𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Grande Prêmio da Grã-Bretanha de 1988

Predefinição:Info/Corrida automobilística

Resultados do Grande Prêmio da Grã-Bretanha de Fórmula 1 realizado em Silverstone em 10 de julho de 1988.[1] Oitava etapa do campeonato, foi vencido pelo brasileiro Ayrton Senna, da McLaren-Honda, com Nigel Mansell em segundo pela Williams-Judd e Alessandro Nannini em terceiro pela Benetton-Ford.[2]

Resumo

Alerta vermelho no circo

Habituada a dominar a Fórmula 1 ao seu bel prazer, a McLaren foi surpreendida na sexta-feira quando Michele Alboreto e Gerhard Berger ocuparam a primeira fila do grid provisório deixando Ayrton Senna e Alain Prost para trás enquanto a March festejava o quinto lugar de Maurício Gugelmin enquanto Derek Warwick capturou o sexto lugar com sua Arrows equipada com o motor BMW M12, ora chamado Megatron. Para os leigos, o fato de Alboreto ter ido à pista antes da chuva que caiu no terço final do treino, determinou o sucesso de sua estratégia impedindo os rivais de replicá-la. Entrementes, a equipe italiana trazia nos carros as soluções aerodinâmicas de John Barnard nos aerofólios, na suspensão e no chassis, fatores a serem considerados na análise da melhoria dos carros vermelhos.[3][4]

Enquanto as equipes mexiam nos carros para o dia seguinte, o tricampeão Jackie Stewart sentiu-se à vontade para asseverar que Nelson Piquet assinou com a Williams[5] mediante a contratação de Nigel Mansell pela Ferrari para disputar o mundial de 1989, mas ao final da corrida, a Williams anunciou a contratação de Thierry Boutsen.[6] Quanto ao certame em curso, o britânico apostou em Alain Prost como o campeão de 1988, cabendo a Ayrton Senna o título do ano seguinte. "Senna tem um carro igual, mas Prost leva a vantagem de conhecer a McLaren há mais tempo".[5] Quando o sábado chegou, a Ferrari manteve-se impávida e seus pilotos fulminaram os tempos da véspera, mas sob circunstâncias distintasː Alboreto detinha o melhor tempo faltando cinco minutos para o final do treino e Berger alternou-se entre o carro titular e o reserva cravando o melhor tempo no final da sessão, marcando o retorno da Ferrari a uma primeira fila completa desde o Grande Prêmio da Bélgica de 1984 e encerrando um jejum de poles iniciado por Berger e pelo time no Grande Prêmio da Austrália de 1987.[7][8][9] Nas duas filas seguintes estavam os carros da McLaren e da March, com Ayrton Senna na frente de Alain Prost e Maurício Gugelmin adiante de Ivan Capelli.[10]

Quando chegou a Silverstone, a McLaren esperava que o novo sistema de refrigeração melhorasse o rendimento da equipe,[11] mas a súbita ascensão da Ferrari na sexta-feira obrigou o time alvirrubro a mudar os planos, porém outros imprevistos aconteceramː Ayrton Senna teve um problema de motor antes do treino oficial de sábado e o conserto atrasou sua chegada na pista e quando o fez rodou na curva Stowe em 360 graus desgastando os pneus enquanto Alain Prost queixou-se do tráfego.[12] Entre um instante e outro, Michele Alboreto baixou por duas vezes seu tempo de sexta-feira, contudo a pole coube a Gerhard Berger, o qual superou seu companheiro de equipe também por duas vezes enquanto Ayrton Senna tomou o terceiro lugar de Alain Prost mesmo rodando mais uma vez na Stowe antes de sua tentativa final.[12][2]

Senna vence sob chuva

Uma chuva fina caiu em Silverstone na manhã de domingo e a persistência da mesma ao longo das horas obrigou as equipes a ajustar seus bólidos para correr em pista molhada, ou melhor, encharcada, como as poças d'água evidenciavam a olhos vistos. Quando as luzes vermelhas foram apagadas, a Ferrari de Gerhard Berger manteve a liderança, todavia a presença de Michele Alboreto não lhe serviu de escudo, pois o italiano caiu para o terceiro lugar ao ser ultrapassado por Ayrton Senna[10] enquanto Maurício Gugelmin e Ivan Capelli colocavam os carros da March na zona de pontuação, completada pela Benetton de Alessandro Nanini. Avesso a corridas sob chuva, Alain Prost foi uma hesitante caricatura de si mesmo no asfalto escorregadio, pois ao final da primeira volta estava em décimo primeiro enquanto Berger forçava o ritmo para fugir de Senna e este, sem a visibilidade ideal, permaneceu atrás do austríaco durante treze voltas. Nesse interregno, Prost caiu para décimo sexto no momento em que a Dallara de Alex Caffi o superou.[2][13]

Gerhard Berger e Ayrton Senna ponteavam a corrida e logo alcançaram os retardatários e nisso os dois líderes estavam próximos da McLaren de Alain Prost e da EuroBrun de Stefano Modena na décima quarta passagem. Neste momento, Senna viveu o momento mais tenso da corrida por conta do spray jogado sobre ele pelos carros à sua frente, impedindo uma aproximação mais segura sobre os carros a serem ultrapassados e nisso quase ocorreu um choque entre os carros da McLaren.[14] Após o susto, o vice-líder do campeonato notou que Gerhard Berger abriu demais na freada da chicane Woodcote e assim tomou o primeiro lugar na corrida após quatorze voltas.[15][2] "Tive a impressão de que o Berger errou uma marcha naquele ponto. Quando percebi que ele ia entrar na curva atrás de Alain, joguei por dentro. Foi perigoso porque, com toda a nuvem de água levantada pelos carros, o Alain não tinha como me ver atrás dele. Acho que só me viu quando eu estava ao seu lado. Chegamos bem perto de um choque",[14] descreveu Senna após a corrida.

Livre de três obstáculos num mesmo instante, Ayrton Senna liderava a corrida com certa vantagem sobre Gerhard Berger e Michele Alboreto enquanto Maurício Gugelmin pouco resistiu às ultrapassagens de Alessandro Nanini e Nigel Mansell, caindo para o sexto lugar devido ao equilíbrio ruim dos freios e aos problemas com os retardatários.[16] Com o melhor rendimento naquele instante da prova, Nanini alcançou Alboreto e ao tentar ultrapassá-lo na vigésima primeira volta, foi seguido por Mansell e assim os três carros rasgaram a reta lado a lado. Pior para Nanini, o qual desacelerou para não bater nos rivais e rodou caindo para quinto enquanto Mansell tomou o terceiro lugar de Alboreto.[15][17]

Uma volta atrás de seu companheiro de equipe, Alain Prost tomou uma decisão inesperada ao abandonar a corrida no vigésimo quarto giro para desgosto de Ron Dennis, cujo cenho fechado demonstrava o seu mau humor.[18] Alegando problemas de câmbio e falta de equilíbrio no chassis, Prost foi tachado de "covarde" de modo reservado por integrantes da McLaren,[18] mas ele defendeu sua atitude de modo enfáticoː "Não quis correr riscos. Qualquer um faz o que quer com seu carro e com sua vida. Hoje decidi parar e voar de volta para casa. Este é o privilégio de um campeão que está na frente da tabela. Posso também ter perdido o campeonato hoje. Veremos...",[18] disse o bicampeão mundial. Dentre os que ficaram na pista, Alessandro Nanini tentou ultrapassar Nigel Mansell na trigésima volta, mas errou a freada, rodou e foi parar na grama.[15] A essa altura os temores quanto ao consumo de combustível vieram à tona, e nisso a Ferrari sucumbiu aos rivaisː Alboreto a partir da volta trinta e dois e Berger a partir da cinquenta. Pouco antes disso, Nigel Mansell fez a melhor volta da corrida graças ao bom rendimento da Williams em pista molhada e tomou o segundo lugar do austríaco na reta anterior da chicane.[15]

Faltando quatorze voltas para o encerramento da corrida, o trio de líderes foi estabelecido nas pessoas de Ayrton Senna, Nigel Mansell e Alessandro Nanini, enquanto Nelson Piquet e Maurício Gugelmin firmaram-se na zona de pontuação ao superarem Gerhard Berger, cujo ritmo alucinante no início da prova cobrava o seu preço. Destes, o mais cauteloso foi Senna, que diminuiu seu ritmo permitindo que Mansell reduzisse um minuto de desvantagem para menos de vinte e cinco segundos.[14] Na volta final a velocidade da McLaren foi baixa a ponto de formar uma fila atrás do piloto brasileiro e nisso Derek Warwick ultrapassou Gerhard Berger e terminou em sexto, enquanto Eddie Cheever e Riccardo Patrese derrubaram o austríaco da Ferrari para o nono lugar enquanto Ayrton Senna comemorava a décima vitória de sua carreira e a quarta vitória no ano.[10]

Ao conquistar sua única vitória no Grande Prêmio da Grã-Bretanha,[19] Ayrton Senna atingiu 48 pontos reduzindo para seis a sua desvantagem em relação a Alain Prost, com 54 pontos,[20] firmando a McLaren no topo do mundial de construtores com 102 pontos.[21] Em segundo lugar, Nigel Mansell conseguiu o primeiro pódio e os primeiros pontos dele e da Williams em 1988, assim como a Benetton celebrava o primeiro pódio de Alessandro Nannini.[22] Em quarto, Maurício Gugelmin marcou seus primeiros pontos[23] para a satisfação da March, tendo Nelson Piquet em quinto com a Lotus e Derek Warwick salvando os brios da Arrows ao terminar em sexto.[10][2] Com esses resultados, três brasileiros pontuaram numa mesma corrida de Fórmula 1 pela primeira vez desde o longínquo Grande Prêmio da Alemanha de 1973.[24]

Classificação

Pré-classificação

Pos. Piloto Construtor Tempo Dif.
1 22 Predefinição:Country data ITA Andrea de Cesaris Rial-Ford 1:14.123
2 36 Predefinição:Country data ITA Alex Caffi Dallara-Ford 1:15.657 + 1.534
3 33 Predefinição:Country data ITA Stefano Modena EuroBrun-Ford 1:15.802 + 1.679
4 32 Predefinição:Country data ARG Oscar Larrauri EuroBrun-Ford 1:15.836 + 1.713
DNPQ 31 Predefinição:Country data ITA Gabriele Tarquini Coloni-Ford 1:17.028 + 1.905

Treinos oficiais

Pos. Piloto Construtor Q1 Q2 Grid
1 28 Áustria Gerhard Berger Ferrari 1:10.746 1:10.133
2 27 Itália Michele Alboreto Ferrari 1:10.669 1:10.332 + 0.199
3 12 Brasil Ayrton Senna McLaren-Honda 1:10.787 1:10.616 + 0.483
4 11 França Alain Prost McLaren-Honda 1:11.550 1:10.736 + 0.603
5 15 Brasil Maurício Gugelmin March-Judd 1:11.766 1:11.745 + 1.612
6 16 Itália Ivan Capelli March-Judd 1:13.030 1:12.006 + 1.873
7 1 Brasil Nelson Piquet Lotus-Honda 1:13.166 1:12.040 + 1.907
8 19 Itália Alessandro Nannini Benetton-Ford 1:13.400 1:12.737 + 2.604
9 17 Reino Unido Derek Warwick Arrows-Megatron 1:12.843 1:13.287 + 2.710
10 2 Japão Satoru Nakajima Lotus-Honda 1:13.192 1:12.862 + 2.729
11 5 Reino Unido Nigel Mansell Williams-Judd 1:14.192 1:12.865 + 2.732
12 20 Bélgica Thierry Boutsen Benetton-Ford 1:12.960 1:12.986 + 2.827
13 18 Estados Unidos Eddie Cheever Arrows-Megatron 1:14.247 1:12.984 + 2.851
14 22 Itália Andrea de Cesaris Rial-Ford 1:13.910 1:13.438 + 3.305
15 6 Itália Riccardo Patrese Williams-Judd 1:31.541 1:13.677 + 3.544
16 14 França Philippe Streiff AGS-Ford 1:15.272 1:14.260 + 4.127
17 3 Reino Unido Jonathan Palmer Tyrrell-Ford 1:16.607 1:14.451 + 4.318
18 24 Espanha Luis Pérez-Sala Minardi-Ford 1:15.590 1:14.643 + 4.510
19 23 Itália Pierluigi Martini Minardi-Ford 1:14.732 1:14.832 + 4.599
20 33 Itália Stefano Modena EuroBrun-Ford 1:17.889 1:14.888 + 4.755
21 36 Itália Alex Caffi Dallara-Ford 1:15.779 1:14.924 + 4.791
22 30 França Philippe Alliot Lola-Ford 1:15.635 1:14.992 + 4.859
23 29 França Yannick Dalmas Lola-Ford 1:16.014 1:15.004 + 4.871
24 4 Reino Unido Julian Bailey Tyrrell-Ford 1:16.249 1:15.135 + 5.002
25 25 França René Arnoux Ligier-Judd 1:16.859 1:15.374 + 5.241
26 21 Itália Nicola Larini Osella 1:16.780 1:15.527 + 5.394
DNQ 32 Argentina Oscar Larrauri EuroBrun-Ford 1:16.691 1:16.026 + 5.893
DNQ 9 Itália Piercarlo Ghinzani Zakspeed 1:18.359 1:16.043 + 5.910
DNQ 26 Suécia Stefan Johansson Ligier-Judd 1:17.438 1:16.110 + 5.977
DNQ 10 Alemanha Ocidental Bernd Schneider Zakspeed 1:19.078 1:18.010 + 7.877
DNPQ 31 Itália Gabriele Tarquini Coloni-Ford
Fonte:[1]

Corrida

Pos. Piloto Construtor Voltas Tempo/Diferença Grid Pontos
1 12 Brasil Ayrton Senna McLaren-Honda 65 1:33:16.367 3 9
2 5 Reino Unido Nigel Mansell Williams-Judd 65 + 23.344 11 6
3 19 Itália Alessandro Nannini Benetton-Ford 65 + 51.214 8 4
4 15 Brasil Maurício Gugelmin March-Judd 65 + 1:11.378 5 3
5 1 Brasil Nelson Piquet Lotus-Honda 65 + 1:20.835 7 2
6 17 Reino Unido Derek Warwick Arrows-Megatron 64 + 1 volta 9 1
7 18 Estados Unidos Eddie Cheever Arrows-Megatron 64 + 1 volta 13
8 6 Itália Riccardo Patrese Williams-Judd 64 + 1 volta 15
9 28 Áustria Gerhard Berger Ferrari 64 + 1 volta 1
10 2 Japão Satoru Nakajima Lotus-Honda 64 + 1 volta 10
11 36 Itália Alex Caffi Dallara-Ford 64 + 1 volta 21
12 33 Itália Stefano Modena EuroBrun-Ford 64 + 1 volta 20
13 29 França Yannick Dalmas Lola-Ford 63 + 2 voltas 23
14 30 França Philippe Alliot Lola-Ford 63 + 2 voltas 22
15 23 Itália Pierluigi Martini Minardi-Ford 63 + 2 voltas 19
16 4 Reino Unido Julian Bailey Tyrrell-Ford 63 + 2 voltas 24
17 27 Itália Michele Alboreto Ferrari 63 Pane seca 2
18 25 França René Arnoux Ligier-Judd 62 + 3 voltas 25
19 21 Itália Nicola Larini Osella 60 Pane seca 26
Ret 20 Bélgica Thierry Boutsen Benetton-Ford 38 Transmissão 12
Ret 16 Itália Ivan Capelli March-Judd 34 Alternador 6
Ret 11 França Alain Prost McLaren-Honda 24 Handling 4
Ret 3 Reino Unido Jonathan Palmer Tyrrell-Ford 14 Motor 17
Ret 22 Itália Andrea de Cesaris Rial-Ford 9 Embreagem 14
Ret 14 França Philippe Streiff AGS-Ford 8 Asa traseira 16
Ret 24 Espanha Luis Pérez-Sala Minardi-Ford 0 Suspensão 18
DNQ 32 Argentina Oscar Larrauri EuroBrun-Ford
DNQ 9 Itália Piercarlo Ghinzani Zakspeed
DNQ 26 Suécia Stefan Johansson Ligier-Judd
DNQ 10 Alemanha Ocidental Bernd Schneider Zakspeed
DNPQ 31 Itália Gabriele Tarquini Coloni-Ford
Fonte:[1][nota 1]

Tabela do campeonato após a corrida


Erro de citação: Existem marcas <ref> para um grupo chamado "nota", mas nenhuma marca <references group="nota"/> correspondente foi encontrada

talvez você goste