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Luís I de Portugal: mudanças entre as edições

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'''Luís I''' ([[Lisboa]], {{dtlink|31|10|1838}} – [[Cascais]], {{dtlink|19|10|1889}}), apelidado de "o Popular", foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarves]] de 1861 até sua morte. Era o segundo filho da rainha [[Maria II de Portugal|Maria II]] e seu marido o rei [[Fernando II de Portugal|Fernando II]], tendo ascendido ao trono após a morte prematura de seu irmão mais velho o rei [[Pedro V de Portugal|Pedro V]].
 
'''Luís I''' ([[Lisboa]], {{dtlink|31|10|1838}} – [[Cascais]], {{dtlink|19|10|1889}}),<ref>{{citar web |url=https://www.infopedia.pt/$d.-luis-(1838-1889) |titulo=D. Luís (1838-1889) |publicado=Infopédia |lingua=pt |arquivourl= |arquivodata= |acessodata=24 de setembro de 2018 }}</ref> apelidado "''o Popular''", foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarves]] de 1861 até à sua morte. Era o segundo filho da rainha [[Maria II de Portugal]], e seu marido, o rei [[Fernando II de Portugal|Fernando II]], tendo ascendido ao trono após a morte prematura do seu irmão mais velho, [[Pedro V de Portugal|Pedro V]].


==Biografia==
==Biografia==
===Infante===
===Infante===
O Infante D. Luís nasceu a [[31 de outubro]] de [[1838]], segundo filho da rainha D. [[Maria II de Portugal|Maria II]] e do seu consorte, D. [[Fernando II de Portugal|Fernando II]]. Embora a sua condição de filho segundo não desse a prever que D. Luís ascenderia ao trono português, a sua educação foi esmerada e compartilhada em grande parte com o seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. [[Pedro V de Portugal|Pedro]]: esteve a cargo do conselheiro Carl Andreas Dietz, que havia sido preceptor de D. Fernando, seu pai, até Abril de 1847, quando Dietz foi obrigado a deixar Portugal sob acusações de intromissão na política nacional associadas à sua filiação religiosa [[Protestantismo|protestante]], tendo sido este substituído pelo [[Luís António de Abreu e Lima|Visconde da Carreira]], auxiliado por Manuel Moreira Coelho.<ref name="Ventura2009">{{Citar livro |sobrenome=Ventura |nome=António |título=D. Luís, o Popular |subtítulo=Dinastia de Bragança 1861-1889 |edição=1.ª |local=Matosinhos |editora=Quidnovi |ano=2009 |página=6-12 |isbn=978-989-554-607-7}}</ref>
O Infante D. Luís nasceu a 31 de outubro de 1838, segundo filho da rainha D. [[Maria II de Portugal|Maria II]] e do seu consorte, D. [[Fernando II de Portugal|Fernando II]]. Embora a sua condição de filho segundo não desse a prever que D. Luís ascenderia ao trono português, a sua educação foi esmerada e compartilhada em grande parte com o seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. [[Pedro V de Portugal|Pedro]]: esteve a cargo do conselheiro Carl Andreas Dietz, que havia sido preceptor de D. Fernando, seu pai, até Abril de 1847, quando Dietz foi obrigado a deixar Portugal sob acusações de intromissão na política nacional associadas à sua filiação religiosa [[Protestantismo|protestante]], tendo sido este substituído pelo [[Luís António de Abreu e Lima|Visconde da Carreira]], auxiliado por Manuel Moreira Coelho.<ref name="Ventura2009">{{Citar livro |sobrenome=Ventura |nome=António |título=D. Luís, o Popular |subtítulo=Dinastia de Bragança 1861-1889 |edição=1.ª |local=Matosinhos |editora=Quidnovi |ano=2009 |página=6-12 |isbn=978-989-554-607-7}}</ref>


[[File:Louis I, King of Portugal, when Duke of Orporto - Winterhalter 1854.jpg|thumb|left|250px|D. Luís, enquanto [[Infante de Portugal]].]]
[[Ficheiro:Louis I, King of Portugal, when Duke of Orporto - Winterhalter 1854.jpg|thumb|left|253x253px|D. Luís, enquanto [[Infante de Portugal]], 1854.|alt=]]
D. Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de [[Convento de Mafra|Mafra]], [[Palácio de Sintra|Sintra]], e de [[Paço Ducal de Vila Viçosa|Vila Viçosa]], para além de estadias esporádicas no [[Palácio de Belém]].<ref name="Ventura2009"/>
D. Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de [[Convento de Mafra|Mafra]], [[Palácio de Sintra|Sintra]], e de [[Paço Ducal de Vila Viçosa|Vila Viçosa]], para além de estadias esporádicas no [[Palácio de Belém]].<ref name="Ventura2009"/>


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===Rei de Portugal===
===Rei de Portugal===
[[Ficheiro:Ratificação do Casamento do Rei D. Luis e D. Maria Pia.png|thumb|left|225px|Ratificação do casamento de D. Luís I e de [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia]], na [[Igreja de São Domingos (Santa Justa)|Igreja de São Domingos]].]]
[[Ficheiro:Carta patente do rei Luís I de Portugal de 1878.jpg|miniaturadaimagem|Carta patente de 1878 assinada por Luís I de Portugal.]]
Luís herdou a coroa em novembro de [[1861]], sucedendo ao seu irmão [[Pedro V de Portugal|Pedro V]] por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a [[22 de dezembro]] do mesmo ano. A [[27 de setembro]] do ano seguinte casou-se, por procuração, com D. [[Maria Pia de Sabóia]], filha do rei [[Vitor Emanuel II da Itália]]. Quando infante serviu na [[marinha]], visitando a África Portuguesa. Exerceu o seu primeiro comando naval em [[1858]].
[[Ficheiro:Ratificação do Casamento do Rei D. Luis e D. Maria Pia.png|thumb|left|225px|Ratificação do casamento de D. Luís I e de [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia]], na [[Igreja de São Domingos (Santa Justa)|Igreja de São Domingos]], 1862.]]
D. Luís herdou a coroa em novembro de 1861, sucedendo ao seu irmão D. [[Pedro V de Portugal|Pedro V]] por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a 22 de dezembro do mesmo ano. A 27 de setembro do ano seguinte casou-se, por procuração, com D. [[Maria Pia de Sabóia]], filha do rei [[Vitor Emanuel II da Itália]]. Quando infante serviu na [[marinha]], visitando a África Portuguesa. Exerceu o seu primeiro comando naval em 1858.


Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava [[violoncelo]] e [[piano]]. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de [[William Shakespeare]].
Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava [[violoncelo]] e [[piano]]. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de [[William Shakespeare]].


Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral de consumo, que a opinião pública recebeu mal, originou-se o motim a que se chamou a ''[[Janeirinha]]'' (em finais de [[1867]]). Também a [[19 de maio]] de [[1870]], se verificou uma revolta militar, promovida pelo marechal [[João Oliveira e Daun, Duque de Saldanha|Duque da Saldanha]] e que pretendia a demissão do governo. À revolta de 19 de maio, respondeu o monarca em [[29 de agosto]], com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder [[Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, Marquês de Sá da Bandeira|Sá da Bandeira]].
Em 1869 não quis ser monarca de Espanha e fez questão de o deixar bem claro tanto ao Conselho de Ministros, presidido pelo [[duque de Loulé]], como ao povo português. Dois dias depois da sua carta patriótica ter saído no Diário do Governo, foi a vez da publicação no Diário de Notícias, servindo assim à Casa Real para desmentir o boato de que iria haver abdicação: "Nasci português, português quero morrer", proclamou D. Luís, na primeira página do DN a 28 de setembro de 1869. D. Luís caso aceitasse a coroa espanhola teria de abdicar em Portugal para D. Carlos, o filho de apenas 6 anos, com D. Fernando II como regente, abrindo-se a médio prazo uma possibilidade de União Ibérica. Depois da recusa de D. Luís o trono espanhol foi entregue a [[Amadeu de Saboia]].<ref>{{citar web|URL=https://www.dn.pt/edicao-do-dia/28-set-2019/interior/o-dia-em-que-d-luis-recusou-ser-rei-de-espanha-e-disse-no-dn-portugues-quero-morrer--11346628.html|título=O dia em que D. Luís recusou ser rei de Espanha e disse no DN "português quero morrer" |autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref>


Em setembro de [[1871]], subiu ao poder [[Fontes Pereira de Melo]], que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até [[1877]]. Seguiu-se o [[Duque de Ávila]], que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois do conflito parlamentar que rebentou em [[1878]], Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete. Consequentemente, os progressistas ''atacaram'' o rei, acusando-o de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constitui um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em [[1879]], D. Luís chamava, então, os progressistas a formarem governo.
Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral de consumo, que a opinião pública recebeu mal, originou-se o motim a que se chamou a ''[[Janeirinha]]'' (em finais de 1867). Também a 19 de maio de 1870, se verificou uma revolta militar, promovida pelo marechal [[João Oliveira e Daun, Duque de Saldanha|Duque da Saldanha]] e que pretendia a demissão do governo. À revolta de 19 de maio, respondeu o monarca em 29 de agosto, com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder [[Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, Marquês de Sá da Bandeira|Sá da Bandeira]].


[[Ficheiro:D. Luis e D. Maria Pia - Fotografia com carimbo de Photo American, Thesouro Velho Lisboa.png|thumb|225px|right|D. Luís e [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia]].]]
Em setembro de 1871, subiu ao poder [[Fontes Pereira de Melo]], que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até 1877. Seguiu-se o [[Duque de Ávila]], que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois do conflito parlamentar que rebentou em 1878, Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete. Consequentemente, os progressistas ''atacaram'' o rei, acusando-o de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constitui um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em 1879, D. Luís chamava, então, os progressistas a formarem governo.
No seu tempo surgiu a [[Questão Coimbrã]] ([[1865]]-[[1866]]) e ocorreu a iniciativa das [[Conferências do Casino]] ([[1871]]), a que andavam ligados os nomes de [[Antero de Quental]] e [[Eça de Queiroz]], os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual portuguesa. De temperamento calmo e conciliador, foi um modelo de monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas. Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos de [[Lisboa]] e de [[Porto de Leixões|Leixões]], o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do [[Palácio de Cristal (Porto)|Palácio de Cristal]], no [[Porto]], a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no [[Reino de Portugal]], e a publicação do primeiro [[Código Civil]].


Em [[1884]], foi efectuada a [[Conferência de Berlim]], resultando daí o chamado [[Mapa Cor-de-Rosa]], que definia a partilha de [[África]] entre as grandes potências coloniais: [[Alemanha]], [[Bélgica]], [[França]], [[Inglaterra]] e [[Portugal]].  
[[Ficheiro:D. Luis e D. Maria Pia - Fotografia com carimbo de Photo American, Thesouro Velho Lisboa.png|thumb|342x342px|right|D. Luís e [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia]], 1862.]]
No seu tempo surgiu a [[Questão Coimbrã]] (1865-1866) e ocorreu a iniciativa das [[Conferências do Casino]] (1871), a que andavam ligados os nomes de [[Antero de Quental]] e [[Eça de Queiroz]], os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual portuguesa. De temperamento calmo e conciliador, foi um modelo de monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas. Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos de [[Lisboa]] e de [[Porto de Leixões|Leixões]], o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do [[Palácio de Cristal (Porto)|Palácio de Cristal]], no [[Porto]], a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no [[Reino de Portugal]], e a publicação do primeiro [[Código Civil]].


Fértil em acontecimentos, é no reinado de Luís I que são fundados alguns dos partidos políticos portugueses: o [[Partido Reformista (Monarquia)|Partido Reformista]] ([[1865]]), que ascendeu ao poder em [[1868]], o [[Partido Socialista Português]] ([[1875]]), com o nome de Partido Operário Socialista, e o [[Partido Progressista (Portugal)|Partido Progressista]] ([[1876]]), que chega ao poder em [[1879]]. Em [[1883]], dá-se a realização do Congresso de Comissão Organizadora do partido Republicano. No final do seu reinado, o [[Partido Republicano Português|Partido Republicano]] apresenta-se já como uma força política perfeitamente estruturada.  
Em 1884, foi efectuada a [[Conferência de Berlim]], resultando daí o chamado [[Mapa Cor-de-Rosa]], que definia a partilha de [[África]] entre as grandes potências coloniais: [[Alemanha]], [[Bélgica]], [[França]], [[Inglaterra]] e [[Portugal]].


Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela [[oceanografia]]. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos [[oceano]]s em busca de espécimes.
Fértil em acontecimentos, é no reinado de D. Luís I que são fundados alguns dos partidos políticos portugueses: o [[Partido Reformista (Monarquia)|Partido Reformista]] (1865), que ascendeu ao poder em 1868, o [[Partido Socialista Português]] (1875), com o nome de Partido Operário Socialista, e o [[Partido Progressista (Portugal)|Partido Progressista]] (1876), que chega ao poder em 1879. Em 1883, dá-se a realização do Congresso de Comissão Organizadora do partido Republicano. No final do seu reinado, o [[Partido Republicano Português|Partido Republicano]] apresenta-se já como uma força política perfeitamente estruturada.
D. Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela [[oceanografia]]. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos [[oceano]]s em busca de espécimes. Praticou, com sucesso, fotografia<ref>Revista E n.º (2421), 23 de Março de 2019. Carlos Relvas, pág. 89.</ref>.


Luís seguiu os passos de sua mãe - [[Maria II de Portugal|Maria II]], mandando construir e fundar associações culturais. Em [[1 de Junho]] de [[1871]], D. Luís esteve no [[Seixal]] (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da [[Sociedade Filarmónica União Seixalense]]. Neste mesmo dia terminava a [[Guerra Franco-Prussiana]].
Luís seguiu os passos de sua mãe - D. [[Maria II de Portugal|Maria II]], mandando construir e fundar associações culturais. Em 1 de Junho de 1871, D. Luís esteve no [[Seixal]] (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da [[Sociedade Filarmónica União Seixalense]]. Neste mesmo dia terminava a [[Guerra Franco-Prussiana]].


Morre subitamente no seu palácio de verão, na cidadela de [[Cascais]], a [[19 de outubro]] de [[1889]]. Sucede-lhe o seu filho Carlos, sob o nome de [[Carlos I de Portugal]].
Morreu, depois de um longo sofrimento, na cidadela de [[Cascais]], a 19 de outubro de 1889, a poucos dias de completar 51 anos. Sucedeu-lhe o seu filho D. Carlos, sob o nome de D. [[Carlos I de Portugal]]. Jaz no [[Panteão da Dinastia de Bragança|Panteão Real da Dinastia de Bragança]], no [[Mosteiro de São Vicente de Fora]], em [[Lisboa]].


Jaz no [[Panteão da Dinastia de Bragança|Panteão Real da Dinastia de Bragança]], no [[Mosteiro de São Vicente de Fora]], em [[Lisboa]].
No dizer dos biógrafos, D. Luís era ''"muito agradável e liberal. [...] A Sr.ª D. Maria Pia dizia que ele era um pouco doido, aludindo a certas aventuras de amor. [...] Além de tais aventuras, nada satisfazia mais o sr. D. Luís que o culto da arte. Escrevia muito, traduzia obras estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a música. Tinha uma grande colecção de violinos, e um bom mestre-escola [...]"''
 
No dizer dos biógrafos, D. Luís, era: ''"muito agradável e liberal. [...] A Sr.ª D. Maria Pia, dizia que ele era um pouco doido, aludindo acertas aventuras de amor. [...] Além de tais aventuras, nada satisfazia mais o sr. D. Luís que o culto da arte. Escrevia muito, traduzia obras estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a música. Tinha uma grande colecção de violinos, e um bom mestre-escola [...]"''


== Títulos, estilos, e honrarias ==
== Títulos, estilos, e honrarias ==
{{Info/Estilos reais
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* 11 de Novembro de 1861 – 19 de Outubro de 1889: "[[Sua Majestade Fidelíssima]], o Rei"
* 11 de Novembro de 1861 – 19 de Outubro de 1889: "[[Sua Majestade Fidelíssima]], o Rei"


O estilo oficial de Luís enquanto rei era: "Pela Graça de Deus, Luís I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
O estilo oficial de Luís enquanto rei era: "D. Luís, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."


=== Honrarias ===
=== Honrarias ===
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==Descendência==
==Descendência==
De sua mulher, [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia de Saboia]], princesa da [[Reino da Sardenha|Sardenha]] e do [[Piemonte]] e depois de [[Reino de Itália (1861–1946)|Itália]] (1847-1911)
De sua mulher, [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia de Saboia]], princesa da [[Reino da Sardenha|Sardenha]] e de [[Piemonte]] e depois de [[Reino de Itália (1861–1946)|Itália]] (1847-1911), teve:
* [[Carlos I de Portugal|D. Carlos I, Rei de Portugal]] (1863-1908)
* [[Carlos I de Portugal|D. Carlos I, Rei de Portugal]] (1863-1908);
* [[Afonso de Bragança, Duque do Porto|D. Afonso de Bragança, Duque do Porto]] (1865-1920)
* [[Afonso de Bragança, Duque do Porto|D. Afonso de Bragança, Duque do Porto]] (1865-1920);
* Aborto espontâneo (1866).


==Ascendência==
==Ancestrais==
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|1= 1. '''Luís I de Portugal'''
|1= '''Luís I de Portugal'''
|2= 2. [[Fernando II de Portugal]]
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|6= 6. [[Pedro I do Brasil|Pedro I do Brasil (IV de Portugal)]]
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|7= 7. [[Maria Leopoldina de Áustria]]
|7= [[Maria Leopoldina de Áustria|Maria Leopoldina da Áustria]]
|8= 8. [[Francisco, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld]]
|8= [[Francisco de Saxe-Coburgo-Saalfeld|Francisco, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld]]
|9= 9. [[Augusta Reuss-Ebersdorf]]
|9= [[Augusta Reuss-Ebersdorf|Augusta de Reuss-Ebersdorf]]
|10= 10. [[Ferenc József, Príncipe de Koháry]]
|10= [[Ferenc József, Príncipe de Koháry]]
|11= 11. [[Maria Antónia, Condessa de Waldstein]]
|11= Maria Antônia de Waldstein-Wartenburg
|12= 12. [[João VI de Portugal]]
|12= [[João VI de Portugal]]
|13= 13. [[Carlota Joaquina de Bourbon]]
|13= [[Carlota Joaquina de Bourbon|Carlota Joaquina da Espanha]]
|14= 14. [[Francisco I da Áustria|Francisco II, Imperador da Alemanha]]
|14= [[Francisco I da Áustria]]
|15= 15. [[Maria Teresa das Duas Sicílias]]
|15= [[Maria Teresa da Sicília|Maria Teresa das Duas Sicílias]]
|16= 16. [[Ernesto Frederico, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld]]  
|16= [[Ernesto Frederico de Saxe-Coburgo-Saalfeld|Ernesto Frederico, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld]]
|17= 17. [[Duquesa Sofia Antónia de Brunswick-Wolfenbüttel]]
|17= [[Sofia Antónia de Brunswick-Wolfenbüttel|Sofia Antônia de Brunsvique-Volfembutel]]
|18= 18. [[Henrique XXIV, Conde de Reuss-Ebersdorf]]
|18= [[Henrique XXIV de Reuss-Ebersdorf|Henrique XXIV, Conde de Reuss-Ebersdorf]]
|19= 19. [[Carolina Ernestina de Erbach-Schönberg]]
|19= [[Carolina de Erbach-Schönberg]]
|20= 20. [[Ignaz II József Csabragi, Conde de Koháry]]
|20= Ignác József, Conde de Koháry
|21= 21. [[Maria Gabriela, Condessa de Cavriani]]
|21= Maria Gabriela Cavriani
|22= 22. [[Jorge Cristiano, Conde de Waldstein]]
|22= Jorge Cristiano de Waldstein-Wartenberg
|23= 23. [[Maria Isabel, Condessa de Ulfeldt]]
|23= Isabel Ulfeldt
|24= 24. [[Pedro III de Portugal]]  
|24= [[Pedro III de Portugal]]
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== Ver também ==
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* [[Árvore genealógica dos reis de Portugal]]
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*[[Augusto Carlos Teixeira de Aragão|Aragão, Augusto Carlos Teixeira de]].[http://books.google.pt/books?id=vb8WAAAAYAAJ&pg=PA233&dq=DESCRI%C3%87%C3%83O+HIST%C3%93RICA+DAS+MOEDAS+ROMANAS+existentes+no+gabinete+numism%C3%A1tico+de+sua+magestade+El-Rei+o+Senhor+D.+Luiz+I&hl=pt-PT&sa=X&ei=wuB4T_GUCM-E8gP5xKm9DQ&ved=0CDcQ6AEwAA#v=onepage&q=DESCRI%C3%87%C3%83O%20HIST%C3%93RICA%20DAS%20MOEDAS%20ROMANAS%20existentes%20no%20gabinete%20numism%C3%A1tico%20de%20sua%20magestade%20El-Rei%20o%20Senhor%20D.%20Luiz%20I&f=false Descripção Histórica das Moedas Romanas existentes no Gabinete Numismático de sua Magestade EL-Rei O Senhor Dom Luiz I]. Typographya Universal, 1870. 640p.
*[[Augusto Carlos Teixeira de Aragão|Aragão, Augusto Carlos Teixeira de]].[http://books.google.pt/books?id=vb8WAAAAYAAJ&pg=PA233&dq=DESCRI%C3%87%C3%83O+HIST%C3%93RICA+DAS+MOEDAS+ROMANAS+existentes+no+gabinete+numism%C3%A1tico+de+sua+magestade+El-Rei+o+Senhor+D.+Luiz+I&hl=pt-PT&sa=X&ei=wuB4T_GUCM-E8gP5xKm9DQ&ved=0CDcQ6AEwAA#v=onepage&q=DESCRI%C3%87%C3%83O%20HIST%C3%93RICA%20DAS%20MOEDAS%20ROMANAS%20existentes%20no%20gabinete%20numism%C3%A1tico%20de%20sua%20magestade%20El-Rei%20o%20Senhor%20D.%20Luiz%20I&f=false Descripção Histórica das Moedas Romanas existentes no Gabinete Numismático de sua Magestade EL-Rei O Senhor Dom Luiz I]. Typographya Universal, 1870. 640p.
* Sousa, Manuel, ''Reis e Rainhas de Portugal'', editora SporPress, 1.ª edição, [[Mem Martins]], [[2000]], páginas 149-151, ISBN 972-97256-9-1
* Sousa, Manuel, ''Reis e Rainhas de Portugal'', editora SporPress, 1.ª edição, [[Mem Martins]], [[2000]], páginas 149-151, ISBN 972-97256-9-1
== Ligações externas ==
* [https://ensina.rtp.pt/artigo/d-luis-o-popular/ D. Luís, "o Popular", D. Luis, Rei marinheiro (Extrato de programa), por José Hermano Saraiva, Videofono para a RTP, 2003]




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! colspan="3" style="background: #FBEC5D;" | D. Luís I de Portugal<br/>[[Casa de Bragança]]<br/>31 de outubro de 1838 – 19 de outubro de 1889
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Luís I (Lisboa, 31 de outubro de 1838Cascais, 19 de outubro de 1889),[1] apelidado "o Popular", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1861 até à sua morte. Era o segundo filho da rainha Maria II de Portugal, e seu marido, o rei Fernando II, tendo ascendido ao trono após a morte prematura do seu irmão mais velho, Pedro V.

Biografia

Infante

O Infante D. Luís nasceu a 31 de outubro de 1838, segundo filho da rainha D. Maria II e do seu consorte, D. Fernando II. Embora a sua condição de filho segundo não desse a prever que D. Luís ascenderia ao trono português, a sua educação foi esmerada e compartilhada em grande parte com o seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. Pedro: esteve a cargo do conselheiro Carl Andreas Dietz, que havia sido preceptor de D. Fernando, seu pai, até Abril de 1847, quando Dietz foi obrigado a deixar Portugal sob acusações de intromissão na política nacional associadas à sua filiação religiosa protestante, tendo sido este substituído pelo Visconde da Carreira, auxiliado por Manuel Moreira Coelho.[2]

D. Luís, enquanto Infante de Portugal, 1854.

D. Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de Mafra, Sintra, e de Vila Viçosa, para além de estadias esporádicas no Palácio de Belém.[2]

Na qualidade de filho secundogénito do casal real, D. Luís enveredou pela carreira naval, tendo sido nomeado praça da Companhia dos Guardas Marinhas e reconhecido em cerimónia no Arsenal da Marinha em 28 de outubro de 1846, contando apenas com 8 anos de idade. Viria a ser sucessivamente promovido a segundo-tenente (1851), capitão-tenente (1854), capitão-de-fragata (1858) e capitão-de-mar-e-guerra (1859). Teve o primeiro comando naval em Setembro de 1857, no brigue Pedro Nunes, no qual efectuou um cruzeiro na costa de Portugal e uma viagem a Gibraltar. Foi nomeado, pelo irmão D. Pedro V, comandante da corveta Bartolomeu Dias, em 21 de Junho de 1858. Ao comando da Bartolomeu Dias, veio a cumprir nove missões de serviço entre os anos de 1858 e 1860: liderou a expedição aos arquipélagos da Madeira e dos Açores; foi responsável pelo transporte do Príncipe Jorge da Saxónia para Lisboa, onde este se casou com a Infanta D. Maria Ana, sua irmã; conduziu o casal a Inglaterra; deslocou-se a Tânger; e, em 1860, a Angola; foi de novo à Madeira às ordens da imperatriz Isabel da Áustria; e trouxe o príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen de Southampton, para o seu casamento com a Infanta D. Antónia, tendo depois conduzido os noivos a Anvers.[2]

Rei de Portugal

Carta patente de 1878 assinada por Luís I de Portugal.
Ratificação do casamento de D. Luís I e de D. Maria Pia, na Igreja de São Domingos, 1862.

D. Luís herdou a coroa em novembro de 1861, sucedendo ao seu irmão D. Pedro V por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a 22 de dezembro do mesmo ano. A 27 de setembro do ano seguinte casou-se, por procuração, com D. Maria Pia de Sabóia, filha do rei Vitor Emanuel II da Itália. Quando infante serviu na marinha, visitando a África Portuguesa. Exerceu o seu primeiro comando naval em 1858.

Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de William Shakespeare.

Em 1869 não quis ser monarca de Espanha e fez questão de o deixar bem claro tanto ao Conselho de Ministros, presidido pelo duque de Loulé, como ao povo português. Dois dias depois da sua carta patriótica ter saído no Diário do Governo, foi a vez da publicação no Diário de Notícias, servindo assim à Casa Real para desmentir o boato de que iria haver abdicação: "Nasci português, português quero morrer", proclamou D. Luís, na primeira página do DN a 28 de setembro de 1869. D. Luís caso aceitasse a coroa espanhola teria de abdicar em Portugal para D. Carlos, o filho de apenas 6 anos, com D. Fernando II como regente, abrindo-se a médio prazo uma possibilidade de União Ibérica. Depois da recusa de D. Luís o trono espanhol foi entregue a Amadeu de Saboia.[3]

Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral de consumo, que a opinião pública recebeu mal, originou-se o motim a que se chamou a Janeirinha (em finais de 1867). Também a 19 de maio de 1870, se verificou uma revolta militar, promovida pelo marechal Duque da Saldanha e que pretendia a demissão do governo. À revolta de 19 de maio, respondeu o monarca em 29 de agosto, com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder Sá da Bandeira.

Em setembro de 1871, subiu ao poder Fontes Pereira de Melo, que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até 1877. Seguiu-se o Duque de Ávila, que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois do conflito parlamentar que rebentou em 1878, Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete. Consequentemente, os progressistas atacaram o rei, acusando-o de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constitui um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em 1879, D. Luís chamava, então, os progressistas a formarem governo.

D. Luís e D. Maria Pia, 1862.

No seu tempo surgiu a Questão Coimbrã (1865-1866) e ocorreu a iniciativa das Conferências do Casino (1871), a que andavam ligados os nomes de Antero de Quental e Eça de Queiroz, os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual portuguesa. De temperamento calmo e conciliador, foi um modelo de monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas. Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos de Lisboa e de Leixões, o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do Palácio de Cristal, no Porto, a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no Reino de Portugal, e a publicação do primeiro Código Civil.

Em 1884, foi efectuada a Conferência de Berlim, resultando daí o chamado Mapa Cor-de-Rosa, que definia a partilha de África entre as grandes potências coloniais: Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra e Portugal.

Fértil em acontecimentos, é no reinado de D. Luís I que são fundados alguns dos partidos políticos portugueses: o Partido Reformista (1865), que ascendeu ao poder em 1868, o Partido Socialista Português (1875), com o nome de Partido Operário Socialista, e o Partido Progressista (1876), que chega ao poder em 1879. Em 1883, dá-se a realização do Congresso de Comissão Organizadora do partido Republicano. No final do seu reinado, o Partido Republicano apresenta-se já como uma força política perfeitamente estruturada. D. Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela oceanografia. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos oceanos em busca de espécimes. Praticou, com sucesso, fotografia[4].

Luís seguiu os passos de sua mãe - D. Maria II, mandando construir e fundar associações culturais. Em 1 de Junho de 1871, D. Luís esteve no Seixal (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da Sociedade Filarmónica União Seixalense. Neste mesmo dia terminava a Guerra Franco-Prussiana.

Morreu, depois de um longo sofrimento, na cidadela de Cascais, a 19 de outubro de 1889, a poucos dias de completar 51 anos. Sucedeu-lhe o seu filho D. Carlos, sob o nome de D. Carlos I de Portugal. Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

No dizer dos biógrafos, D. Luís era "muito agradável e liberal. [...] A Sr.ª D. Maria Pia dizia que ele era um pouco doido, aludindo a certas aventuras de amor. [...] Além de tais aventuras, nada satisfazia mais o sr. D. Luís que o culto da arte. Escrevia muito, traduzia obras estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a música. Tinha uma grande colecção de violinos, e um bom mestre-escola [...]"

Títulos, estilos, e honrarias

Predefinição:Info/Estilos reais

Títulos e estilos

  • 31 de Outubro de 1838 – 11 de Novembro de 1861: "Sua Alteza, o infante D. Luís, Duque do Porto"
  • 11 de Novembro de 1861 – 19 de Outubro de 1889: "Sua Majestade Fidelíssima, o Rei"

O estilo oficial de Luís enquanto rei era: "D. Luís, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."

Honrarias

Enquanto monarca de Portugal, D. Luís foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:

Descendência

De sua mulher, D. Maria Pia de Saboia, princesa da Sardenha e de Piemonte e depois de Itália (1847-1911), teve:

Ancestrais

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Ernesto Frederico, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld
 
 
 
 
 
 
 
Francisco, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sofia Antônia de Brunsvique-Volfembutel
 
 
 
 
 
 
 
Fernando de Saxe-Coburgo-Gota
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Henrique XXIV, Conde de Reuss-Ebersdorf
 
 
 
 
 
 
 
Augusta de Reuss-Ebersdorf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carolina de Erbach-Schönberg
 
 
 
 
 
 
 
Fernando II de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ignác József, Conde de Koháry
 
 
 
 
 
 
 
Ferenc József, Príncipe de Koháry
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Gabriela Cavriani
 
 
 
 
 
 
 
Maria Antônia de Koháry
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jorge Cristiano de Waldstein-Wartenberg
 
 
 
 
 
 
 
Maria Antônia de Waldstein-Wartenburg
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isabel Ulfeldt
 
 
 
 
 
 
 
Luís I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro III de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
João VI de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria I de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
Pedro I do Brasil & IV de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos IV da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
Carlota Joaquina da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Luísa de Parma
 
 
 
 
 
 
 
Maria II de Portugal
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico
 
 
 
 
 
 
 
Francisco I da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Luísa da Espanha
 
 
 
 
 
 
 
Maria Leopoldina da Áustria
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando I das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
Maria Teresa das Duas Sicílias
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Maria Carolina da Áustria
 
 
 
 
 
 

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Ver também

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Luís I de Portugal

Referências

  1. «D. Luís (1838-1889)» (em português). Infopédia. Consultado em 24 de setembro de 2018 
  2. 2,0 2,1 2,2 Ventura, António (2009). D. Luís, o Popular. Dinastia de Bragança 1861-1889 1.ª ed. Matosinhos: Quidnovi. p. 6-12. ISBN 978-989-554-607-7 
  3. «O dia em que D. Luís recusou ser rei de Espanha e disse no DN "português quero morrer"» 
  4. Revista E n.º (2421), 23 de Março de 2019. Carlos Relvas, pág. 89.

Bibliografia

Ligações externas


D. Luís I de Portugal
Casa de Bragança
31 de outubro de 1838 – 19 de outubro de 1889
Precedido por
D. Pedro V
Coat of Arms of the Kingdom of Portugal 1640-1910 (3).svg
Rei de Portugal e Algarves
11 de novembro de 1861 – 19 de outubro de 1889
Sucedido por
D. Carlos I
Precedido por
D. Maria II
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Duque do Porto
31 de outubro de 1838 – 11 de novembro de 1861
Sucedido por
D. Afonso


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