Predefinição:Info/Unidade Militar
A Marinha Portuguesa (MP), também conhecida de modo extra-oficial como Armada Portuguesa (AP), é o ramo das Forças Armadas Portuguesas que tem por missão cooperar, de forma integrada, na defesa militar de Portugal, através da realização de operações navais. A Marinha desempenha também missões no âmbito dos compromissos internacionais assumidos por Portugal, bem como missões de interesse público.
A Marinha Portuguesa inclui também, componentes não militares, responsáveis pelas áreas da autoridade e segurança marítima, a investigação e os assuntos culturais relacionados com o Mar.
A 12 de Dezembro de 2017 a Marinha Portuguesa comemorou os seus 700 anos com uma cerimónia e desfile militar de 40 navios no Rio Tejo, à passagem pela cidade de Lisboa.[1][2][3]
Designação da Marinha Portuguesa
A Marinha Portuguesa é, também, referida como "Marinha de Guerra Portuguesa" ou como "Armada Portuguesa". Até à extinção do Ministério da Marinha, em 1974 os termos tinham diferentes significados. "Marinha" designava o conjunto constituído pela Marinha Mercante e pela Marinha de Guerra, ambas tuteladas pelo Ministério da Marinha. "Marinha de Guerra" designava a componente da Marinha dedicada à atividade militar. "Armada" designava o escalão mais elevado das Forças Navais, sendo, a Armada Nacional, a totalidade das forças navais que constituíam a Marinha de Guerra da Nação. Portanto a Armada era, ao mesmo tempo, o ramo naval das Forças Armadas e a componente militar da Marinha. A partir de 1982, o ramo naval das Forças Armadas passou a ser, oficialmente, designado "Marinha", mantendo-se, contudo, o uso do termo "Armada" para designar alguns dos seus Órgãos.
História
Criação da Marinha Portuguesa
A Marinha Portuguesa tem uma história bastante antiga, que se liga à própria história de Portugal. Durante o cerco de Lisboa em 1147 o primeiro rei de Portugal já dispunha de algumas galés que utilizou em batalha. Em 1180, também durante o reinado de D. Afonso Henriques, ao largo do Cabo Espichel, uma esquadra de 10 galés muçulmanas desembarcaram em São Martinho do Porto tentando surpreender a guarnição portuguesa perto de Porto de Mós. Foram derrotados por D. Fuas Roupinho com elevado número de baixas e captura do Almirante inimigo. D. Fuas depois de avisar o rei que se encontrava em Coimbra, viajou até Lisboa para reunir nove galés. Aproveitando as baixas sofridas pelos opositores capturaram de seguida, ao largo do Cabo Espichel, as embarcações da esquadra muçulmana em fuga.[4]
É o Rei D. Dinis quem decide, pela primeira vez, inaugurar uma organização permanente da Marinha Real sendo nomeado o primeiro Almirante do Reino, o genovês Manuel Pessanha.
Em 1321, a Marinha portuguesa atacou com sucesso os portos muçulmanos do norte da África. Entre 1336 e 1341, realizam-se as primeiras tentativas de expansão marítima, com a expedição às Ilhas Canárias, com o patrocínio de D. Afonso IV. Em 1380 é criada a Companhia das Naus que funciona como uma companhia de seguros para os navios portugueses.
No contexto da Crise dinástica de 1383-1385, a Marinha Portuguesa teve participação ativa na guerra contra Castela. Uma campanha naval portuguesa conduzida na Galiza levou à conquista das cidades costeiras de Baiona, La Coruña e Neda, bem como à destruição da base naval de Ferrol e de vários navios que se encontravam a caminho para reforçar as forças castelhanas que se encontravam sitiando Lisboa. Em julho de 1384, a Marinha portuguesa conseguiu quebrar o cerco castelhano a Lisboa e abastecer a cidade, derrotando a Marinha castelhana na batalha naval do Tejo.[5]
Séculos XV e XVI
Artigo principal: descobrimentos portugueses
No final do século XIV, dá-se início à expansão ultramarina portuguesa que se irá manter até século XVI. A Marinha toma aí o papel principal, primeiro explorando os oceanos e depois combatendo as potências que se opunham ao domínio português. A partir daí, a Marinha Portuguesa passa a actuar em todos os oceanos do mundo, desde o Atlântico ao Pacífico.
A expansão marítima portuguesa começou no Marrocos com a conquista de Ceuta em 1415.
A embarcação utilizada no início dos Descobrimentos era a caravela, variando entre 50 e 160 toneladas. Os primeiros resultados surgiram cedo e Gonçalves Zarco descobriu a Ilha do Porto Santo em 1419 e a Ilha da Madeira em 1420, Diogo de Silves descobriu a ilha açoriana de Santa Maria em 1427.
Em 1424, Gil Eanes atravessa o Cabo Bojador. Diogo Cão e Bartolomeu Dias chegaram à foz do rio Zaire em 1482. No mesmo ano, o castelo de São Jorge da Mina é construído na costa da África Ocidental, por Diogo de Azambuja, tornando-se uma das mais importantes bases navais portuguesas.
Em 1488, Bartolomeu Dias tornou-se o primeiro europeu a navegar pelo extremo sul da África, contornando o Cabo da Boa Esperança.
Há relatos de que João Vaz Corte-Real tenha chegado à Terra Nova em 1473. Parte do litoral canadense foi mapeada pelos irmãos Corte-Real, filhos de João Vaz Corte-Real, numa tentativa fracassada de encontrar a Passagem Noroeste, para o Oceano Índico, em 1501. Em 1499, João Fernandes Lavrador e Pêro de Barcelos chegam ao Labrador (que leva o nome do anterior) e mapeiam a sua costa.
A maior conquista destas viagens de exploração foi alcançada por Vasco da Gama, que em 1498 se tornou o descobridor da rota marítima para a Índia.
Em 1500, ao liderar uma segunda Armada portuguesa de 13 navios para a Índia, Pedro Álvares Cabral descobriu e explorou o Brasil, reivindicando-o para Portugal. No mesmo ano, Diogo Dias, como um dos Capitães da frota da Índia de Pedro Álvares Cabral, é separado da frota principal por uma tempestade ao cruzar o Cabo da Boa Esperança, tornando-se o primeiro europeu a chegar a Madagáscar.
Com o inicio da exploração do Oceano Índico, os portugueses começam a substituir as caravelas pelas grandes naus. Em 1509 Francisco de Almeida obtém uma grande vitória contra os muçulmanos na Batalha naval de Diu, firmando o domínio português na Índia. Em 1510 Afonso de Albuquerque conquistou Goa, na Índia e, em 1511, Malaca, na Malásia. Em 1515 os portugueses passam a controlar o Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico.
No Extremo Oriente, os navegadores portugueses continuam o seu progresso explorando o sudeste da Ásia, chegando à China em 1513. No mesmo período chegaram à Ilha de Taiwan (batizando-a de Formosa ) e foram os primeiros europeus a chegar ao Japão, em 1543.
Em 1542 os portugueses destruíram a frota otomana no Mar Vermelho.
No Ocidente, os portugueses visitaram a costa da Nova Inglaterra em 1520, a Califórnia em 1542 e a Baía de Hudson em 1588.
Em 1520, o Rei D. Manuel I organizou a Marinha Portuguesa em três armadas (frotas) permanentes: a Armada da Costa (para patrulha costeira), a Armada das Ilhas (com sede nos Açores, para a proteção da navegação oceânica no Norte Atlântico) e a Armada do Estreito (operando na área do Estreito de Gibraltar, para proteger a navegação com o Norte de África e o Mediterrâneo). As duas primeiras frotas eram compostas majoritariamente por navios de linha (carracas e galeões), enquanto a frota do Estreito era, em sua maioria, composta por navios movidos a remos (fustas e galés) Essas frotas subsistirão até o início do século XIX. Além das três frotas permanentes, a Marinha continuou a organizar as Armadas da Índia, que eram enviadas anualmente ao Oceano Índico.
Para auxiliar as forças cristãs na conquista de Túnis em 1535, D. João III envia o galeão português Botafogo, o navio de guerra mais poderoso do mundo, armado com 366 canhões e sob o comando do irmão do rei, o Infante D. Luís, duque de Beja.
Em 1567, uma esquadra naval portuguesa, sob o comando de Mem de Sá, tomou o Forte Coligny e expulsou os franceses da Baía de Guanabara.[6][7]
Dinastia de Habsburgo
Durante a União Ibérica, Portugal continuou a ser formalmente um reino independente com sua própria Marinha, mas sua política externa e naval tornou-se cada vez mais subordinada e orientada pelos interesses espanhóis. Em 1588 a esquadra portuguesa é utilizada por Filipe I de Portugal (Filipe II de Espanha) para combater os inimigos do rei. Por causa disso os mais poderosos navios portugueses foram incorporados à Invencível Armada, e Lisboa foi o porto escolhido para organizar a invasão da Inglaterra. Mas as tempestades e os ataques ingleses acabaram causando a destruição da Armada. Portugal forneceu a mais poderosa esquadra de navios dessa Armada, incluindo sua nau capitânia, o galeão São Martinho (chamado de San Martin pelos espanhóis). A participação portuguesa incluiu um total de 16 embarcações e mais de 5 800 homens. Esta expedição culminou na batalha naval de Gravelines.
A partir de 1595 a Marinha Portuguesa também esteve envolvida na Guerra Luso-Holandesa, que resultou em vários confrontos navais entre holandeses e portugueses na América, África e na Ásia.
Ligado à Espanha por uma monarquia dual, Portugal viu seu grande império ser atacado por ingleses, franceses e holandeses, todos inimigos da Espanha. A reduzida população portuguesa (cerca de um milhão) não foi suficiente para resistir a tantos inimigos, e o Império começou a desmoronar.
A Marinha Portuguesa esteve ainda envolvida em vários outros conflitos e manteve um papel importante na luta contra os piratas. António Saldanha, comandando uma frota de 30 naus, derrotou uma frota otomana no mar Mediterrâneo e conquistou Túnis.
Entretanto, João Queirós realiza uma dupla travessia do Oceano Pacífico a partir da Califórnia.
Em 1618, é fundado o primeiro regimento de infantaria naval português (Terço da Armada da Coroa de Portugal), origem do moderno corpo de fuzileiros navais de Portugal e do Brasil.
Em 1625 depois de uma batalha de 14 dias contra ingleses e holandeses no Golfo Pérsico, a Marinha Portuguesa, comandada por Rui Freire de Andrade, recupera o controle estratégico do Estreito de Ormuz.
Uma grande expedição militar e naval luso-espanhola foi organizada em abril de 1625 para retomar a cidade de Salvador, no Brasil, aos holandeses, que haviam conquistado a cidade um ano antes. Sendo a frota portuguesa comandada por Manuel de Menezes e composta por 22 navios e cerca de 4 000 homens, incluindo o Terço da Armada da Coroa de Portugal.[8]
Guerra da Restauração Portuguesa
Em 1640 Portugal reconquista sua independência e iniciasse a Guerra da Restauração Portuguesa contra as forças espanholas. Embora a ameaça da poderosa Marinha espanhola existisse, nenhum grande confronto naval veio a ocorrer e a guerra acabou sendo travada principalmente em terra. Paralelamente, Portugal fez acordos de paz com Inglaterra, França e Holanda.
Após a Restauração da Independência em 1640, uma frota de 15 navios leva a cabo a reconquista de Luanda aos Neerlandeses em 1648.[4]
Século XVIII
No século XVIII, a Marinha Portuguesa volta a florescer. Em 1705, uma esquadra de oito navios de linha foi enviada para ajudar a Inglaterra contra as forças franco-espanholas que sitiavam Gibraltar, durante a Guerra da Sucessão Espanhola, expedição esta que culminou na Batalha Naval de Marbella.
A pedido da Republica de Veneza e do Papa, o rei de Portugal D. João V envia uma frota para deter o avanço otomano no Mediterrâneo. Esta expedição culminaria na Batalha de Matapão, em 19 de julho de 1717, na qual a frota portuguesa, apoiada por navios venezianos e malteses, sob o comando dos portugueses Conde do Rio Grande e Conde de São Vicente, derrota a Marinha Otomana.
Nesse período, grandes navios são construídos para a Armada Portuguesa, nos estaleiros da Ribeira das Naus, em Lisboa, e em Salvador, no Brasil.
Em 1736 a Armada Portuguesa participou da Campanha do Rio da Prata contra as forças navais espanholas na América do Sul.
No período de 1762 à 1777, as forças navais portuguesas participaram da Guerra dos Sete Anos e da Guerra Hispano-Portuguesa de 1776-1777, contra os espanhóis na América do Sul, mas com sucesso limitado.
A partir de 1770, sob a liderança de D. Martinho de Melo e Castro, secretário de Estado da Marinha, a Marinha portuguesa sofre uma grande reforma e modernização. A partir dessa reforma, o antigo costume português de batizar os navios com nomes de santos é substituído pelo batismo com nomes de personagens míticos, históricos ou reais.
Em 1792 foi criada a Real Academia dos Aspirantes (Academia Real dos Guardas-Marinhas), como uma academia naval de nível universitário. Esta Academia daria origem às atuais Escolas Navais de Portugal e do Brasil.
Após a execução de Luís XVI da França pelos revolucionários franceses, Portugal entra na Guerra da primeira coligação, contra a França revolucionária. Em 1793, a Marinha Portuguesa foi incumbida de transportar o Exército Expedicionário Português enviado para ajudar a Espanha na Campanha do Rossilhão contra a França. Isso foi feito pelo Esquadrão de Transporte organizado com quatro navios de linha, uma fragata, quatro navios de transporte e 10 navios mercantes.
Para ajudar o Reino Unido a se defender de uma possível invasão francesa, a Marinha portuguesa organizou e enviou o Esquadrão do Canal, com cinco navios de linha, duas fragatas, dois bergantins e um navio-hospital. De julho de 1794 a março de 1796, sob o comando de António Januário do Valle, a Esquadra do Canal da Mancha patrulhava o Canal da Mancha em cooperação com a Marinha Real Britânica.
A Marinha portuguesa terminou o século XVIII com uma frota que incluía 13 navios de linha, 16 fragatas, 3 corvetas, 17 brigue e oito navios de apoio. Além disso, as forças navais portuguesas incluíam também a Armada da Índia, baseada no Oceano Índico, com um navio de linha e seis fragatas.[9][10]
Século XIX
Em novembro de 1807, em meio à invasão francesa de Portugal, a Marinha Portuguesa é incumbida de fazer o transporte da família real para o Brasil. Nessa missão de transporte a esquadra portuguesa era liderada pela Nau Príncipe Real, de 90 canhões, a qual levava a bordo o Príncipe Regente D. João. Ao todo foram transportadas, para o Brasil, 15 000 pessoas.
Em retaliação à invasão francesa de Portugal, as forças portuguesas no Brasil conquistaram a Guiana Francesa em janeiro de 1809. A invasão anfíbia é feita por uma flotilha naval portuguesa apoiada por uma fragata britânica, uma força de 550 fuzileiros navais da Brigada Real da Marinha e 700 brasileiros regulares. A Marinha Portuguesa também se engajou em operações nas águas do Sudeste Asiático. Entre novembro de 1809 e fevereiro de 1810, as forças navais portuguesas baseadas em Macau realizam uma campanha contra os piratas chineses, derrotando-os em uma série de ações navais em Boca do Tigre.
Em 1822 o Príncipe D. Pedro declara a Independência do Brasil e a nova Marinha do Brasil é constituída, em sua maioria, pelos navios portugueses que então se encontravam no Brasil junto com suas respectivas tripulações. Na breve Guerra da Independência do Brasil, ocorrem pequenos embates navais, entre a Marinha do Brasil e as forças navais portuguesas no Brasil que se mantiveram leais ao Governo de Lisboa.
Com a morte do rei D. João VI, Portugal entra em um período de instabilidade que viria a culminar, anos mais tarde, na Guerra Civil Portuguesa na qual o Príncipe D. Pedro lutou contra seu Irmão D. Miguel que usurpou o trono de D. Maria II (filha de Pedro). Pedro reuniu, então, uma frota de cerca de 60 navios, sob o comando de George Rose Sartorius, que em 8 de Julho de 1832, desembarcou uma força de 7 500 homens perto do Mindelo, de onde avançam para a vizinha Cidade do Porto, conquistando-a no dia seguinte. O exército liberal fica, então, sitiado no Porto pelo exército miguelista que se concentra nos arredores da cidade. Ocorre então um impasse durante um ano inteiro, sem que nem as forças miguelistas conseguissem tomar a cidade nem os liberais conseguissem romper o cerco. Para quebrar o impasse, os liberais decidem então abrir outra frente na retaguarda das forças inimigas. Uma frota naval parte do Porto a 20 de junho de 1833, com metade do exército liberal a bordo, e desembarca no Algarve. Na viagem de regresso, a frota liberal, sob o comando de Charles Napier, encontra e derrota a frota miguelista comandada por Manuel António Marreiros, na Batalha do Cabo de São Vicente, em 5 de julho de 1833. A Guerra Civil terminou finalmente a 24 de maio de 1834, quando D. Miguel I assinou a Concessão de Evoramonte, renunciando à todas as suas reivindicações ao trono português.[11]
Século XX
A partir de meados do século XIX, a Marinha Portuguesa torna-se essencialmente uma Marinha Colonial, sendo a sua principal função o apoio às guerras de pacificação e ocupação dos territórios coloniais africanos.
Na 1ª Guerra Mundial, a Marinha Portuguesa actua sobretudo na escolta dos comboios de tropas que se dirigem para África e para a França e apoia as operações contra os alemães no norte de Moçambique.
Durante a 2ª Guerra Mundial a Marinha Portuguesa tem como função principal a garantia da neutralidade portuguesa. Nessa função destaca-se a protecção do estratégico arquipélago dos Açores. No final dessa guerra a Marinha participa na libertação de Timor da ocupação japonesa.
Com o início da Guerra Fria e a entrada de Portugal na OTAN, a Marinha Portuguesa passa a dar prioridade à ameaça submarina do Pacto de Varsóvia.
A partir de 1961 a Marinha volta a dar novamente grande atenção a África, sendo parte activa na Guerra do Ultramar. Nesse período dá-se uma enorme expansão do número de corvetas, navios de patrulha e lanchas de desembarque destinados a apoiar as operações anfíbias. Nesta guerra destaca-se também a actuação dos destacamentos de fuzileiros especiais em operações de contra-guerrilha e operações de assalto anfíbio, bem como de companhias de fuzileiros navais para protecção de comboios fluviais e na defesa de instalações marítimas.[8]
Com o fim da Guerra do Ultramar em 1975, a Marinha Portuguesa torna-se, pela primeira vez em quase 500 anos, uma marinha estritamente europeia, voltando a ter como atenção principal a ameaça naval soviética.
Desde o final do século XX, com o fim da Guerra Fria, a Marinha Portuguesa passou a ter como atenção principal o apoio às operações multinacionais e o combate ao terrorismo.
Estrutura
A Marinha compreende:
- Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA);
- Estado-Maior da Armada (EMA);
- Órgãos centrais de administração e direcção (OCAD);
- Órgãos de conselho;
- Órgãos de implantação territorial;
- Elementos da componente operacional do sistema de forças;
- Órgãos do Sistema de Autoridade Marítima (SAM).
Chefe do Estado-Maior da Armada
O CEMA é o comandante da Marinha, sendo o principal colaborador do Ministro da Defesa Nacional e do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas em todos os assuntos respeitantes à Marinha. O Almirante CEMA é nomeado pelo Presidente da República, sob proposta do governo.
Estado-Maior da Armada
O Estado-Maior da Armada é um órgão de apoio do CEMA para o estudo, concepção, planeamento e inspecção das actividades da Marinha. O EMA é chefiado por um Vice-Almirante denominado Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, coadjuvado por um Contra-Almirante denominado Sub-Chefe do Estado-Maior da Armada.
Órgãos centrais de administração e direcção
Os órgãos centrais de administração e direcção (OCAD's) da Marinha são os seguintes:
- Superintendência do Pessoal (SP) da qual dependem:
- - Direcção de Pessoal (DP);
- - Direcção de Formação (DF);
- - Direcção de Saúde (DS);
- - Direcção de Apoio Social (DAS);
- - Chefia do Serviço de Justiça (CSJ);
- - Chefia do Serviço de Assistência Religiosa (CSAR).
- Superintendência do Material (SM) da qual dependem:
- - Direcção de Navios (DN);
- - Direcção de Abastecimento (DA);
- - Direcção de Infraestruturas (DI);
- - Direcção de Transportes (DT);
- - Arsenal do Alfeite (AA);
- - Direcção de Tecnologias de Informação e Comunicação (DITIC).
- Superintendência das Finanças (SF) da qual dependem:
- - Direcção de Administração Financeira (DAF);
- - Direcção de Auditoria e Controlo Financeiro (DACF);
- - Direção de Contabilidade e Operações Financeiras (DCOF).
- Instituto Hidrográfico (IH);
- Direcção de Análise e Gestão da Informação (DAGI).
Órgãos de conselho
Os órgãos de conselho destinam-se a apoiar as decisões do CEMA em assuntos especializados e são os seguintes:
- Conselho do Almirantado (CA);
- Conselho Superior de Disciplina da Armada (CSD);
- Junta de Revisão da Armada (JRA);
- Comissão Cultural da Marinha (CCM).
O Comando Naval constitui o comando de componente naval das Forças Armadas Portuguesas e é chefiado por um vice-almirante designado "comandante naval". O comandante naval é responsável pelo planeamento, coordenação, condução e controlo da atividade operacional da Marinha, encontrando-se diretamente subordinado ao almirante Chefe do Estado-Maior da Armada.
Do Comando Naval dependem:
- Comando do Corpo de Fuzileiros, do qual dependem:
- - Base de Fuzileiros;
- - Escola de Fuzileiros.
- Comandos de zona marítima, subordinados ao Comando Naval:
- - Comando de Zona Marítima do Norte;
- - Comando de Zona Marítima do Centro;
- - Comando de Zona Marítima do Sul;
- - Comando de Zona Marítima dos Açores;
- - Comando de Zona Marítima da Madeira.
- Forças e Unidades Navais:
- - Forças navais;
- - Forças de fuzileiros.
- Unidades Operacionais:
- - Unidades navais operacionais;
- - Unidades operacionais de fuzileiros.
- Base Naval de Lisboa;
- Centro Integrado de Treino e Avaliação Naval (CITAN).
Foi feito Membro-Honorário da Ordem do Infante D. Henrique a 20 de Junho de 2005.[12]
Órgãos de Implantação Territorial
Os órgãos de implantação territorial visam o apoio geral da Marinha e são os seguintes:
- Escola Naval;
- Órgãos de natureza cultural:
- - Museu de Marinha;
- - Planetário Calouste Gulbenkian;
- - Aquário Vasco da Gama;
- - Academia de Marinha;
- - Biblioteca Central da Marinha.
- Escola de Tecnologias Navais (ETNA) (ex-Grupos Nº1 e Nº2 de Escolas da Armada);
- Centro de Comunicações e Cifra da Armada.
- Unidades de Apoio:
- - Unidade de Apoio às Instalações Centrais de Marinha;
- - Unidade de Apoio ao Pessoal Militar do Arsenal do Alfeite.
- Órgãos de execução de serviços, incluindo:
- - Instalações Centrais de Marinha;
- - Instalações Navais de Alcântara.
Elementos da Componente Operacional do Sistema de Forças
Os elementos da componente operacional do sistema de forças são:
- Comando Naval;
- Comandos de zona marítima:
- - Comando de Zona Marítima do Norte;
- - Comando de Zona Marítima do Centro;
- - Comando de Zona Marítima do Sul;
- - Comando de Zona Marítima dos Açores;
- - Comando de Zona Marítima da Madeira.
- Forças:
- - Forças navais;
- - Forças de fuzileiros.
- Unidades Operacionais:
- - Unidades navais;
- - Unidades de fuzileiros;
- - Unidades de mergulhadores.
Órgãos do Sistema de Autoridade Marítima
São órgãos do SAM:
- Direcção-Geral de Autoridade Marítima;
- Polícia Marítima.
A Armada Presente e Futura
As unidades navais armadas da Marinha Portuguesa recebem o prefixo "N.R.P." antes do respectivo nome, significando "Navio da República Portuguesa". As unidades não armadas recebem o prefixo "U.A.M." significando "Unidade Auxiliar da Marinha".
A Marinha Portuguesa está em fase de reequipamento depois de ter comprado cinco Navios Patrulha Costeiros ao Reino da Dinamarca em 2014, de tipo Stanflex, os dois últimos dos quais, se encontram ainda em modernização no Arsenal de Alfeite, e cujo valor total é de €28 Milhões. Já se encontra na Holanda a segunda Fragata da Classe Bartolomeu Dias, presume-se a conclusão da modernização de toda a classe, através do programa MLU em 2022, no valor total de € 105 Milhões. O primeiro dos cinco helicópteros da Marinha Super Lynx Mk.95 em modernização no Reino Unido, já realizou o primeiro voo, estando prevista a sua entrega, em 2020, e passaram a designar-se Super Lynx Mk.95A, os restantes serão entregues até final de 2021, no valor total de € 69 Milhões. O programa MLU das Fragatas Classe Vasco da Gama no valor total de € 120 Milhões, presume-se que aconteça no quadriénio (2023-2026).
A partir de 2020, a Marinha terá seis tipos diferentes de aeronaves não tripuladas de asa fixa ou rotativa destinado às Fragatas, Navios Patrulha e Lanchas ou submersíveis não tripulados (no caso dos mergulhadores).
Está prevista a construção de mais seis navios da Classe Viana do Castelo, no valor total €352 Milhões. A curto prazo, haverá novos equipamentos para os Fuzileiros (proteção individual, comunicações, encriptação e viaturas blindadas de rodas) e mergulhadores.
A substituição do navio reabastecedor Bérrio, no imediato (está a ser estudada uma alternativa), e um novo navio reabastecedor em 2027 no valor de €150 Milhões, está previsto um Navio Polivalente Logístico (NPL) de transporte e desembarque de tropas e viaturas, no valor € 150 Milhões entre 2022-2025.
Na próxima Lei de Programação Militar (2030-2042) serão realizados os seguintes projetos: novos Navios Hidrográficos e Oceanográficos, substituição dos Helicópteros Lynx Mk.95A, Fragatas multipropósitos de nova geração e novos Navios Patrulha Oceânicos e Costeiros.
Submarinos
Classe | Foto | Nome | Comissão | Deslocamento
(ton.) |
Comprimento
(m) |
Velocidade
(kn) |
Autonomia
(nmi) |
Guarnição |
Submarinos | ||||||||
Classe Tridente | Arpão (S161) | 2010 | 2 020 | 68 | 20 | 12 000 | 33 | |
Tridente (S160) | 2009 | 2 020 | 68 | 20 | 12 000 | 33 |
Embarcações de superfície
Classe | Foto | Nome | Commissão | Deslocamento
(ton.) |
Comprimento
(m) |
Velocidade
(kn) |
Autonomia
(nmi) |
Guarnição |
Fragatas | ||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classe Bartolomeu Dias | Dom Francisco de Almeida (F334) | 1994 | 3 320 | 122,5 | 29 | 5 000 | 176 | |
Bartolomeu Dias (F333) | 1994 | |||||||
Classe Vasco da Gama | Corte-Real (F332) | 1992 | 3 200 | 115,90 | 32 | 4 000 | 180 | |
Álvares Cabral (F331) | 1991 | |||||||
Vasco da Gama (F330) | 1990 | 142 | ||||||
Corvetas | ||||||||
Classe Baptista de Andrade | João Roby (F487) | 1975 | 1 380 | 85 | 23 | 4 000 | 71 | |
Classe João Coutinho | António Enes (F471) | 1971 | 1 252 | 81 | 24 | 5 000 | 93 | |
Navios patrulha oceânicos | ||||||||
Classe Viana do Castelo | Viana do Castelo (P360) | 2010 | 1 750 | 83,1 | 23 | 4 859 | 35 | |
Figueira da Foz (P361) | 2013 | |||||||
Sines (P362) | 2018 | |||||||
Setúbal (P363) | 2019 | |||||||
Navio patrulha costeiro | ||||||||
Classe Tejo | Tejo (P590) | 1995 | 450 | 54 | 30 | 3 860 | 24 | |
Douro (P591) | 1994 | |||||||
Mondego (P592) | 1992 | |||||||
Guadiana (P593) | 1994 | |||||||
Lanchas | ||||||||
Classe Centauro | Sagitário (P1158) | 2001 | 94 | 27 | 24 | 1 350 | 8 | |
Pégaso (P1157) | 2001 | |||||||
Orion (P1156) | 2001 | |||||||
Centauro (P1155) | 2000 | |||||||
Classe Argos (1991) | Dragão (P1151) | 1991 | 97 | 27 | 24 | 1 350 | 8 | |
Escorpião (P1152) | 1991 | |||||||
Cassiopeia (P1153) | 1991 | |||||||
Hidra (P1154) | 1991 | |||||||
Argos (P1150) | 1991 | |||||||
Classe Rio Minho | Rio Minho (P370) | 1991 | 70 | 22,5 | 9,5 | 800 | 8 | |
Navios hidrográficos | ||||||||
Classe Dom Carlos I | Almirante Gago Coutinho (A523) | 1985 | 2 300 | 68,7 | 10,5 | 6 400 | 49 | |
Dom Carlos I (A522) | ||||||||
Classe Andrómeda | Auriga (A5205) | 1988 | 245 | 31,4 | 13 | 1 980 | 19 | |
Andrómeda (A5203) | ||||||||
Veleiros | ||||||||
Sagres (A520) | 1937 | 1 940 | 70,4 | 10,5 | 5 450 | 139 | ||
Creoula (UAM201) | 1937 | 1 300 | 67,4 | - | - | 38 | ||
Polar (A5204) | 1977 | 70 | 22,9 | - | - | 5 | ||
Zarco | 1983 | 60 | 23 | 12 | - | 4 + 8 cadetes |
Além das unidades acima referidas a Marinha Portuguesa possui um elevado número de pequenas embarcações de patrulha, de operações anfíbias e auxiliares.
Modelo | Foto | Fabricante | Vel. máxima | Teto | Alcance | Entrada em serviço |
Esquadrilha | Unidades |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Helicópteros | ||||||||
Westland Super Lynx Mk95 | Predefinição:Dados de país/UK GKN Westland Aircraft | 296 km/h | 3 230 m | 188 km | 1993 | - | 5 |
Veículos aéreos não tripulados
Fileiras da Armada Portuguesa
As fileiras na Armada Portuguesa são as das seguintes tabelas. As divisas/galões são colocados na braçadeira do uniforme de passeio nas categorias de oficial e sargento, enquanto que nos praças são colocados entre o cotovelo e o ombro, excetuando a fileira de cabo-mor que também fica na braçadeira.
Corpo Geral da Armada
Oficiais
Código OTAN | OF-10 | OF-9 | OF-8 | OF-7 | OF-6 | OF-5 | OF-4 | OF-3 | OF-2 | OF-1 | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Portugal |
|||||||||||
Almirante da Armada | Almirante | Vice-Almirante | Contra-Almirante | Comodoro | Capitão de Mar e Guerra | Capitão de Fragata | Capitão-Tenente | Primeiro-Tenente | Segundo-Tenente | Subtenente
e | |
Sargentos e Praças
Código OTAN | OR-9 | OR-8 | OR-7 | OR-6 | OR-5 | OR-4 | OR-3 | OR-2 | OR-1 | |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Portugal |
||||||||||
Sargento-Mor | Sargento-Chefe | Sargento-Ajudante | Primeiro-Sargento | Segundo-Sargento | Cabo-Mor
e |
Primeiro-Marinheiro | Segundo-Marinheiro | Primeiro-Grumete | Segundo-Grumete | |
Alunos e Aspirantes
Código OTAN | OF-D | Oficiais Alunos | Sargentos Alunos | Praças Alunos | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Portugal |
||||||||
Guarda-Marinha | Aspirante-a-Oficial (Escola Naval) |
Aspirante-a-Oficial (outros) |
Cadete | Segundo-Subsargento | Segundo-Grumete Instruendo | Segundo-Grumete | Segundo-Grumete Recruta | |
(Aluno de 3º) | (Aluno de 2º) Instrução complementar |
(Aluno de 2º) Instrução complementar |
(Aluno de 1º) Instrução básica |
(2º Curso) Instrução complementar |
(1º Curso) Instrução básica |
(2º Curso) Instrução complementar |
(1º Curso) Instrução básica |
Ver também
- Aviação Naval Portuguesa
- Base Naval de Lisboa
- Ponto de Apoio Naval de Portimão
- Ponto de Apoio Naval de Tróia
- Hierarquia naval (Portugal)
- Ministério da Marinha (Portugal)
- Designações da Marinha Portuguesa
- Lista de navios da Marinha Portuguesa por número de amura
- Unidade Auxiliar da Marinha
- Estado-Maior da Armada
- Chefe do Estado-Maior da Armada (Portugal)
Referências
- ↑ GesPT.com - Criação e Gestão de Sites. «Comemorações dos 700 anos da Marinha | Revista de Marinha». Revista de Marinha (em português). Consultado em 29 de agosto de 2020
- ↑ «Cerimónia dos 700 Anos da criação formal da Marinha - dia 12 de dezembro no Terreiro do Paço pelas 14h00». Marinha (em português). Consultado em 29 de agosto de 2020
- ↑ «700 anos da Marinha Portuguesa». www.lisboa.pt (em português). Consultado em 29 de agosto de 2020
- ↑ 4,0 4,1 «Marinha, 700 anos a servir Portugal no Mar». Marinha (em português). Consultado em 29 de agosto de 2020
- ↑ Rodrigues, JN & T. Devezas (2009). Portugal: o pioneiro da globalização: a Herança das descobertas. Lisboa: Centro Atlantico.
- ↑ Garcia de Resende, Vida e feitos de el-rey Dom João Segundo, 1545.
- ↑ Os Navios e como Técnicas Náuticas Atlánticas Nos Séculos XV e XVI: Os Pilares da Estratégia 3C - Contra-Almirante Antonio Silva Ribeiro -Revista Militar- Arquivada7 novembro de 2013 no Wayback Machine
- ↑ 8,0 8,1 "A queda da Índia Portuguesa" por Carlos Alexandre de Morais, ISBN 972-33-1134-8
- ↑ CUTILEIRO, A. "A Armada e as suas bandeiras militares", Revista da Armada nº 118, Lisboa: julho de 1981.
- ↑ The Cambridge Illustrated History of Warfare: The Triumph of the West - Geoffrey Parker, pp. 125-130, Cambridge University Press, 1995 (em inglês).
- ↑ IBEIRO, António Silva, "Mahan e as marinhas como instrumento político", Revista Militar, maio 2010".
- ↑ «- Página Oficial das Ordens Honoríficas Portuguesas». www.ordens.presidencia.pt. Consultado em 17 de julho de 2022
- ↑ Defence 360°, Victor Barreira / (2020). «The four Viana do Castelo-class OPVs of the Portuguese Navy will be gradually modified to enable the operation of UAVision Spyro UAS. NRP Sines (P362) unit was already equipped with equipment to operate the UAS.pic.twitter.com/oWJ0TURL3V». @Defence360 (em English). Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ Defence 360°, Victor Barreira / (25 de janeiro de 2020). «The Portuguese Navy acquired a single OGASSA OGS42 fixed-wing unmanned aircraft system from the Portuguese privately-owned company UAVision Engenharia de Sistemas.pic.twitter.com/fCRdtegQDR». @Defence360 (em English). Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «AR4, O MINI-UAV PORTUGUÊS À CONQUISTA DO MUNDO | Operacional» (em português). Consultado em 20 de fevereiro de 2020
Bibliografia
- Cajarabille, Victor M. B. L., Marinha, Armada ou Marinha de Guerra Portuguesa?, Revista da Armada nº 430, Maio de 2009
- Decreto-Lei nº 49/93, de 26 de Fevereiro
- Monteiro, P., Os Lynx lusos: Uma análise da actual aviação naval portuguesa, Defesa Net, 2002
- Monteiro, P., Dia da Marinha Portuguesa 2005, Defesa Net, 2005
- Exercício Deep Divex 2010, Operacional, 2010
Ligações externas
- Marinha Portuguesa, website oficial.