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A 9 de junho de 1448, D. Afonso V atinge a maioridade e assume o governo do Reino. A 15 de setembro do mesmo ano, desejoso de mostrar independência política, anula todos os editais aprovados durante a regência. A situação torna-se instável e, no ano seguinte, levado por informações que mais tarde viriam a provar-se falsas, D. Afonso declara o tio e sogro, D. Pedro, rebelde e inimigo do Reino.<ref name=":0" /> Juntamente com D. Afonso de Bragança, derrota o Duque de Coimbra na [[batalha de Alfarrobeira]], onde este é morto em combate. Depois desta batalha e da perda deste notável príncipe da ''[[Ínclita geração]]'', D. Afonso V passa a ser muito influenciado pelo Duque de Bragança. | A 9 de junho de 1448, D. Afonso V atinge a maioridade e assume o governo do Reino. A 15 de setembro do mesmo ano, desejoso de mostrar independência política, anula todos os editais aprovados durante a regência. A situação torna-se instável e, no ano seguinte, levado por informações que mais tarde viriam a provar-se falsas, D. Afonso declara o tio e sogro, D. Pedro, rebelde e inimigo do Reino.<ref name=":0" /> Juntamente com D. Afonso de Bragança, derrota o Duque de Coimbra na [[batalha de Alfarrobeira]], onde este é morto em combate. Depois desta batalha e da perda deste notável príncipe da ''[[Ínclita geração]]'', D. Afonso V passa a ser muito influenciado pelo Duque de Bragança.<ref name=":1">{{citar livro|título=História de Portugal|ultimo=Marques|primeiro=António|editora=Palas Editores|ano=1980|local=Lisboa|páginas=290-290}}</ref> | ||
[[File:FraMauroDetailedMapInverted.jpg|thumb|left|O [[mapa-múndi]] de [[Fra Mauro]] realizado sob encomenda de D. Afonso V em 1457, reunia o conhecimento geográfico da época. Concluído a 24 de abril de 1459, foi enviado para Portugal com uma carta dirigida ao Infante D. Henrique, tio de Afonso V, encorajando a continuar o financiamento de viagens de exploração. Cópia de Andrea Bianco na [[Biblioteca Marciana]] - Veneza.]] | [[File:FraMauroDetailedMapInverted.jpg|thumb|left|O [[mapa-múndi]] de [[Fra Mauro]] realizado sob encomenda de D. Afonso V em 1457, reunia o conhecimento geográfico da época. Concluído a 24 de abril de 1459, foi enviado para Portugal com uma carta dirigida ao Infante D. Henrique, tio de Afonso V, encorajando a continuar o financiamento de viagens de exploração. Cópia de Andrea Bianco na [[Biblioteca Marciana]] - Veneza.|226x226px]] | ||
Finda a instabilidade interna, a atenção de D. Afonso V concentrou-se na expansão no [[Norte de África]], iniciada por seu avô [[João I de Portugal|D. João I]] em 1415 com a [[conquista de Ceuta]]. Em 1453, dá-se a [[queda de Constantinopla]] e o papa [[Calisto III]], em 1456, apela a uma cruzada, a que D. Afonso V responde preparando um grande exército. Mas, frustrada esta missão, D. Afonso V retoma a campanha no Norte de África.<ref name=":0" /> O exército real conquistou, nas campanhas que valeram a D. Afonso o cognome de o ''Africano'', [[Alcácer-Ceguer|Alcácer Ceguer]] (1458), [[Anafé]] ([[1464]]) e [[Arzila (Marrocos)|Arzila]] (1471); com a tomada desta praça caíram também nas mãos dos Portugueses as praças de [[Tânger]].<ref name=":0" /> O rei subsidiou ainda as explorações do [[oceano Atlântico]], concedendo o comércio na Guiné a [[Fernão Gomes da Mina]], com a condição de descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que o levaria até à costa de [[São Jorge da Mina]]. Organizadas pelo seu tio, o [[Infante D. Henrique]], estas viagens não tiveram continuidade depois da morte deste em 1460. Do ponto de vista administrativo, D. Afonso foi um rei ausente, pouco preocupado com o desenvolvimento do comércio e a administração do Reino. | Finda a instabilidade interna, a atenção de D. Afonso V concentrou-se na expansão no [[Norte de África]], iniciada por seu avô [[João I de Portugal|D. João I]] em 1415 com a [[conquista de Ceuta]]. Em 1453, dá-se a [[queda de Constantinopla]] e o papa [[Calisto III]], em 1456, apela a uma cruzada, a que D. Afonso V responde preparando um grande exército.<ref name=":1">{{citar livro|título=História de Portugal|ultimo=Marques|primeiro=António|editora=Palas Editores|ano=1980|local=Lisboa|páginas=290-290}}</ref> Mas, frustrada esta missão, D. Afonso V retoma a campanha no Norte de África.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> O exército real conquistou, nas campanhas que valeram a D. Afonso o cognome de o ''Africano'', [[Alcácer-Ceguer|Alcácer Ceguer]] (1458), [[Anafé]] ([[1464]]) e [[Arzila (Marrocos)|Arzila]] (1471); com a tomada desta praça caíram também nas mãos dos Portugueses as praças de [[Tânger]].<ref name=":0" /> O rei subsidiou ainda as explorações do [[oceano Atlântico]], concedendo o comércio na Guiné a [[Fernão Gomes da Mina]], com a condição de descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que o levaria até à costa de [[São Jorge da Mina]]. Organizadas pelo seu tio, o [[Infante D. Henrique]], estas viagens não tiveram continuidade depois da morte deste em 1460. Do ponto de vista administrativo, D. Afonso foi um rei ausente, pouco preocupado com o desenvolvimento do comércio e a administração do Reino. | ||
Com as campanhas africanas terminadas, D. Afonso V encontrou novas batalhas, desta vez políticas, na [[Península Ibérica]] e na vizinha [[Reino de Castela|Castela]], onde um escândalo de consequências dinásticas acabava de começar. O rei [[Henrique IV de Castela]] morreu em 1474, tendo como única herdeira D. [[Joana de Trastâmara|Joana]]. Mas a paternidade da princesa era contestada com base na suposta homossexualidade do rei e na relação da rainha, D. [[Joana de Trastâmara]], irmã de D. Afonso, com um nobre chamado [[Beltrán de La Cueva]]. A nobreza e o clero estavam divididos, e uma parte apoiou a irmã de D. Henrique e tia de D. Joana, coroada como rainha [[Isabel I de Castela|Isabel I]]. É neste ponto que D. Afonso V interfere, casando, em 1475, com a sobrinha e assumindo as suas pretensões ao trono. D. Afonso V declara-se rei de Castela e invade o país vizinho.<ref name=":0" /> A campanha resulta em fracasso, quando D. Afonso abandona o campo da [[Batalha de Toro]], onde as tropas de Castela foram lideradas pelo rei [[Fernando II de Aragão]], recentemente casado com Isabel. D. Afonso procurou ainda o apoio de [[Luís XI de França]], mas ao ver-se traído | Com as campanhas africanas terminadas, D. Afonso V encontrou novas batalhas, desta vez políticas, na [[Península Ibérica]] e na vizinha [[Reino de Castela|Castela]], onde um escândalo de consequências dinásticas acabava de começar. O rei [[Henrique IV de Castela]] morreu em 1474, tendo como única herdeira D. [[Joana de Trastâmara|Joana]]. Mas a paternidade da princesa era contestada com base na suposta homossexualidade do rei e na relação da rainha, D. [[Joana de Trastâmara]], irmã de D. Afonso, com um nobre chamado [[Beltrán de La Cueva]]. A nobreza e o clero estavam divididos, e uma parte apoiou a irmã de D. Henrique e tia de D. Joana, coroada como rainha [[Isabel I de Castela|Isabel I]].<ref name=":2">{{citar livro|título=História de Portugal|ultimo=Marques|primeiro=António|editora=Palas Editores|ano=1980|local=Lisboa|páginas=292-292}}</ref> É neste ponto que D. Afonso V interfere, casando, em 1475, com a sobrinha e assumindo as suas pretensões ao trono. D. Afonso V declara-se rei de Castela e invade o país vizinho.<ref name=":0" /><ref name=":2" /> A campanha resulta em fracasso, quando D. Afonso abandona o campo da [[Batalha de Toro]], onde as tropas de Castela foram lideradas pelo rei [[Fernando II de Aragão]], recentemente casado com Isabel.<ref name=":2" /> D. Afonso procurou ainda o apoio de [[Luís XI de França]], mas ao ver-se traído pensou ir em peregrinação em 1477, renunciando ao trono.<ref name=":2" /> | ||
No desenvolvimento da [[Guerra da Beltraneja]] assinou com os [[Reis Católicos]] o [[Tratado das Alcáçovas-Toledo]], inicialmente na vila portuguesa de [[Alcáçovas]], no [[Alentejo]], a [[4 de setembro]] de [[1479]], colocando fim à [[Guerra de Sucessão de Castela]] (1479-1480) e posteriormente ratificado na cidade [[Reino de Castela|castelhana]] de [[Toledo]], a 6 de março de 1480. Além de formalizar o fim das hostilidades (pelo qual Joana e seu tio e marido Afonso V de Portugal, desistiam para sempre das suas pretensões ao trono de Castela), o Tratado continha cláusulas concernentes à política de projeção externa de ambos os países, num momento em que os dois reinos competiam pelo domínio do oceano Atlântico e das terras até então descobertas na costa africana: Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a [[ilha da Madeira]], o [[arquipélago dos Açores]], o de [[cabo Verde]] e a costa da [[Guiné]], enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam as próprias ilhas. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África. | No desenvolvimento da [[Guerra da Beltraneja]] assinou com os [[Reis Católicos]] o [[Tratado das Alcáçovas-Toledo]], inicialmente na vila portuguesa de [[Alcáçovas]], no [[Alentejo]], a [[4 de setembro]] de [[1479]], colocando fim à [[Guerra de Sucessão de Castela]] (1479-1480)<ref name=":2" /> e posteriormente ratificado na cidade [[Reino de Castela|castelhana]] de [[Toledo]], a 6 de março de 1480. Além de formalizar o fim das hostilidades (pelo qual Joana e seu tio e marido Afonso V de Portugal, desistiam para sempre das suas pretensões ao trono de Castela), <ref name=":2" />o Tratado continha cláusulas concernentes à política de projeção externa de ambos os países, num momento em que os dois reinos competiam pelo domínio do oceano Atlântico e das terras até então descobertas na costa africana: Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a [[ilha da Madeira]], o [[arquipélago dos Açores]], o de [[cabo Verde]] e a costa da [[Guiné]], enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam as próprias ilhas. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África. | ||
Desiludido, D. Afonso retira-se para o [[convento de Varatojo]] em [[Torres Vedras]] e abdica para o filho [[João II de Portugal|D. João]], futuro [[João II de Portugal|D. João II de Portugal]]. Tendo-se retirado da vida política, morre em 1481 aquando da sua chegada a [[Sintra]]. A descrição da sua morte é a de que pediu e lhe deram, um copo de água morrendo de seguida. | Desiludido, D. Afonso retira-se para o [[convento de Varatojo]] em [[Torres Vedras]] e abdica para o filho [[João II de Portugal|D. João]], futuro [[João II de Portugal|D. João II de Portugal]]. Tendo-se retirado da vida política, morre em 1481 aquando da sua chegada a [[Sintra]]. A descrição da sua morte é a de que pediu e lhe deram, um copo de água morrendo de seguida. | ||
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* Marques, António (1980). História de Portugal - 8.ª edição. Lisboa: Palas Editores | |||
== Ligações externas == | == Ligações externas == |
Edição das 12h59min de 22 de novembro de 2019
Predefinição:Info/Nobre Afonso V (Sintra, 15 de janeiro de 1432 – Lisboa, 28 de agosto de 1481), apelidado de o Africano por suas conquistas na África, foi o Rei de Portugal e Algarves de 1438 até sua morte. Era o filho mais velho do rei Duarte I e sua esposa Leonor de Aragão. Afonso ascendeu ao trono com apenas seis anos de idade, com uma regência sendo estabelecida e inicialmente liderada por sua mãe, porém pouco depois foi passada para seu tio Pedro, Duque de Coimbra.[1] Este procurou concentrar o poder no rei em detrimento da aristocracia e concluiu uma revisão na legislação conhecida como Ordenações Afonsinas.[1]
Em 1448, D. Afonso V assumiu o governo, anulando os editais aprovados durante a regência. Com o apoio do tio homónimo D. Afonso I, Duque de Bragança declarou D. Pedro inimigo do reino, derrotando-o na batalha de Alfarrobeira. Concentrou-se então na expansão no norte de África, onde conquistou Alcácer Ceguer, Anafé, Arzila, Tânger.[1] Concedeu o monopólio do comércio na Guiné a Fernão Gomes da Mina, com a condição de este explorar a costa, o que o levaria em 1471 à Mina, onde descobriu um florescente comércio de ouro cujos lucros auxiliaram o rei na conquista.
Em 1475, na sequência de uma crise dinástica, D. Afonso V casou com a sobrinha D. Joana de Trastâmara assumindo pretensões ao trono de Castela, que invadiu. Após não obter uma clara vitória na Batalha de Toro, D. Afonso abdicou da coroa para o filho, D. João II de Portugal, morrendo em 1481.
Vida
Início de vida
D. Afonso V de Portugal era filho do rei D. Duarte I de Portugal e de sua mulher, a princesa D. Leonor de Aragão. Nasceu a 15 de janeiro de 1432, em Sintra.[2] D. Afonso V sucedeu a seu pai em 1438, com apenas seis anos. Durante a menoridade, Portugal foi regido pela sua mãe, D. Leonor de Aragão, de acordo com o desejo expresso em testamento pelo rei Duarte de Portugal. No entanto, por ser mulher e estrangeira, D. Leonor de Aragão não era uma escolha popular e a oposição cresceu. O único aliado da rainha mãe era D. Afonso, irmão ilegítimo de D. Duarte e Conde de Barcelos.
Em 1439, as Cortes decidem retirar a regência a Leonor e entregá-la a D. Pedro, Duque de Coimbra, o tio mais velho de D. Afonso.[1] Como regente, D. Pedro procurou limitar o desenvolvimento de grandes casas aristocráticas e concentrar o poder na pessoa do rei. Por sua ordem, cerca de 1448, foram revistas e concluídas as chamadas Ordenações Afonsinas[1] (embora incluam leis de 1454), a primeira compilação oficial de leis do século XV, resultado de um pedido das Cortes a D. João I para a organização de uma coletânea em que se coordenasse e atualizasse o direito vigente, para a boa fé e fácil administração na justiça.
O país prosperou sob a sua alçada, mas o ambiente político não era o mais saudável uma vez que D. Pedro interferia com a ambição dos nobres.[1] D. Afonso, Conde de Barcelos, inimigo pessoal de D. Pedro, apesar de serem meios-irmãos, tornou-se no tio favorito de D. Afonso V e começou a conspirar pelo poder. Em 1442, D. Afonso V nomeia este tio como primeiro Duque de Bragança. Com este título e terras adjacentes, D. Afonso I, Duque de Bragança torna-se no homem mais poderoso de Portugal e num dos mais ricos da Europa. Para assegurar a sua influência junto de D. Afonso V, D. Pedro organiza o casamento do jovem rei com a sua filha D. Isabel.
Reinado
A 9 de junho de 1448, D. Afonso V atinge a maioridade e assume o governo do Reino. A 15 de setembro do mesmo ano, desejoso de mostrar independência política, anula todos os editais aprovados durante a regência. A situação torna-se instável e, no ano seguinte, levado por informações que mais tarde viriam a provar-se falsas, D. Afonso declara o tio e sogro, D. Pedro, rebelde e inimigo do Reino.[1] Juntamente com D. Afonso de Bragança, derrota o Duque de Coimbra na batalha de Alfarrobeira, onde este é morto em combate. Depois desta batalha e da perda deste notável príncipe da Ínclita geração, D. Afonso V passa a ser muito influenciado pelo Duque de Bragança.[3]
Finda a instabilidade interna, a atenção de D. Afonso V concentrou-se na expansão no Norte de África, iniciada por seu avô D. João I em 1415 com a conquista de Ceuta. Em 1453, dá-se a queda de Constantinopla e o papa Calisto III, em 1456, apela a uma cruzada, a que D. Afonso V responde preparando um grande exército.[3] Mas, frustrada esta missão, D. Afonso V retoma a campanha no Norte de África.[1][3] O exército real conquistou, nas campanhas que valeram a D. Afonso o cognome de o Africano, Alcácer Ceguer (1458), Anafé (1464) e Arzila (1471); com a tomada desta praça caíram também nas mãos dos Portugueses as praças de Tânger.[1] O rei subsidiou ainda as explorações do oceano Atlântico, concedendo o comércio na Guiné a Fernão Gomes da Mina, com a condição de descobrir todos os anos 100 léguas de costa, o que o levaria até à costa de São Jorge da Mina. Organizadas pelo seu tio, o Infante D. Henrique, estas viagens não tiveram continuidade depois da morte deste em 1460. Do ponto de vista administrativo, D. Afonso foi um rei ausente, pouco preocupado com o desenvolvimento do comércio e a administração do Reino.
Com as campanhas africanas terminadas, D. Afonso V encontrou novas batalhas, desta vez políticas, na Península Ibérica e na vizinha Castela, onde um escândalo de consequências dinásticas acabava de começar. O rei Henrique IV de Castela morreu em 1474, tendo como única herdeira D. Joana. Mas a paternidade da princesa era contestada com base na suposta homossexualidade do rei e na relação da rainha, D. Joana de Trastâmara, irmã de D. Afonso, com um nobre chamado Beltrán de La Cueva. A nobreza e o clero estavam divididos, e uma parte apoiou a irmã de D. Henrique e tia de D. Joana, coroada como rainha Isabel I.[4] É neste ponto que D. Afonso V interfere, casando, em 1475, com a sobrinha e assumindo as suas pretensões ao trono. D. Afonso V declara-se rei de Castela e invade o país vizinho.[1][4] A campanha resulta em fracasso, quando D. Afonso abandona o campo da Batalha de Toro, onde as tropas de Castela foram lideradas pelo rei Fernando II de Aragão, recentemente casado com Isabel.[4] D. Afonso procurou ainda o apoio de Luís XI de França, mas ao ver-se traído pensou ir em peregrinação em 1477, renunciando ao trono.[4]
No desenvolvimento da Guerra da Beltraneja assinou com os Reis Católicos o Tratado das Alcáçovas-Toledo, inicialmente na vila portuguesa de Alcáçovas, no Alentejo, a 4 de setembro de 1479, colocando fim à Guerra de Sucessão de Castela (1479-1480)[4] e posteriormente ratificado na cidade castelhana de Toledo, a 6 de março de 1480. Além de formalizar o fim das hostilidades (pelo qual Joana e seu tio e marido Afonso V de Portugal, desistiam para sempre das suas pretensões ao trono de Castela), [4]o Tratado continha cláusulas concernentes à política de projeção externa de ambos os países, num momento em que os dois reinos competiam pelo domínio do oceano Atlântico e das terras até então descobertas na costa africana: Portugal obtinha o reconhecimento do seu domínio sobre a ilha da Madeira, o arquipélago dos Açores, o de cabo Verde e a costa da Guiné, enquanto que Castela recebia as ilhas Canárias (exploradas por Diego Garcia de Herrera em 1476), renunciando a navegar ao Sul do cabo Bojador, ou seja, do Paralelo 27 no qual se encontravam as próprias ilhas. Regulamentava também as áreas de influência e de expansão de ambas as coroas pelo Reino Oatácida de Fez, no Norte de África.
Desiludido, D. Afonso retira-se para o convento de Varatojo em Torres Vedras e abdica para o filho D. João, futuro D. João II de Portugal. Tendo-se retirado da vida política, morre em 1481 aquando da sua chegada a Sintra. A descrição da sua morte é a de que pediu e lhe deram, um copo de água morrendo de seguida.
Jaz no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foram impressas uma série de notas de 20$00, 50$00, 100$00 e 500$00 de São Tomé e Príncipe e uma nota de 1.000$00 de Moçambique com a sua imagem.
Títulos, estilos, e honrarias
Predefinição:Info/Estilos reais
Títulos e estilos
- 15 de janeiro de 1432 – 9 de setembro de 1438: "Sua Alteza, o Príncipe Herdeiro de Portugal
- 9 de setembro de 1438 – 10 de Novembro de 1477: "Sua Alteza Real, o Rei"
- 10 de novembro de 1477 – 16 de novembro de 1477: "Sua Alteza, o príncipe D. Afonso"
- 16 de novembro de 1477 – 28 de agosto de 1481: "Sua Alteza Real, o Rei"
Aquando da sua coroação, o estilo oficial de Afonso enquanto Rei de Portugal era: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta". Após a conquista de Alcácer-Ceguer, em 1458, passou a ser: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta e de Alcácer em África. Em 1471, com a conquista de Arzila e Tânger e elevação do senhorio do Norte de África à condição de Reino d'Além-Mar, a titulatura passou a: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África". Durante a pretensão de D. Afonso V à Coroa de Castela entre 1475 e 1479, pelo seu casamento com Joana, ele usou: "Pela Graça de Deus, Afonso V, Rei de Castela, de Leão, de Portugal, de Toledo, de Galiza, de Sevilha, de Córdova, de Jáen, de Múrcia, dos Algarves d'Aquém e d'Além Mar em África, de Gibraltar, de Algeciras, e Senhor da Biscaia e de Molina".
Honrarias
Enquanto monarca de Portugal, D. Afonso V foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
- Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo (incorporada na Coroa em 1472)
- Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada (fundada em 1459)
Ancendência
Descendência
- Primeira mulher, Isabel de Coimbra (1432-1455)
- João, Príncipe de Portugal (1451), jurado herdeiro da Coroa mas falecido pouco depois da nascença
- Santa Joana, Princesa de Portugal (1452-1490)
- João II, Rei de Portugal (1455-1495)
- Segunda mulher, Joana, a Excelente Senhora, princesa de Castela (1462-1530)
Ver também
- Ordenações Afonsinas
- Árvore genealógica dos reis de Portugal
- Tapeçarias de Pastrana
- Isaac Abravanel, tesoureiro do Rei Afonso V
Referências
- ↑ 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América. pp. 133-134
- ↑ Costa, Darc. Fundamentos para o estudo da estratégia nacional. São Paulo: Paz e Terra, 2009. pp. 388. ISBN 8577530884
- ↑ 3,0 3,1 3,2 Marques, António (1980). História de Portugal. Lisboa: Palas Editores. pp. 290–290
- ↑ 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 Marques, António (1980). História de Portugal. Lisboa: Palas Editores. pp. 292–292
Bibliografia
- Saraiva, José (1993). História de Portugal. Mem Martins: Publicações Europa-América
- Marques, António (1980). História de Portugal - 8.ª edição. Lisboa: Palas Editores
Ligações externas
- «Chronica de El-Rey D. Affonso V, Rui de Pina (1440-1522), Lisboa, 1904, na Biblioteca Nacional Digital» (em português)
Afonso V de Portugal Casa de Avis Ramo da Casa de Borgonha 15 de janeiro de 1432 – 28 de agosto de 1481 | ||
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Precedido por Duarte I |
Rei de Portugal e Algarves 13 de setembro de 1438 – 11 de novembro de 1477 |
Sucedido por João II |
Precedido por João II |
Rei de Portugal e Algarves 15 de novembro de 1477 – 28 de agosto de 1481 | |
Novo título | Príncipe Herdeiro de Portugal 1433 – 13 de setembro de 1438 |
Sucedido por Fernando |