]. Manifestantes exigiram a destituição de Cubas, apontado pelo executor Pablo Vera Esteche juntamente com Oviedo como mandantes do crime <ref>{{citar web | autor=[[http://www.miamiherald.com/| Miami Herald]] |
== Guerra do Chaco (1932-1935) ==
url=http://www.latinamericanstudies.org/paraguay/gunman.htm
=== Antecedentes ===
|título=29/Out/1999-Pistoleiro preso responsabiliza Oviedo e Cubas pelo assassinato de Argañas |acessodata=23 de Fevereiro de 2013 | lingua2=en}}</ref><ref>{{citar web|
{{Artigo principal|Guerra do Chaco}}
url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8131/tde-03072007-094027/pt-br.php|título= Tese de Mestrado - Pós-Graduação em Ciências Políticas|autor=Ariane Roder|publicado= Fac. de Filosofia, Letras e Ciências da USP|ano= 2004|página= 35 e ss.|acessodata=21 de junho de 2014}}</ref>. No dia 26, seis manifestantes foram assassinados enquanto pediam a saída de Cubas. Ele renunciou depois e refugiou-se no [[Brasil]]. [[Luis González Macchi]], presidente do congresso, assumiu. Em outubro, um pistoleiro confessou ter matado Argaña e implicou Oviedo e Cubas no crime. No leste do país, cresceu a tensão entre paraguaios e brasileiros.
[[Arquivo:NidoAmetralladora.jpg|thumb|Soldados paraguaios juntos a uma metralhadora.]]
[[Ficheiro:Paraguay.NicanorDuarte.02.jpg|thumb|O ex-presidente do Paraguai, [[Nicanor Duarte Frutos]].]]
As autoridades espanholas haviam sobreposto as jurisdições no Chaco Boreal, de modo que, com quase as mesmas razões que [[uti possidetis]], o Paraguai e a [[Bolívia]] tinham argumentos válidos para reivindicar o território. Por seu lado, a Argentina reconheceu em 1872 que a maior parte do Chaco Boreal, ou seja, ao norte do rio Pilcomayo, era paraguaia, mas em [[1903]] após a anexação brasileira do atual estado do [[Acre]], até então território boliviano, e pelo [[Tratado de Petrópolis]], o Brasil em compensação reconheceu o controle da Bolívia sobre todo o Chaco Boreal. Dessa forma, a Bolívia estabeleceu fortes precários, como o de Camacho, atual [[Mariscal José Félix Estigarribia|Mariscal Estigarribia]]. Especificamente, até [[1900]], nenhum país tinha controle efetivo. No Chaco Boreal, exceto por suas "bordas", o Paraguai tinha o Fort Olympus, Villa Occidental (atual [[Presidente Hayes]]) e perto de Villa Occidental, agora em ruínas o presídio de López, algumas empresas privadas possuíam pequenos cais nas margens do rio Paraguai.
 
Militares se rebelaram em maio de 2000, mas a nova tentativa de golpe fracassou, outra vez por causa da pressão externa. O governo declarou estado de sítio e atribuiu a tentativa de Oviedo, que foi preso por policiais em [[Foz do Iguaçu]] e levado para [[Brasília]]. Após cinco anos de [[exílio]] retorna ao Paraguai. Ao chegar ao país, foi preso <ref>{{citar web | autor=[[http://www.istoe.com.br/capa//| IstoÉ]] | url=http://www.terra.com.br/istoe-temp/1851/internacional/1851_presidenciavel_carcere.htm
|título=6/4/2005-Um presidenciável
no cárcere|acessodata=23 de Fevereiro de 2013 | lingua2=pt}}</ref> e cumpriu pena até 2007. Foi candidato à presidência e derrotado em [[2008]]. Candidatou-se novamente em 2013, porém faleceu em fevereiro daquele ano em um acidente de helicóptero.
 
Em [[2001]], Macchi foi acusado num escândalo de corrupção. A situação se agravou com protestos de camponeses, em Assunção, contra a política econômica do governo. Centenas de milhares de pessoas fizeram manifestações para pedir a saída do presidente, mas a oposição não obteve votos necessários para abrir um processo de impeachment.
 
Cubas retornou ao país em [[2002]] e se entregou às autoridades para ser julgado pela morte de seis manifestantes em [[1999]]. Foi colocado em prisão domiciliar. A ala oviedista deixou o partido Colorado e fundou [[União Nacional dos Cidadãos Éticos]] (Unace), como objetivo de viabilizar a eleição de Oviedo como presidente.
 
A câmara paraguaia aprovou, em dezembro, o início do processo de ''impeachment'' contra Macchi por desvio de 16 000 000 de dólares estadunidenses de fundos estatais e uso de automóvel roubado. Em fevereiro de [[2003]], o pedido de ''[[impeachment]]'' obteve o voto de 25 dos 45 senadores, mas foi rejeitado, pois seriam necessários, no mínimo, dois terços dos senadores (trinta senadores).
 
O colorado [[Nicanor Duarte Frutos]] foi eleito presidente em abril de [[2003]], com 37% dos votos. Em segundo lugar, ficou [[Julio César Franco]], do [[Partido Liberal Radical Autêntico]] (PLRA), com 24%. Os colorados mantiveram a maioria no congresso, mas com menos força: o número de deputados do partido caiu de 45 para 37 e o de senadores de 24 para 16. O PLRA elegeu 21 deputados e doze senadores. Em agosto, Duarte tomou posse, em meio a grave crise econômica. Fora da presidência, Macchi foi proibido pela justiça de sair do país, onde deveria responder às acusações de corrupção.
 
Em 2003,  90% da superfície cultivável está nas mãos de 10% da população, o desemprego se aproxima dos 50% da população e a renda per capita média é de 1550 dólares.<ref>{{Citar web|url=http://diplo.org.br/2003-06,a660|titulo=Diplô - Biblioteca: Um arremedo de democracia|acessodata=2019-01-14|obra=diplo.org.br}}</ref>
 
Em [[2004]], [[Lino Oviedo|Oviedo]] regressou à nação e foi preso ao desembarcar em [[Assunção]]. Seus advogados alegaram que a condenação foi ilegal e deveria ser anulada pela corte Suprema.
 
O congresso aprovou, em julho de [[2005]], a presença de tropas estadunidenses no país até dezembro de [[2006]], como parte de acordo de cooperação militar com os [[Estados Unidos]]. O acordo, porém, gerou especulações sobre a instalação de uma base militar estadunidense na região do [[Chaco]], próximo à [[Tríplice Fronteira]] entre Paraguai, [[Bolívia]] e [[Argentina]]. Os governos de Assunção e [[Washington]] negaram.
[[Ficheiro:Lugo2008.jpg|thumb|esquerda|O ex-presidente paraguaio [[Fernando Lugo]].]]
 
Em novembro, o presidente Duarte anunciou planos de mudar a constituição para concorrer a um segundo mandato. A oposição e os membros do próprio partido governista rejeitaram a proposta. Por considerá-la ilegal, entraram com pedido de ''impeachment'' contra o presidente. Na câmara dos Deputados, a iniciativa recebeu 39 votos, menos do que os 53 necessários e foi rejeitada.


Em março de 2006, milhares de paraguaios saíram às ruas, na maior manifestação popular dos últimos anos, contra a tentativa de Duarte de concorrer a novo mandato. Em junho, o ex-presidente Macchi foi condenado a seis anos de prisão por desvio de recursos públicos. Em setembro, morreu, em [[Brasília]], o ex-ditador [[Alfredo Stroessner]].
Dado o alívio da região, era difícil especificar limites específicos, sem que sucessivos governos nacionais fizessem qualquer coisa para evitá-lo, pois o país estava submerso em constantes guerras internas (revolta do coronel [[Albino Jara]] em 1904 e do coronel [[Adolfo Chirifé]] em 1922).


Em [[20 de abril]] de [[2008]], [[Fernando Lugo]] foi eleito o novo [[presidente]] do Paraguai dando fim a quase seis décadas de domíno do [[Partido Colorado (Paraguai)|partido Colorado]]. O ex-bispo católico e teólogo prometeu realizar uma [[reforma agrária]] dentro dos marcos constitucionais, ampliar o sistema de [[seguridade social]] do Paraguai e lutar pela soberania energética do país.
=== Desenvolvimento ===
A [[Guerra do Chaco]], entre o Paraguai e a Bolívia, foi travada de 9 de setembro de [[1932]] a 12 de junho de [[1935]], pelo controle do Chaco Boreal. Foi a guerra mais importante da [[América do Sul]] durante o [[século XX]]. Nos três anos de duração, a Bolívia mobilizou 250 000 soldados e o Paraguai 120 000, que se enfrentaram em combates nos quais houve um grande número de baixas (60 000 bolivianos e 30 000 paraguaios) e um grande número de feridos, mutilados e desaparecidos. Os diferentes tipos de doenças físicas e psicológicas, as características hostis do teatro de operações e a falta de água e boa comida produziram o maior percentual de baixas e afetaram a saúde dos soldados sobreviventes, muitos por toda a vida.


Foi votado no dia [[22 de junho]] de [[2012]] um processo de afastamento de [[Fernando Lugo|Lugo]], no qual o presidente sofreu um impeachment pelo Parlamento paraguaio em pouco mais de 24 horas. O presidente teve apenas 2 horas de defesa, o que gerou protestos por parte de apoiadores, governos estrangeiros e entidades internacionais.
O confronto consumiu enormes recursos econômicos de ambos os países, que eram muito pobres. O Paraguai forneceu ao seu exército o grande número de armas e equipamentos capturados em diferentes batalhas. Após a guerra, ele vendeu algum excedente para a [[Espanha]] (Decreto-Lei 8 406, 15 de janeiro de [[1937]]).


Em uma reunião realizada em [[Mendoza (Argentina)|Mendoza]], [[Argentina]] em 29 de junho de [[2012]], a [[Unasul]], em consenso dos [[Chefe de governo|chefes de estado]] participantes, considerou o processo uma violação da [[democracia|ordem democrática]] <ref>{{citar web | autor=[[Unasul]]|url=http://www.unasursg.org/index.php?option=com_content&view=article&id=704:decision-no262012-reunion-extraordinaria-del-consejo-de-jefas-y-jefes-de-estado-y-de-gobierno-de-unasur&catid=66:noticias-unasur|título=29/Jun/2012-Reunião Extraordinária do Conselho de Chefes de Estado e de Governo do UNASUL: 1- Decide expresar su más enérgica condena a la ruptura del orden democrático en la República del Paraguay, ejecutando mediante un procedimiento sumarísimo que evidenció una clara violación del derecho al debido proceso y, en consecuencia, de las mínimas garantías para su adecuada defensa |acessodata=24 de Fevereiro de 2013 | lingua2=es}}</ref>
O cessar-fogo das hostilidades foi assinado em 12 de junho de 1935. Sob pressão dos [[Estados Unidos]], por um tratado secreto assinado em 9 de julho de [[1938]], o Paraguai reinvindicou aos 110 000&nbsp;km² ocupados por seu exército para cessar as hostilidades.{{Harvref|Rahi|Agüero Wagner|2006|p=45/49}}


Segundo a ministra da defesa do Paraguai, o chanceler da Venezuela teria instigado os militares paraguaios a usarem a força contra a decisão do congresso, o que foi confirmado por um comandante paraguaio.<ref>http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5873199-EI20486,00-Paraguai+investiga+venezuelano+por+incitar+militares+a+defenderem+Lugo.html</ref>Na mesma reunião que decidiu pela suspensão do Paraguai do Mercosul, os demais membros aceitaram a Venezuela no bloco, processo que se encontrava parado devido ao Congresso paraguaio. De acordo com o vice-presidente uruguaio, isso viola o tratado de Assunção que instituiu o bloco.<ref>{{Citar web |url=http://www.dgabc.com.br/News/5966907/vice-presidente-uruguaio-critica-venezuela-no-mercosul.aspx |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2014-01-20 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120713234332/http://www.dgabc.com.br/News/5966907/vice-presidente-uruguaio-critica-venezuela-no-mercosul.aspx |arquivodata=2012-07-13 |urlmorta=yes }}</ref>
O ''Tratado de Paz, Amizade e Limites'' foi assinado em 21 de julho de 1938. Em 27 de abril de [[2009]], 74 anos após o final da guerra, os presidentes [[Evo Morales]], da Bolívia e [[Fernando Lugo]], do Paraguai, assinaram em Buenos Aires o acordo definitivo dos limites territoriais do Chaco Boreal. O evento foi realizado na presença da [[Presidente da Argentina|presidente argentina]] [[Cristina Kirchner]], mediante aceitação de seus respectivos ministros das Relações Exteriores do ''Ato de Conformidade e Execução'' do ''Tratado de Paz, Amizade e Limites entre Bolívia e Paraguai de 1938''. A área disputada foi dividida em um quarto sob soberania boliviana e três quartos sob soberania paraguaia. A Bolívia recebeu uma área nas margens do alto rio Paraguai.


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=== Bibliografia ===
=== Bibliografia ===
*{{Citar livro|título=Viaje al Rio de Plata|ultimo=Mitre|primeiro=Bartolomé|editora=Cabaut y Cia|ano=1903|local=|páginas=|isbn=|url=http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/viaje-al-rio-de-la-plata-1534-1554/html/ff3a9778-82b1-11df-acc7-002185ce6064_82.html|oclc=|ref=harv}}
*{{Citar livro|título=Viaje al Rio de Plata|ultimo=Mitre|primeiro=Bartolomé|editora=Cabaut y Cia|ano=1903|páginas=490|url=http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/viaje-al-rio-de-la-plata-1534-1554/html/ff3a9778-82b1-11df-acc7-002185ce6064_82.html|ref=harv}}
*{{Citar livro|título=Breve historia de los argentinos|ultimo=Luna|primeiro=Félix|editora=Editora Planeta|ano=1997|local=|página=|páginas=|isbn=950-742-811-9|url=|oclc=|ref=harv}}
*{{Citar livro|título=Breve historia de los argentinos|ultimo=Luna|primeiro=Félix|editora=Editora Planeta|ano=1997|isbn=950-742-811-9|url=|ref=harv}}
*{{Citar livro|título=Esclavitud, economía y envagelización|ultimo=Fajardo|primeiro=José del Rey|editora=Fondo Editorial Pontifícia Universidad Católica del Perú|ano=2005|local=[[Lima]], [[Peru]]|página=|páginas=|isbn=9972427226|url=|oclc=|ref=harv}}
*{{Citar livro|título=Esclavitud, economía y envagelización|ultimo=Fajardo|primeiro=José del Rey|editora=Fondo Editorial Pontifícia Universidad Católica del Perú|ano=2005|local=[[Lima]], [[Peru]]|isbn=9972427226|url=|ref=harv}}
*{{Citar livro|título=La Intendencia del Paraguay en el Virreinato del Río de la Plata|ultimo=Acevedo|primeiro=Edberto Oscar|editora=Editorial Ciudad Argentina|ano=1996|local=[[Buenos Aires]], [[Argentina]]|página=|páginas=|isbn=9509385573|url=|oclc=|ref=harv}}
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*{{Citar livro|título=Historia de España: La España de Fernando VII|ultimo=Martínez|primeiro=Ángel de Velasco|editora=Espasa|ano=1999|local=[[Barcelona]], [[Espanha]]|página=|páginas=|isbn=8423997235|url=|oclc=|ref=harv}}
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*{{Citar livro|título=Paraguay's Autonomous Revolution|ultimo=White|primeiro=Richard Alan|editora=University of New Mexico Press|ano=1978|local=[[Santa Fé]], [[EUA]]|página=|páginas=|isbn=0826304869|url=https://books.google.com.br/books/about/Paraguay_s_Autonomous_Revolution_1810_18.html?id=IPoZAAAAYAAJ&redir_esc=y|oclc=|ref=harv}}
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*{{Citar livro|título=A ideologia política do doutor Francia|ultimo=Irala Burgos|primeiro=Ádriano|editora=Editora Schauman|ano=1988|local=[[Texas]], [[EUA]]|página=|páginas=|isbn=|url=https://books.google.com.br/books?id=-e8rAAAAYAAJ&q=Irala+Burgos+1988&dq=Irala+Burgos+1988&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwinoeqtgu3oAhXqILkGHTPHBqsQ6AEIKDAA|oclc=|ref=harv}}
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*{{Citar livro|título=O reinado do doutor Joseph Gaspard Roderick de Francia no Paraguai|ultimo=Rengger|primeiro=Johann Rudolph|editora=|ano=1827|local=[[Londres]], [[Reino Unido]]|página=|páginas=|isbn=|url=https://archive.org/details/reigndoctorjose00longgoog/page/n28/mode/2up|oclc=|ref=harv}}
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*{{Citar livro|título=Dicionário Histórico do Paraguai|ultimo=Nickson|primeiro=Andrew|editora=Rowman & Littlefield|ano=2015|páginas=764|isbn=0810879646|url=https://books.google.com.br/books?id=-Ji-CQAAQBAJ&pg=PA41&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|ref=harv}}
*{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=C5gWAAAAYAAJ&redir_esc=y|título=Latin America, an Historical Survey|ultimo=Bannon|primeiro=John Francis|ultimo2=Masten Dunne|primeiro2=Peter|editora=Bruce Publishing Company|ano=1950|local=[[Richmond]], [[EUA]]|páginas=944}}
*{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/La_Guerra_del_Paraguay.html?id=mSxPovvKdUcC&redir_esc=y|título=A Guerra do Paraguai: estado, política e negócios|ultimo=Pomer|primeiro=Leon|editora=Ediciones Colihue SRL|ano=2008|local=[[Argentina]]|páginas=296|isbn=9505638531}}
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*{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=jKkQYFRdhBsC&pg=PA208&lpg=PA208&dq=Alcance+hist%C3%B3rico-demogr%C3%A1fico+del+censo+de+1846+paraguay&source=bl&ots=DmnmAGtENZ&sig=ACfU3U2vFRYOeTy-N0XtkQ9Dcyl8ob4F8Q&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwizq7yvjovpAhVBCrkGHVNoDCIQ6AEwAnoECAcQAQ#v=onepage&q=Alcance%20hist%C3%B3rico-demogr%C3%A1fico%20del%20censo%20de%201846%20paraguay&f=false|título=Enfermedad y muerte en América y Andalucía, siglos XVI-XX|ultimo=Palomo|primeiro=José|editora=Editorial CSIC|ano=2004|local=[[Espanha]]|páginas=546}}
*{{Citar livro|título=Maldita guerra|ultimo=Doratioto|primeiro=Francisco|ultimo2=|primeiro2=|editora=Emecé Editores|ano=2004|local=[[Indianópolis]], [[EUA]]|páginas=637|isbn=9500425742}}
*{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=7ieTwgEACAAJ&dq=La+Guerra+contra+la+Triple+Alianza+mendonza&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiJ1duU3ZPpAhVbILkGHaibAWgQ6AEIMjAB|título=La guerra contra la Triple Alianza, 1864-1870, Parte 2|ultimo=Mendoza|primeiro=Hugo|editora=El Lector|ano=2010|páginas=141|isbn=9995310791}}
*{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=U_MrAAAAYAAJ&q=En+tres+meses+en+Asunci%C3%B3n&dq=En+tres+meses+en+Asunci%C3%B3n&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiu3dnx3ZPpAhXsIbkGHSoYAhQQ6AEIKDAA|título=En tres meses en Asunción|ultimo=Gavier|primeiro=Mario Díaz|editora=Ediciones del Boulevard|ano=2005|páginas=185|isbn=9875561185}}
*{{Citar livro|título=Campañas militares argentinas|ultimo=Moreno|primeiro=Isidoro Ruiz|editora=Emecé|ano=2005|páginas=2142|isbn=9506202575}}
*{{Citar livro|título=Crónica de una guerra|ultimo=Zenequelli|primeiro=Lilia|editora=Ediciones Dunken|ano=1997|páginas=294|isbn=9879123360}}
 
== Ver também ==
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* [[Alfredo Stroessner]], ditador paraguaio.
* [[Alfredo Stroessner]], ditador paraguaio.
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== Ligações externas ==
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* {{Link|es|2=http://www.presidencia.gov.py/ |3=Governo do Paraguai (presidência)}}
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* [https://www.academia.edu/29663515/Miss%C3%B5es_jesu%C3%ADticas_no_Itatim| Missões Jesuítas em Inatim]
* [https://www.academia.edu/29663515/Miss%C3%B5es_jesu%C3%ADticas_no_Itatim Missões Jesuítas em Inatim]


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Edição atual tal como às 18h11min de 30 de maio de 2021

Predefinição:História do Paraguai menu lateral A história do Paraguai se estende desde as primeiras ocupações humanos até os dias atuais. Geralmente é dividida em três períodos: Pré-colombiano, colonial e republicano.

Era pré-colombiana (?-1520)

Mapa da expansão guarani na América do Sul no século XVI.
Ver artigo principal: Pré-história do Paraguai

Antes da chegada de colonos espanhóis nos rios Paraguai e Paraná, o atual território do Paraguai era habitado único e exclusivamente por indígenas, de diversas etnias. Estas etnias podem ser classificadas em três grupos: os pampídeos, os jês e os amazônicos.[1] Ainda não se sabe qual destes grupos chegou primeiro ao território. Em termos linguísticos, também se pode dividir os nativos em três grupos: os povos Mascoyan, os Mataco-Guaicurú e os Tupí-guarani.[2]

No século XV os guaranis avançaram a partir do norte em direção ao chaco e do leste em direção a área central do Paraguai.[3] Este movimento se deu graças a superioridade numérica e posse de uma cultura material mais desenvolvida, onde praticavam o cultivo da mandioca, milho e amendoim. A prática de uma agricultura de roça permitia que obtivessem excedentes necessários para manter uma população em contínuo crescimento demográfico, e que necessitava de novos territórios.[4][5]

Os guaranis encontraram na região grupos jês, como os guayaki, coletores e caçadores, e também os grupos do Pampa, como os paiaguás. O primeiro contato dos guaranis com os europeus foi com Aleixo Garcia, explorador português que participou em várias expedições à América do Sul com a frota espanhola.[6]

Entre o final de 1524 e começo de 1525, Garcia chegou onde hoje fica Assunção, treze anos antes de sua fundação. O grupo recrutou 2 000 guerreiros guaranis para invadir terras no Chaco paraguaio, enfrentando as tribos locais, consideradas perigosas pelos exploradores. Marchando para o oeste, após ter cruzado o Rio Paraná, o grupo de García descobriu as Cataratas do Iguaçu (há uma versão que diz que o descobridor das Cataratas do Iguaçu foi Álvar Núñez Cabeza de Vaca, sendo a mais aceita,[7] porém há fontes que ainda creditam o português[8]).[6][9]

Em 1533, Garcia subiu o rio Pilcomayo, chegando às fronteiras do império inca, zona da atual Cochabamba, Bolívia. Existe o registro de uma batalha entre suas forças, juntos dos guaranis com as forças incas, oito anos antes de Francisco Pizarro conquistá-los.[6][9] Os exploradores destruíam as aldeias que encontraram pelo caminho, antes que o exército de Huayna Capac, então governante inca, reagisse. Quando voltava para o litoral Garcia foi assassinado às margens do rio Paraguai pelos paiaguás, perto da atual cidade de San Pedro del Ycuamandiyú, mas a notícia da batalha com os incas chegou aos exploradores espanhóis e atraiu Sebastião Caboto, filho do explorador genovês João Caboto, ao Rio Paraguai, dois anos depois.[9]

Período colonial (1520-1811)

Mapa da Região do Prata no início do século XVII.

O período colonial do Paraguai compreende do período descobrimento europeu do Paraguai nos anos 1520 até sua independência em 1811.[10] Os primeiros colonos espanhóis chegaram ao Paraguai no início do século XVI.[11] A cidade de Assunção, fundada em 15 de agosto de 1537,[12] logo se tornou o centro de uma província nas colônias espanholas na América do Sul, conhecida como "Nueva Andalucia".[13]

Primeiros exploradores

Antes da chegada dos europeus, os territórios situados entre os rios Paraná e Paraguai eram ocupados pelos guaranis, que viviam da agricultura, da caça e da pesca.[9] Acossados, no século XV, por tribos da região do Grande Chaco, os guaranis cruzaram o rio Paraguai e submeteram seus inimigos, levando o conflito aos limites meridionais do império Inca. Eram, assim, os aliados dos primeiros exploradores europeus que procuravam rotas mais curtas para as minas do Peru.[15]

Aleixo Garcia, que partiu do litoral brasileiro em 1524 e Sebastião Caboto, que subiu o Paraná em 1526, foram os primeiros a atingir as terras interiores da bacia Platina, hoje pertencentes ao Paraguai, mas coube a Domingos Martínez de Irala a fundação dos primeiros núcleos coloniais (1536-1556).[16] Juan de Ayolas, Juan de Salazar e Juan de Garay também realizaram penetrações na região.[17] Irala fundou as primeiras colonias onde hoje é o Paraguai, que logo se transformou no centro da transformação espanhola na região sul-oriental da América do Sul. Sua política de colonização consistiu na delimitação das fronteiras com o Brasil através da construção de uma linha de fortes contra a expansão portuguesa, na fundação de vilas e na intensa miscigenação de espanhóis com guaranis, principal fator da formação da população do país.[18]

Século XVI

Cabildo de Assunção (1537-1811).

Os primeiros europeus, membros da expedição comandada por Juan de Salazar de Espinosa e Gonzalo de Mendoza e destinada a procurar Ayolas,[19] estabeleceram-se em um trecho da margem oriental do Rio Paraguai, após o fracasso da primeira fundação da cidade de Buenos Aires no começo do século XVI. Fundaram uma fortificação que se tornaria a cidade de Assunção no dia 15 de agosto de 1537, dia de Nossa Senhora de Assunção.[20] Seguiram rio acima e se encontraram com Irala, que tinha ordens de esperar a seu chefe Ayolas. Os três homens o procuraram, sem sucesso. Então, Salazar e Gonzalo de Mendoza desceram o rio de regresso ao recém-fundado Forte de Assunção.[19]

Em meados dos anos 1560, a população de Assunção já alcançava aproximadamente 1 500 pessoas, na sua maioria indígenas. Os embarques de prata que vinham do Peruobrigatoriamente passavam por Assunção.[21] Esta se converteu na capital de uma província espanhola que abarcava uma porção que compreendia os territórios atuais do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia, tendo sido apelidada de "Província Gigante de las Indias".[22]

Com a consolidação de Assunção como sede de uma província colonial espanhola, recebeu o título de "Madre de las Cuidades",[23] emanando povoações que fundariam diversas cidades, sendo as principais: Ontiveros, Cidade Real del Guayrá, Villa Rica del Espíritu Santo, Santiago de Jerez, Santa Cruz de la Sierra, Buenos Aires, Corrientes, Santa Fé e Concepción del Bermejo.[24]

Jesuítas

Reduções jesuítas até o Século XVIII (as paraguaias de 23 à 30)

Em 1604, durante o governo de Hernandarias de Saavedra, os primeiros jesuítas chegaram ao Paraguai. Os objetivos das missões jesuítas eram catequizar os indígenas e servirem como postos avançados contra a expansão portuguesa.[25][26] Com uma certa autonomia em relação a Assunção, essas instituições seguiam um sistema teocrático próprio. Até o fim das missões em 1767, estima-se que entre 200 mil e 250 mil indígenas viveram nas 32 reduções.[27]

Ruínas da Redução Jesuíta de Trinidad.

As missões inicialmente instalaram-se na região de Guayrá - atual estado brasileiro do Paraná - e depois se expandiram em direção ao sudoeste, se estabelecendo nos arredores do Rio Tebicuary.[28] A língua guarani foi respeitada e fixou-se na forma escrita; nela foram transcritas importantes obras de teologia,[29] impressas na primeira imprensa do Rio da Prata.[30]

A respeito da organização das reduções, cada povoado era administrada por um Padre Reitor, ente de máxima autoridade. O Padre Doutrinático era encarregado da instrução religiosa. O Padre Dispenseiro era encarregado da administração econômica. Ainda existiam um ou mais Padres Auxiliares ou Coadjuntor, que serviram de mediadores entre o reitor e a população indígena.[31]

Século XVII

Em 1617, ainda no governo de Hernandarias, a província divida em duas governadorias: a do Paraguai e a de Buenos Aires. Desta forma o Paraguai perdeu a zona marítima do estuário do rio da Prata, ficando isolado no interior do continente, e conservou só Assunção, Ciudad Real e Villa Rica del Guayrá. Posteriormente, o último acesso paraguaio ao mar foi perdido junto do território chamado de Mbiazá ou Yviazá (ou La Vera), que correspondia ao atual estado brasileiro de Santa Catarina, território no qual se encontrava o porto de San Francisco de Mbiazá, fundado em 1538.[32][33]

Século XVIII

Ver artigo principal: Vice-Reino do Rio da Prata

Em 1717, aconteceu a Revolução Comunera.[34] Os rebeldes foram derrotados na batalha de Tovatí em 1721, tendo sido impostas duras sanções a província que enfraqueceram sua economia.[34][35] Em 1750, o Tratado de Madrid entre Espanha e Portugal afetou o Paraguai com as perdas de Guayrá (entre o Rio Paraná e o Oceano Atlântico), a grande província do Itatín e a região de Cuyabá (atual Cuiabá, no Mato Grosso), que foram cedidos ao Brasil português.[36] Ainda no Tratado de Madrid, a corte espanhola e a coroa portuguesa decidiram repartir o território das reduções indígenas.[37] Os jesuítas não aceitaram, e os exércitos espanhol e português empreenderam a chamada Guerra Guaranítica e acabaram com as reduções em 1757.[38] Em 1767 os jesuítas foram expulsos da Espanha e de seus domínios, por ordem de Carlos III.[39]

O Vice-Reino do Rio da Prata foi criado em 1776 pelo rei Carlos III, integrando em sua jurisdição os atuais territórios da Argentina, e do Uruguai, dos atuais estados brasileiros do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o Paraguai, a Bolívia e o norte do Chile. A criação do Vice-Reino do Rio da Prata separou o Paraguai do Vice-Reino do Peru. A capital do novo Vice-Reino era Buenos Aires.[40] A criação do Vice-Reino obedeceu à necessidade de organizar melhor a administração do extenso território acossado pelo contrabando e pela constante penetração dos portugueses e luso-brasileiros. Em 1777 a província do Paraguai foi integrada no Vice-Reino do Rio da Prata dentro do qual se manteve até 1811. Em 1782, estabeleceu-se no Vice-Reino o regime das intendências.[40] Assunção era, na província ou Intendência do Paraguai, o único povoado com categoria de cidade. A zona ao sul do rio Tebicuary e ao leste da cordilheira de Caaguazú por sua vez correspondia à Governação das Missões Guaranis (ou Província Subordinada das Missões) constituída com os restos das Missões Jesuíticas que ficaram sob controle espanhol.[40]

Independência

Ver artigo principal: Independência do Paraguai
Casa da Independência (1811).

A primeira manifestação contundente se deu em 1717, através da Revolução Comunera, porém somente a partir do século XIX que o processo de independência é considerado.[34]

À medida que Buenos Aires tornava-se mais poderosa, os líderes paraguaios perceberam o declínio da importância de sua província. Embora também contestassem a autoridade espanhola, recusaram-se a aceitar a declaração de independência da Argentina (1810) como extensiva ao Paraguai.[41][42] Nem mesmo a intervenção do exército argentino, comandado pelo general Manuel Belgrano,[43] conseguiu efetivar a incorporação da província. Mais tarde, porém, quando o governador espanhol do Paraguai solicitou auxílio português para defender a colônia dos ataques de Buenos Aires, os paraguaios, liderados por Fulgencio Yegros, Pedro Juan Caballero e Vicente Ignácio Iturbide, depuseram o governador Bernardo Velasco e proclamaram a independência do país em 15 de maio de 1811.[44]

Antecedentes

Campanha de Belgrano no final de 1810.

Em 1806 e 1807, ocorrem invasões inglesas, ocupando as cidades de Buenos Aires e Montevidéu. De Assunção, Córdova e outros locais do vice-reinado, foram enviadas tropas que colaboraram na expulsão dos invasores. As invasões inglesas demonstraram a metrópole espanhola o quão independente era o vice-reino.[45]

Em 1810, chegou a notícia em Buenos Aires, capital do vice-reinado do Rio da Prata, que Sevilha havia sido ocupada pelas forças de Napoleão Bonaparte.[46] Em resposta, reuniu-se um conselho aberto, que em 25 de maio de 1810 substituiu o Vice-rei Cisneros por uma junta do governo.[47] Entre seus objetivos, estava convocar a reunião de um congresso de representantes de todas as províncias do Vice-reino do Rio da Prata, para definir a forma de governo do ex-vice-reinado.[47]

Em resposta à convocação, a Assembléia Geral de 24 de junho de 1810, que ocorreu em Assunção, decidiu se manter fiel ao Conselho de Regência, que se refugiara em Cádiz e governava em nome de Fernando VII, prisioneiro de Napoleão.[48]

No final de 1810, as tropas sob o comando do general Manuel Belgrano marcharam em uma expedição para tentar adicionar ao Paraguai as recém-criadas Províncias Unidas do Rio da Prata. As forças daquela expedição não receberam apoio local e foram derrotadas nas batalhas de Paraguarí e Tacuarí - 19 de janeiro e 9 de março de 1811 - pelos monarquistas, que até então eram liderados pelos oficiais Fulgencio Yegros e Manuel Cabañas.[49][50] Essas batalhas, tanto pelo sucesso das forças paraguaias quanto pela fuga por ocasião do governador espanhol Velasco - pensando que haviam sofrido um revés militar - e os contatos repetidos dos oficiais paraguaios com Belgrano, são considerados o início das Forças Armadas Paraguaias.[51]

Revolução de Maio de 1811

Caballero, Yegros e Francia
Ver artigo principal: Revolução de Maio de 1811
Bandeira provisória, usada em junho de 1811.

Após várias semanas de conspirações, na noite do dia 14 de 1811 as tropas comandadas por Pedro Juan Caballero e Fulgencio Yegros chegam a Assunção.[52] Um congresso foi realizado em 17 de junho, onde o governador Velasco foi acusado de negociar com os portugueses a defesa da metrópole espanhola, mesmo ao preço de se tornar dependente do Império Português.[53] Em seu lugar, foi nomeado um Conselho de Administração, presidido por Fulgencio Yegros.[52]

Em 12 de outubro de 1811, foi assinado um tratado com a Junta de Buenos Aires, que estabeleceu, entre outras disposições, um projeto de confederação entre as Províncias Unidas do Rio da Prata e Paraguai, que não foi aceito devido aos distintos interesses de Buenos Aires e Assunção.[54] Houve reconhecimento de ambas as partes, porém algumas questões fronteiriças ainda ficaram em aberto.[55]

Pátria Velha (1811-1864)

Em 1814, após um período de consulado, um congresso elegeu José Gaspar Rodríguez de Francia como presidente vitalício do Paraguai.[56]Predefinição:Nota de rodapé Nos governos de Francia (1814-1840), Carlos Antonio López (1841-1862) e Francisco Solano López (1862-1870) o Paraguai se desenvolveu de maneira bastante diferente de outros países da América do Sul. Foi-se incentivado um crescimento econômico auto-suficiente, baseado no caráter estatal da maioria das empresas. Tal política econômica mostrou-se mais bem sucedida que a aplicada nos países vizinhos.[57] O regime da Família López foi caracterizado por um forte centralismo na produção e distribuição de bens. Não havia distinção entre a esfera pública e a privada.[58]

Governo de José de Francia (1814-1840)

Dado a consolidação de Buenos Aires como centro da região, Francia se preocupou em fortalecer economicamente o Paraguai, numa tentativa de fazer Assunção um grande centro, assim como era a capital argentina, além de confirmar a soberania do Paraguai.[59] Até o fim de seu governo o Congresso que o elegeu nunca se reuniu novamente.[56][60]

Ao longo de seu governo, a elite colonial espanhola presente no país perdeu força. Nesse processo, foi-se proibido o casamento de europeus com europeus, forçando os colonos a casarem-se com mulheres locais.[61] Além disso, as fronteiras foram totalmente fechadas, com ninguém podendo sair e os que entrassem a ficar em prisão domiciliar.[59]

Em 1815, a Igreja Católica Romana no Paraguai foi declarada independente de Roma, com Francia nomeando-se chefe da Igreja paraguaia.[62] Em meados de junho de 1816, todas as procissões noturnas foram proibidas, exceto a de Corpus Christi. Em 1819, o bispo foi persuadido a transferir a autoridade para o vigário geral, e em 1820 os frades foram secularizados. Em 4 de agosto de 1820, todos os clérigos foram forçados a jurar lealdade ao Estado, e suas imunidades clericais foram retiradas.[62] Os quatro mosteiros do país foram nacionalizados em 1824.[63] A Inquisição foi abolida, e os confessionários passaram a contar com forcas próprias.[64]

Em março de 1820, Fulgencio Yegros comandou uma conspiração contra Francia, que foi rapidamente reprimida pelo presidente.[65] Em julho de 1821, mais de um ano depois, seus principais rivais haviam sido mortos.[66] Estima-se que cerca de 40 pessoas foram executadas por razões políticas em quase 30 anos de governo, em um período muito sangrento na América do Sul. No meio do processo judicial da conspiração, em setembro de 1820, ele cedeu asilo ao líder uruguaio José Gervasio Artigas, amigo de muitos conspiradores que estavam na prisão na época.[67]

Tendo morrido em 20 de setembro de 1840, Francia é conhecido como o líder que apesar de autocrático e autoritário, consolidou a soberania do Paraguai na região do Prata.[56][60]

Governo de Carlos Antonio López (1841-1862)

Francia não havia deixado nenhum sucessor, sendo assim iniciou-se uma disputa pelo poder no Paraguai. Após a morte de Francia, uma junta liderada por Manuel Antonio Ortiz, tomou o poder.[68] Em 22 de janeiro de 1841, Ortiz foi derrubado de seu posto por Juan José Medina, que por sua vez sofreu um golpe em 9 de fevereiro,[69] liderado por Mariano Roque Alonzo.[70] Em 14 de março de 1841, com pouca autoridade para governar, Alonzo reinstituiu o consulado, trazendo para o governo Carlos Antonio López.[70] O consulado durou até 13 de março de 1844, quando o Congresso nomeou Lopez como Presidente da República, cargo que ocupou até sua morte em 1862.[68][71]

Embora o governo de Carlos tenha sido semelhante ao sistema de Francia, seus meios eram diferentes.[72] Em seu governo são encontrados alguns traços de corrupção, tendo ele se tornado o homem mais rico do país.[73] Além disso, a população paraguaia aumentou de cerca de 220 000 em 1840 para cerca de 400 000 em 1860.[74][75][76]

Durante seu mandato, López aumentou o contingente das forças armadas para 18 000 soldados ativos e 46 000 reservistas e melhorou a qualidade de seus equipamentos.[51] Em seu governo a educação também melhorou significativamente, com cerca de 400 escolas construídas.[77] O primeiro telégrafo do país, ligando Assunção a Humaitá, foi construído. Também foi construída uma ferrovia de Assunção a Paraguarí, em 1858. Em 22 de setembro de 1861, a Estação Ferroviária Central foi inaugurada em Assunção.[71][78]

No referente a relações exteriores, López marcou um período de abertura política no Paraguai, que teve como resultado um crescimento da economia paraguaia e maior reconhecimento internacional.[71]

Governo de Francisco Solano López (1862-1870)

Filho de Carlos López, Solano ascendeu ao poder em 16 de outubro de 1862, eleito pelo congresso.[79] A principais características de suas políticas econômicas eram o protecionismo e a política da balança comercial favorável, sendo madeira e erva-mate os produtos mais exportados.[80][81] O resultado dessas medidas foram até certo ponto, uma auto-suficiência em relação aos países vizinhos, praticamente inibindo o capital externo do país.[79]

No início de seu governo, houve uma importante expansão da indústria têxtil, a partir de maquinário inglês.[82] O comércio, ainda que pequeno, era muito incentivado por seu governo, através de uma política aplicada até 1864, junto do governo blanco do Uruguai, denominada "Equilíbrio do Rio da Prata".[83]

Guerra do Paraguai (1864-1870)

Ver artigo principal: Guerra do Paraguai

Antecedentes

Disputas territoriais na região do prata (1864).

Ao longo do século XIX, o Paraguai reduziu suas reivindicações territoriais para não aumentar os conflitos externos com o Brasil e a Argentina, porém ainda suas reclamações eram comuns as do Brasil.[84] Por seu lado, a Argentina aumentou suas reivindicações ao longo da década de 1850, exigindo soberania sobre todo o Chaco Boreal.[85]

Após a queda da Confederação Argentina, o governo do Paraguai ainda esperou por algum tempo a consolidação de seu regime, tendo para isso, seus aliados do Partido Blanco no poder no Uruguai.[86] A Argentina e o Brasil ofereceram apoio à revolução de Venancio Flores no Uruguai, contribuído pela Guerra do Uruguai, que tirou do poder Atanasio Cruz Aguirre.[86][87] Na Argentina, houve uma intensa propaganda contrária a posição paraguaia, em apoio dos colorados no Uruguai.[88]

López exigiu que o Brasil não intervisse no Uruguai, mas o Império invadiu o país em meados de 1864.[89][90] A resposta paraguaia veio em 12 de outubro de 1864, quando o navio "Marquês de Olinda" foi capturado. Nele estava o governador de Mato Grosso, coronel Frederico Carneiro de Campos.[91] Posteriormente, houve a invasão paraguaia da província do Mato Grosso, fato inicial da guerra.[92]

Primeiro ataque e subsequente defesa

A Batalha de Tuiuti, um marco da Guerra do Paraguai. Pintura a óleo de Cándido López.

López solicitou autorização do governo argentino para atravessar o território da Província de Corrientes, a fim de chegar no sul do Brasil e posteriormente invadir o Uruguai.[93] Com o Presidente Bartolomé Mitre negando a autorização, o Paraguai declarou guerra contra a Argentina[94] e invadiu Corrientes. Em uma série sucessiva de vitórias, chegou até perto do território uruguaio, na cidade de Uruguaiana.[95] As posteriores derrotas nas batalhas do Riachuelo, Jataí, e no Cerco de Uruguaiana[96][97][98] marcaram o fim da ofensiva paraguaia. Em 1 de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram o Tratado da Tríplice Aliança.[99]

Os aliados iniciaram uma campanha no sul do Paraguai em meados de 1866.[100] Houve uma série de batalhas ao longo das fortificações paraguaias nas margens do Rio Paraguai, com destaque para Tuiuti e Curupaiti,[101][102] culminando na tomada da fortaleza de Humaitá pelos aliados em 1868.[103] Nesse meio tempo uma epidemia de cólera dizimou os dois exércitos,[104] dando uma pausa na ofensiva aliada.[105][106]

Durante a Campanha do Piquissiri, ocorreram quatro grandes batalhas, forçando López a deixar Assunção e recuar para o interior do país.[107] Praticamente todo seu exército foi morto ou capturado nessa campanha.[108] A cidade de Assunção foi ocupada e saqueada.[109]

Apesar das derrotas, López continuou sua resistência na chamada Campanha da Cordilheira.[110] Seu exército foi completamente destruído nas batalhas de Piribebuy[111] e Acosta Ñu, marcada por uma expressiva vitória dos aliados.[112] A maioria dos soldados de López eram adolescentes ou crianças.[113] Os últimos remanescentes do exército de López, foram encontrados em 1º de março de 1870 pelas forças imperiais na Batalha de Cerro Corá. López foi morto em combate e as últimas forças leais se renderam.[114]

Período entre guerras (1870-1932)

Pós-guerra

Assunção em 1892.

As consequências da Guerra do Paraguai foram devastadoras para o país, levando a morte de dois terços de todos os homens adultos[115] (número contestado)[116] e a perca grande parte do território paraguaio. O país foi submetido à ocupação brasileira que durou seis anos (até 1876).[117] Os territórios disputados com o Brasil e a Argentina foram perdidos, com exceção do Grande Chaco.[carece de fontes?] A situação criada levou a uma estagnação econômica que duraria pelo resto do século. Em relação ao social, a poligamia se tornou muito comum no país (indivíduo que se relaciona sexualmente com vários outros da mesma espécie)[118] para repovoar o país, assim como a sociedade matriarcal prevaleceu, mas ao mesmo tempo um forte machismo, um contexto que ainda persiste hoje, principalmente nas classes médias baixas.[119]

Os aliados instalaram no Paraguai um governo provisório em julho de 1869 e era composto por Cirilo Antonio Rivarola, Carlos Loizaga e José Antonio Bedoya. Esse governo representava os interesses das autoridades militares brasileiras e em menor grau, as do comando militar argentino.[120] Loizaga e Bedoya eram oficiais da chamada "Legião Paraguaia", um corpo militar que apoiava os aliados.[121] Por sua parte, Rivarola participou de conspirações contra os governos de López e foi incorporado à força como sargento no exército paraguaio, do qual havia desertado. Logo depois, Loizaga e Bedoya renunciaram e se retiraram para Buenos Aires, com assumindo Rivarola como presidente.[122][123][124]

Em 15 de agosto de 1870, uma Convenção Constitucional se reuniu em Assunção para sancionar a primeira Constituição paraguaia, baseada na constituição argentina de 1853.[125] A mesma Convenção declarou o Triunvirato dissolvido, que foi reduzido apenas a Rivarola, nomeando Facundo Machaín como novo presidente. No entanto, um golpe de estado das forças militares paraguaias obrigou a própria Convenção a eleger Rivarola, que assumiu o cargo em 1º de setembro daquele ano, como seu presidente, logo após a Constituição ter sido sancionada.[126]

A eleição do Congresso Nacional marcou o início do fim do governo de Rivarola, que terminou com a renúncia em 18 de dezembro de 1871. Sob o comando de seu sucessor, Salvador Jovellanos, foi assinado o Tratado de Loizaga – Cotegipe, que sancionou as reivindicações ao Império Brasileiro havia estabelecido ao assinar o tratado: o estabelecimento dos limites do norte do país no Rio Apa até o Salto de Sete Quedas. O Império garantiu um tratado deixando a Argentina de lado, que por sua vez reivindicou todo o Chaco Boreal. Pelo Tratado de Machain-Yrigoyen, foi definido que o Chaco central, a maior parte da atual província argentina de Formosa, seria dada para a Argentina, enquanto o território ao norte do rio Verde foi deixado para o Paraguai. Foi estabelecido que seria resolvido por uma sentença arbitral, pelo presidente dos Estados Unidos, Rutherford B. Hayes, a implantação do departamento do Presidente Hayes em território paraguaio em novembro de 1878.[127]

Recuperação econômica

Enquanto isso, Jovellanos foi substituído em novembro de 1874 por Juan Bautista Gill. Após a morte de Gill, ele foi sucedido por seu vice-presidente, Higinio Uriarte, que também não conseguiu estabilizar a situação política no Paraguai. Após o governo de Cándido Bareiro, ex-embaixador dos López na Europa, o Congresso nomeou Bernardino Caballero em 1880 para suceder Gill, que mais tarde seria reeleito e governaria até 1886. Durante seu mandato, as instituições foram reorganizadas, o transporte ferroviário e a telegrafia foram ampliados.

Em várias cidades, dezenas de escolas foram fundadas e o primeiro bonde foi estabelecido em Assunção. Ele foi sucedido pelo general Patricio Escobar, que continuou sua política. Sua contribuição mais lembrada para a cultura do país foi a fundação da Universidade Nacional de Assunção. Seus oponentes fundaram o primeiro partido paraguaio moderno, o Partido Liberal, que seguiu a tradição dos oponentes do governo López. Nesse mesmo ano, os apoiadores do governo, liderados pelo general Caballero, fundaram o Partido Colorado, que reivindicou a tradição nacionalista e a ação paraguaia na Guerra da Tríplice Aliança. Este manteria o governo até o início do século seguinte.[128]

O crescimento econômico continuou baixo nos governos de Juan Gualberto González, Juan Bautista Egusquiza, Emilio Aceval e Juan Antonio Escurra. Não havia estabilidade política, pois González e Aceval foram forçados a renunciar, deixando seus vice-presidentes em seu lugar. Enquanto isso, Escurra foi derrubado por uma revolução liberal, liderada pelo general Benigno Ferreira, em 1904.[129]

Primeira guerra civil

Nos anos seguintes, o Partido Liberal liderou o país. No entanto, foi dividido em frações, levando à constante instabilidade política. Após dois curtos governos revolucionários, o general Ferreira assumiu a presidência, que por sua vez foi derrubada pelo general Albino Jara. Revoluções sucessivas lideradas por liberais dissidentes e pelo Colorado levaram aos curtos mandatos de Emiliano González Navero, Manuel Gondra, Albino Jara, Liberato Marcial Rojas e novamente González Navero, dos quais nenhum conseguiu completar os quatro anos prescritos pela Constituição.

O primeiro a conseguir isso desde a presidência de Escobar foi Eduardo Schaerer, entre 1912 e 1916. Seu período de governo foi marcado por um grande crescimento econômico, causado pelas vantagens comerciais trazidas pela Primeira Guerra Mundial. Seus sucessores foram Manuel Franco, José Pedro Montero, Manuel Gondra e Eusebio Ayala, que nenhum dos quais conseguiram completar o mandato. Depois veio a longa Guerra Civil Paraguaia de 1922 a 1923, na qual uma facção liberal foi derrotada após uma sangrenta luta contra outra do mesmo partido.[130] Somente a partir de 1924, se iniciou um período de estabilidade, com Eligio Ayala, José Patricio Guggiari e Eusebio Ayala, completando cada um os seus quatro anos de mandato.[131]

Guerra do Chaco (1932-1935)

Antecedentes

Ver artigo principal: Guerra do Chaco
Soldados paraguaios juntos a uma metralhadora.

As autoridades espanholas haviam sobreposto as jurisdições no Chaco Boreal, de modo que, com quase as mesmas razões que uti possidetis, o Paraguai e a Bolívia tinham argumentos válidos para reivindicar o território. Por seu lado, a Argentina reconheceu em 1872 que a maior parte do Chaco Boreal, ou seja, ao norte do rio Pilcomayo, era paraguaia, mas em 1903 após a anexação brasileira do atual estado do Acre, até então território boliviano, e pelo Tratado de Petrópolis, o Brasil em compensação reconheceu o controle da Bolívia sobre todo o Chaco Boreal. Dessa forma, a Bolívia estabeleceu fortes precários, como o de Camacho, atual Mariscal Estigarribia. Especificamente, até 1900, nenhum país tinha controle efetivo. No Chaco Boreal, exceto por suas "bordas", o Paraguai tinha o Fort Olympus, Villa Occidental (atual Presidente Hayes) e perto de Villa Occidental, agora em ruínas o presídio de López, algumas empresas privadas possuíam pequenos cais nas margens do rio Paraguai.

Dado o alívio da região, era difícil especificar limites específicos, sem que sucessivos governos nacionais fizessem qualquer coisa para evitá-lo, pois o país estava submerso em constantes guerras internas (revolta do coronel Albino Jara em 1904 e do coronel Adolfo Chirifé em 1922).

Desenvolvimento

A Guerra do Chaco, entre o Paraguai e a Bolívia, foi travada de 9 de setembro de 1932 a 12 de junho de 1935, pelo controle do Chaco Boreal. Foi a guerra mais importante da América do Sul durante o século XX. Nos três anos de duração, a Bolívia mobilizou 250 000 soldados e o Paraguai 120 000, que se enfrentaram em combates nos quais houve um grande número de baixas (60 000 bolivianos e 30 000 paraguaios) e um grande número de feridos, mutilados e desaparecidos. Os diferentes tipos de doenças físicas e psicológicas, as características hostis do teatro de operações e a falta de água e boa comida produziram o maior percentual de baixas e afetaram a saúde dos soldados sobreviventes, muitos por toda a vida.

O confronto consumiu enormes recursos econômicos de ambos os países, que eram muito pobres. O Paraguai forneceu ao seu exército o grande número de armas e equipamentos capturados em diferentes batalhas. Após a guerra, ele vendeu algum excedente para a Espanha (Decreto-Lei 8 406, 15 de janeiro de 1937).

O cessar-fogo das hostilidades foi assinado em 12 de junho de 1935. Sob pressão dos Estados Unidos, por um tratado secreto assinado em 9 de julho de 1938, o Paraguai reinvindicou aos 110 000 km² ocupados por seu exército para cessar as hostilidades.Predefinição:Harvref

O Tratado de Paz, Amizade e Limites foi assinado em 21 de julho de 1938. Em 27 de abril de 2009, 74 anos após o final da guerra, os presidentes Evo Morales, da Bolívia e Fernando Lugo, do Paraguai, assinaram em Buenos Aires o acordo definitivo dos limites territoriais do Chaco Boreal. O evento foi realizado na presença da presidente argentina Cristina Kirchner, mediante aceitação de seus respectivos ministros das Relações Exteriores do Ato de Conformidade e Execução do Tratado de Paz, Amizade e Limites entre Bolívia e Paraguai de 1938. A área disputada foi dividida em um quarto sob soberania boliviana e três quartos sob soberania paraguaia. A Bolívia recebeu uma área nas margens do alto rio Paraguai.

Predefinição:Notas

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Bibliografia

Ver também

Ligações externas


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