𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Antibiótico: mudanças entre as edições

imported>Brazuka!
m (Foram revertidas as edições de 177.4.28.36 para a última revisão de Antero de Quintal, de 22h47min de 24 de junho de 2015 (UTC))
imported>Jefferson.Science
 
(89 revisões intermediárias por 64 usuários não estão sendo mostradas)
Linha 1: Linha 1:
[[Ficheiro:Antibiotic disk diffusion.jpg|thumb|200x200px|Teste de suscetibilidade a antibióticos. Cada pastilha possui um antibiótico diferente e são colocados sobre uma colônia de bactérias para verificar quais são mais ou menos eficientes contra essa colônia.]]
[[Ficheiro:Antibiotic disk diffusion.jpg|thumb|200x200px|Teste de suscetibilidade a antibióticos. Cada pastilha possui um antibiótico diferente e são colocados sobre uma colônia de bactérias para verificar quais são mais ou menos eficientes contra essa colônia.]]


'''Antibiótico''' (do grego αντί - anti + βιοτικός - biotikos, "contra um ser vivo") é qualquer remédio capaz de combater uma infecção causada por [[microrganismo]]s que causam [[infecção|infecções]] a outro organismo. Não destroem [[vírus]]. <ref>antibióticos in Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-03-14 23:47:01]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/antibióticos</ref>
'''Antibiótico''' (do grego αντί - anti + βιοτικός - biotikos, "contra um ser vivo") é qualquer [[medicamento]] capaz de combater uma infecção causada por [[microorganismo]]s que causam [[infecção|infecções]] a outro organismo. Não destroem [[vírus]].<ref>Antibióticos; Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-03-14 23:47:01]. Disponível na Internet: [http://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/antibióticos infopedia.pt]</ref>


O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que atingem [[bactéria]]s, embora possa ser utilizado em sentido mais amplo contra outros parasitas ([[protozoário]]s, [[fungo]]s ou [[helminto]]s). Ele pode ser [[bactericida]], quando tem efeito letal sobre a bactéria ou [[bacteriostático]], se interrompe a sua reprodução ou inibe seu metabolismo mas também causa efeitos significativos em doenças causadas por vírus como a gripe.<ref>http://www.patient.co.uk/health/antibiotics-leaflet</ref>
O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que atingem [[bactéria]]s, embora possa ser utilizado em sentido mais amplo contra outros parasitas ([[protozoário]]s, [[fungo]]s ou [[helminto]]s). Ele pode ser [[bactericida]], quando tem efeito mortífero sobre a bactéria, ou [[bacteriostático]], se interrompe a sua reprodução ou inibe seu metabolismo mas também causa efeitos significativos em doenças causadas por vírus como a [[gripe]].<ref>{{Citar web |url=https://patient.info/infections/antibiotics-leaflet |titulo=Antibiotics {{!}} Infection Treatment {{!}} Types, Uses and Side Effects |acessodata=2021-09-13 |website=patient.info |lingua=en}}</ref>


As primeiras substâncias descobertas eram produzidas por [[fungo]]s, como a [[penicilina]]. Atualmente também existem antibióticos sintetizados ou alterados em laboratórios farmacêuticos para evitar resistências e diminuir efeitos colaterais.
As primeiras substâncias descobertas eram produzidas por [[fungo]]s, como a [[penicilina]]. Atualmente, existem também antibióticos sintetizados ou alterados em laboratórios farmacêuticos para evitar resistências e diminuir efeitos colaterais.


== Classes de antibióticos ==
== Classes de antibióticos ==
Os antibióticos podem ser classificados em bactericidas e bacteriostáticos, dependendo se o [[fármaco]] causa diretamente a morte das bactérias ou se apenas inibe sua replicação, respectivamente. Na prática, esta classificação se baseia no comportamento do antibiótico ''in vitro'' e ambas as classes podem ser eficazes no tratamento de uma infeção.<ref>Pelczar, M.J., Chan, E.C.S. and Krieg, N.R. (1999) “Host-Parasite Interaction; Nonspecific Host Resistance”, In: Microbiology Conceptsand Applications, 6th ed., McGraw-Hill Inc., New York, U.S.A. pp. 478-479.</ref>
Os antibióticos, também conhecidos como antimicrobianos, podem ser classificados de diversas formas. A maior utilidade da classificação dos antibióticos é a de permitir uma melhor compreensão das características dos fármacos.<ref>{{Citar web|titulo=Antibióticos: classificação, usos e efeitos colaterais|url=https://augustobene.com/antibioticos-classificacao-usos-e-efeitos-colaterais/|obra=Cursos Online|data=2019-05-29|acessodata=2019-05-29|lingua=pt-BR|primeiro=Augusto|ultimo=Constantino}}</ref> Sendo assim, podemos encontrar antibióticos classificados em bactericidas e bacteriostáticos, dependendo se o [[fármaco]] causa diretamente a morte das bactérias ou se apenas inibe sua replicação, respectivamente. Na prática, esta classificação se baseia no comportamento do antibiótico ''in vitro'' e ambas as classes podem ser eficazes no tratamento de uma infeção.<ref>Pelczar, M.J., Chan, E.C.S. and Krieg, N.R. (1999) “Host-Parasite Interaction; Nonspecific Host Resistance”, In: Microbiology Conceptsand Applications, 6th ed., McGraw-Hill Inc., New York, U.S.A. pp. 478-479.</ref>
<div class="NavFrame" style="text-align:left; width:; background:#e6e6fa; margin-left:auto;margin-right:auto;">
<div class="NavFrame" style="text-align:left; width:; background:#e6e6fa; margin-left:auto;margin-right:auto;"><div class="NavHead" style="background:#b0c4de; padding-bottom:0; text-align:center; padding-left:1em">
<div class="NavHead" style="background:#b0c4de; padding-bottom:0; text-align:center; padding-left:1em">
Classes de antibióticos agrupados por estrutura
Classes de antibióticos agrupados por estrutura
</div>
</div>
<div class="NavContent" style="margin-bottom:.5em; padding:.2em; background-color:#e6e6fa">
<div class="NavContent" style="margin-bottom:.5em; padding:.2em; background-color:#e6e6fa">
{| class="wikitable"
{| class="wikitable"
!
!
Nome genérico  
Nome genérico  
Linha 32: Linha 30:
| [[Amicacina]]  
| [[Amicacina]]  
| Amikin  
| Amikin  
| rowspan="8" | Infeções severas causadas por bactérias gram-negativas, como ''[[Escherichia coli]]'' e ''[[Klebsiella]]''.  
| rowspan="8" | <sub>Infeções severas causadas por bactérias gram-negativas, como ''[[Escherichia coli]]'' e ''[[Klebsiella]]''.</sub>
| rowspan="8" |
| rowspan="8" |
* Ototoxicidade (especialmente quando combinado a [[Diurético da alça|diuréticos de alça]])
* Ototoxicidade (especialmente quando combinado a [[Diurético da alça|diuréticos de alça]])
Linha 80: Linha 78:
| Lorabid  
| Lorabid  
| Infeções respiratórias e infeções urinárias.  
| Infeções respiratórias e infeções urinárias.  
| Ocasionalmente [[trombocitopenia]].<ref>Aljitawi OS, Krishnan K, Curtis BR, Bougie DW, Aster RH. [http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/104524899/PDFSTART Serologically documented loracarbef (Lorabid)-induced immune thrombocytopenia]. Am J Hematol. 2003 May;73(1):41-3.</ref>  
| Ocasionalmente [[trombocitopenia]].<ref>Aljitawi OS, Krishnan K, Curtis BR, Bougie DW, Aster RH. [http://www3.interscience.wiley.com/cgi-bin/fulltext/104524899/PDFSTART Serologically documented loracarbef (Lorabid)-induced immune thrombocytopenia]{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}. Am J Hematol. 2003 May;73(1):41-3.</ref>  
| Inibição da [[parede celular]] bacteriana.
| Inibição da [[parede celular]] bacteriana.
|-
|-
Linha 94: Linha 92:
* Convulsões
* Convulsões
* [[Cefaleia]]
* [[Cefaleia]]
* [[Rash]] e alergias
* Irritação cutânea e alergias
| rowspan="4" | Mecanismo betalactámico: previne a [[divisão celular]] bacteriana inibindo a síntese da [[parede celular]].
| rowspan="4" | Mecanismo betalactámico: previne a [[divisão celular]] bacteriana inibindo a síntese da [[parede celular]].
|-
|-
Linha 159: Linha 157:
|[[Cefixima]]  
|[[Cefixima]]  
| Suprax  
| Suprax  
| rowspan="10" | As cefalosporinas são geralmente empregadas no tratamento de infeções por microorganismos resistentes a outros antibióticos betalactâmicos e também na profilaxia prévia à cirurgias ortopédicas e abdominais.  
| rowspan="10" | As cefalosporinas são geralmente empregadas no tratamento de infeções por micro-organismos resistentes a outros antibióticos betalactâmicos e também na profilaxia prévia à cirurgias ortopédicas e abdominais.  
| rowspan="10" |
| rowspan="10" |
* Desconforto abdominal e [[diarreia]]
* Desconforto abdominal e [[diarreia]]
Linha 198: Linha 196:
|[[Cefepima]]  
|[[Cefepima]]  
| Maxipime  
| Maxipime  
| rowspan="2" |Maior cobertura contra ''[[Pseudomonas]]'' e microorganismos gram-positivos.   
| rowspan="2" |Maior cobertura contra ''[[Pseudomonas]]'' e micro-organismos gram-positivos.   
| rowspan="2" |
| rowspan="2" |
* Similar a outras cefalosporinas
* Similar a outras cefalosporinas
Linha 239: Linha 237:
|[[Azitromicina]]  
|[[Azitromicina]]  
| Zitromax, Sumamed, Zitrocin  
| Zitromax, Sumamed, Zitrocin  
| rowspan="6" | Infeções por [[estreptococo]], [[sífilis]], infeções respiratórias, infeções por ''[[Mycoplasma]]'', [[Doença de Lyme]]  
| rowspan="7" | Infeções por [[estreptococo]], [[sífilis]], infeções respiratórias, infeções por ''[[Mycoplasma]]'', [[Doença de Lyme]]  
| rowspan="6" |
| rowspan="7" |
* Náuseas, vômito, e diarreia
* Náuseas, vômito, e diarreia
* [[Icterícia]]
* [[Icterícia]]
| rowspan="8" | Une-se à unidade ribossomal 50S inibindo a síntese de proteínas.
| rowspan="9" | Une-se à unidade ribossomal 50S inibindo a síntese de proteínas.
|-
|-
|[[Claritromicina]]  
|[[Claritromicina]]  
Linha 256: Linha 254:
|[[Roxitromicina]]  
|[[Roxitromicina]]  
| Roxitrol
| Roxitrol
|-
|Tilosina
|Tylan, Tylosin, Pharmasin
|-
|-
|[[Troleandomicina]]  
|[[Troleandomicina]]  
Linha 276: Linha 277:
| Azactam  
| Azactam  
| Ativo contra bactérias gram-negativas aeróbias, como as [[Enterobacteriaceae|enterobactérias]] e [[Yersinia]], [[Plesiomonas]], [[Aeromonas]] e [[Neisseria]].<ref>Celaya Rodriguez M, Moreno Navarrete J. [http://www.medigraphic.com/pdfs/micro/ei-2001/ei014d.pdf Estudio bacteriológico y determinación de la sensibilidad a 21 antibióticos, en una población de pacientes atendidos en el Hospital General de México durante el año 1999]. ENF INFEC Y MICRO 2001: 21(4): 129-144</ref> Inativo frente a cocos gram-positivos, anaeróbios e ''[[Acinetobacter]]''.<ref name="Townsend1" />  
| Ativo contra bactérias gram-negativas aeróbias, como as [[Enterobacteriaceae|enterobactérias]] e [[Yersinia]], [[Plesiomonas]], [[Aeromonas]] e [[Neisseria]].<ref>Celaya Rodriguez M, Moreno Navarrete J. [http://www.medigraphic.com/pdfs/micro/ei-2001/ei014d.pdf Estudio bacteriológico y determinación de la sensibilidad a 21 antibióticos, en una población de pacientes atendidos en el Hospital General de México durante el año 1999]. ENF INFEC Y MICRO 2001: 21(4): 129-144</ref> Inativo frente a cocos gram-positivos, anaeróbios e ''[[Acinetobacter]]''.<ref name="Townsend1" />  
| Rash cutâneo, alterações de funções hepáticas. Seguro para grande parte dos pacientes alérgicos à [[penicilina]].<ref name="Townsend1" />  
| Irritação cutânea, alterações de funções hepáticas. Seguro para grande parte dos pacientes alérgicos à [[penicilina]].<ref name="Townsend1" />  
| Igual que los otros beta lactamáticos: disrompen la síntesis de [[peptidoglicano]], una capa de la [[parede celular]]. Preferencia por la [[enzima]] ''PBP-3'' de bacterias Gram negativas.<ref name="Townsend1" />
| Igual que los otros beta lactamáticos: disrompen la síntesis de [[peptidoglicano]], una capa de la [[parede celular]]. Preferencia por la [[enzima]] ''PBP-3'' de bacterias Gram negativas.<ref name="Townsend1" />
|-
|-
Linha 349: Linha 350:
|-
|-
|[[Ciprofloxacino]]  
|[[Ciprofloxacino]]  
| Cipro, Ciproxin, Ciprobay  
| Cipro, Ciproxin, Ciprobay
| rowspan="9" | Infeções do trato urinário, [[prostatite]]s bacterianas, [[diarreia]] causada por infeções bacterianas, infeções por [[micoplasma]], [[gonorreia]]. Pouca atividade frente a organismos anaeróbios.<ref name="Townsend1" />  
| rowspan="10" | Infeções do trato urinário, [[prostatite]]s bacterianas, [[diarreia]] causada por infeções bacterianas, infeções por [[micoplasma|mycoplasma]], [[gonorreia]]. Pouca atividade frente a organismos anaeróbios.<ref name="Townsend1" />  
| rowspan="9" | Náusea (raro), pode ocasionar acúmulo de [[teofilina]] quando administrado conjuntamente.<ref name="Townsend1" />
| rowspan="10" | Náusea (raro), pode ocasionar acúmulo de [[teofilina]] quando administrado conjuntamente.<ref name="Townsend1" />
| rowspan="9" |Inibe a [[topoisomerase]], ADN girase e outras enzimas bacterianas, inibindo suas replicações e a transcrição de ADN.
| rowspan="10" |Inibe a [[topoisomerase]], ADN girase e outras enzimas bacterianas, inibindo suas replicações e a transcrição de ADN.
|-
|-
|[[Enoxacino]]  
|[[Enoxacino]]  
| Enoxin
| Enoxin
|-
|Enrofloxacina
|Enroflox, Rosaxcin, Spectron, Enroxina, Acrolin
|-
|-
|[[Gatifloxacino]]  
|[[Gatifloxacino]]  
Linha 369: Linha 373:
| Avelox
| Avelox
|-
|-
|[[Norfloxacino]]  
|[[Norfloxacino|Norfloxacina]]  
| Noroxin
| Noroxin
|-
|-
Linha 383: Linha 387:
|[[Mafenida]]  
|[[Mafenida]]  
|  
|  
| rowspan="9" | Infeções urinárias  
| rowspan="11" | Infeções urinárias, salmonelose, colibacilose
| rowspan="9" |
| rowspan="11" |
* Náusea, vômito e diarreia
* Náusea, vômito e diarreia
* Reações alérgicas
* Reações alérgicas
Linha 391: Linha 395:
* Redução na contagem de glóbulos brancos
* Redução na contagem de glóbulos brancos
* Hipersensibilidade à luz solar
* Hipersensibilidade à luz solar
| rowspan="9" | Inibição da síntese de [[ácido fólico]], entre outras funções inibitórias da síntese de [[ADN]] e [[ARN]].
| rowspan="11" | Inibição da síntese de [[ácido fólico]], entre outras funções inibitórias da síntese de [[ADN]] e [[ARN]].
|-
|[[Sulfadiazina]]
|
|-
|sulfadimetoxina
|
|-
|-
|[[Sulfamidocrisoidina]]  
|[[Sulfamidocrisoidina]]  
Linha 411: Linha 421:
|
|
|-
|-
|[[Trimetoprima]]  
|[[Trimetoprima|Trimetoprim]]  
|
|
|-
|-
Linha 428: Linha 438:
* Manchas dentárias em crianças
* Manchas dentárias em crianças
* Potencialmente tóxico para mãe e feto durante a gravidez
* Potencialmente tóxico para mãe e feto durante a gravidez
| rowspan="5" |Une-se à unidade ribossomal 30S inibindo a síntese de proteínas.<ref>[http://www.life-extension-drugs.com/doxycycline.html Doxycycline] Life-Extension-Drugs.com Página acessada em 30 de abril de 2011.</ref>
| rowspan="5" |Une-se à unidade ribossomal 30S inibindo a síntese de proteínas.<ref>[http://www.life-extension-drugs.com/doxycycline.html Doxycycline] {{Wayback|url=http://www.life-extension-drugs.com/doxycycline.html |date=20150331210032 }} Life-Extension-Drugs.com Página acessada em 30 de abril de 2011.</ref>
|-
|-
|[[Doxiciclina]]  
|[[Doxiciclina]]  
Linha 441: Linha 451:
|[[Tetraciclina]]  
|[[Tetraciclina]]  
| Sumycin
| Sumycin
|-
! colspan="5" |Glicilglicinas
|-
|[[Tigeciclina|Trigeciclina]]
|
|
|
|
|-
! colspan="5" |'''Lincosamidas'''
|-
|[[Clindamicina]]
| Cleocin
| Infeções por bactérias anaeróbias, [[acne]] e profilaxia para cirurgias.
| Diarreia causada por ''[[Clostridium difficile]]'', podendo ocasionar [[colite pseudomembranosa]].
| Possui ação bacteriostática por inibição da síntese de proteínas no nível ribossômico por união à unidade 50S.<ref>{{citar web|url=http://www.merck.com/mmpe/print/sec14/ch170/ch170g.html|título=Lincosamides, Oxazolidinones, and Streptogramins|autor=|data=|publicado=Merck Manual of Diagnosis and Therapy|acessodata=30 de abril de 2011}}</ref>
|-
|[[Lincomicina]]
| Lincocin
| [[Acne]], profilaxia cirúrgica
| [[Colite]], ocasionalmente letal.
| Similar aos [[macrolídeo]]s, unindo-se a subunidade ribossomal bacteriana 50S.
|-
|-
! colspan="5" |
! colspan="5" |
Linha 456: Linha 488:
| Toxicidade dose-dependente da [[medula óssea]] podendo ocasionar [[anemia aplásica]],<ref name="Rich1950">{{Citar periódico |ultimo= Rich M, Ritterhoff R, Hoffmann R |primeiro= |autorlink= |coautores= |ano= 1950 |mes= dezembro |titulo= A fatal case of aplastic anemia following chloramphenicol (chloromycetin) therapy. |jornal= Ann Intern Med |volume= 33 |numero= 6 |paginas= 1459–67|id= 14790529|url= |acessadoem=}}</ref> que em casos raros pode ser irreversível.
| Toxicidade dose-dependente da [[medula óssea]] podendo ocasionar [[anemia aplásica]],<ref name="Rich1950">{{Citar periódico |ultimo= Rich M, Ritterhoff R, Hoffmann R |primeiro= |autorlink= |coautores= |ano= 1950 |mes= dezembro |titulo= A fatal case of aplastic anemia following chloramphenicol (chloromycetin) therapy. |jornal= Ann Intern Med |volume= 33 |numero= 6 |paginas= 1459–67|id= 14790529|url= |acessadoem=}}</ref> que em casos raros pode ser irreversível.
|Une-se de maneira reversível à unidade ribossomal 50S, inibindo a síntese de proteínas.
|Une-se de maneira reversível à unidade ribossomal 50S, inibindo a síntese de proteínas.
|-
|[[Clindamicina]]
| Cleocin
| Infeções por bactérias anaeróbias, [[acne]] e profilaxia para cirurgias.
| Diarreia causada por ''[[Clostridium difficile]]'', podendo ocasionar [[colite pseudomembranosa]].
| Possui ação bacteriostática por inibição da síntese de proteínas no nível ribossômico por união à unidade 50S.<ref>{{citar web|url=http://www.merck.com/mmpe/print/sec14/ch170/ch170g.html|título=Lincosamides, Oxazolidinones, and Streptogramins|autor=|data=|publicado=Merck Manual of Diagnosis and Therapy|acessodata=30 de abril de 2011}}</ref>
|-
|[[Lincomicina]]
| Lincocin
| [[Acne]],  profilaxia cirúrgica
| [[Colite]], ocasionalmente letal.
| Similar aos [[macrolídeo]]s, unindo-se a subunidade ribossomal bacteriana 50S.
|-
|-
|[[Etambutol]]  
|[[Etambutol]]  
Linha 503: Linha 523:
| Infeções por bactérias gram-positivas resistentes a outros antibióticos.  
| Infeções por bactérias gram-positivas resistentes a outros antibióticos.  
| Geralmente bem tolerada em tratamentos de curto prazo.  
| Geralmente bem tolerada em tratamentos de curto prazo.  
| Inibição da síntese de proteínas.
| Inibição da [[biossíntese de proteínas]] a nível [[ribossomal]].
|-
|-
|[[Metronidazol]]  
|[[Metronidazol]]  
Linha 568: Linha 588:
== Resistência antibiótica ==
== Resistência antibiótica ==
{{Artigo principal|Resistência antibiótica}}
{{Artigo principal|Resistência antibiótica}}
A resistência antibiótica é a capacidade dos [[microrganismo]]s de resistir aos efeitos de um antibiótico ou antimicrobiano. O uso inadequado de antibióticos (na terapia humana e na utilização como promotor de crescimento em animais que fazem parte da alimentação humana) conduz ao aparecimento de resistências, tornando os agentes antimicrobianos menos eficazes.<ref>{{Citar web
A resistência antibiótica é a capacidade dos [[microrganismo]]s de resistir aos efeitos de um antibiótico ou antimicrobiano. O uso inadequado de antibióticos conduz ao aparecimento de resistências, tornando os agentes antimicrobianos menos eficazes.<ref>{{Citar web
  |url= http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/utentes/medicamentos/resistencia_antibiotica
  |url= http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/utentes/medicamentos/resistencia_antibiotica
  |título=Resistência Antibiótica
  |título=Resistência Antibiótica
Linha 576: Linha 596:


== Prescrição ==
== Prescrição ==
Segundo a [[Organização Mundial de Saúde]], mais de 50 por cento dos antibióticos são [[Prescrição médica|prescritos]] de forma inadequada<ref>{{Citar web
Segundo a [[Organização Mundial de Saúde]], mais de 50% dos antibióticos são [[Prescrição médica|prescritos]] de forma inadequada,<ref>{{Citar web
  |url= http://www.correiodoestado.com.br/noticias/entidades-contra-restricao-fazem-manifesto-hoje_87734/
  |url= http://www.correiodoestado.com.br/noticias/entidades-contra-restricao-fazem-manifesto-hoje_87734/
  |título=Correio do Estado: Entidades contra restrição fazem manifesto hoje
  |título=Correio do Estado: Entidades contra restrição fazem manifesto hoje
  |obra=correiodoestado.com.br
  |obra=correiodoestado.com.br
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
}}</ref>, o que vem causando resistência à ação dos medicamentos. Em um encontro de especialistas, realizado em [[março]] de [[2012]] na [[Dinamarca]], a diretora-geral da [[OMS]], [[Margaret Chan]] alertou para o desafio que isso representa para os países em desenvolvimento, que são os principais afetados por diversas enfermidades. "Muitos países estão incapacitados pela falta de infra-estrutura, incluindo laboratórios, diagnósticos, confirmação de qualidade, capacidade de regulação, monitoramento e controle sobre a obtenção e a utilização de antibióticos", diz Chan<ref>http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/03/120316_antibioticos_omc_ac.shtml</ref>.
}}</ref> o que vem causando resistência à ação dos medicamentos. Em um encontro de especialistas, realizado em [[março]] de [[2012]] na [[Dinamarca]], a diretora-geral da [[OMS]], [[Margaret Chan]] alertou para o desafio que isso representa para os países em desenvolvimento, que são os principais afetados por diversas enfermidades. "Muitos países estão incapacitados pela falta de infra-estrutura, incluindo laboratórios, diagnósticos, confirmação de qualidade, capacidade de regulação, monitoramento e controle sobre a obtenção e a utilização de antibióticos", diz Chan.<ref>{{Citar web |url=https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/03/120316_antibioticos_omc_ac |titulo=Resistência a antibióticos é desafio para medicina, diz OMS |data=2012-03-16 |acessodata=2021-09-13 |website=BBC News Brasil |lingua=pt-BR}}</ref>


=== No Brasil ===
=== No Brasil ===
Linha 587: Linha 607:


Para evitar o uso indiscriminado de antibiótico pela população e conter o avanço dos casos de contaminação por [[Bactérias super-resistentes|superbactérias]] começaram a valer novas regras a partir de [[28 de novembro]] de [[2010]] para a venda de antibióticos nas farmácias e drogarias brasileiras (resolução RDC 44 da [[Agência Nacional de Vigilância Sanitária]]<ref>{{Citar web
Para evitar o uso indiscriminado de antibiótico pela população e conter o avanço dos casos de contaminação por [[Bactérias super-resistentes|superbactérias]] começaram a valer novas regras a partir de [[28 de novembro]] de [[2010]] para a venda de antibióticos nas farmácias e drogarias brasileiras (resolução RDC 44 da [[Agência Nacional de Vigilância Sanitária]]<ref>{{Citar web
  |url= http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/c13443804478bef68eefcf7d15359461/resolucao+antibioticos.pdf?MOD=AJPERES
  |url=http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/c13443804478bef68eefcf7d15359461/resolucao+antibioticos.pdf?MOD=AJPERES
  |título=ANVISA – RDC nº 44, de 26 de outubro de 2010
  |título=ANVISA – RDC nº 44, de 26 de outubro de 2010
  |obra=portal.anvisa.gov.br
  |obra=portal.anvisa.gov.br
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
}}</ref>). Os medicamentos só podem ser vendidos com a apresentação de duas vias da receita médica, sendo que uma delas ficará com o estabelecimento e outra com o consumidor. A regra vale atualmente para 93 tipos de substâncias antimicrobianas que compõem todos os antibióticos registrados no Brasil. Estão de fora da lista os antibióticos usados exclusivamente em hospitais.<ref>{{Citar web
|arquivourl=https://web.archive.org/web/20101122032851/http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/c13443804478bef68eefcf7d15359461/resolucao+antibioticos.pdf?MOD=AJPERES
  |url= http://agenciabrasil.ebc.com.br/home/-/journal_content/56/19523/1110715
|arquivodata=2010-11-22
|urlmorta=yes
}}</ref>). Os medicamentos só podem ser vendidos com a apresentação de duas vias da receita médica, sendo que a 2° via ficará com o estabelecimento e a 1° com o consumidor. A regra vale atualmente para 93 tipos de substâncias antimicrobianas que compõem todos os antibióticos registrados no Brasil. Estão de fora da lista os antibióticos usados exclusivamente em hospitais.<ref>{{Citar web
  |url=http://agenciabrasil.ebc.com.br/home/-/journal_content/56/19523/1110715
  |título=Agência Brasil: A partir de hoje venda de antibióticos só com receita médica
  |título=Agência Brasil: A partir de hoje venda de antibióticos só com receita médica
  |obra=agenciabrasil.ebc.com.br
  |obra=agenciabrasil.ebc.com.br
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
}}</ref>
|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160304081019/http://agenciabrasil.ebc.com.br/home/-/journal_content/56/19523/1110715
|arquivodata=2016-03-04
|urlmorta=yes
}}</ref>


=== Em Portugal ===
=== Em Portugal ===
Em [[Portugal]], os antibióticos são classificados como [[MSRM|''medicamentos sujeitos a receita médica'']] (MSRM). Orgão regulador e fiscalizador é o [[instituto público]] [[Infarmed]].<ref>{{Citar web
Em [[Portugal]], os antibióticos são classificados como [[MSRM|''medicamentos sujeitos a receita médica'']] (MSRM). Órgão regulador e fiscalizador é o [[instituto público]] [[Infarmed]].<ref>{{Citar web
  |url= http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/LEGISLACAO/LEGISLACAO_FARMACEUTICA_COMPILADA/TITULO_III/TITULO_III_CAPITULO_I/035-E_DL_176_2006_VF.pdf
  |url= http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/LEGISLACAO/LEGISLACAO_FARMACEUTICA_COMPILADA/TITULO_III/TITULO_III_CAPITULO_I/035-E_DL_176_2006_VF.pdf
  |título=Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto (pdf)
  |título=Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto (pdf)
Linha 610: Linha 636:
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
}}</ref> A legislação portuguesa prevê penalidades semelhantes às leis brasileiras, entre outras definidas no Decreto-Lei nº 48547 de 1968 que regulamenta o exercício da atividade farmacêutica<ref>{{Citar web
}}</ref> A legislação portuguesa prevê penalidades semelhantes às leis brasileiras, entre outras definidas no Decreto-Lei nº 48547 de 1968 que regulamenta o exercício da atividade farmacêutica<ref>{{Citar web
  |url= http://www.iapmei.pt/iapmei-leg-03.php?lei=2521
  |url=http://www.iapmei.pt/iapmei-leg-03.php?lei=2521
  |título=IAPMEI: Decreto-Lei 48547, de 27 de Agosto de 1968 de 1 de Janeiro de 1970
  |título=IAPMEI: Decreto-Lei 48547, de 27 de Agosto de 1968 de 1 de Janeiro de 1970
  |obra=iapmei.pt
  |obra=iapmei.pt
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
}}</ref> — mesmo assim, a venda ilegal de antibióticos sem receita médica é, como no Brasil, problemática.<ref name="pb01">{{Citar web
|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070821100324/http://www.iapmei.pt/iapmei-leg-03.php?lei=2521
  |url= http://www.publico.pt/Sociedade/abuso-do-recurso-a-antibioticos-em-portugal-e-um-problema-de-saude-publica_1350391
|arquivodata=2007-08-21
|urlmorta=yes
}}</ref> — mesmo assim, a venda ilegal de antibióticos sem receita médica é, como no Brasil, problemática.<ref name="pb01">{{Citar web
  |url=http://www.publico.pt/Sociedade/abuso-do-recurso-a-antibioticos-em-portugal-e-um-problema-de-saude-publica_1350391
  |título=PUBLICO.PT: Abuso do recurso a antibióticos em Portugal é um problema de saúde pública
  |título=PUBLICO.PT: Abuso do recurso a antibióticos em Portugal é um problema de saúde pública
  |obra=publico.pt
  |obra=publico.pt
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
}}</ref>
}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>


A [[Direção-Geral da Saúde]] do [[Ministério da Saúde (Portugal)|Ministério da Saúde]] considera a resistência aos antibióticos ''"uma das maiores ameaças à Saúde Pública"'' atuais. Portugal é um dos países da [[Europa]] com taxas elevadas de resistência aos antibióticos.<ref name="pb01" /> O ''Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos'' (PNPRA), introduzido no âmbito do ''Plano Nacional de Saúde 2004-2010''<ref>{{Citar web
A [[Direção-Geral da Saúde]] do [[Ministério da Saúde (Portugal)|Ministério da Saúde]] considera a resistência aos antibióticos ''"uma das maiores ameaças à Saúde Pública"'' atuais. Portugal é um dos países da [[Europa]] com taxas elevadas de resistência aos antibióticos.<ref name="pb01" /> O ''Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos'' (PNPRA), introduzido no âmbito do ''Plano Nacional de Saúde 2004-2010''<ref>{{Citar web
Linha 626: Linha 655:
  |obra=infarmed.pt
  |obra=infarmed.pt
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
  |acessodata=1 de dezembro de 2010
}}</ref> e concretizado em novembro de 2009 prevê diminuir até [[2015]], a nível nacional, as resistências aos antibimicrobianos estimulando o uso racional dos antibióticos e monitorizando as resistências atravês da implementação de um sistema informático de vigilância, entre outros.<ref>{{Citar web
}}</ref> e concretizado em novembro de 2009 prevê diminuir até [[2015]], a nível nacional, as resistências aos antibimicrobianos estimulando o uso racional dos antibióticos e monitorizando as resistências através da implementação de um sistema informático de vigilância, entre outros.<ref>{{Citar web
  |url= http://www.dgs.pt/wwwbase/wwwinclude/ficheiro.aspx?tipo=0&id=16524&ambiente=WebSiteMenu
  |url= http://www.dgs.pt/wwwbase/wwwinclude/ficheiro.aspx?tipo=0&id=16524&ambiente=WebSiteMenu
  |título=Direcção-Geral da Saúde: Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos (pdf)
  |título=Direcção-Geral da Saúde: Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos (pdf)
Linha 636: Linha 665:
[[Ficheiro:Staphylococcus aureus (AB Test).jpg|thumb|''[[Staphylococcus aureus]]''.]]
[[Ficheiro:Staphylococcus aureus (AB Test).jpg|thumb|''[[Staphylococcus aureus]]''.]]


O primeiro antibiótico identificado pelo homem foi a [[penicilina]]. [[Alexander Fleming]], médico microbiologista do [[St. Mary's Hospital]], de [[Londres]],<ref>{{citar web|url=http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1945/fleming-bio.html|título=Sir Alexander Fleming|autor=|data=|publicado=The Nobel Prize|acessodata=29 de abril 2011}}</ref> já vinha há algum tempo pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infectadas, pesquisa justificada pela experiência adquirida na [[Primeira Grande Guerra]] [[1914]] - [[1918]], na qual muitos combatentes morreram em consequência da infecção em ferimentos e mal-tratados por falta de um tratamento adequado.
O primeiro antibiótico identificado pelo homem foi a [[penicilina]]. [[Alexander Fleming]], médico microbiologista do [[St. Mary's Hospital]], de [[Londres]],<ref>{{citar web|url=http://nobelprize.org/nobel_prizes/medicine/laureates/1945/fleming-bio.html|título=Sir Alexander Fleming|autor=|data=|publicado=The Nobel Prize|acessodata=29 de abril 2011}}</ref> já vinha há algum tempo pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infectadas, pesquisa justificada pela experiência adquirida na [[Primeira Grande Guerra]] [[1914]] - [[1918]], na qual muitos combatentes morreram em consequência da infecção em ferimentos mal-tratados por falta de um tratamento adequado.


Em [[1928]] Fleming desenvolveu pesquisas sobre [[Staphylococcus|estafilococos]], quando descobriu a penicilina. A descoberta da [[penicilina]] deu-se em condições muito peculiares, graças a uma sequência de acontecimentos imprevistos e surpreendentes.
Em [[1928]] Fleming desenvolveu pesquisas sobre [[Staphylococcus|estafilococos]], quando descobriu a penicilina. A descoberta da [[penicilina]] deu-se em condições muito peculiares, graças a uma sequência de acontecimentos imprevistos e surpreendentes.
Linha 646: Linha 675:
Foi o primeiro teste de reação penicilínica realizado em laboratório. Por outro lado, a descoberta de Fleming não despertou inicialmente maior interesse e não houve a preocupação em utilizá-la para fins terapêuticos em casos de infecção humana até a eclosão da [[Segunda Guerra Mundial]], em [[1939]]. Nesse ano e em decorrência do próprio conflito, a fim de evitarem-se baixas desnecessárias, foram então ampliadas as pesquisas a respeito da penicilina e seu uso humano.
Foi o primeiro teste de reação penicilínica realizado em laboratório. Por outro lado, a descoberta de Fleming não despertou inicialmente maior interesse e não houve a preocupação em utilizá-la para fins terapêuticos em casos de infecção humana até a eclosão da [[Segunda Guerra Mundial]], em [[1939]]. Nesse ano e em decorrência do próprio conflito, a fim de evitarem-se baixas desnecessárias, foram então ampliadas as pesquisas a respeito da penicilina e seu uso humano.


Em 1940, [[Sir Howard Fleorey]] e [[Ernst Chain]], da [[Universidade de Oxford]], retomaram as pesquisas de Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina denominada a era dos antibióticos.
Em 1940, [[Sir howard florey|Sir Howard Fleorey]] e [[Ernst Chain]], da [[Universidade de Oxford]], retomaram as pesquisas de Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina denominada a era dos antibióticos.


Alguns anos mais tarde, [[Ronald Hare]], colega de trabalho de Fleming, tentou, em vão, "redescobrir" a penicilina em condições semelhantes às que envolveram a descoberta de Fleming. Após um grande número de experiências verificou-se que a descoberta da penicilina só tornou-se possível graças a uma série inacreditável de coincidências, que foram:
Alguns anos mais tarde, [[Ronald Hare]], colega de trabalho de Fleming, tentou, em vão, "redescobrir" a penicilina em condições semelhantes às que envolveram a descoberta de Fleming. Após um grande número de experiências verificou-se que a descoberta da penicilina só tornou-se possível graças a uma série inacreditável de coincidências, que foram:
Linha 654: Linha 683:
* O crescimento do cogumelo e dos estratococos se fez rapidamente, condição para se evidenciar a lise bacteriana;
* O crescimento do cogumelo e dos estratococos se fez rapidamente, condição para se evidenciar a lise bacteriana;
* No mês de Agosto daquele ano, em pleno verão, uma inesperada onda de calor em Londres, que proporcionou a temperatura ideal ao crescimento lento da cultura;
* No mês de Agosto daquele ano, em pleno verão, uma inesperada onda de calor em Londres, que proporcionou a temperatura ideal ao crescimento lento da cultura;
* A providencial saída do Dr. Pryce no Laboratório permitiu que Fleming reexaminasse as placas contaminadas e observasse o halo transparente em torno do fungo, antes de sua inutilização.
* A providencial entrada do Dr. Pryce no Laboratório permitiu que Fleming reexaminasse as placas contaminadas e observasse o halo transparente em torno do fungo, antes de sua inutilização.


Apesar de todas essas felizes coincidências, se Fleming não tivesse a mente preparada e avançada não teria valorizado ou mesmo notado o halo transparente em torno do fungo e descoberto a [[penicilina]].
Apesar de todas essas felizes coincidências, se Fleming não tivesse a mente preparada e avançada não teria valorizado ou mesmo notado o halo transparente em torno do fungo e descoberto a [[penicilina]].


== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Sistema imunitário]]
* [[Sistema imunitário]]
* [[Doença infecciosa]]


{{Referências}}
{{Referências}}
Linha 677: Linha 707:


{{Portal3|Farmácia}}
{{Portal3|Farmácia}}
{{authority control}}


{{DEFAULTSORT:Antibiotico}}
{{DEFAULTSORT:Antibiotico}}
[[Categoria:Antibióticos| ]]
[[Categoria:Antibióticos| ]]
{{Bom interwiki|cs}}
{{Link FA|es}}

Edição atual tal como às 13h31min de 9 de maio de 2022

Teste de suscetibilidade a antibióticos. Cada pastilha possui um antibiótico diferente e são colocados sobre uma colônia de bactérias para verificar quais são mais ou menos eficientes contra essa colônia.

Antibiótico (do grego αντί - anti + βιοτικός - biotikos, "contra um ser vivo") é qualquer medicamento capaz de combater uma infecção causada por microorganismos que causam infecções a outro organismo. Não destroem vírus.[1]

O termo antibiótico tem sido utilizado de modo mais restrito para indicar substâncias que atingem bactérias, embora possa ser utilizado em sentido mais amplo contra outros parasitas (protozoários, fungos ou helmintos). Ele pode ser bactericida, quando tem efeito mortífero sobre a bactéria, ou bacteriostático, se interrompe a sua reprodução ou inibe seu metabolismo mas também causa efeitos significativos em doenças causadas por vírus como a gripe.[2]

As primeiras substâncias descobertas eram produzidas por fungos, como a penicilina. Atualmente, existem também antibióticos sintetizados ou alterados em laboratórios farmacêuticos para evitar resistências e diminuir efeitos colaterais.

Classes de antibióticos

Os antibióticos, também conhecidos como antimicrobianos, podem ser classificados de diversas formas. A maior utilidade da classificação dos antibióticos é a de permitir uma melhor compreensão das características dos fármacos.[3] Sendo assim, podemos encontrar antibióticos classificados em bactericidas e bacteriostáticos, dependendo se o fármaco causa diretamente a morte das bactérias ou se apenas inibe sua replicação, respectivamente. Na prática, esta classificação se baseia no comportamento do antibiótico in vitro e ambas as classes podem ser eficazes no tratamento de uma infeção.[4]

Resistência antibiótica

Ver artigo principal: Resistência antibiótica

A resistência antibiótica é a capacidade dos microrganismos de resistir aos efeitos de um antibiótico ou antimicrobiano. O uso inadequado de antibióticos conduz ao aparecimento de resistências, tornando os agentes antimicrobianos menos eficazes.[16] A resistência pode ser adquirida via: transformação, conjugação, transdução e mutação.

Prescrição

Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% dos antibióticos são prescritos de forma inadequada,[17] o que vem causando resistência à ação dos medicamentos. Em um encontro de especialistas, realizado em março de 2012 na Dinamarca, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan alertou para o desafio que isso representa para os países em desenvolvimento, que são os principais afetados por diversas enfermidades. "Muitos países estão incapacitados pela falta de infra-estrutura, incluindo laboratórios, diagnósticos, confirmação de qualidade, capacidade de regulação, monitoramento e controle sobre a obtenção e a utilização de antibióticos", diz Chan.[18]

No Brasil

Para evitar o uso indiscriminado de antibiótico pela população e conter o avanço dos casos de contaminação por superbactérias começaram a valer novas regras a partir de 28 de novembro de 2010 para a venda de antibióticos nas farmácias e drogarias brasileiras (resolução RDC 44 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária[19]). Os medicamentos só podem ser vendidos com a apresentação de duas vias da receita médica, sendo que a 2° via ficará com o estabelecimento e a 1° com o consumidor. A regra vale atualmente para 93 tipos de substâncias antimicrobianas que compõem todos os antibióticos registrados no Brasil. Estão de fora da lista os antibióticos usados exclusivamente em hospitais.[20]

Em Portugal

Em Portugal, os antibióticos são classificados como medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM). Órgão regulador e fiscalizador é o instituto público Infarmed.[21][22] A legislação portuguesa prevê penalidades semelhantes às leis brasileiras, entre outras definidas no Decreto-Lei nº 48547 de 1968 que regulamenta o exercício da atividade farmacêutica[23] — mesmo assim, a venda ilegal de antibióticos sem receita médica é, como no Brasil, problemática.[24]

A Direção-Geral da Saúde do Ministério da Saúde considera a resistência aos antibióticos "uma das maiores ameaças à Saúde Pública" atuais. Portugal é um dos países da Europa com taxas elevadas de resistência aos antibióticos.[24] O Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos (PNPRA), introduzido no âmbito do Plano Nacional de Saúde 2004-2010[25] e concretizado em novembro de 2009 prevê diminuir até 2015, a nível nacional, as resistências aos antibimicrobianos estimulando o uso racional dos antibióticos e monitorizando as resistências através da implementação de um sistema informático de vigilância, entre outros.[26]

História

O primeiro antibiótico identificado pelo homem foi a penicilina. Alexander Fleming, médico microbiologista do St. Mary's Hospital, de Londres,[27] já vinha há algum tempo pesquisando substâncias capazes de matar ou impedir o crescimento de bactérias nas feridas infectadas, pesquisa justificada pela experiência adquirida na Primeira Grande Guerra 1914 - 1918, na qual muitos combatentes morreram em consequência da infecção em ferimentos mal-tratados por falta de um tratamento adequado.

Em 1928 Fleming desenvolveu pesquisas sobre estafilococos, quando descobriu a penicilina. A descoberta da penicilina deu-se em condições muito peculiares, graças a uma sequência de acontecimentos imprevistos e surpreendentes.

No mês de agosto de 1928 Fleming tirou férias e, por esquecimento, deixou algumas placas com culturas de estafilococos sobre a mesa, ao invés de guardá-las na geladeira ou inutilizá-las, como seria natural. Ao retornar ao trabalho, em setembro do mesmo ano, observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo, fato este relativamente frequente. Colocou-as então, em uma bandeja para limpeza e esterilização com lisol. Neste exato momento entrou no laboratório um seu colega, Dr. Pryce, e lhe perguntou como iam suas pesquisas. Fleming apanhou novamente as placas para explicar alguns detalhes ao seu colega sobre as culturas de estafilococos que estava realizando, quando notou que havia, em uma das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante, o que parecia indicar que aquele fungo produzia uma substância bactericida. O assunto foi discutido entre ambos e Fleming decidiu fazer algumas culturas do fungo para estudo posterior.

O fungo foi identificado como pertencente ao gênero Penicillium, de onde deriva o nome da penicilina dado à substância por ele produzida. Fleming passou a empregá-lo em seu laboratório para selecionar determinadas bactérias, eliminando das culturas as espécies sensíveis à sua ação.

Foi o primeiro teste de reação penicilínica realizado em laboratório. Por outro lado, a descoberta de Fleming não despertou inicialmente maior interesse e não houve a preocupação em utilizá-la para fins terapêuticos em casos de infecção humana até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Nesse ano e em decorrência do próprio conflito, a fim de evitarem-se baixas desnecessárias, foram então ampliadas as pesquisas a respeito da penicilina e seu uso humano.

Em 1940, Sir Howard Fleorey e Ernst Chain, da Universidade de Oxford, retomaram as pesquisas de Fleming e conseguiram produzir penicilina com fins terapêuticos em escala industrial, inaugurando uma nova era para a medicina denominada a era dos antibióticos.

Alguns anos mais tarde, Ronald Hare, colega de trabalho de Fleming, tentou, em vão, "redescobrir" a penicilina em condições semelhantes às que envolveram a descoberta de Fleming. Após um grande número de experiências verificou-se que a descoberta da penicilina só tornou-se possível graças a uma série inacreditável de coincidências, que foram:

  • O cogumelo que contaminou a placa, como se demonstrou posteriormente, é um dos três melhores produtores de penicilina dentre todas as espécies do gênero Penicilium;
  • O cogumelo contaminante teria vindo pela escada do andar inferior, onde se realizavam pesquisas sobre fungos;
  • O crescimento do cogumelo e dos estratococos se fez rapidamente, condição para se evidenciar a lise bacteriana;
  • No mês de Agosto daquele ano, em pleno verão, uma inesperada onda de calor em Londres, que proporcionou a temperatura ideal ao crescimento lento da cultura;
  • A providencial entrada do Dr. Pryce no Laboratório permitiu que Fleming reexaminasse as placas contaminadas e observasse o halo transparente em torno do fungo, antes de sua inutilização.

Apesar de todas essas felizes coincidências, se Fleming não tivesse a mente preparada e avançada não teria valorizado ou mesmo notado o halo transparente em torno do fungo e descoberto a penicilina.

Ver também

Referências

  1. Antibióticos; Dicionário da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-03-14 23:47:01]. Disponível na Internet: infopedia.pt
  2. «Antibiotics | Infection Treatment | Types, Uses and Side Effects». patient.info (em English). Consultado em 13 de setembro de 2021 
  3. Constantino, Augusto (29 de maio de 2019). «Antibióticos: classificação, usos e efeitos colaterais». Cursos Online (em português). Consultado em 29 de maio de 2019 
  4. Pelczar, M.J., Chan, E.C.S. and Krieg, N.R. (1999) “Host-Parasite Interaction; Nonspecific Host Resistance”, In: Microbiology Conceptsand Applications, 6th ed., McGraw-Hill Inc., New York, U.S.A. pp. 478-479.
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 For common Uses and possible side effects reference is: Robert Berkow (ed.) The Merck Manual of Medical Information. Pocket (setembro de 1999), ISBN 0-671-02727-1.
  6. Supko JG, Hickman RL, Grever MR y Malspeis L. (1995). «Preclinical pharmacologic evaluation of geldanamycin as an antitumor agent». Cancer Chemother Pharmacol. 36 (4): 305-15. 7628050. Consultado em 30 de abril de 2011 
  7. Aljitawi OS, Krishnan K, Curtis BR, Bougie DW, Aster RH. Serologically documented loracarbef (Lorabid)-induced immune thrombocytopenia[ligação inativa]. Am J Hematol. 2003 May;73(1):41-3.
  8. 8,0 8,1 8,2 8,3 8,4 8,5 Predefinição:Harvnb
  9. «FDA restringe uso de antibiótico telitromicina». ALERT Life Sciences Computing. Consultado em 8 de julho de 2011 
  10. E Navas Elorza (2002). [Tetraciclinas, fenicoles, lincosamidas, polimixinas, espectinomicina, fosfomicina]. Medicine. Volume 08 - Número 70 p. 3763 - 3770.
  11. Celaya Rodriguez M, Moreno Navarrete J. Estudio bacteriológico y determinación de la sensibilidad a 21 antibióticos, en una población de pacientes atendidos en el Hospital General de México durante el año 1999. ENF INFEC Y MICRO 2001: 21(4): 129-144
  12. K. John Stone and Jack L. Strominger Mechanism of Action of Bacitracin: Complexation with Metal Ion and C55-Isoprenyl Pyrophosphate PNAS 1971 vol. 68 no. 12 pg. 3223-3227. Página visitada em 30 de abril de 2011
  13. Doxycycline Arquivado em 31 de março de 2015, no Wayback Machine. Life-Extension-Drugs.com Página acessada em 30 de abril de 2011.
  14. «Lincosamides, Oxazolidinones, and Streptogramins». Merck Manual of Diagnosis and Therapy. Consultado em 30 de abril de 2011 
  15. Rich M, Ritterhoff R, Hoffmann R (dezembro de 1950). «A fatal case of aplastic anemia following chloramphenicol (chloromycetin) therapy.». Ann Intern Med. 33 (6): 1459–67. 14790529 
  16. «Resistência Antibiótica». medicosdeportugal.saude.sapo.pt. Consultado em 1 dezembro de 2010 
  17. «Correio do Estado: Entidades contra restrição fazem manifesto hoje». correiodoestado.com.br. Consultado em 1 de dezembro de 2010 
  18. «Resistência a antibióticos é desafio para medicina, diz OMS». BBC News Brasil (em português). 16 de março de 2012. Consultado em 13 de setembro de 2021 
  19. «ANVISA – RDC nº 44, de 26 de outubro de 2010» (PDF). portal.anvisa.gov.br. Consultado em 1 de dezembro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 22 de novembro de 2010 
  20. «Agência Brasil: A partir de hoje venda de antibióticos só com receita médica». agenciabrasil.ebc.com.br. Consultado em 1 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 4 de março de 2016 
  21. «Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto (pdf)» (PDF). infarmed.pt. Consultado em 1 de dezembro de 2010 
  22. «Classificação Quanto à Dispensa». infarmed.pt. Consultado em 1 de dezembro de 2010 
  23. «IAPMEI: Decreto-Lei 48547, de 27 de Agosto de 1968 de 1 de Janeiro de 1970». iapmei.pt. Consultado em 1 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 21 de agosto de 2007 
  24. 24,0 24,1 «PUBLICO.PT: Abuso do recurso a antibióticos em Portugal é um problema de saúde pública». publico.pt. Consultado em 1 de dezembro de 2010 [ligação inativa]
  25. «Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos». infarmed.pt. Consultado em 1 de dezembro de 2010 
  26. «Direcção-Geral da Saúde: Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos (pdf)». dgs.pt. Consultado em 1 de dezembro de 2010 
  27. «Sir Alexander Fleming». The Nobel Prize. Consultado em 29 de abril 2011 

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Antibiótico

Predefinição:Authority control

talvez você goste