Predefinição:Info/Prémios O Prémio Camões (português europeu) ou Prêmio Camões (português brasileiro), instituído pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988, é atribuído àqueles autores que contribuíram para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa.Predefinição:Ref infopedia
História
Este prémio é considerado o mais importante da literatura a premiar um autor de língua portuguesa pelo conjunto da sua obra.
O Prémio Camões é atribuído anualmente, alternadamente no território de cada um dos dois países, cabendo a decisão a um júri especialmente constituído para o efeito. O prémio consiste numa quantia pecuniária resultante das contribuições dos dois Estados, fixada anualmente de comum acordo.
O Prémio Camões foi instituído inicialmente pelo Protocolo Adicional ao Acordo Cultural entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Federativa do Brasil, de 7 de Setembro de 1966, que cria o Prémio Camões, assinado em Brasília, em 22 de Junho de 1988, aprovado por Portugal através do Decreto n.º 43/88, de 30 de Novembro.[1]
Este protocolo foi substituído pelo Protocolo Modificativo do Protocolo Que Institui o Prémio Camões, celebrado entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil, assinado em Lisboa, em 17 de Abril de 1999, aprovado por Portugal, através do Decreto n.º 47/99, de 5 de Novembro.[2]
Premiados
Vencedores por país
- Portugal - 14
- Brasil - 13
- Predefinição:Country data Angola - 2
- Predefinição:Country data Moçambique - 2
- Cabo Verde - 2
Polémicas e críticas
Equilíbrios
Nacionalidade
Em um artigo publicado em 2000, Jorge Henrique Bastos assinalou que, embora o prêmio tenha sido concedido a "vários autores incontornáveis" da literatura lusófona, a predominância de vencedores portugueses e brasileiros contrastava com a baixa quantidade de escritores africanos. Referindo-se à produção literária dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, o autor assinalou que a diferença poderia ser explicada "pelo facto destas literatura (sic) serem ainda jovens, e muitas das obras estão ainda em curso para se inserir nos pressupostos que norteiam a atribuição do prémio"[18]. Até então, apenas dois autores africanos haviam sido premiados. Atualmente são seis em 32.
Género
Em 37 premiados apenas seis são mulheres e nenhuma é de origem africana.
Rachel de Queiróz
A escolha da escritora brasileira Rachel de Queiróz, em 1993, gerou polémica. Segundo uma reportagem assinada por Norma Couri veiculada no Jornal do Brasil, os membros portugueses do júri ficaram desconfortáveis com o fato de que os representantes brasileiros - Arnaldo Niskier, Oscar Dias Correia e João de Scantimburgo - chegaram a Lisboa com o nome da escritora previamente escolhido. Os portugueses procuraram sugerir outras opções, como Jorge Amado e Haroldo de Campos, porém, não obtiveram sucesso em mudar a opinião dos votantes brasileiros. Ainda segundo a reportagem, Niskier, Correia e Scantimburgo teriam defendido o prémio para Queiroz após a autora ter apoiado o ingresso dos mesmos na Academia Brasileira de Letras[19].
O suposto 'acerto' entre os membros brasileiros do júri e Queiroz repercutiu negativamente na imprensa e na intelectualidade portuguesas. O escritor José Cardoso Pires foi bastante duro com a escolha da romancista brasileira, afirmando que "a sua obra não avaliza a exigência que caracteriza o prémio". Queiroz classificou as acusações como caluniosas, enquanto Jorge Amado e Arnaldo Niskier saíram em defesa da escritora[19]. Amado foi agraciado com o Camões no ano seguinte. Tanto Cardoso Pires, quanto Haroldo de Campos faleceram sem receber a distinção.
José Cardoso Pires
Segundo o Jornal do Brasil, em 1998 alguns especialistas em literatura portuguesa acreditavam que o premiado seria José Cardoso Pires, que se encontrava em coma após sofrer um derrame. O premiado, contudo, foi o professor, crítico literário e teórico brasileiro Antonio Candido. Segundo o periódico, a decisão dos jurados não foi unânime, porém, estes evitaram qualquer tipo de comentário a respeito de outros prováveis homenageados[20]. Pires faleceu em outubro daquele mesmo ano.
José Luandino Vieira
Premiado em 2006, o escritor José Luandino Vieira recusou o prémio alegando "razões pessoais e íntimas".
Mais tarde, Luandino revelou que o facto de não editar qualquer livro há longos anos "pesou muito" na decisão de recusar o prémio. «Teria sido uma grande injustiça para os escritores que estavam a editar regularmente», disse então.[21][22]
Arménio Vieira
Por ocasião da escolha de Arménio Vieira, em 2009, o Ministro da Cultura de Cabo Verde e linguista Manuel Veiga fez o seguinte comentário:
- «"já era mais que tempo", lamentando, porém, que Manuel Lopes, um dos maiores autores cabo-verdiano, já falecido, nunca tenha sido galardoado com um prémio "mais que merecido". "Mas é uma homenagem a toda a literatura de Cabo Verde. Desde os claridosos até aos jovens autores. Cabo Verde já merecia e Arménio Vieira também", referiu, lembrando que o prémio "conforta" todas os escritores e poetas do Arquipélago.»[23].
Ferreira Gullar
Em 2010, o júri escolheu o poeta brasileiro Ferreira Gullar, porém, tornou público que o nome da escritora portuguesa Hélia Correia também fora cogitado. A idade dos concorrentes serviu como critério de desempate: Gullar completaria 80 anos naquele ano, enquanto os votantes consideraram que Correia ainda "teria tempo" para ser premiada [24]. O reconhecimento da autora ocorreu em 2015.
Raduan Nassar
Na cerimônia de entrega do prêmio de 2017, o escritor Raduan Nassar criticou duramente o governo do então presidente do Brasil, Michel Temer, caracterizando-o como "repressor contra o trabalhador, contra aposentadorias criteriosas, contra universidades federais de ensino gratuito, contra a diplomacia". O autor também fez críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o qual descreveu como golpe:
O discurso de Nassar levou o então ministro da Cultura, Roberto Freire a reagir[25]
Chico Buarque
Em 2019, o artista brasileiro Chico Buarque foi o vencedor do Prêmio Camões.
Numa atitude muito criticada, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sugeriu que não iria assinar o diploma de entrega do prémio. "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”, reagiu Chico Buarque à notícia, segundo a coluna de Ancelmo Gois no jornal O Globo.[26]
Reconhecimento do mérito e equilíbrio do prêmio
Apesar das críticas, o Prêmio Camões foi saudado por intelectuais como Antônio Carlos Secchin por conferir reconhecimento a autores de renome que transitam por diferentes gêneros e estilos, além de proporcionar uma maior circularidade das obras dos mesmos entre os países lusófonos[27].
Referências
- ↑ «Decreto n.º 43/88» (PDF). Diário da República (277). 30 de novembro de 1988
- ↑ «Decreto n.º 47/99» (PDF). Diário da República (258). 5 de novembro de 1999
- ↑ «É entregue a Miguel Torga o Prémio Camões». Fundação Mário Soares. Consultado em 22 de abril de 2016
- ↑ «João Cabral de Melo Neto, poeta marginal». Antena 1. Rádio e Televisão de Portugal. Consultado em 22 de abril de 2016
- ↑ 5,00 5,01 5,02 5,03 5,04 5,05 5,06 5,07 5,08 5,09 5,10 5,11 5,12 5,13 5,14 5,15 5,16 5,17 5,18 «Prémio Camões. A lista dos vencedores». i. 17 de junho de 2015
- ↑ Lucas, Isabel (25 de maio de 2006). «Luandino Vieira recusa Camões por "razões pessoais"». Diário de Notícias
- ↑ Nascido em Vila Nova de Ourém (atual Ourém), Portugal.
- ↑ «Prémio Camões para Manuel António Pina». Jornal de Notícias. 12 de maio de 2011
- ↑ Alexandra Lucas Coelho e Isabel Coutinho (21 de maio de 2012). «Dalton Trevisan distinguido com o Prémio Camões». Público
- ↑ «Mia Couto "surpreendido" venceu o Prémio Camões». Jornal de Notícias. 27 de maio de 2013
- ↑ «Alberto da Costa e Silva vence Prémio Camões 2014». Rádio Renascença. 30 de maio de 2014
- ↑ Coelho, Sara Otto (17 de junho de 2015). «Hélia Correia vence Prémio Camões 2015». Observador
- ↑ Ana Cristina Marques (30 de maio de 2016). «Raduan Nassar vence Prémio Camões de 2016». Observador
- ↑ Luís Miguel Queirós (7 de junho de 2017). «Manuel Alegre é o vencedor do Prémio Camões». Público
- ↑ Cipriano, Rita (21 de maio de 2018). «Cabo-verdiano Germano Almeida vence Prémio Camões 2018». Observador
- ↑ Castelo, Ricardo (21 de maio de 2019). «Chico Buarque é o Vencedor do Prémio Camões 2019». Observador
- ↑ Castelo (27 de outubro de 2020). «Vítor Aguiar e Silva, o Prémio Camões que não adota o novo acordo». Observador
- ↑ BASTOS, Jorge Henrique. Prémio Camões. As vias e as vidas de um prémio. Revista Camões n.º 11, 2000
- ↑ 19,0 19,1 COURI, Norma. «Prêmio Camões gera polêmica» in Jornal do Brasil. Rio de Janeiro: 7 de julho de 1993, caderno B, p. 7.
- ↑ ANONIMO. Consagração de Antonio Candido. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 16 de julho de 1998, p. 24.
- ↑ RTP Notícias, em 3 de março de 2007.
- ↑ Sapo Notícias, em 1 de outubro de 2009.
- ↑ «Prémio Camões atribuído ao poeta Arménio Vieira». Expresso. 6 de junho de 2009
- ↑ «Prémio Camões distingue Ferreira Gullar para quem a poesia é uma aventura». Público. 1 de junho de 2010
- ↑ «Raduan Nassar critica governo ao ganhar prêmio; ministro da Cultura rebate». G1 (em português). G1. 17 de fevereiro de 2017. Consultado em 5 de janeiro de 2021
- ↑ Jornal O Público, em 9 de outubro de 2019. A coluna de Ancelmo Gois só está disponível para assinantes.
- ↑ SECCHIN, Antonio Carlos. «Os prêmios e o reconhecimento do escritor», in Jornal do Brasil de 16 de março de 2005, caderno B, p. 2.
Ligações externas
- Página do Prêmio Camões no site oficial da Biblioteca Nacional do Brasil (em português)
- «Prémio Camões» (em português). na Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB)
- Prémio Luís de Camões – O prémio da literatura mundial em português, no blogue CAMONIANA.
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