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Xangô

Disambig grey.svg Nota: Se procura a obra de Jô Soares, veja O Xangô de Baker Street. Se procura o álbum da banda Santana, veja Shangó (álbum).
Xangô
Escultura representando Xangô
Badé
Orixá da justiça
Pais Torossi e Oraniã [1]
Cônjuges Obá, Iansã e Oxum[2]
instrumento oxê (machado com duas lâminas)
sincretismo São Pedro, São João e São Jerônimo na Umbanda

Xangô (em iorubá: Ṣàngó) ou, na Bahia, Badé,[3] é o orixá da justiça, dos raios, do trovão e do fogo. Foi rei na cidade de Oió, identificado no jogo do merindilogum pelos odus obará e ejilaxeborá e representado material e imaterialmente no candomblé através do assentamento sagrado denominado ibá de Xangô. Pierre Verger dá, como resultado de suas pesquisas, que Xangô, como todos os outros imolês (orixás e eborás), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino.

Escultura em madeira: Orixá do Trovão da Nigéria. Obra executada por Lamidi Olonade Fakeye (1928–2009)

Origem

Etimologia

"Xangô" é um termo procedente da língua iorubá.[3]

África

Como personagem histórico, Xangô teria sido o quarto alafim de Oió (rei). Ficou órfão de mãe muito cedo, não chegou a conhecer sua mãe, Torossi. Antes dele assumir o trono, o seu pai já havia sido o primeiro Rei. Logo depois veio o seu irmão, Dadá Ajacá, porém seu reinado foi mal sucedido. Após isso, o tutor de Xangô foi quem assumiu o trono, se tornando o terceiro Rei. Porém ela era um governante muito impiedoso, ruim, não gostava de crianças, era injusto e tinha péssimos planos para Oió. Por fim, o povo implorava para que ele fosse destronado ou que largasse esse posto, foi aí que Xangô tomou o trono e se tornou o quarto Rei. Todos comemoravam e pulavam de alegria. Xangô foi um Rei justíssimo, de caráter ímpar, tinha ótimos projetos para a sociedade, era muito elogiado por todos os cidadãos e, apesar de ser muito sério e carrancudo, ele era um ser muito bondoso. Xangô teve várias divindades como esposas, as mais conhecidas são: Oiá, Oxum e Obá.

Xangô é o orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de xangô.

  • Sacerdote de Xangô - Mabá
  • Sacerdotisa de Xangô - Iamabá
  • Atabaque de Xangô - Ilubatá
  • Toque favorito - Alujá
  • Fruto favorito - orobô
  • Bichos - Acuncô, Agutã, Ajapá
  • Comida - Amalá

Ao se manifestar nos Candomblés, não deve faltar em sua vestimenta uma espécie de saieta, com cores variadas e fortes, que representam as vestes dos Eguns.

Xangô criador de Culto a egungum

Xangô é o fundador do culto aos Eguns, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itã:

Brasil

Xangô por Carybé

Xangô foi o quarto[2] rei lendário de Oió, na Nigéria, tornado orixá de caráter muito justo, violento e vingativo, cuja manifestação são o fogo, os raios, os trovões. Filho de Oraniã e Torossi, teve várias esposas, sendo as mais conhecidas: Oiá, Oxum e Obá. Xangô é viril e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes.

Orixá do fogo e dos trovões, Xangô foi um grande rei que unificou todo um povo. Foi ele quem criou o culto de egungum. Muitos orixás possuem relação com os egunguns mas ele é o único que, verdadeiramente, exerce poder sobre os mortos, egungum. Xangô é a roupa da morte, Axó Icu: por este motivo, não deve faltar nos ebós de Icu e Egum, o vermelho lhe pertencendo. Ao se manifestar nos candomblés, não deve faltar, em sua vestimenta, uma espécie de saieta de tiras chamada banté, com cores variadas e fortes, que representam as vestes dos eguns.

Xangô era forte, valente, destemido e justo. Era temido, e ao mesmo tempo adorado. Comportou-se em algumas vezes como tirano, devido a sua ânsia de poder, chegando até mesmo a destronar seu próprio irmão, para satisfazer seu desejo. Filho de Iamacê (Torossi) e de Oraniã, foi o regente mais poderoso do povo iorubá. Ele também tem uma ligação muito forte com as árvores e a natureza, vindo daí os objetos que ele mais aprecia, o pilão e a gamela; o pilão de Xangô deve ter duas bocas, que representam a livre passagem entre os mundos, sendo Xangô um ancestral (egungum). Da natureza, ele conseguiu profundos conhecimentos e poderes de feitiçaria, que somente eram usados quando necessário. Tem também uma forte ligação com Oxumarê, considerado por ele como seu fiel escudeiro.

Assentamentos de Xangô e Obá no candomblé

Xangô é cultuado no Brasil sob 12 qualidades. Vale salientar que muitos seguem cegamente as ditas qualidades de Xangô da Bahia, e não é bem assim: por exemplo, Airá é um outro orixá que não se dá com Xangô. Reza a lenda que Airá era muito próximo de Xangô, e quando Oxalufã, em visita ao reino de Xangô, foi erroneamente confundido com um ladrão, teve suas pernas quebradas e foi preso. Uma vez Xangô percebendo o engano, mandou que o tirassem da prisão, o limpassem e dessem a ele vestimentas condizentes com a grandiosidade de Oxalufã, porém Oxalufã estava viajando e teria ainda outros lugares para ir.

Por ser muito velho e agora com as pernas tendo sido quebradas, a locomoção havia sido afetada, fazendo que Oxalufã andasse curvado e muito vagarosamente. Xangô, então, mandou que Airá levasse Oxalufã nas costas até a próxima cidade. Airá, percebendo ali a sua grande oportunidade, durante o caminho se voltou contra Xangô, falando a Oxalufã que Xangô sabia que ele estava preso, acabando por ganhar a confiança de Oxalufã, que o tomou para si; razão pela qual Airá usa branco, mas não é um fum-fum. Xangô, que não suporta traições, se irritou com a atitude de Airá, cortando relações com ele. Desde então, eles jamais devem ser cultuados juntos ou mantidos na mesma casa.

Xangô costuma ser sincretizado com São Jerônimo, Santa Bárbara e São Miguel Arcanjo.[3]

As Qualidades de Xangô

As qualidades de Xangô são estas:

  • Afonjá - Afonjá, o balé (governante) da cidade de Ilorim. Afonjá era também Arê Oná Cacanfô, quer dizer líder do exército do império. Segundo a história de Oió, no início do século XIX, Oió era governada pelo rei Aolé, ele possuía aliados que eram espécies de Generais, que lhe davam todo o tipo de apoio mantendo assim o poder absoluto sobre o Reino Iorubá e os reinos anexados. Mas um dia um desses generais resolveu se rebelar contra Oió e se unir com os inimigos, esse general se chamava Afonjá que era conhecido como Cacanfô de Ilorim. Declarou-se independente de Oió. Com isso o Rei de Oió Aolé se envenenou para não ver o desmembramento do Império. Afonjá traiu o Império Iorubá, mas, quando, os rebeldes assumiram o poder, Afonjá foi decapitado em 1.823 pelo seu novo aliado. Este alegou que, se um homem traiu seu antigo rei, ele voltaria a trair tantos outros.
  • Obá Cossô - Título que Xangô recebe ao fundar a cidade de Cossô nos arredores de Oió, tornando-se seu Rei. Título dado também a Aganju, irmão gêmeo de Xangô quando de sua chegada em Oió foi aclamado como o Rei Não se Enforcou, Obá Cossô.
  • Obá Lubê - Título de Xangô que faz referência a todo o seu poder e riqueza, pode ser traduzido como Senhor Abastado.
  • Obá Irù ou Barù - Título dado a Xangô logo após chegar ao apogeu do império, quando cria o culto de egungum, é aclamado como a forma humana do Orixá primordial Jacutá sobre a terra, senhor dos raios, tempestades, do Sol e do fogo em todas as suas formas. Ele acaba por destruir a capital do Reino numa crise de cólera e depois arrependido, se suicida, adentrando na terra.
  • Obá Ajacá - Também intitulado Baiâni," O pai me escolheu ", que faz referência a ele por ser o filho mais velho de Oraniã, e ter por direito que assumir o trono, irmão mais velho de Xangô.
  • Obá Aganju - Aganju representa tudo que é explosivo, que não tem controle, ele é a personificação dos Vulcões.
  • Obá Orungã - Filho de Aganju Solá e Iemanjá, Orungã é dono da atmosfera é o ar que respiramos, dono da camada que protege a Terra. Ver mais abaixo.
  • Obá Ogodô - Muito falado também, é apenas o que se diz sobre Xangô, pois, Ogodô é o verbo bocejar. Então, quando está trovejando, o que se diz é que Xangô está bocejando. Dai Xangô Ogodô, é apenas um título de Xangô.
  • Obá Jacutá - Jacutá, é a representação da justiça e da ira de Olorum, míticamente Xangô foi iniciado para este Orixá sendo considerado como a forma divina primordial do mesmo. Ele foi enviado em sua forma divina por Olorum para estabelecer a ordem e submeter Odudua e Oxalá aos planos da criação durante um momento de conflito entre as divindades. É o próprio Xangô.

Elementos do culto

  • Saudação: Kawó-Kabiesilé (saudação é a forma com que os orixás são reverenciados) que significa: Saudações ao Rei! ou Salve o Rei!
  • Cores: Vermelho e Branco ou Vermelho e Marrom ou Marrom e Preto ou Marrom e Branco ou somente Marrom ou vermelho. As cores representam os Orixás, e podem variar segundo a linha religiosa;
  • Dia da Semana: Quarta-Feira;
  • Elementos: Fogo, Vulcões, Tempestades, Sol, Trovões, Terremotos, Raios, criador do Culto de egungum, senhor dos mortos, desertos e formações rochosas;
  • Elemento Livro: os livros representam Xangô porque este orixá está ligado as questões da razão, do conhecimento e do intelecto. Bem como a justiça e o direito;
  • Ferramenta: Oxê, machado duplo de duas lâminas laterais feito e esculpido em madeira ou metal;
  • Pedra: Edun Ara (Formações rochosas de diferentes tamanhos que se criam ao trovão atingir o solo)
  • (Pedra que se forma ao cair trovões na t;erra)
  • Domínios: Justiça, poder estatal, questões jurídicas, pedreiras;
  • Oferendas: Amalá, cágado, carneiro, e algumas vezes cabrito. Tem preferência por Orobô, mas não recusa Obi, como muitos imaginam;
  • Dança: Alujá, a roda de Xangô. São vários toques que falam de suas conquistas, seus feitos, suas mulheres e seu poder e domínio como Orixá.
  • Animais associados a Xangô: Cágado, Falcão, Águia, Carneiro e Leão.

Cuba

Xangô (Changó) é uma das deidades da religião iorubá. Na santería, sincretiza com Santo Antônio.

Resumo

Xangô é um dos mais populares orixás do panteão ioruba. É considerado orixá dos trovões, dos raios, da justiça, da virilidade, da dança e do fogo. Foi, em seu tempo, um rei tirano, guerreiro e bruxo, que, por equívoco, destruiu sua casa e a sua esposa e filhos e logo se converteu em orixá.

Orixá da justiça, da dança, da força viril, dos trovões, dos raios e do fogo, dono dos tambores Batá, Wemileres, Ilú Batá o Bembés, da festa e da música; representa a necessidade e a alegria de viver, a intensidade da vida, a beleza masculina, a paixão, a inteligência e as riquezas.

O orixá

Xangô é chamado Jacutá (o lançador de pedras) e Obacossô (rei de Cossô). Foi o quarto rei de Oió e também o primeiro awó, trocou o axé da adivinhação com Orumilá pelo da dança, é dono também dos tambores Batá, Wemileres, Ilú Batá o Bembés.

Família

Foi esposo de Obá, Oiá e Oxum. Foi filho de Obatalá e Agaiu Solá, mas em outros caminhos se registra como de Obatalá Ibaíbo e Iembô ou de Obatalá e Odudua, mas em todos os caminhos considera-se criado por Iemanjá e Dadá. Irmão do último, Ogum, Oxum, Eleguá e Oxóssi

Oferendas

As oferendas a Xangô incluem amalá, feito a base de farinha de milho, leite e quimbombó (quiabo), bananas verdes, banana indio, otí (água ardente), vinho tinto, milho tostado, cevada, alpiste, etc. Imola-se carneiros, galos, codornas, tartarugas, galinha de guiné, pombas, etc

Pataqui (Itã) de Xangô

Furioso com os seus descendentes ao saber que Ogum havia querido ter relações com sua própria mãe, Obatalá ordenou executar a todos os varões. Quando nasceu Xangô, Eleguá (seu irmão) levou-o escondido para sua irmã mais velha, Dadá, para que o criasse. Em pouco tempo, nasceu Orumilá, o outro irmão. Eleguá, também temeroso da ira de Obatalá, o enterrou ao pé de uma árvore e lhe levava comida todos os dias. O tempo passou e, um belo dia, Obatalá caiu enfermo. Eleguá buscou rápido a Xangô para que o curasse. Logo que o grande médico Xangô curou seu pai, Eleguá aproveitou a ocasião para implorar de Obatalá o perdão de Orumilá. Obatalá cedeu e concedeu o perdão. Xangô, cheio de alegria, cortou a árvore e, dela, entalhou um belo tabuleiro e junto com ele, deu, a seu irmão Orumilá, o dom da adivinhação. Desde então, Orumilá diz: "Maferefum (benção) Eleguá, maferefum Xangô, Elebará." Também pela mesma razão a equelê (moeda usada na Guiné Equatorial) de Orumilá leva, na soldadura, um fragmento do colar de Xangô (branco e vermelho) por uma ponta. Desde então, Orumilá é o adivinhador do futuro como intérprete do oráculo de Ifá, dono do tabuleiro e conselheiro dos homens.

Referências

  1. CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos. S/A. 1979. p. 44.
  2. 2,0 2,1 CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos. S/A. 1979. p. 42.
  3. 3,0 3,1 3,2 FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 795.

Ver também

Ligações externas

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