Predefinição:Info/Corrida automobilística
Resultados do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 realizado em Interlagos em 27 de janeiro de 1980. Segunda etapa da temporada, nela o francês René Arnoux, da Renault, conseguiu a primeira vitória de sua carreira.[1][2][3]Predefinição:Nota de rodapé
Resumo
Interlagos em xeque
Em meio ao improviso logístico para viabilizar a prova em Buenos Aires sob o pretexto de melhorar a segurança daquela pista, surgiram críticas a Interlagos pelo mesmo motivo e nesse ínterim o campeão mundial Jody Scheckter foi rigoroso em seu julgamento: "Interlagos continua sem segurança", disse ele na quarta-feira anterior à corrida. Presidente da Grand Prix Drivers' Association, o sul-africano correrá sob protesto afim de evitar problemas com a Ferrari, mas revelou que o sentimento de protesto ainda pairava sobre os corredores e isso estimulava muxoxos a respeito de uma greve ou boicote à etapa brasileira. Ao descrever quais trechos considerava mais perigosos, o piloto ferrarista citou as curvas Um, Dois e do Sol, mas não sem antes ironizar: "Realmente notei que a grama foi cortada. Eles continuam aqui fazendo coisas pequenas. Mas na minha opinião o circuito continua sem segurança".[4] Por ironia do destino, o carro de Emerson Fittipaldi perdeu a aderência na Curva do Sol dois dias depois e bateu na grade de proteção a 270 km/h, mas para alívio geral o brasileiro não sofreu nada além de um susto.[5]
As ameaças de boicote ao Grande Prêmio do Brasil devido às más condições de Interlagos repercutiram junto à FOCA.[6] Em meio ao burburinho da prova, o todo-poderoso Bernie Ecclestone contatou a Riotur para levar a Fórmula 1 de volta a Jacarepaguá, sede da etapa brasileira em 1978.[7] Simpático à ideia de competir no Rio de Janeiro, o dirigente teria ao seu dispor um autódromo recém-construído sob a égide da FISA e estaria isento das lamúrias quanto à segurança, sem mencionar a preservação de sua autoridade e os benefícios de correr numa das cidades mais famosas do mundo. Em sentido inverso, manter a Fórmula 1 em São Paulo parecia cada vez menos convidativo, afinal não houve congestionamento a caminho ou nas cercanias de Interlagos e as arquibancadas não estavam cheias como outrora, sinais evidentes do desinteresse do público. Além disso, para resolver seus problemas crônicos de manutenção e bancar as reformas necessárias, o autódromo paulistano precisaria levantar US$ 1 milhão em valores da época (correspondentes a Cr$ 50 milhões) não havendo quem quisesse dispender tal soma.[8][9]
Na sexta-feira a Renault capturou a primeira fila com Jean-Pierre Jabouille à frente de René Arnoux enquanto Ligier e Ferrari alternaram-se nas posições seguintes com Alan Jones, o líder do campeonato, em sétimo a bordo da Williams. Quanto aos brasileiros, Nelson Piquet ficou em décimo e Emerson Fittipaldi em décimo nono graças a um vazamento de água no motor e amortecedores ruins. O tempo de Jabouille foi tão excelso que assegurou-lhe a pole positon no sábado, mas Didier Pironi capturou o segundo posto em sua Ligier JS11 enquanto Gilles Villeneuve (Ferrari) e Carlos Reutemann (Williams) vinham a seguir, com Nelson Piquet em nono e Emerson Fittipaldi na mesma posição de outrora.[10]
Primeira vez de Arnoux
Pouco antes da prova duas garotas fizeram topless antes que a polícia as retirassem da pista, mas tão logo o inusitado teve fim a normalidade voltou a reinar. Quando os carros largaram sobressaiu-se o arrojo de Gilles Villeneuve quando este saltou à frente e contornou a primeira curva na liderança, entrementes o bom arranque do piloto canadense não resultou em nada, pois tão logo Jean-Pierre Jabouille despejou potência do seu turbo, o francês da Renault tomou a ponta de maneira segura enquanto um trio de compatriotas formado por Pironi, Laffite e Arnoux derrubava a Ferrari de Villeneuve para a quinta posição.[11] Enquanto isso Mario Andretti rodou e saiu da prova enquanto Carlos Reutemann ficou a pé devido a um semieixo quebrado. Por outro lado nomes como Elio de Angelis e Alan Jones subiam de posição em meio às refregas no ondulado asfalto de Interlagos quase sem ninguém notar.
Confiante, Jean-Pierre Jabouille viu Jacques Laffite abandonar por falha elétrica enquanto Didier Pironi teve que efetuar uma troca de pneus e assim a Renault firmou a dobradinha após catorze voltas, entretanto uma quebra de motor dez voltas mais tarde fez de René Arnoux o novo líder da prova. A essa altura Nelson Piquet já estava fora de combate há algum tempo: após cair para o décimo terceiro posto, o brasileiro estava em sexto quando furou um pneu à altura do Laranjinha e tão logo foi aos boxes e regressou à pista ficou a pé na Curva do Sol quando seu Brabham BT49 quebrou a suspensão. Pior foi a situação na equipe dos irmãos Fittipaldi, afinal quando Keke Rosberg forçou uma ultrapassagem sobre Emerson Fittipaldi o mesmo desacelerou para evitar uma batida e mostrou-se irritado com o "arrojo excessivo" de seu companheiro de time; para Rosberg, entretanto, foi apenas uma questão de ultrapassar outro competidor mediante uma tomada de curva na qual, frise-se, Emerson Fittipaldi deixou mais espaço do que recomendava sua experiência. Em suma, "o bicampeão reclamou publicamente de Rosberg por tê-lo ultrapassado no que julgou uma manobra perigosa".[2] Com mais veemência do que o habitual, mas reclamou.
Alheio aos infortúnios de quem vinha atrás, René Arnoux manteve a toada com Elio de Angelis e Alan Jones a uma certa distância. Naquela altura a única preocupação na cabeça do baixinho francês (carinhosamente chamado de "tampinha" pela torcida brasileira) era completar as dezesseis voltas restantes e receber a bandeira quadriculada, algo que efetivamente ocorreu após uma hora e quarenta minutos de prova. Feliz por sua primeira vitória na Fórmula 1, Arnoux viu a gasolina acabar após a bandeirada, mas uma providencial carona de Riccardo Patrese o levou à cerimônia de premiação onde o francês encontrou Elio de Angelis (bastante festejado por seu pai, por Mario Andretti e pela equipe ao subir pela primeira vez ao pódio), da Lotus, e Alan Jones em terceiro após uma corrida opaca a bordo da Williams. Merece destaque também o quarto lugar de Didier Pironi numa prova de recuperação com sua Ligier enquanto Alain Prost foi o quinto guiando uma McLaren e Riccardo Patrese cruzou em sexto com a Arrows.[2][11]
Graças à sua resiliência, Alan Jones manteve-se na liderança do mundial de pilotos com 13 pontos, mesma contagem da Williams entre as equipes, vindo a seguir René Arnoux com nove graças ao segundo triunfo na história da Renault a contar do Grande Prêmio da França de 1979[12] e na disputa pelo terceiro lugar temos um empate entre Nelson Piquet e Elio de Angelis, cada um com seis pontos, mesmo escore de Brabham e Lotus, escuderias defendidas pelos dois.
Dez anos de ausência
Foi a última corrida no antigo traçado do Autódromo de Interlagos e a última prova de Fórmula 1 no local até o Grande Prêmio do Brasil de 1990, quando uma reforma nas instalações do circuito e na pista propiciou o regresso da categoria a São Paulo.[2][13]
Classificação
Treinos
Corrida
Tabela de campeonato após a corrida
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Referências
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