Walter Franco | |
---|---|
Walter Franco, 2015 | |
Informação geral | |
Nome completo | Walter Rosciano Franco |
Nascimento | 6 de janeiro de 1945[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] |
Local de nascimento | São Paulo, SP Brasil |
Morte | 24 de outubro de 2019 (74 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]] |
Local de morte | São Paulo, SP |
Gênero(s) | Avant-garde, música experimental, MPB |
Ocupação(ões) | Compositor, musicista, produtor |
Instrumento(s) | Voz, violão |
Período em atividade | 1971 - 2019 |
Gravadora(s) | Continental, Epic/CBS, PolyGram, YB Music |
Walter Rosciano Franco ou simplesmente Walter Franco (São Paulo, 6 de janeiro de 1945 — São Paulo, 24 de outubro de 2019) foi um cantor e compositor brasileiro.
É considerado um dos músicos mais influentes no cenário underground brasileiro e um dos mais revolucionários da história da música popular brasileira, sendo precursor de compositores como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção e Arnaldo Antunes.[1] Não chegou a participar de nenhum movimento cultural musical, como bossa nova ou tropicalismo, mas sempre esteve na vanguarda, em vários momentos.[2][3]
Já era parte da Vanguarda Paulista, antes mesmo da expressão ser cunhada pela geração de Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção. Trabalhou com arranjadores como Rogério Duprat e Júlio Medaglia, e teve a letra da música "Cabeça" traduzida para o inglês por Augusto de Campos.
Seu álbum mais aclamado pela crítica é Revolver,[4] de 1975.[5] O compositor tem pelo menos cinco músicas bem conhecidas do grande público: a própria "Cabeça", "Seja Feita a Vontade do Povo", "Coração Tranquilo", "Respire Fundo" e "Vela Aberta"[2][5], sendo a última executada até hoje em programas radiofônicos de flashback. Outro sucesso de Walter Franco é "Serra do Luar", com um refrão marcante: "Viver é afinar o instrumento / De dentro pra fora / De fora pra dentro".
Walter Franco já foi regravado por artistas como Leila Pinheiro, Oswaldo Montenegro e Chico Buarque[6], além de bandas de rock como Ira!, Camisa de Vênus, Pato Fu e Titãs.[6][7]
Em 1979, com "Canalha", conquistou o segundo lugar no Festival da Tupy de 1979. Cantada com a voz dilacerada, quase um grito primal, provocava uma catarse coletiva. A canção foi incluída no disco “Vela Aberta”.
Biografia
Nascido de uma família que valorizava a arte, tendo o pai, Cid Franco, como um poeta que se correspondia com nomes de destaque da literatura brasileira como Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, o cantor desde pequeno já apresentava muito interesse por esse universo artístico de forma a envolver-se com a música e a poesia. Quando tinha 16 anos, teve aulas de violão com a esposa do violonista Paulinho Nogueira, Elza Nogueira.
Posteriormente, quando atingiu a maioridade, Walter Franco, em meio ao dilema de ter que escolher um curso e uma faculdade, decidiu que gostaria de ser cantor e compositor. Porém acabou vinculando-se ao teatro antes da música e cursou a Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo.[2] De lá teve inspirações musicais bastante conectadas à voz como instrumento pelo fato de haver grande variedade de personagens e expressões enfáticas. Compôs trilhas sonoras para peças como A Caixa de Areia, de Edward Albee, Caminho que Fazem o Darro e o Genil até o Mar, de Renata Palottini, Os Olhos Vazados de Emílio de Biasi[6] e As Bacantes, de Euripedes. Tal período influenciaria grande parte de seu trabalho.[1]
Começou participando de festivais de música em 1968, quando, em São Paulo, inscreveu a canção "Não se Queima um Sonho" no 1° Festival Universitário da TV Tupi defendida por Geraldo Vandré.[6][5] Na segunda edição do festival, conquista o terceiro lugar com "Sol de Vidro".
Em 1971, começou a carreira como músico profissional lançando um compacto pela Philips, por ter sua canção "No Fundo do Poço" como tema de abertura da novela O Hospital da TV Tupi. No ano seguinte, no 7° Festival Internacional da Canção, organizado pela TV Globo, conquistou o prêmio especial com a composição "Cabeça".[5][3]
Em 1973, lançou seu primeiro LP "Ou Não" pela gravadora Continental, com participação do maestro Rogério Duprat e com músicas autorais como "Cabeça", "Me Deixe Mudo", "Mixturação", "No Fundo do Poço" e "Água e Sal". O álbum possui uma linguagem musical fortemente influenciada pela poesia concreta.[8]
O show "A Sagrada Desordem dos Espíritos" foi apresentado no Teatro de Arena, em 1974, com Walter no palco cantando e tocando violão em posição da flor de lótus, com as mixagens de Peninha Schimidt.
No ano seguinte, conquistou a terceira posição no Festival Abertura, também da Rede Globo, com os arranjos do maestro Julio Medaglia e lançou o disco "Revolver" pela Continental. O álbum conseguiu equilibrar suas ideias mais arrojadas e uma sonoridade pop e rock, bastante influenciada pelos Beatles.[8]
Além disso, lançou pela gravadora CBS os LPs "Respire Fundo" (1978) e "Vela Aberta" (1980), sendo que neste está a canção "Canalha", segundo lugar no Festival 79 de Música Popular, realizado pela Rede Tupi de Televisão e posteriormente interpretada por nomes importantes da música brasileira como Oswaldo Montenegro, Titãs, Camisa de Vênus, Jards Macalé e Lobão.[9]
Em 2017, sua música Feito gente foi veiculada na trilha sonora da supersérie Os dias eram assim, da TV Globo.[3]
Era vice-presidente da Abramus - Associação Brasileira de Música e Artes, sociedade de recolhimento de direitos autorais filiada ao ECAD.[10]
Antes de falecer, fazia shows com seu filho, o também cantor e compositor Diogo Franco e se apresentava juntamente com uma banda agrupando composições recentes e marcantes de sua trajetória.[1]
Também estava prestes a lançar um trabalho que daria fim a um período de mais de 15 anos sem um trabalho novo. Um álbum chamado "Listen - ResiLIência e ResISTÊNcia"[2][3][6], pronto desde o final de 2018.[11]
Morreu em 24 de outubro de 2019, após ficar internado cerca de duas semanas após sofrer um acidente vascular cerebral.[12][6][5][7]
Discografia
- "Tema do Hospital" - compacto simples (1971)
- Ou Não (1973)
- Revolver (1975)
- Respire Fundo (1978)
- Vela Aberta (1980)
- Walter Franco (1982)
- Tutano (2001) - YB Music
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 Cultural, Instituto Itaú. «Walter Franco». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 20 de maio de 2022
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 «Walter Franco, cantor e compositor, morre aos 74 anos». G1 (em português). Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ 3,0 3,1 3,2 3,3 «Walter Franco volta ao disco em 2019, após 18 anos, com repertório inédito que inclui música feita a partir de poema de Olavo Bilac». G1 (em português). Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 28 de março de 2012. Arquivado do original em 8 de outubro de 2009
- ↑ 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 «Cantor e compositor "de vanguarda", Walter Franco morre em São Paulo, aos 74 anos». Rede Brasil Atual (em português). 24 de outubro de 2019. Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ 6,0 6,1 6,2 6,3 6,4 6,5 Internet (amdb.com.br), AMDB (24 de outubro de 2019). «Walter Franco, cantor e compositor da MPB vanguarda, morre aos 74 anos». Rolling Stone (em português). Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ 7,0 7,1 «Cantor e compositor Walter Franco morre em SP aos 74 anos». Terra (em português). Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ 8,0 8,1 «5 músicas para conhecer a obra de Walter Franco». Nexo Jornal (em português). Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ End, Lucas Tavares-Front End / Adriano Franco- Back (16 de fevereiro de 2021). «Lobão regrava "Canalha", clássico de Walter Franco». A Rádio Rock - 89,1 FM - SP (em português). Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ «Diretoria». ABRAMUS. 1 de março de 2011. Consultado em 14 de maio de 2022
- ↑ «Walter Franco foi muito mais do que um compositor 'maldito' | VEJA Música». VEJA (em português). Consultado em 20 de maio de 2022
- ↑ Thales de Menezes (24 de outubro de 2019). «Morre aos 74 anos Walter Franco, o mais maldito dos malditos da música brasileira». Folha de S.Paulo. UOL. Consultado em 24 de outubro de 2019