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Henrique I de Portugal: mudanças entre as edições

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{{Info/Monarca
{{Info/Monarca
  |nome    = Dom Henrique I
  |nome    = Henrique I
  |título  = [[Imagem:Ornamented Royal Coat of Arms of Cardinal Henry I of Portugal.svg|90px]]<br />[[Rei de Portugal]]
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  |outrostítulos= ''O Casto''
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Ocasionalmente é chamado de '''[[Dom (título)|Dom]]  Henrique II''' por alguns autores, em virtude de ser o segundo chefe de Estado de Portugal chamado Henrique, tendo-se em linha de conta o conde [[Henrique de Borgonha, Conde de Portugal|D. Henrique]], por aqueles chamado de D. Henrique I. É conhecido pelos cognomes de ''O Casto'' (devido à sua função eclesiástica, que o impediu de ter descendência legítima), ''O Cardeal-Rei'' (igualmente por ser eclesiástico) ou ''O Eborense'' / ''O de Évora'' (por ter sido também arcebispo [[Évora|daquela cidade]] e aí ter passado muito tempo, e inclusivamente fundado a primeira [[Universidade de Évora]], entregue à guarda dos [[Jesuítas]]), transformando Évora num pólo cultural importante, acolhendo alguns vultos da cultura de então: [[Nicolaus Clenardus]], [[André de Resende]], [[Pedro Nunes (matemático)|Pedro Nunes]], [[António Barbosa]], entre outros.
Ocasionalmente é chamado de '''[[Dom (título)|Dom]]  Henrique II''' por alguns autores, em virtude de ser o segundo chefe de Estado de Portugal chamado Henrique, tendo-se em linha de conta o conde [[Henrique de Borgonha, Conde de Portugal|D. Henrique]], por aqueles chamado de D. Henrique I. É conhecido pelos cognomes de ''O Casto'' (devido à sua função eclesiástica, que o impediu de ter descendência legítima), ''O Cardeal-Rei'' (igualmente por ser eclesiástico) ou ''O Eborense'' / ''O de Évora'' (por ter sido também arcebispo [[Évora|daquela cidade]] e aí ter passado muito tempo, e inclusivamente fundado a primeira [[Universidade de Évora]], entregue à guarda dos [[Jesuítas]]), transformando Évora num pólo cultural importante, acolhendo alguns vultos da cultura de então: [[Nicolaus Clenardus]], [[André de Resende]], [[Pedro Nunes (matemático)|Pedro Nunes]], [[António Barbosa]], entre outros.


==Biografia==
== Biografia ==
{{Info/Prelado da Igreja Católica |type=Cardeal
{{Info/Prelado da Igreja Católica |type=Cardeal
  |type            = Cardeal
  |type            = Cardeal
  |nome            = D. Henrique I <br /><small>D. Henrique de Portugal</small>
  |nome            = Henrique I <br /><small>Henrique de Portugal</small>
  |título          = [[Cardeal-presbítero]] dos [[Santos Quatro Mártires Coroados (título cardinalício)|Santos Quatro Coroados]]
  |título          = [[Cardeal-presbítero]] dos [[Santos Quatro Mártires Coroados (título cardinalício)|Santos Quatro Coroados]]
  |função          = Arcebispo de Évora
  |função          = Arcebispo de Évora
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  |cardeal_lema            = Festina lente
  |cardeal_lema            = Festina lente
}}
}}
===Nascimento e infância===
 
D. Henrique nasceu a [[31 de Janeiro]] de [[1512]], quinto filho varão de [[Manuel I de Portugal|D. Manuel I]] (com quem se parecia nas feições<ref name="Chronica">{{Citar livro |nome=Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis |autorlink= |coautor= |título=Chronica do Cardeal Rei D. Henrique, e Vida de Miguel de Moura |url=https://books.google.pt/books?id=td4FAAAAQAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false |edição=1.ª |local=Lisboa |editora=Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis |ano=1840 }}</ref> ) e sua segunda mulher [[Maria de Aragão e Castela, Rainha de Portugal|D. Maria de Aragão e Castela]].<ref>Levi Mortera 1988, pp. 1190.</ref> Era, portanto, irmão mais novo daquele que viria a ser o rei [[João III de Portugal|D. João III]].<ref>Lobo & de Moura 1840, pp. 2.</ref>
=== Nascimento e infância ===
D. Henrique nasceu a [[31 de Janeiro]] de [[1512]], quinto filho varão de [[Manuel I de Portugal|D. Manuel I]] (com quem se parecia nas feições<ref name="Chronica">{{Citar livro |autor=Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis |autorlink= |coautor= |título=Chronica do Cardeal Rei D. Henrique, e Vida de Miguel de Moura |url=https://books.google.pt/books?id=td4FAAAAQAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false |edição=1.ª |local=Lisboa |editora=Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis |ano=1840}}</ref>) e sua segunda mulher [[Maria de Aragão e Castela, Rainha de Portugal|D. Maria de Aragão e Castela]].<ref>Levi Mortera 1988, pp. 1190</ref> Era, portanto, irmão mais novo daquele que viria a ser o rei [[João III de Portugal|D. João III]].<ref>Lobo & de Moura 1840, pp. 2</ref>


No dia em que nasceu, apesar de tal não acontecer habitualmente, caiu em [[Lisboa]] muita [[neve]], facto que serviu aos "''investigadores dos futuros''" para traçarem [[horóscopo]]s preconizando um temperamento virtuoso e candura de espírito.<ref>{{Citar livro |sobrenome=Castro |nome=Damião António de Lemos Faria e |título=Historia Geral de Portugal, e suas Conquistas |url=https://books.google.pt/books?id=LLBPAAAAcAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false |edição=1.ª |local=Lisboa |editora=Typografia Rollandiana |ano=1788 |página=239 |volume=X |ref= |notas=}}</ref> Foi [[baptismo|baptizado]] pelo [[Diocese de Coimbra|Bispo de Coimbra]], D. [[Jorge de Almeida]].<ref name="Chronica"/>
No dia em que nasceu, apesar de tal não acontecer habitualmente, caiu em [[Lisboa]] muita [[neve]], facto que serviu aos "''investigadores dos futuros''" para traçarem [[horóscopo]]s preconizando um temperamento virtuoso e candura de espírito.<ref>{{Citar livro |sobrenome=Castro |nome=Damião António de Lemos Faria e |título=Historia Geral de Portugal, e suas Conquistas |url=https://books.google.pt/books?id=LLBPAAAAcAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false |edição=1.ª |local=Lisboa |editora=Typografia Rollandiana |ano=1788 |página=239 |volume=X |ref= |notas=}}</ref> Foi [[baptismo|baptizado]] pelo [[Diocese de Coimbra|Bispo de Coimbra]], D. [[Jorge de Almeida]].<ref name="Chronica"/>
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Estudou, com esmero, [[Latim]], [[Língua Grega|Grego]], [[Hebraico]], [[Matemática]], [[Filosofia]] e [[Teologia]], e [[Equitação|cavalgava]] bem.<ref name="Chronica"/>
Estudou, com esmero, [[Latim]], [[Língua Grega|Grego]], [[Hebraico]], [[Matemática]], [[Filosofia]] e [[Teologia]], e [[Equitação|cavalgava]] bem.<ref name="Chronica"/>


===Vida religiosa===
=== Vida religiosa ===
Como se compreende, enquanto [[Infante de Portugal]], não era esperado de D. Henrique que subisse ao trono.
Como se compreende, enquanto [[Infante de Portugal]], não era esperado de D. Henrique que subisse ao trono.


Aos catorze anos, Henrique recebeu o sacramento da ordenação, para promover os interesses portugueses na [[Igreja Católica]], na altura dominada pela [[Espanha]]. Ocupando primeiramente a dignidade de Dom Prior do [[Mosteiro de Santa Cruz]] de [[Coimbra]],<ref name="Chronica"/> subiu cedo na hierarquia da Igreja, tendo sido rapidamente [[Arquidiocese de Braga|Arcebispo de Braga]], primeiro [[Arquidiocese de Évora|Arcebispo de Évora]], [[Patriarcado de Lisboa|Arcebispo de Lisboa]] e ainda [[Inquisidor-mor]] antes de receber o título de [[Cardeal]] (sendo portanto um [[cardeal-infante]]),<ref>''O panorama: jornal litterario e instructivo de Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, Volumes 9-10''. Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, Lisboa. pp. 315. Na Typ. da Sociedade, 1852.</ref> com o título dos ''[[Santos Quatro Mártires Coroados (título cardinalício)|Santos Quatro Coroados]]'' ([[1546]]).
Aos catorze anos, Henrique recebeu o sacramento da ordenação, para promover os interesses portugueses na [[Igreja Católica]], na altura dominada pela [[Espanha]]. Ocupando primeiramente a dignidade de Dom Prior do [[Mosteiro de Santa Cruz]] de [[Coimbra]],<ref name="Chronica"/> subiu cedo na hierarquia da Igreja, tendo sido rapidamente [[Arquidiocese de Braga|Arcebispo de Braga]], primeiro [[Arquidiocese de Évora|Arcebispo de Évora]], [[Patriarcado de Lisboa|Arcebispo de Lisboa]] e ainda [[Inquisidor-mor]] antes de receber o título de [[Cardeal]] (sendo portanto um [[cardeal-infante]]),<ref>''O panorama: jornal litterario e instructivo de Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, Volumes 9–10''. Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, Lisboa. pp. 315. Na Typ. da Sociedade, 1852</ref> com o título dos ''[[Santos Quatro Mártires Coroados (título cardinalício)|Santos Quatro Coroados]]'' ([[1546]]).


Não pelas suas mãos, mas com sua autorização dada ao frei [[Luís de Granada]] ([[Ordem dos Pregadores|dominicano]]) que editou em português uma obra sua, intitulada "Meditações e homilias sobre alguns mysterios da vida de nosso Redemptor, e sobre alguns logares do Santo Evangelho, que fez o Serenissimo e Reverendissimo Cardeal Infante D. Henrique por sua particular devoção" em [[Lisboa]],<ref>''Grande enciclopédia portuguesa e brasileira''. Editorial Enciclopédia, 195?. pp. 64.</ref> editada por Antonio Ribeyro, em [[1574]]. Esta obra, em português, visava substituir a palavra oral pela escrita, num esforço de chegar às recuadas aldeias onde dificilmente chegava, pela escassez de religiosos conhecedores do latim. Foram publicadas em latim pelos [[jesuítas]] em [[1576]] e depois em [[1581]].
Não pelas suas mãos, mas com sua autorização dada ao frei [[Luís de Granada]] ([[Ordem dos Pregadores|dominicano]]) que editou em português uma obra sua, intitulada "Meditações e homilias sobre alguns mysterios da vida de nosso Redemptor, e sobre alguns logares do Santo Evangelho, que fez o Serenissimo e Reverendissimo Cardeal Infante D. Henrique por sua particular devoção" em [[Lisboa]],<ref>''Grande enciclopédia portuguesa e brasileira''. Editorial Enciclopédia, 195?. pp. 64.</ref> editada por Antonio Ribeyro, em [[1574]]. Esta obra, em português, visava substituir a palavra oral pela escrita, num esforço de chegar às recuadas aldeias onde dificilmente chegava, pela escassez de religiosos conhecedores do latim. Foram publicadas em latim pelos [[jesuítas]] em [[1576]] e depois em [[1581]].


Participou do [[conclave de 1549–1550]], que elegeu ao [[Papa Júlio III]] e dos [[conclave]]s de [[Conclave de abril de 1555|abril]] e [[Conclave de maio de 1555|maio de 1555]], nestes chegou a ser apontado como um dos favoritos a suceder no trono de São Pedro.  
Participou do [[conclave de 1549–1550]], que elegeu ao [[Papa Júlio III]] e dos [[conclave]]s de [[Conclave de abril de 1555|abril]] e [[Conclave de maio de 1555|maio de 1555]], nestes chegou a ser apontado como um dos favoritos a suceder no trono de São Pedro.


[[Imagem:Fons Vitae - Familia de D. Manuel I.jpg|thumb|direita|upright=0.9|Em redor da fonte, alegoria da [[Eucaristia]],ajoelhado em primeiro plano [[Manuel I de Portugal|D. Manuel]], e à sua esquerda, os seus seis filhos nascidos do casamento com [[Maria de Aragão e Castela, Rainha de Portugal|D. Maria de Aragão]]<br />
[[Imagem:Fons Vitae - Familia de D. Manuel I.jpg|thumb|direita|upright=0.9|Em redor da fonte, alegoria da [[Eucaristia]],ajoelhado em primeiro plano [[Manuel I de Portugal|D. Manuel]], e à sua esquerda, os seus seis filhos nascidos do casamento com [[Maria de Aragão e Castela, Rainha de Portugal|D. Maria de Aragão]]<br />
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O seu irmão [[João III de Portugal]] pediu ao cunhado, o imperador [[Carlos I de Espanha|Carlos V]] que favorecesse a ascensão do seu irmão ao sólio pontifício, através da compra dos votos do [[Colégio dos Cardeais]]. Porém, não participou dos conclaves de [[Conclave de 1559|1559]], [[Conclave de 1565-1566|1565-1566]] e de [[Conclave de 1572|1572]].
O seu irmão [[João III de Portugal]] pediu ao cunhado, o imperador [[Carlos I de Espanha|Carlos V]] que favorecesse a ascensão do seu irmão ao sólio pontifício, através da compra dos votos do [[Colégio dos Cardeais]]. Porém, não participou dos conclaves de [[Conclave de 1559|1559]], [[Conclave de 1565-1566|1565-1566]] e de [[Conclave de 1572|1572]].


Henrique, mais do que ninguém, empenhou-se em trazer para Portugal a [[Companhia de Jesus|Ordem dos Jesuítas]], tendo utilizado os seus serviços no Império Colonial.<ref>''Padrão: revista portuguesa do Brasil, Edições 35-37''. 1954. pp. 22.</ref>
Henrique, mais do que ninguém, empenhou-se em trazer para Portugal a [[Companhia de Jesus|Ordem dos Jesuítas]], tendo utilizado os seus serviços no Império Colonial.<ref>''Padrão: revista portuguesa do Brasil, Edições 35–37''. 1954. pp. 22</ref>


===Regente e rei===
=== Regente e rei ===
Quando João III de Portugal morreu, muitos discordavam da atribuição do poder da [[Regência (sistema de governo)|regência]] a [[Catarina de Áustria]], irmã de [[Carlos I de Espanha]]. Henrique sucedeu assim à sua cunhada em [[1562]], servindo como regente para [[Sebastião de Portugal|Sebastião I]],<ref>Montalvão Machado 1971, pp. 16.</ref> seu sobrinho de segundo grau, até este assumir o trono ([[1568]]).
Quando João III de Portugal morreu, muitos discordavam da atribuição do poder da [[Regência (sistema de governo)|regência]] a [[Catarina de Áustria]], irmã de [[Carlos I de Espanha]]. Henrique sucedeu assim à sua cunhada em [[1562]], servindo como regente para [[Sebastião de Portugal|Sebastião I]],<ref>Montalvão Machado 1971, pp. 16</ref> seu sobrinho de segundo grau, até este assumir o trono ([[1568]]).


Após a desastrosa [[Batalha de Alcácer-Quibir]] em [[1578]], depois de receber a confirmação da morte do rei,<ref>Diogo 1964, pp. 75.</ref> no [[Mosteiro de Alcobaça]], acabou por suceder ao sobrinho-neto. Henrique renunciou então ao seu posto clerical e procurou imediatamente uma noiva por forma a poder dar continuidade à [[dinastia de Avis]], mas o papa [[Papa Gregório XIII|Gregório XIII]], que era um familiar dos [[Habsburgos]] que eram pretendentes ao trono de Portugal, não o libertou dos seus votos.
Após a desastrosa [[Batalha de Alcácer-Quibir]] em [[1578]], depois de receber a confirmação da morte do rei,<ref>Diogo 1964, pp. 75</ref> no [[Mosteiro de Alcobaça]], acabou por suceder ao sobrinho-neto. Henrique renunciou então ao seu posto clerical e procurou imediatamente uma noiva por forma a poder dar continuidade à [[dinastia de Avis]], mas o papa [[Papa Gregório XIII|Gregório XIII]], que era um familiar dos [[Habsburgos]] que eram pretendentes ao trono de Portugal, não o libertou dos seus votos.


Foi aclamado rei na igreja do [[Hospital Real de Todos os Santos]], no [[Praça de D. Pedro IV|Rossio]], sem grandes festejos.<ref>Alves Dias & de Oliveira Marques 1998, pp. 753.</ref> Caber-lhe-ia resolver o resgate dos muitos cativos em [[Marrocos]]. O reino, então jubilante pela juventude com que D. Sebastião liderava, perdia o ânimo com a notícia e exigia vingança ao rei que, entretanto, adoecia.
Foi aclamado rei na igreja do [[Hospital Real de Todos os Santos]], no [[Praça de D. Pedro IV|Rossio]], sem grandes festejos.<ref>Alves Dias & de Oliveira Marques 1998, pp. 753</ref> Caber-lhe-ia resolver o resgate dos muitos cativos em [[Marrocos]]. O reino, então jubilante pela juventude com que D. Sebastião liderava, perdia o ânimo com a notícia e exigia vingança ao rei que, entretanto, adoecia.


===Morte e crise de 1580===
=== Morte e crise de 1580 ===
{{Artigo principal|Crise de sucessão de 1580}}
{{Artigo principal|Crise de sucessão de 1580}}
{{quadrocitação|Que o cardeal-rei dom Henrique<br />Fique no [[Inferno]] muitos anos<br />Por ter deixado em [[testamento]]<br />Portugal, aos [[Espanha|castelhanos]]|Quadra popular}}
{{quadrocitação|Que o cardeal-rei dom Henrique<br />Fique no [[Inferno]] muitos anos<br />Por ter deixado em [[testamento]]<br />Portugal, aos [[Espanha|castelhanos]]|Quadra popular}}
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[[Imagem:Cardeal dhenrique.jpg|thumb|esquerda|upright=0.6|Painel de [[azulejo]]s representando o cardeal D. Henrique em [[Évora]]]]
[[Imagem:Cardeal dhenrique.jpg|thumb|esquerda|upright=0.6|Painel de [[azulejo]]s representando o cardeal D. Henrique em [[Évora]]]]
O rei-cardeal morreu durante as [[Cortes de Almeirim de 1580]], deixando uma [[Conselho de Governadores do Reino de Portugal|Junta de cinco governadores]] na regência: o [[arcebispo de Lisboa]] [[Jorge de Almeida]], [[João Telo]], [[Francisco de Sá de Meneses, 1.º Conde de Matosinhos|Francisco de Sá Meneses]], [[Diogo Lopes de Sousa]] e [[João de Mascarenhas]].<ref>Simões Rodrigues & Grilo Capelo 1996, pp. 106.</ref><ref>Pereira 1942, pp. 27.</ref>
O rei-cardeal morreu durante as [[Cortes de Almeirim de 1580]], deixando uma [[Conselho de Governadores do Reino de Portugal|Junta de cinco governadores]] na regência: o [[arcebispo de Lisboa]] [[Jorge de Almeida]], [[João Telo]], [[Francisco de Sá de Meneses, 1.º Conde de Matosinhos|Francisco de Sá Meneses]], [[Diogo Lopes de Sousa]] e [[João de Mascarenhas]].<ref>Simões Rodrigues & Grilo Capelo 1996, pp. 106</ref><ref>Pereira 1942, pp. 27</ref>


Em novembro de 1580, [[Filipe II de Espanha]] enviou o [[Ducado de Alba|Duque de Alba]] para reivindicar o Reino de Portugal pela força. [[Lisboa]] caiu rapidamente e o rei espanhol foi aclamado rei de [[Reino de Portugal|Portugal]] como Filipe I,<ref>Lima Alves 2001.</ref> com a condição de que o reino e seus [[Ultramar|territórios ultramarinos]] não se tornassem [[Províncias da Espanha|províncias espanholas]].
Em novembro de 1580, [[Filipe II de Espanha]] enviou o [[Ducado de Alba|Duque de Alba]] para reivindicar o Reino de Portugal pela força. [[Lisboa]] caiu rapidamente e o rei espanhol foi aclamado rei de [[Reino de Portugal|Portugal]] como Filipe I,<ref>Lima Alves 2001</ref> com a condição de que o reino e seus [[Ultramar|territórios ultramarinos]] não se tornassem [[Províncias da Espanha|províncias espanholas]].


Foi sepultado inicialmente em [[Almeirim (Portugal)|Almeirim]], mas em [[1582]] o seu sobrinho Filipe II de Espanha transladou o seu corpo para o [[transepto]] da [[igreja]] do [[Mosteiro dos Jerónimos]], em Lisboa. Encontra-se junto ao túmulo construído para Dom [[Sebastião de Portugal|Sebastião]], cuja sepultura foi também aí colocada por ordem de Filipe II.
Foi sepultado inicialmente em [[Almeirim (Portugal)|Almeirim]], mas em [[1582]] o seu sobrinho Filipe II de Espanha transladou o seu corpo para o [[transepto]] da [[igreja]] do [[Mosteiro dos Jerónimos]], em Lisboa. Encontra-se junto ao túmulo construído para Dom [[Sebastião de Portugal|Sebastião]], cuja sepultura foi também aí colocada por ordem de Filipe II.
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{{Info/Estilos reais
{{Info/Estilos reais
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| legenda            = Brasão de armas reais e cardinalícias de D. Henrique de Portugal
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| estilo            = ''[[Sua Alteza Real]]''
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* '''28 de Agosto de 1578 – 31 de Janeiro de 1580''': ''[[Sua Alteza Real]]'', O [[Cardeal]]-[[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e dos Algarves]]
* '''28 de Agosto de 1578 – 31 de Janeiro de 1580''': ''[[Sua Alteza Real]]'', O [[Cardeal]]-[[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e dos Algarves]]


O estilo oficial de D. Henrique enquanto Rei de Portugal:<br>
O estilo oficial de D. Henrique enquanto Rei de Portugal:<br />
''Pela Graça de Deus, Henrique I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.''
''Pela Graça de Deus, Henrique I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.''


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{{Referências|col=2}}
{{Referências|col=2}}
{{Casa de Avis - Descendência}}
{{Casa de Avis - Descendência}}


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{{Refend}}
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== Ligações externas ==
== Ligações externas =
{{Commonscat|Henry I of Portugal}}
{{Commonscat|Henry I of Portugal}}=
* {{link|en|2=http://www2.fiu.edu/~mirandas/bios1545.htm#Portugal|3=The Cardinals of the Holy Roman Church}}
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{{limpar}}
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{{Começa caixa}}
{{Começa caixa}}
{{Caixa de sucessão
{{Caixa de sucessão
| título = [[Imagem:PortugueseFlag1521.png|100px]]<br />[[Lista de regentes de Portugal|Regente de Portugal]]
|título = [[Imagem:PortugueseFlag1521.png|100px]]<br />[[Lista de regentes de Portugal|Regente de Portugal]]
| anos = [[1562]] - [[1568]]
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| antes = [[Catarina de Áustria]]
|antes = [[Catarina de Áustria]]
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}}
}}
{{Caixa de sucessão
{{Caixa de sucessão
| título = [[Imagem:Flag Portugal (1578).svg|150px]]<br />[[Lista de reis de Portugal|Rei de Portugal e dos Algarves<br />daquém e dalém-mar em África]]
|título = [[Imagem:Flag Portugal (1578).svg|150px]]<br />[[Lista de reis de Portugal|Rei de Portugal e dos Algarves<br />daquém e dalém-mar em África]]
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| antes = [[Sebastião de Portugal|Sebastião I]]
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}}
{{Caixa de sucessão
{{Caixa de sucessão
| título = [[Imagem:Arcbishoppallium.png|60px|Brasão arquiepiscopal]]<br />[[Arquidiocese de Braga|Arcebispo Primaz de Braga]]
|título = [[Imagem:Arcbishoppallium.png|60px|Brasão arquiepiscopal]]<br />[[Arquidiocese de Braga|Arcebispo Primaz de Braga]]
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| antes = [[Diogo de Sousa, bispo do Porto e arcebispo de Braga|Diogo de Sousa]]
|antes = [[Diogo de Sousa, bispo do Porto e arcebispo de Braga|Diogo de Sousa]]
| depois = Frei Diogo da Silva
|depois = Frei Diogo da Silva
}}
}}
{{Caixa de sucessão
{{Caixa de sucessão
| título = [[Imagem:Arcbishoppallium.png|60px|Brasão cardinalício]]<br />[[Arquidiocese de Évora|Arcebispo de Évora]]
|título = [[Imagem:Arcbishoppallium.png|60px|Brasão cardinalício]]<br />[[Arquidiocese de Évora|Arcebispo de Évora]]
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|anos = (1.ª vez): [[1540]] – [[1564]]
| antes = [[Afonso de Portugal (1509)|Cardeal Infante D. Afonso]]<br />(''último bispo de Évora'')
|antes = [[Afonso de Portugal (1509)|Cardeal Infante D. Afonso]]<br />(''último bispo de Évora'')
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}}
{{Caixa de sucessão
{{Caixa de sucessão
| título = [[Imagem:CardinalCoA PioM.svg|60px|Cardeal]]<br />[[Cardeal-presbítero]] dos [[Santos Quatro Mártires Coroados (título cardinalício)|Santos Quatro Coroados]]
|título = [[Imagem:CardinalCoA PioM.svg|60px|Cardeal]]<br />[[Cardeal-presbítero]] dos [[Santos Quatro Mártires Coroados (título cardinalício)|Santos Quatro Coroados]]
| anos = [[1547]] – [[1580]]
|anos = [[1547]] – [[1580]]
| antes = [[Roberto Pucci]]
|antes = [[Roberto Pucci]]
| depois = [[Papa Inocêncio IX|Giovanni Antonio Facchinetti de Nuce]]
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}}
}}
{{Caixa de sucessão
{{Caixa de sucessão
| título = [[Imagem:Arcbishoppallium.png|60px|Brasão cardinalício]]<br />[[Patriarcado de Lisboa|Arcebispo de Lisboa]]
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Edição das 18h05min de 12 de abril de 2016

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Henrique I de Portugal (Lisboa, 31 de janeiro de 1512Almeirim, 31 de janeiro de 1580) foi o décimo-sétimo Rei de Portugal, tendo governado entre 1578 e a sua morte, 1580.

Ocasionalmente é chamado de Dom Henrique II por alguns autores, em virtude de ser o segundo chefe de Estado de Portugal chamado Henrique, tendo-se em linha de conta o conde D. Henrique, por aqueles chamado de D. Henrique I. É conhecido pelos cognomes de O Casto (devido à sua função eclesiástica, que o impediu de ter descendência legítima), O Cardeal-Rei (igualmente por ser eclesiástico) ou O Eborense / O de Évora (por ter sido também arcebispo daquela cidade e aí ter passado muito tempo, e inclusivamente fundado a primeira Universidade de Évora, entregue à guarda dos Jesuítas), transformando Évora num pólo cultural importante, acolhendo alguns vultos da cultura de então: Nicolaus Clenardus, André de Resende, Pedro Nunes, António Barbosa, entre outros.

Biografia

Predefinição:Info/Prelado da Igreja Católica

Nascimento e infância

D. Henrique nasceu a 31 de Janeiro de 1512, quinto filho varão de D. Manuel I (com quem se parecia nas feições[1]) e sua segunda mulher D. Maria de Aragão e Castela.[2] Era, portanto, irmão mais novo daquele que viria a ser o rei D. João III.[3]

No dia em que nasceu, apesar de tal não acontecer habitualmente, caiu em Lisboa muita neve, facto que serviu aos "investigadores dos futuros" para traçarem horóscopos preconizando um temperamento virtuoso e candura de espírito.[4] Foi baptizado pelo Bispo de Coimbra, D. Jorge de Almeida.[1]

Estudou, com esmero, Latim, Grego, Hebraico, Matemática, Filosofia e Teologia, e cavalgava bem.[1]

Vida religiosa

Como se compreende, enquanto Infante de Portugal, não era esperado de D. Henrique que subisse ao trono.

Aos catorze anos, Henrique recebeu o sacramento da ordenação, para promover os interesses portugueses na Igreja Católica, na altura dominada pela Espanha. Ocupando primeiramente a dignidade de Dom Prior do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra,[1] subiu cedo na hierarquia da Igreja, tendo sido rapidamente Arcebispo de Braga, primeiro Arcebispo de Évora, Arcebispo de Lisboa e ainda Inquisidor-mor antes de receber o título de Cardeal (sendo portanto um cardeal-infante),[5] com o título dos Santos Quatro Coroados (1546).

Não pelas suas mãos, mas com sua autorização dada ao frei Luís de Granada (dominicano) que editou em português uma obra sua, intitulada "Meditações e homilias sobre alguns mysterios da vida de nosso Redemptor, e sobre alguns logares do Santo Evangelho, que fez o Serenissimo e Reverendissimo Cardeal Infante D. Henrique por sua particular devoção" em Lisboa,[6] editada por Antonio Ribeyro, em 1574. Esta obra, em português, visava substituir a palavra oral pela escrita, num esforço de chegar às recuadas aldeias onde dificilmente chegava, pela escassez de religiosos conhecedores do latim. Foram publicadas em latim pelos jesuítas em 1576 e depois em 1581.

Participou do conclave de 1549–1550, que elegeu ao Papa Júlio III e dos conclaves de abril e maio de 1555, nestes chegou a ser apontado como um dos favoritos a suceder no trono de São Pedro.

Em redor da fonte, alegoria da Eucaristia,ajoelhado em primeiro plano D. Manuel, e à sua esquerda, os seus seis filhos nascidos do casamento com D. Maria de Aragão
Fons Vitae, na Igreja da Misericórdia do Porto

O seu irmão João III de Portugal pediu ao cunhado, o imperador Carlos V que favorecesse a ascensão do seu irmão ao sólio pontifício, através da compra dos votos do Colégio dos Cardeais. Porém, não participou dos conclaves de 1559, 1565-1566 e de 1572.

Henrique, mais do que ninguém, empenhou-se em trazer para Portugal a Ordem dos Jesuítas, tendo utilizado os seus serviços no Império Colonial.[7]

Regente e rei

Quando João III de Portugal morreu, muitos discordavam da atribuição do poder da regência a Catarina de Áustria, irmã de Carlos I de Espanha. Henrique sucedeu assim à sua cunhada em 1562, servindo como regente para Sebastião I,[8] seu sobrinho de segundo grau, até este assumir o trono (1568).

Após a desastrosa Batalha de Alcácer-Quibir em 1578, depois de receber a confirmação da morte do rei,[9] no Mosteiro de Alcobaça, acabou por suceder ao sobrinho-neto. Henrique renunciou então ao seu posto clerical e procurou imediatamente uma noiva por forma a poder dar continuidade à dinastia de Avis, mas o papa Gregório XIII, que era um familiar dos Habsburgos que eram pretendentes ao trono de Portugal, não o libertou dos seus votos.

Foi aclamado rei na igreja do Hospital Real de Todos os Santos, no Rossio, sem grandes festejos.[10] Caber-lhe-ia resolver o resgate dos muitos cativos em Marrocos. O reino, então jubilante pela juventude com que D. Sebastião liderava, perdia o ânimo com a notícia e exigia vingança ao rei que, entretanto, adoecia.

Morte e crise de 1580

Ver artigo principal: Crise de sucessão de 1580

“Que o cardeal-rei dom Henrique
Fique no Inferno muitos anos
Por ter deixado em testamento
Portugal, aos castelhanos

— Quadra popular

Mesmo com o sério problema da sucessão em mãos, D. Henrique nunca aceitou a hipótese de nomear o Prior do Crato, outro seu sobrinho, herdeiro no trono, pois não reconhecia a legitimidade de D. António. Por consequência, após a sua morte, de facto D. António subiu ao trono mas não conseguiu mantê-lo, perdendo-o para seu primo Filipe II de Espanha, na batalha com o duque de Alba.

Painel de azulejos representando o cardeal D. Henrique em Évora

O rei-cardeal morreu durante as Cortes de Almeirim de 1580, deixando uma Junta de cinco governadores na regência: o arcebispo de Lisboa Jorge de Almeida, João Telo, Francisco de Sá Meneses, Diogo Lopes de Sousa e João de Mascarenhas.[11][12]

Em novembro de 1580, Filipe II de Espanha enviou o Duque de Alba para reivindicar o Reino de Portugal pela força. Lisboa caiu rapidamente e o rei espanhol foi aclamado rei de Portugal como Filipe I,[13] com a condição de que o reino e seus territórios ultramarinos não se tornassem províncias espanholas.

Foi sepultado inicialmente em Almeirim, mas em 1582 o seu sobrinho Filipe II de Espanha transladou o seu corpo para o transepto da igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. Encontra-se junto ao túmulo construído para Dom Sebastião, cuja sepultura foi também aí colocada por ordem de Filipe II.

Títulos, estilos, e honrarias

Predefinição:Info/Estilos reais

Títulos e estilos

O estilo oficial de D. Henrique enquanto Rei de Portugal:
Pela Graça de Deus, Henrique I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.

Honrarias

Enquanto monarca de Portugal, D. Henrique foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:

Ver também

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis (1840). Chronica do Cardeal Rei D. Henrique, e Vida de Miguel de Moura 1.ª ed. Lisboa: Typographia da Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Úteis 
  2. Levi Mortera 1988, pp. 1190
  3. Lobo & de Moura 1840, pp. 2
  4. Castro, Damião António de Lemos Faria e (1788). Historia Geral de Portugal, e suas Conquistas. X 1.ª ed. Lisboa: Typografia Rollandiana. p. 239 
  5. O panorama: jornal litterario e instructivo de Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, Volumes 9–10. Sociedade Propagadora dos Conhecimentos Uteis, Lisboa. pp. 315. Na Typ. da Sociedade, 1852
  6. Grande enciclopédia portuguesa e brasileira. Editorial Enciclopédia, 195?. pp. 64.
  7. Padrão: revista portuguesa do Brasil, Edições 35–37. 1954. pp. 22
  8. Montalvão Machado 1971, pp. 16
  9. Diogo 1964, pp. 75
  10. Alves Dias & de Oliveira Marques 1998, pp. 753
  11. Simões Rodrigues & Grilo Capelo 1996, pp. 106
  12. Pereira 1942, pp. 27
  13. Lima Alves 2001
Realeza Portuguesa
Casa de Avis
Descendência
Ordem Avis.svg

Bibliografia

Predefinição:Refbegin

  • Alves Dias, João José; de Oliveira Marques, António Henrique R.. Portugal do Renascimento à crise dinástica. João José Alves Dias (editor). Editorial Presença, 1998. 910 p. ISBN 9722322958
  • Diogo, Alfredo. Angola: unidade e multiplicadade. Instituto de Angola, 1964. 89 p.
  • Levi Mortera, Saul. Tratado da verdade da lei de Moisés: escrito pelo seu próprio punho em Português. Herman Prins Salomon (editor). UC Biblioteca Geral 1, 1988.
  • Lima Alves, José Édil de. História Da Literatura Portuguesa. Editora da ULBRA, 2001. ISBN 8575280074
  • Lobo, Alvaro; de Moura, Miguel. Chronica do cardeal rei d. Henrique: e Vida de Miguel de Moura. Typographia da Sociedade propagadora dos conhecimentos uteis, 1840. 185 p.
  • Montalvão Machado, José Timoteo. O rei Dom Sebastião, na Igreja dos Jerónimos. Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1971. 110 p.
  • Pereira, Angelo. As regências da monarquia portuguesa. Oficinas gráficas da casa portuguesa, 1942. 78 p.
  • Simões Rodrigues, António; Grilo Capelo, Rui. História de Portugal em datas. António Simões Rodrigues (editor), 3ª edi. Temas e Debates, 1996. 478 p.

Predefinição:Refend

= Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Henrique I de Portugal

=


  1. RedirecionamentoPredefinição:fim
Precedido por
Catarina de Áustria
PortugueseFlag1521.png
Regente de Portugal

15621568
Sucedido por
Filipe I
Precedido por
Sebastião I
Flag Portugal (1578).svg
Rei de Portugal e dos Algarves
daquém e dalém-mar em África

15781580
Sucedido por
Filipe I
Precedido por
Diogo de Sousa
Brasão arquiepiscopal
Arcebispo Primaz de Braga

15331540
Sucedido por
Frei Diogo da Silva
Precedido por
Cardeal Infante D. Afonso
(último bispo de Évora)
Brasão cardinalício
Arcebispo de Évora

(1.ª vez): 15401564
Sucedido por
João de Melo
Precedido por
Roberto Pucci
Cardeal
Cardeal-presbítero dos Santos Quatro Coroados

15471580
Sucedido por
Giovanni Antonio Facchinetti de Nuce
Precedido por
Fernando de Menezes
Coutinho e Vasconcelos
Brasão cardinalício
Arcebispo de Lisboa

15641570
Sucedido por
Jorge de Almeida
Precedido por
João de Melo
Brasão cardinalício
Arcebispo de Évora

(2.ª vez): 15741578
Sucedido por
Teotónio de Bragança

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