𝖂𝖎ƙ𝖎𝖊

Celtas

Disambig grey.svg Nota: Se procura Celta, um carro da Chevrolet, veja Chevrolet Celta. Se procura grupo de línguas homônimo, veja línguas celtas.

Tópicos indo-europeus

Línguas indo-europeias
Albanês · Anatólio · Armênio · Báltico · Céltico
Dácio · Germânico · Grego · Ilírico · Indo-iraniano
Itálico · Frígio · Eslavo · Trácio · Tocariano
 
Povos indo-europeus
Albaneses · Anatólios · Armênios · Bálticos
Celtas · Germanos · Gregos · Ilírios · Indo-arianos
Indo-iranianos · Iranianos · Ítalos · Eslavos · Trácios
Tocarianos

 

Protoindo-europeus
Língua · Sociedade · Religião
 
Hipóteses Urheimat
Hipótese Kurgan · Hipótese anatólia
Hipótese armênia · Hipótese indiana · TCP
 
Estudos indo-europeus
Representação de Cú Chulainn, um dos principais heróis celtas

Os Celtas eram um povo (ou grupo de povos) da família linguística indo-européia que se espalhou pela maior parte da Europa a partir do II milênio a.C., tendo maioria populacional no norte da Europa ocidental até o advento do Império Romano. As tribos célticas ocuparam a maior parte do continente europeu, desde a Península Ibérica até a Anatólia. A maior parte dos celtas foi conquistada, subjugada, e mais tarde integrada pelos Romanos.

Existiam diversos grupos celtas compostos de várias tribos, entre eles os Bretões, os Gauleses, os Escotos, os Eburões, os Batavos, os Belgas, os Gálatas, os Trinovantes, os Caledônios, entre outros. Muitos destes grupos deram origem aos nomes das províncias romanas na Europa que mais tarde batizaram alguns dos estados-nações medievais e modernos da Europa.

Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro (Idade do Ferro) na Europa (culturas de Hallstatt e La Tène), bem como das calças na indumentária masculina (embora essas sejam provavelmente originárias das estepes asiáticas). Do ponto de vista da independência política, grupos celtas perpetuaram-se até pelo menos o século XVII na Irlanda, o país em que melhor se preservaram as tradições de origem celta. Outras regiões européias que também se identificam com a cultura celta são o País de Gales (uma entidade subnacional do Reino Unido). A Cornualha (Reino Unido), a Gália (França), o norte de Portugal e a Galiza (Espanha), também são regiões onde resquícios das línguas e costumes celtas são encontrados até hoje.

A influência cultural celta jamais desapareceu, e tem até mesmo experimentado um ciclo de expansão em sua antiga zona de influência.

Demografia

As origens dos celtas são ainda hoje motivo de controvérsia. Alguns autores classificam-nos como arianos ou caucasianos, mas além de englobarem grupos distintos, parecem ser a resultante da fusão sucessiva de culturas e etnias que se verificou a partir do II milênio a.C.. Em Portugal e na Espanha, por exemplo, fundiram-se aos iberos, originando os celtiberos.

Todavia, estudos genéticos realizados em 2004 pelo Dr. Daniel Bradley, do Trinity College de Dublin, evidenciaram algo que já se suspeitava (que os laços genéticos entre os habitantes de áreas célticas como Gales, Escócia, Irlanda, Bretanha e Cornualha são muito fortes) e trouxeram uma novidade desconcertante: a de que, dentre todos os demais povos da Europa, os traços genéticos mais próximos destes eram encontrados na Península Ibérica.

Numa entrevista para a agência Reuters, Bradley explicou que ele e sua equipe propunham uma origem muito mais antiga para as comunidades da costa do Atlântico: pelo menos 6000 anos atrás, ou até antes disso. Os grupos migratórios teriam saído de áreas em torno do que são hoje Espanha e Portugal em fins da Idade do Gelo.

O geneticista Bryan Sykes confirma esta teoria no seu livro "Blood of the Isles" (2006), a partir de um estudo efectuado em 2006 pela equipe de geneticistas da Universidade de Oxford. O estudo analisou amostras de DNA de 10.000 voluntários [1] do Reino Unido e Irlanda, e Sykes chegou à conclusão de que os celtas que habitaram estas terras, escoceses, galeses e irlandeses, eram descendentes dos celtas da Península Ibérica, que migraram para as ilhas Britânicas e Irlanda entre 4.000 e 5.000 a.c. [2]. Outro geneticista da Universidade de Oxford, Stephen Oppenheimer, corrobora com esta teoria no seu livro "The Origins of the British" (2006). Estes estudos levaram também à conclusão de que os celtas originaram não na Europa central mas entre o povo que se refugiou da última Idade do Gelo na Península Ibérica [3].

História

Distribuição dos Celtas na Europa. A área verde sugere a possível extensão da área (proto-)céltica por volta de 1000 a.C.. A área laranja indica a região de nascimento da cultura La Tène e a área vermelha indica a possível região sob influência céltica por volta de 400 a.C..

Vestígios associados a cultura celta remontam a pelo menos 800 a.C., no sul da Alemanha e no oeste dos Alpes. Todavia, é muito provável que o grupo étnico celta já estivesse presente na Europa Central centenas ou milhares de anos antes desse período.

Durante a primeira fase da Idade do Ferro céltica (do século VIII ao século V a.C.), as sepulturas encontradas pelos arqueólogos indicam o surgimento de uma nova aristocracia e de uma crescente estratificação social. A partir do século VI a.C., quando grupos do norte da Europa e da região oeste dos Alpes entram em contato comercial com as colônias gregas fundadas no Mediterrâneo Ocidental, as diferenças sociais aprofundam-se. O intercâmbio com os gregos (que chamavam os celtas indistintamente de keltoi) é evidenciado pelas finas peças de cerâmica grega encontradas nos túmulos. É igualmente provável que os gregos tenham adotado o costume de armazenar o vinho em vasos de cerâmica após seus contatos com os celtas.

Os objetos inumados das sepulturas comprovam que o comércio dos celtas estendia-se a regiões ainda mais afastadas, tendo sido encontradas peças de bronze de origem etrusca e mesmo tecidos de seda, seguramente oriundos da China.

A partir do século V a.C., verifica-se um deslocamento dos centros urbanos celtas (até então localizados ao longo dos rios Ródano, Saona e Danúbio), evento associado a segunda fase da Idade do Ferro européia e ao desenvolvimento artístico da cultura La Tène. As sepulturas deste período apresentam armas e carros de combate, embora sejam menos ricas do que as do período pacífico anterior. Isto, provavelmente, deve ser um reflexo de sua fase de maior expansão, quando invadem o sul da Europa após 400 a.C..

Em 390 a.C. os celtas invadem o norte da Itália (Gália Cisalpina) e saqueiam Roma. Por volta de 272 a.C., também pilham Delfos na Grécia. As hostes celtas conquistam territórios na Ásia Menor, nos Balcãs e no norte da Itália, onde o contingente mais numeroso era o dos gauleses.

A partir do século II a.C., os celtas começam a perder espaço para os povos de língua germânica, e os romanos pouco a pouco os vão dominando a partir de 192 a.C. (quando anexam a Gália Cisalpina). No século I a.C., Júlio César conquista a Gália e no século I d.C. o imperador Cláudio domina a Bretanha. Somente a Irlanda e o norte da Escócia (onde viviam os escotos) permaneceram fora da zona de influência do Império Romano.

Arquivo:'Boudica's Charm' Ornament.JPG
Encanto de Boadicéia, jóia em estilo celta

Linguagem e cultura

As línguas célticas derivam de dois ramos indo-europeus do grupo denominado centum: o celta-Q (goidélico), mais antigo, do qual derivam o irlandês, o gaélico da Escócia e o dialeto da Ilha de Man, e o celta-P (galo-britânico), falado pelos gauleses e pelos habitantes da Bretanha, cujos descendentes modernos são o galês (do País de Gales) e o bretão (na França).

Uma vez que os povos celtas não possuíam escrita e difundiam o conhecimento apenas por via oral e não escrita, as informações que temos sobre eles foram obtidas principalmente através do testemunho dos romanos durante as invasões à Bretanha. Isto não nos permite traçar um quadro mais completo e imparcial do que foi a realidade quotidiana desses povos.

As manifestações artísticas célticas possuem marcante originalidade, embora denotem influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega, etrusca e romana). Há uma nítida tendência abstrata na decoração de peças, com figuras em espiral, volutas e desenhos geométricos. Entre os objetos inumados, destacam-se peças ricamente adornadas em bronze, prata e ouro, com incisões, relevos e motivos entalhados. A influência da arte celta pode ser percebida até mesmo nas iluminuras medievais irlandesas.

Alguns estereótipos modernos e contemporâneos foram associados à cultura dos celtas, como imagens de guerreiros portando capacetes com chifres e ou asas laterais (vide o famoso Asterix), comemorações de festas com taças feitas de crânios dos inimigos, entre outros. Essas imagens fantasiosas se devem em parte ao pouco conhecimento arqueológico sobre os celtas durante o século XIX.

O Gaulês Agonizante, uma das imagens mais clássicas sobre os celtas

Organização social

A unidade básica de sua organização social era o clã, composto por famílias aparentadas que partilhavam coletivamente suas terras agrícolas, mas que mantinham a posse individual do gado.

Com base em estudos efetuados na Irlanda, determinou-se que sua organização política era dividida em três classes: o rei, os nobres e os homens livres. Os servos, artesãos, refugiados e escravos não possuíam direitos políticos. A esta estrutura secular, agregavam-se os sacerdotes (druidas), bardos e ovados, todos com grande influência sobre a sociedade.

 Callaeci Bracari

Em Portugal, os povoados castrejos do tipo citanience apresentam características similares às dos povoados celtas. Novas perspectivas sobre a celtização do NO de Portugal e a identidade étnica dos Callaeci Bracari em J. M. Coutinhas (Porto, 2006: ver bibliografia). A citânia de Briteiros é assim um exemplo de um povoado com caracteristicas celtas conforme relata Cardozo (1990): "A citânia de Briteiros pode, pois, considerar-se um povoado de tradições céltica, sendo, porém, necessário tomar esta designação no seu sentido lato:isto é - seria o local de habitação das numerosas tribos celtizadas (celtici) [...]". [4] Da mesma forma, Tongóbriga, situada na freguesia de Freixo e território dos Callaeci Bracari.[5]

Religião

Ver artigo principal: Druida

A religião celta era politeísta com características animistas, sendo seus ritos quase sempre realizados ao ar livre. Discute-se ainda hoje se algumas de suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc e o Belthane, assim como Equinócios e Solstícios.

Com a assimilação por Roma, os deuses celtas perderam suas características originais e passaram a ser identificados com seus correspondentes e similares romanos. Posteriormente, com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi sendo gradualmente abandonada, sem nunca ter sido totalmente extinta.

Atualmente existem movimentos de resgate cultural e adaptação aos novos tempos que buscam as origens de suas crenças no paganismo antigo, sendo alguns de seus principais representantes a wicca e os neo-druidas, que embora contenham alguns elementos celtas não são célticos nem representam a cultura do povo celta.

A wicca tem sua origem na obra de ocultistas do século XX, como Gerald Brousseau Gardner e Alesteir Crowley. Já o neo-druidismo não tem uma fonte única, sendo uma tentativa de reconstruir o druidismo da Antigüidade, tendo sua estruturação sido iniciada em sociedades secretas da Grã-Bretanha a partir do século XVIII.

Mitologia

Ver artigo principal: Mitologia Celta

São riquíssimas as narrativas mitológicas célticas, principalmente aquelas transmitidas oralmente em forma de poema, como "O Roubo de Gado em Cooley". Nesta, o herói irlandês Cú Chulainn enfrenta as forças da rainha Maeve para defender o seu condado. Outra narrativa, do Livro das invasões (Lebor Gabala Erren), conta a lenda dos filhos de Míle Espáine, e o seu trajecto até finalmente chegarem à Irlanda. Outros legados dos celtas são as histórias do ciclo do Rei Artur da Inglaterra e contos de fadas, como por exemplo, Chapeuzinho Vermelho.

Tribos e povos celtas

   Brácaros

Figuras históricas

Cidades históricas

Ver também

Referências

  1. Adams, Guy (2006). Celts descended from Spanish fishermen, study finds. The independent.
  2. JohnSton, Ian (2006). We're nearly all Celts under the skin.The Scotsman
  3. Cookson, Clive (2006). Pedigree chums. Financial Times.
  4. CARDOZO, Mário. Citânia de Briteiros e Castro de Sabroso. 11.ª ed., Sociedade Martins Sarmento, Guimarães, 1990, p.13.
  5. DIAS, Lino Augusto Tavares. Tongobriga. Lisboa: IPPAR, 1997. ISBN 972-8087-36-5
  .

Erro de script: Nenhum módulo desse tipo "Wikidata/Referências".

Ligações externas

af:Kelt als:Kelten an:Zelta ar:كلت bar:Köitn bg:Келти br:Kelted bs:Kelti ca:Celtes cs:Keltové cy:Y Celtiaid da:Kelterne de:Kelten el:Κελτικός πολιτισμός en:Celt eo:Keltoj es:Celta et:Keldid eu:Zelta fi:Keltit fr:Celtes fy:Kelten gd:Ceilteach gl:Celta gv:Ny Celtiee he:קלטים hr:Kelti hu:Kelták it:Celti ja:ケルト人 ko:켈트족 ku:Kelt kw:Kelt la:Celtae li:Kelte lt:Keltai lv:Ķelti ms:Celt nl:Kelten nn:Keltarar no:Keltere pl:Celtowie ro:Celt ru:Кельты sco:Celtic Race sh:Kelti simple:Celt sk:Kelti sl:Kelti sr:Келти sv:Kelter tr:Kelt uk:Кельти zh:凯尔特人

talvez você goste