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Hiperplasia benigna da próstata

Hiperplasia benigna da próstata
Diagrama de uma próstata normal (esquerda) e hiperplasia benigna da próstata (direita)
Sinónimos Hipertrofia benigna da próstata, hiperplasia prostática benigna
Especialidade Urologia
Sintomas Micção frequente, dificuldade em começar a urinar, pouco fluxo de urina, retenção urinária ou incontinência urinária.[1]
Complicações Infeções urinárias, cálculos na bexiga, insuficiência renal[2]
Início habitual Idade superior a 40 anos[1]
Causas Desconhecidas[1]
Fatores de risco Antecedentes familiares, obesidade, diabetes mellitus tipo 2, falta de exercício físico, disfunção eréctil[1]
Método de diagnóstico Baseado nos sintomas e exame físico após descartar outras possíveis causas[2]
Condições semelhantes Insuficiência cardíaca, diabetes, cancro da próstata[2]
Tratamento Alterações no estilo de vida, medicamentos, diversos procedimentos, cirurgia[2][1]
Medicação bloqueadores alfa, como a terazosina, ou inibidores da 5-alfarredutase como a finasterida[1]
Frequência 105 milhões (2015)[3]
Classificação e recursos externos
CID-10 N40
CID-9 600
OMIM 600082
DiseasesDB 10797
MedlinePlus 000381
eMedicine med/1919
MeSH Predefinição:Mesh2
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A hiperplasia benigna da próstata (HBP) é uma doença benigna caracterizada pelo aumento de volume da próstata e consequente estreitamento da uretra.[1] Os sinais e sintomas mais comuns são micção frequente, dificuldade em começar a urinar, pouco fluxo de urina, retenção urinária ou incontinência urinária.[1] As complicações mais comuns são infeções urinárias, cálculos na bexiga e insuficiência renal.[2]

A causa não é clara.[1] Os fatores de risco incluem antecedentes familiares, obesidade, diabetes mellitus tipo 2, falta de exercício físico e disfunção eréctil.[1] Os sintomas podem ser agravados por medicamentos como a pseudoefedrina, anticolinérgicos e bloqueadores dos canais de cálcio.[2] O mecanismo subjacente envolve a pressão que a próstata aumentada exerce na uretra, dificultando a passagem da urina para fora da bexiga.[1] O diagnóstico geralmente baseia-se nos sintomas e num exame físico, após descartar outras possíveis causas.[2]

Entre as opções de tratamento estão alterações no estilo de vida,[4] medicamentos, diversas intervenções e cirurgia.[1][2] Em pessoas com sintomas ligeiros recomenda-se a perda de peso, exercício e a diminuição do consumo de cafeína.[2] Em pessoas com sintomas mais pronunciados podem ser administrados medicamentos bloqueadores alfa, como a terazosina, ou inibidores da 5-alfarredutase como a finasterida.[1] Em pessoas que não melhoram com outras medidas, pode ser considerada a remoção cirúrgica de parte da próstata.[2] As medicinas alternativas, como a Serenoa repens não aparentam ser eficazes.[2]

A hiperplasia benigna da próstata afeta em todo o mundo 105 milhões de homens.[3] A condição geralmente tem início depois dos 40 anos de idade.[1] A doença afeta metade dos homens com mais de 50 anos[2] e cerca de 90% dos homens com mais de 80 anos de idade.[1] Embora os níveis de antígeno específico da próstata possam estar elevados em homens com a condição, a condição em si não aumenta o risco de cancro da próstata.[5]

Sintomas

Os sintomas da hiperplasia benigna da próstata são classificados como obstrutivos ou irritativos. Os sintomas obstrutivos incluem hesitância, intermitência, esvaziamento incompleto da bexiga, jato fraco de urina.

Os sintomas irritativos incluem aumento da frequencia de urinar, mudança no ritmo miccional, prevalecendo no período noturno noctúria quando ocorre à noite, e urgência (necessidade de esvaziar a bexiga que não pode ser protelada).

O conjunto dos sintomas obstrutivos e irritativos geralmente é classificado na literatura médica como sintomas do trato urinário inferior (LUTS).

A HBP pode ser uma doença progressiva, principalmente se não for tratada. O não-esvaziamento completo da bexiga pode resultar em estase de bactérias na bexiga e dessa forma aumentar o risco de infecções do trato urinário. Pode ocorrer formação de pedras na bexiga devido à cristalização dos sais contidos na urina residual. A retenção urinária é outra forma de progressão. A retenção urinária aguda é a incapacidade de esvaziar a bexiga, enquanto a retenção urinária crônica o volume residual urinário gradualmente cresce, e a bexiga distende. Alguns pacientes que sofrem de retenção urinária crônica podem finalmente progredir para uma insuficiência renal, uma condição conhecida como uropatia obstrutiva.

Para alguns homens, os sintomas podem ser graves o suficiente para necessitar de tratamento.

Etiologia

Os hormônios androgênios (testosterona e hormônios relacionados) são considerados como ajudantes do processo da hiperplasia prostática benigna pela maioria dos cientistas. Isso significa que os androgênios devem estar presentes para a doença ocorrer, mas não necessariamente a causam. Essa suposição é suportada pelo fato de que meninos castrados não desenvolvem a hiperplasia prostática benigna quando eles envelhecem, ao contrário dos homens que não foram castrados. Além disso, a administração de testosterona exógena não está associada com um aumento significativo no risco de sintomas da doença. Muitos estudos ainda precisam ser feitos para elucidar completamente as causas da hiperplasia prostática benigna.

Exames e Diagnóstico

O exame de toque retal pode revelar uma próstata nitidamente aumentada. Demora menos de 1minuto a ser efetivado.

Frequentemente, exames de sangue são realizados para descartar doenças malignas da próstata: níveis elevados do antígeno prostático específico (PSA) necessitam de investigações subsequentes como uma reinterpretação dos resultados do PSA, em termos de densidade do PSA e porcentagem de PSA livre, toque retal e ultrassonografia endoretal. Essas medidas combinadas podem realizar a detecção precoce de um câncer.

O resultado do exame de PSA tem 3 possíveis resultados:

  • Normal – abaixo dos 4 ng/ml
  • Intermédio – 4 a 10 ng/ml
  • Alto – acima de 10ng/ml

O exame de ultrassom dos testículos, próstata e rins é realizado, novamente para descartar doenças malignas e hidronefrose.

Outros exames realizados são o exame de urina laboratorial, fluxometria (medição do jato de urina) e claro, a biópsia para casos de suspeita mais concreta de alteração maligna prostática.

Epidemiologia

A próstata aumenta de tamanho na maioria dos homens à medida que eles envelhecem, e de forma geral, 45% dos homens acima dos 46 anos de idade irão sofrer os sintomas da HBP se eles sobreviverem até os 70 anos de idade. As taxas de incidência aumentam de 3 casos por 1000 homens na faixa etária de 45-49 anos, para 38 casos por 1000 por na faixa etária dos 75-79 anos. Ao passo que as taxas de prevalência são de 2,7% para homens na faixa etária dos 45-49 anos, aumentando para 24% na idade dos 80 anos.[6]

Prevenção

Para além da idade, muitos outros fatores parecem estar relacionados com o aumento da próstata.

Vários estudos associam o o consumo de gorduras saturadas e zinco ao aumento de uma HPB sintomática. Já o consumo de frutas aparenta ter um efeito contrário. Outros fatores relacionados ao desenvolvimento da HPB são a presença de doença cardiovascular prévia, obesidade e diabetes.

Ou seja, todos os estudos recomendam o cuidado com a alimentação e controlo do peso como de extrema importância para prevenção da HPB. Para além do peso, a boa alimentação previne outras doenças também mortíferas e associadas ao crescimento da próstata como pressão alta e infarto do miocárdio.[7]

Para prevenir a HPB é recomendado que após os 40 anos de idade os homens devem procurar um urologista e a partir desta idade, fazer check-ups anuais, mesmo sem sintomas.

Muitas vezes, por preconceito ou falta de informação, os homens evitam esse procedimento, mesmo com algum sintoma aparente. Quanto antes procurar um urologista, maiores as chances de resolver problemas de saúde.[8]

Tratamento

O tratamento geralmente é realizado com mudanças no estilo de vida e com medicações. Casos mais sérios podem necessitar de cirurgia.

Estilo de vida

Os pacientes devem diminuir a ingestão de fluidos antes de dormir, moderar o consumo de álcool e produtos que contenham cafeína e urinar em períodos agendados.

Atividade física

A atividade física pode representar uma intervenção de primeira linha viável para o tratamento da HPB. Uma revisão sistemática com metanálise da Cochrane[4] investigou 652 homens com mais de 40 anos com sintomas moderados ou graves de LUTS. Embora os resultados sejam promissores, os autores concluíram que a evidência é de qualidade muito baixa e novos ensaios clínicos randomizados são necessários.

Medicações

Alfa-bloqueadores (antagonistas do receptor adrenérgico1) fornecem alivio dos sintomas da hiperplasia prostática benigna. As drogas disponíveis incluem doxazosina, terazosina, alfuzosina e tansulosina. Os alfa-bloqueadores relaxam a músculatura lisa da próstata e do colo da bexiga urinária, diminuindo o grau de bloqueio do fluxo urinário. Os alfa-bloqueadores podem fazer com que a ejaculação ocorra no interior da bexiga (ejaculação retrógrada).

Os inibidores da 5α-redutase (finasterida e dutasterida) são outra opção de tratamento, porém de ação mais lenta (meses) que a dos alfa-bloquadores (semanas).

Certos inibidores da fosfodiasterase (pde5) como a Tadalafila (5mg) são utilizados para tratamento da HBP[9]. Permitem um controle do volume prostático, impedindo seu aumento e consequente sintomatologia associada como dificuldade de micção.

Cirurgia

Com a evolução da doença, mesmo com o tratamento medicamentoso pode haver uma piora do sintomas ou complicações da hiperplasia: cálculos de bexiga, sangramento urinário (hematúria), resíduo pós-miccional ou retenção urinária aguda (incapacidade completa de urinar). Nestes casos está indicado o tratamento cirúrgico. O tipo de tratamento cirúrgico depende de vários fatores mas o principal é o tamanho da próstata. Em próstatas até 80g a cirurgia de ressecção transuretral da próstata (RTUP) é a mais indicada. Ela consiste na raspagem da parte central da próstata através da uretra. O paciente fica internado de 3 a 4 dias. É o método mais utilizado mas tem como limitações a incapacidade de retirar toda a porção central da glândula prostática e a chance de um novo crescimento do adenoma após 5 a 10 anos, necessitando de nova cirurgia. Em próstatas maiores que 80g a cirurgia mais realizada é a prostatectomia a céu aberto, que consiste em uma incisão horizontal (tipo cesariana) e enucleação da porção central da próstata com o dedo do cirurgião. É uma técnica muito efetiva na desobstrução (retirada completa do núcleo da próstata) mas tem um maior risco de sangramento e maior tempo de internação (5 a 7 dias). Mais recentemente surgiram os tratamentos cirúrgicos com laser que são de 2 tipos: Vaporização e Enucleação. A Vaporização utiliza o laser para criar um túnel no meio do adenoma prostático. Tem a vantagem de menor risco de sangramento que a RTUP e poder ser utilizado em pacientes em uso de anticoagulantes mas também é limitada a próstatas menores que 80g e não consegue retirar toda a porção central da glândula e tem chance de recidiva após 3 a 5 anos. Já a Enucleação é chamada de HoLEP (Holmium Laser Enucleation of the prostate). Ela utiliza o laser para coagular os vasos e permite a retirada completa do núcleo da próstata (adenoma). Isso garante maior durabilidade do procedimento com baixíssimas taxas de reoperação futura. É considerada o padrão-ouro no tratamento de próstatas acima 80g pois tem um tempo médio de internação de 24h e menor risco de sangramento. Fonte: EAU Guidelines of Male LUTS/BPO

Ver também

Referências

  1. 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 1,13 1,14 «Prostate Enlargement (Benign Prostatic Hyperplasia)». NIDDK. Setembro de 2014. Consultado em 19 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 4 de outubro de 2017 
  2. 2,00 2,01 2,02 2,03 2,04 2,05 2,06 2,07 2,08 2,09 2,10 2,11 Kim, EH; Larson, JA; Andriole, GL (2016). «Management of Benign Prostatic Hyperplasia». Annual Review of Medicine (Review). 67: 137–51. PMID 26331999. doi:10.1146/annurev-med-063014-123902 
  3. 3,0 3,1 GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.». Lancet. 388 (10053): 1545–1602. PMC 5055577Acessível livremente. PMID 27733282. doi:10.1016/S0140-6736(16)31678-6 
  4. 4,0 4,1 Silva, Valter; Grande, Antonio Jose; Peccin, Maria S (6 de abril de 2019). Cochrane Urology Group, ed. «Physical activity for lower urinary tract symptoms secondary to benign prostatic obstruction». Cochrane Database of Systematic Reviews (em English). PMC 6450803Acessível livremente. PMID 30953341. doi:10.1002/14651858.CD012044.pub2 
  5. Chang, RT; Kirby, R; Challacombe, BJ (abril de 2012). «Is there a link between BPH and prostate cancer?». Practitioner. 256: 13–6, 2. PMID 22792684 
  6. Verhamme KM, Dieleman JP, Bleumink GS; et al. (2002). «Incidence and prevalence of lower urinary tract symptoms suggestive of benign prostatic hyperplasia in primary care--the Triumph project». Eur. Urol. 42 (4): 323–8. PMID 12361895 
  7. GW-Flexo. «Saúde da Próstata - Como prevenir a HPB?». Saúde da Próstata. Consultado em 21 de abril de 2019. Arquivado do original em 11 de janeiro de 2018 
  8. Vida, Instituto Lado a Lado Pela. «HPB - Prevenção e Detecção precoce | Ser Homem - Novembro Azul». Novembro Azul (em português). Consultado em 13 de fevereiro de 2018 
  9. «Cialis Tadalafila 5mg para tratamento de HBP». Consultado em 13 de fevereiro de 2018 

Ligações externas

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