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Geraldo Vandré

Geraldo Vandré
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Geraldo Vandré em 1968, ano em que gravou o sucesso "Pra não Dizer que não Falei das Flores". Arquivo Nacional.
Informação geral
Nome completo Geraldo Pedrosa de Araújo Dias
Nascimento 12 de setembro de 1935 (88 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Origem João Pessoa, PB
País Brasil
Gênero(s) MPB
bossa nova
Ocupação(ões) advogado, cantor, compositor e poeta
Instrumento(s) Vocal, violão
Período em atividade 1964 - presente
Gravadora(s) Audio Fidelity, Continental, Som Maior, Odeon, Banco Benvirá, Phonogram, RGE Fermata

Geraldo Vandré, nome artístico de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias (João Pessoa, 12 de setembro de 1935), é um advogado, cantor, compositor e poeta brasileiro. Seu sobrenome artístico é uma abreviação do sobrenome de seu pai, o médico otorrinolaringologista, José Vandregíselo.

Biografia

Foi o primeiro filho do casal José Vandregíselo e Maria Martha Pedrosa Dias.

Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1951, tendo ingressado em 1957 na Universidade do Distrito Federal, pela qual se formou em 1961, quando esta passou a se chamar Universidade do Estado da Guanabara (hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Militante estudantil, participou do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Conheceu Carlos Lyra, que se tornou seu parceiro em canções como "Quem Quiser Encontrar Amor" e "Aruanda", gravadas por Lyra e por Vandré. Gravou seu primeiro LP, "Geraldo Vandré", em 1964, com as músicas "Fica Mal com Deus" e "Menino das Laranjas", entre outras.

Em 1966, chegou à final do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com o sucesso da música Disparada (parceria com Théo de Barros), interpretada por Jair Rodrigues. A canção arrebatou o primeiro lugar ao lado de A Banda, de Chico Buarque.[1]

Em 1968, participou do III Festival Internacional da Canção da TV Globo com Pra não Dizer que não Falei de Flores, também conhecida como "Caminhando". A composição se tornou um hino de resistência do movimento estudantil que fazia oposição à ditadura durante o governo militar, e foi censurada. O refrão "Vem, vamos embora / Que esperar não é saber / Quem sabe faz a hora, / Não espera acontecer" foi erroneamente interpretado pelos militares como uma chamada à luta armada contra os ditadores, o que levou a sua perseguição política. No festival, a música ficou em segundo lugar, perdendo para Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim. A música Sabiá foi vaiada pelo público presente no festival, que bradava exigindo que o prêmio viesse a ser da música de Geraldo Vandré.

Hoje, Geraldo Vandré reside no centro da cidade de São Paulo. Casado com Bianca Beatriz, sempre viaja para o Rio de Janeiro. Em 12 de setembro de 2010 (dia de seu aniversário de 75 anos), Vandré concedeu no Clube da Aeronáutica no Rio de Janeiro uma polêmica entrevista[2] ao jornalista Geneton Moraes Neto, na qual critica o cenário cultural brasileiro desde os anos 70 e afirma que seu afastamento da música popular não foi causado pela perseguição sofrida pela ditadura, que não foi torturado, mas sim pela falta de motivação para compor ao público brasileiro, vítima do processo de massificação cultural e histórica.

Carreira artística

Primeiras canções

Geraldo Vandré em 1968. Arquivo Nacional.

Vandré iniciou a carreira musical nos anos 60, tornando-se famoso pelas suas músicas que se tornaram ícones da oposição ao regime militar de 1964, como "Porta Estandarte", "Arueira", "Pra não dizer que não falei de flores", entre outras.

O sucesso maior veio com "Disparada", vencedora do Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em 1966, junto com "A Banda", de Chico Buarque. No livro "A era dos Festivais - Uma Parábola", de 2003, Zuza Homem de Mello revela que Chico Buarque, ao saber que sua música havia ganhado, não concordou com o resultado, pois considerava "Disparada" melhor e não aceitaria o prêmio. A situação foi resolvida quando Chico foi informado que ele e Geraldo Vandré dividiriam o prêmio.

Em 1968, ao defender "Pra não dizer que não falei de flores" no Festival Internacional da Canção da TV Globo, criou o hino da resistência à ditadura militar que ficou conhecido pela primeira palavra: "Caminhando", além de estar em uma nova situação envolvendo ele e Chico Buarque. "Sabiá", de Tom Jobim e Chico Buarque, foi declarada vencedora, mas o público se revoltou, pois queriam Pra não dizer que não falei de flores, que acabou ficando em segundo lugar. Enquanto Cynara e Cybele ao lado de Tom Jobim e Chico Buarque apresentavam a música campeã, vaias se ouviam durante a apresentação. Este se tornou o momento mais emblemático da história dos festivais.

Censura - AI 5

Ainda em 1968, com o AI-5 (Ato Institucional 5), Vandré foi obrigado a exilar-se. Depois de passar dias escondido na fazenda de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, viúva do escritor Guimarães Rosa, falecido no ano anterior (setores da imprensa afirmam que ele também teria sido escondido pelo governador de São Paulo Abreu Sodré no Palácio dos Bandeirantes), o compositor partiu para o Chile, Peru e, de lá, para a Argélia, Alemanha, Grécia, Áustria, Bulgária e França. Voltou ao Brasil em 1973, onde gravou apresentações para o programa de Flávio Cavalcanti e para o Fantástico, da TV Globo, mas foram censuradas. Até hoje, vive em São Paulo e compõe. Muitos, porém, acreditam que Vandré tenha enlouquecido por causa das torturas que ele teria supostamente sofrido pelo governo militar. Em entrevista concedida no ano de 2010[3] ao jornalista Geneton Moraes Neto no Clube da Aeronáutica, vestindo uma camiseta da Força Aérea Brasileira, o cantor diz não ter sido torturado.

Canções após o exílio

Geraldo Vandré se apresentando na Alemanha, em 1970.

Após o exílio, Vandré foi vigiado de perto pelos militares, sem poder expressar o retrato do Brasil à época. Logo após o retorno ao Brasil, Vandré compôs a canção "Fabiana", em homenagem à Força Aérea Brasileira.

Geraldo Vandré abandonou a vida pública e se afastou do mundo artístico, atuando como advogado e servidor público.[4] Depois de 14 anos de silêncio, em 1982, na cidade de Presidente Stroessner, Paraguai, apresentou-se em um show. Em março de 1995, apresentou-se no Memorial da América Latina, em São Paulo, no concerto realizado pelo IV Comando Aéreo Regional (IV COMAR), em comemoração a Semana da Asa. Na ocasião, para espanto geral, um coral de cadetes lançou sua música "Fabiana", uma homenagem à FAB (Força Aérea Brasileira). Em 2010, Vandré ressurgiu numa entrevista exibida pela GloboNews. Negou que tenha sido torturado e o criador do maior hino de protesto contra a ditadura militar repudiou o rótulo de autor de músicas de protesto. “Eu não faço canção de protesto. Eu faço, fazia, música brasileira, canções brasileiras”. Para muitos de seus contemporâneos, o sumiço e a negação de seu passado seriam consequência das sessões de tortura que supostamente teria sofrido.

Em 1997, o Quinteto Violado lançou o CD Quinteto Violado canta Vandré (selo Atração), incluindo antigos sucessos e apenas uma música inédita: República brasileira. No mesmo ano, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho regravaram Disparada e Canção da despedida no CD Grande encontro 2.

Em 2009, alunos de jornalismo da PUC-SP produziram o documentário "O que sou nunca escondi" sem fins lucrativos com depoimentos sobre Vandré.

Em 2014, Geraldo Vandré voltou a subir ao palco depois de 40 anos com a cantora norte-americana Joan Baez, que em 1981 foi proibida de cantar no Brasil pela ditadura militar. Segundo reportagem do jornal Estadão foi o próprio Vandré quem tomou a iniciativa de fazer contato com a cantora por intermédio de um amigo em comum com a proposta de gravar um disco em espanhol. Vandré e Baez se encontraram pela primeira vez no domingo, 23 de março, poucas horas antes do show da também ativista dos direitos humanos. Baez insistiu para que Vandré cantasse, mas este não cedeu: “Eu vou convidar para subir ao palco um mito. Ele não gosta disso, prefere ser somente um homem. Ele virá aqui, mas não vai cantar, vai ficar do meu lado”, disse Joan Baez.[5]

Em 2015, em homenagem aos 80 anos do compositor, foram lançadas as biografias "Geraldo Vandré - Uma canção interrompida" (do jornalista Vitor Nuzzi) e "Vandré: o homem que disse não" (do jornalista Jorge Fernando dos Santos).[6][7]

No mesmo ano, Vandré foi homenageado no Festival Aruanda em João Pessoa por seu trabalho na trilha sonora do filme A Hora e a Vez de Augusto Matraga de 1965, baseado na obra de Guimarães Rosa. Esta foi a primeira vez, após 20 anos, que ele retornou à terra natal.[8] Nos dias 22 e 23 de março de 2018, Vandré se apresentou em João Pessoa, acompanhado da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB) e cantou Pra não dizer que não falei de flores, depois de 50 anos de silêncio.[9] No mês seguinte, Vandré publicou o livro de poemas Poética, produzido durante seu exílio no Chile, em 1973. A obra, originalmente intitulada Cantos Intermediários de Benvirá, foi lançada na Academia Paraibana de Letras.[10]

Discografia

Álbuns de estúdio

Coletâneas

Participação em trilhas sonoras

Filmografia

Cinema

Ano Título Personagem
1969 Quelé do Pajeú Cangaceiro

Literatura

Referências

Ligações externas

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