imported>Wrg6jcstbwtcu Sem resumo de edição |
|||
(75 revisões intermediárias por 51 usuários não estão sendo mostradas) | |||
Linha 1: | Linha 1: | ||
{{ | {{mais-notas|data=janeiro de 2012}} | ||
{{Info/ | {{Info/Nobre | ||
|nome | | nome = Luís I | ||
| | | imagem = Luís I of Portugal (cropped).jpg | ||
| imgw = 255px | |||
| legenda = | |||
|reinado = {{dtlink|11|11|1861}} | | sucessão = [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e dos Algarves]] | ||
|coroação= | | reinado = {{dtlink|11|11|1861}}<br/>a {{dtlink|19|10|1889}} | ||
| | | coroação = {{dtlink|22|12|1861}} | ||
| | | tipo-cor = Aclamação | ||
| predecessor = [[Pedro V de Portugal|Pedro V]] | |||
|sucessor | | sucessor = [[Carlos I de Portugal|Carlos I]] | ||
| | | sucessão1 = | ||
| | | reinado1 = | ||
| | | predecessor1 = | ||
| | | sucessor1 = | ||
| | | cônjuge = [[Maria Pia de Saboia]] | ||
| tipo-cônjuge = Esposa | |||
|pai | | descendência = [[Carlos I de Portugal]]<br/>[[Afonso de Bragança, Duque do Porto|Afonso, Duque do Porto]] | ||
|mãe | | nome completo = Luís Filipe Maria Fernando Pedro de Alcântara António Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis João Augusto Júlio Valfando | ||
|nascimento = {{dni|31|10|1838|si}} | | casa = [[Casa de Bragança|Bragança]] | ||
| | | pai = [[Fernando II de Portugal]] | ||
|morte | | mãe = [[Maria II de Portugal]] | ||
| | | data de nascimento = {{dni|31|10|1838|si}} | ||
| | | local de nascimento = [[Palácio das Necessidades]], [[Lisboa]], [[Reino de Portugal|Portugal]] | ||
| | | data da morte = {{nowrap|{{morte|19|10|1889|31|10|1838}}}} | ||
| local da morte = [[Cidadela de Cascais]], [[Cascais]], [[Reino de Portugal|Portugal]] | |||
| local de enterro = [[Panteão da Dinastia de Bragança]], [[Igreja de São Vicente de Fora]], [[Lisboa]], [[Portugal]] | |||
| religião = [[Igreja Católica|Catolicismo]] | |||
| brasão = Coat of Arms of the Kingdom of Portugal 1640-1910 (3).svg | |||
}} | }} | ||
'''Luís I | |||
'''Luís I''' ([[Lisboa]], {{dtlink|31|10|1838}} – [[Cascais]], {{dtlink|19|10|1889}}),<ref>{{citar web |url=https://www.infopedia.pt/$d.-luis-(1838-1889) |titulo=D. Luís (1838-1889) |publicado=Infopédia |lingua=pt |arquivourl= |arquivodata= |acessodata=24 de setembro de 2018 }}</ref> apelidado "''o Popular''", foi o [[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarves]] de 1861 até à sua morte. Era o segundo filho da rainha [[Maria II de Portugal]], e seu marido, o rei [[Fernando II de Portugal|Fernando II]], tendo ascendido ao trono após a morte prematura do seu irmão mais velho, [[Pedro V de Portugal|Pedro V]]. | |||
==Biografia== | ==Biografia== | ||
===Infante=== | ===Infante=== | ||
O Infante D. Luís nasceu a | O Infante D. Luís nasceu a 31 de outubro de 1838, segundo filho da rainha D. [[Maria II de Portugal|Maria II]] e do seu consorte, D. [[Fernando II de Portugal|Fernando II]]. Embora a sua condição de filho segundo não desse a prever que D. Luís ascenderia ao trono português, a sua educação foi esmerada e compartilhada em grande parte com o seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. [[Pedro V de Portugal|Pedro]]: esteve a cargo do conselheiro Carl Andreas Dietz, que havia sido preceptor de D. Fernando, seu pai, até Abril de 1847, quando Dietz foi obrigado a deixar Portugal sob acusações de intromissão na política nacional associadas à sua filiação religiosa [[Protestantismo|protestante]], tendo sido este substituído pelo [[Luís António de Abreu e Lima|Visconde da Carreira]], auxiliado por Manuel Moreira Coelho.<ref name="Ventura2009">{{Citar livro |sobrenome=Ventura |nome=António |título=D. Luís, o Popular |subtítulo=Dinastia de Bragança 1861-1889 |edição=1.ª |local=Matosinhos |editora=Quidnovi |ano=2009 |página=6-12 |isbn=978-989-554-607-7}}</ref> | ||
[[ | [[Ficheiro:Louis I, King of Portugal, when Duke of Orporto - Winterhalter 1854.jpg|thumb|left|253x253px|D. Luís, enquanto [[Infante de Portugal]], 1854.|alt=]] | ||
D. Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de [[Convento de Mafra|Mafra]], [[Palácio de Sintra|Sintra]], e de [[Paço Ducal de Vila Viçosa|Vila Viçosa]], para além de estadias esporádicas no [[Palácio de Belém]].<ref name="Ventura2009"/> | D. Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de [[Convento de Mafra|Mafra]], [[Palácio de Sintra|Sintra]], e de [[Paço Ducal de Vila Viçosa|Vila Viçosa]], para além de estadias esporádicas no [[Palácio de Belém]].<ref name="Ventura2009"/> | ||
Na qualidade de filho secundogénito do casal real, D. Luís enveredou pela carreira naval, tendo sido nomeado praça da Companhia dos Guardas Marinhas e reconhecido em cerimónia no [[Arsenal da Marinha (Lisboa)|Arsenal da Marinha]] em 28 de outubro de 1846, contando apenas com 8 anos de idade. Viria a ser sucessivamente promovido a segundo-tenente (1851), capitão-tenente (1854), capitão-de-fragata (1858) e capitão-de-mar-e-guerra (1859). Teve o primeiro comando naval em Setembro de 1857, no brigue ''Pedro Nunes'', no qual efectuou um cruzeiro na costa de Portugal e uma viagem a [[Gibraltar]]. Foi nomeado, pelo irmão [[Pedro V de Portugal|D. Pedro V]], comandante da corveta [[Bartolomeu Dias (corveta)|''Bartolomeu Dias'']], em 21 de Junho de 1858. Ao comando da ''Bartolomeu Dias'', veio a cumprir nove missões de serviço entre os anos de 1858 e 1860: liderou a expedição aos [[Arquipélago da Madeira|arquipélagos da Madeira]] e [[Arquipélago dos Açores|dos Açores]]; foi responsável pelo transporte do [[Jorge I da Saxônia|Príncipe Jorge da Saxónia]] para Lisboa, onde este se casou com a [[Maria Ana de Bragança, Princesa da Saxónia|Infanta D. Maria Ana]], sua irmã; conduziu o casal a Inglaterra; deslocou-se a [[Tânger]]; e, em 1860, a [[Angola]]; foi de novo à [[Madeira]] às ordens da imperatriz [[Isabel da Áustria]]; e trouxe o príncipe [[Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen]] de [[Southampton]], para o seu casamento com a [[Antónia de Bragança|Infanta D. Antónia]], tendo depois conduzido os noivos a [[Anvers]].<ref name="Ventura2009"/> | Na qualidade de filho secundogénito do casal real, D. Luís enveredou pela carreira naval, tendo sido nomeado praça da Companhia dos Guardas Marinhas e reconhecido em cerimónia no [[Arsenal da Marinha (Lisboa)|Arsenal da Marinha]] em 28 de outubro de 1846, contando apenas com 8 anos de idade. Viria a ser sucessivamente promovido a segundo-tenente (1851), capitão-tenente (1854), capitão-de-fragata (1858) e capitão-de-mar-e-guerra (1859). Teve o primeiro comando naval em Setembro de 1857, no brigue ''Pedro Nunes'', no qual efectuou um cruzeiro na costa de Portugal e uma viagem a [[Gibraltar]]. Foi nomeado, pelo irmão [[Pedro V de Portugal|D. Pedro V]], comandante da corveta [[Bartolomeu Dias (corveta)|''Bartolomeu Dias'']], em 21 de Junho de 1858. Ao comando da ''Bartolomeu Dias'', veio a cumprir nove missões de serviço entre os anos de 1858 e 1860: liderou a expedição aos [[Arquipélago da Madeira|arquipélagos da Madeira]] e [[Arquipélago dos Açores|dos Açores]]; foi responsável pelo transporte do [[Jorge I da Saxônia|Príncipe Jorge da Saxónia]] para Lisboa, onde este se casou com a [[Maria Ana de Bragança, Princesa da Saxónia|Infanta D. Maria Ana]], sua irmã; conduziu o casal a Inglaterra; deslocou-se a [[Tânger]]; e, em 1860, a [[Angola]]; foi de novo à [[Madeira]] às ordens da imperatriz [[Isabel da Áustria (1837-1898)|Isabel da Áustria]]; e trouxe o príncipe [[Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen]] de [[Southampton]], para o seu casamento com a [[Antónia de Bragança|Infanta D. Antónia]], tendo depois conduzido os noivos a [[Anvers]].<ref name="Ventura2009"/> | ||
===Rei de Portugal=== | ===Rei de Portugal=== | ||
[[Ficheiro:Ratificação do Casamento do Rei D. Luis e D. Maria Pia.png|thumb|left|225px|Ratificação do casamento de D. Luís I e de [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia]], na [[Igreja de São Domingos (Santa Justa)|Igreja de São Domingos]].]] | [[Ficheiro:Carta patente do rei Luís I de Portugal de 1878.jpg|miniaturadaimagem|Carta patente de 1878 assinada por Luís I de Portugal.]] | ||
Luís herdou a coroa em novembro de | [[Ficheiro:Ratificação do Casamento do Rei D. Luis e D. Maria Pia.png|thumb|left|225px|Ratificação do casamento de D. Luís I e de [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia]], na [[Igreja de São Domingos (Santa Justa)|Igreja de São Domingos]], 1862.]] | ||
D. Luís herdou a coroa em novembro de 1861, sucedendo ao seu irmão D. [[Pedro V de Portugal|Pedro V]] por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a 22 de dezembro do mesmo ano. A 27 de setembro do ano seguinte casou-se, por procuração, com D. [[Maria Pia de Sabóia]], filha do rei [[Vitor Emanuel II da Itália]]. Quando infante serviu na [[marinha]], visitando a África Portuguesa. Exerceu o seu primeiro comando naval em 1858. | |||
Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava [[violoncelo]] e [[piano]]. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de [[William Shakespeare]]. | Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava [[violoncelo]] e [[piano]]. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de [[William Shakespeare]]. | ||
Em 1869 não quis ser monarca de Espanha e fez questão de o deixar bem claro tanto ao Conselho de Ministros, presidido pelo [[duque de Loulé]], como ao povo português. Dois dias depois da sua carta patriótica ter saído no Diário do Governo, foi a vez da publicação no Diário de Notícias, servindo assim à Casa Real para desmentir o boato de que iria haver abdicação: "Nasci português, português quero morrer", proclamou D. Luís, na primeira página do DN a 28 de setembro de 1869. D. Luís caso aceitasse a coroa espanhola teria de abdicar em Portugal para D. Carlos, o filho de apenas 6 anos, com D. Fernando II como regente, abrindo-se a médio prazo uma possibilidade de União Ibérica. Depois da recusa de D. Luís o trono espanhol foi entregue a [[Amadeu de Saboia]].<ref>{{citar web|URL=https://www.dn.pt/edicao-do-dia/28-set-2019/interior/o-dia-em-que-d-luis-recusou-ser-rei-de-espanha-e-disse-no-dn-portugues-quero-morrer--11346628.html|título=O dia em que D. Luís recusou ser rei de Espanha e disse no DN "português quero morrer" |autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref> | |||
Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral de consumo, que a opinião pública recebeu mal, originou-se o motim a que se chamou a ''[[Janeirinha]]'' (em finais de 1867). Também a 19 de maio de 1870, se verificou uma revolta militar, promovida pelo marechal [[João Oliveira e Daun, Duque de Saldanha|Duque da Saldanha]] e que pretendia a demissão do governo. À revolta de 19 de maio, respondeu o monarca em 29 de agosto, com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder [[Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, Marquês de Sá da Bandeira|Sá da Bandeira]]. | |||
Em setembro de 1871, subiu ao poder [[Fontes Pereira de Melo]], que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até 1877. Seguiu-se o [[Duque de Ávila]], que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois do conflito parlamentar que rebentou em 1878, Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete. Consequentemente, os progressistas ''atacaram'' o rei, acusando-o de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constitui um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em 1879, D. Luís chamava, então, os progressistas a formarem governo. | |||
[[Ficheiro:D. Luis e D. Maria Pia - Fotografia com carimbo de Photo American, Thesouro Velho Lisboa.png|thumb|342x342px|right|D. Luís e [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia]], 1862.]] | |||
No seu tempo surgiu a [[Questão Coimbrã]] (1865-1866) e ocorreu a iniciativa das [[Conferências do Casino]] (1871), a que andavam ligados os nomes de [[Antero de Quental]] e [[Eça de Queiroz]], os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual portuguesa. De temperamento calmo e conciliador, foi um modelo de monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas. Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos de [[Lisboa]] e de [[Porto de Leixões|Leixões]], o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do [[Palácio de Cristal (Porto)|Palácio de Cristal]], no [[Porto]], a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no [[Reino de Portugal]], e a publicação do primeiro [[Código Civil]]. | |||
[[ | Em 1884, foi efectuada a [[Conferência de Berlim]], resultando daí o chamado [[Mapa Cor-de-Rosa]], que definia a partilha de [[África]] entre as grandes potências coloniais: [[Alemanha]], [[Bélgica]], [[França]], [[Inglaterra]] e [[Portugal]]. | ||
Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela [[oceanografia]]. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos [[oceano]]s em busca de espécimes. | Fértil em acontecimentos, é no reinado de D. Luís I que são fundados alguns dos partidos políticos portugueses: o [[Partido Reformista (Monarquia)|Partido Reformista]] (1865), que ascendeu ao poder em 1868, o [[Partido Socialista Português]] (1875), com o nome de Partido Operário Socialista, e o [[Partido Progressista (Portugal)|Partido Progressista]] (1876), que chega ao poder em 1879. Em 1883, dá-se a realização do Congresso de Comissão Organizadora do partido Republicano. No final do seu reinado, o [[Partido Republicano Português|Partido Republicano]] apresenta-se já como uma força política perfeitamente estruturada. | ||
D. Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela [[oceanografia]]. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos [[oceano]]s em busca de espécimes. Praticou, com sucesso, fotografia<ref>Revista E n.º (2421), 23 de Março de 2019. Carlos Relvas, pág. 89.</ref>. | |||
Luís seguiu os passos de sua mãe - [[Maria II de Portugal|Maria II]], mandando construir e fundar associações culturais. Em | Luís seguiu os passos de sua mãe - D. [[Maria II de Portugal|Maria II]], mandando construir e fundar associações culturais. Em 1 de Junho de 1871, D. Luís esteve no [[Seixal]] (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da [[Sociedade Filarmónica União Seixalense]]. Neste mesmo dia terminava a [[Guerra Franco-Prussiana]]. | ||
Morreu, depois de um longo sofrimento, na cidadela de [[Cascais]], a 19 de outubro de 1889, a poucos dias de completar 51 anos. Sucedeu-lhe o seu filho D. Carlos, sob o nome de D. [[Carlos I de Portugal]]. Jaz no [[Panteão da Dinastia de Bragança|Panteão Real da Dinastia de Bragança]], no [[Mosteiro de São Vicente de Fora]], em [[Lisboa]]. | |||
No dizer dos biógrafos, D. Luís era ''"muito agradável e liberal. [...] A Sr.ª D. Maria Pia dizia que ele era um pouco doido, aludindo a certas aventuras de amor. [...] Além de tais aventuras, nada satisfazia mais o sr. D. Luís que o culto da arte. Escrevia muito, traduzia obras estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a música. Tinha uma grande colecção de violinos, e um bom mestre-escola [...]"'' | |||
== Títulos, estilos, e honrarias == | |||
{{Info/Estilos reais | |||
| nome = {{PAGENAME}} | |||
| imagem = [[Ficheiro:Coat of Arms of the Kingdom of Portugal 1640-1910 (3).svg|125px]] | |||
| estilo = ''[[Sua Majestade Fidelíssima]]'' | |||
| directo = ''Vossa Majestade Fidelíssima'' | |||
| alternativo = Senhor | |||
}} | |||
{{Artigo principal|Lista de títulos e honrarias da Coroa Portuguesa}} | |||
=== Títulos e estilos === | |||
* 31 de Outubro de 1838 – 11 de Novembro de 1861: "[[Sua Alteza]], o infante D. Luís, Duque do Porto" | |||
* 11 de Novembro de 1861 – 19 de Outubro de 1889: "[[Sua Majestade Fidelíssima]], o Rei" | |||
== | O estilo oficial de Luís enquanto rei era: "D. Luís, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc." | ||
{{ahnentafel | |||
{{ahnentafel-compact5 | === Honrarias === | ||
Enquanto monarca de Portugal, D. Luís foi Grão-Mestre das seguintes Ordens: | |||
* [[Ordem de Cristo|Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo]] | |||
* [[Ordem de São Bento de Avis]] | |||
* [[Ordem de Santiago|Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de Sant'Iago da Espada]] | |||
* [[Ordem da Torre e Espada|Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada]] | |||
* [[Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa|Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]] | |||
==Descendência== | |||
De sua mulher, [[Maria Pia de Saboia|D. Maria Pia de Saboia]], princesa da [[Reino da Sardenha|Sardenha]] e de [[Piemonte]] e depois de [[Reino de Itália (1861–1946)|Itália]] (1847-1911), teve: | |||
* [[Carlos I de Portugal|D. Carlos I, Rei de Portugal]] (1863-1908); | |||
* [[Afonso de Bragança, Duque do Porto|D. Afonso de Bragança, Duque do Porto]] (1865-1920); | |||
* Aborto espontâneo (1866). | |||
==Ancestrais== | |||
{{ahnentafel top|width=100%|Ancestrais de Luís I de Portugal }} | |||
<center>{{ahnentafel-compact5 | |||
|style=font-size: 90%; line-height: 110%; | |style=font-size: 90%; line-height: 110%; | ||
|border=1 | |border=1 | ||
Linha 75: | Linha 108: | ||
|boxstyle_3=background-color: #ffc; | |boxstyle_3=background-color: #ffc; | ||
|boxstyle_4=background-color: #bfc; | |boxstyle_4=background-color: #bfc; | ||
|boxstyle_5=background-color: # | |boxstyle_5=background-color: #9fe; | ||
|1= | |1= '''Luís I de Portugal''' | ||
|2= | |2= [[Fernando II de Portugal]] | ||
|3= | |3= [[Maria II de Portugal]] | ||
|4= | |4= [[Fernando de Saxe-Coburgo-Gota]] | ||
|5= | |5= [[Maria Antônia de Koháry]] | ||
|6= | |6= [[Pedro I do Brasil|Pedro I do Brasil & IV de Portugal]] | ||
|7= | |7= [[Maria Leopoldina de Áustria|Maria Leopoldina da Áustria]] | ||
|8= | |8= [[Francisco de Saxe-Coburgo-Saalfeld|Francisco, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld]] | ||
|9= | |9= [[Augusta Reuss-Ebersdorf|Augusta de Reuss-Ebersdorf]] | ||
|10= | |10= [[Ferenc József, Príncipe de Koháry]] | ||
|11= | |11= Maria Antônia de Waldstein-Wartenburg | ||
|12= | |12= [[João VI de Portugal]] | ||
|13= | |13= [[Carlota Joaquina de Bourbon|Carlota Joaquina da Espanha]] | ||
|14= | |14= [[Francisco I da Áustria]] | ||
|15= | |15= [[Maria Teresa da Sicília|Maria Teresa das Duas Sicílias]] | ||
|16= | |16= [[Ernesto Frederico de Saxe-Coburgo-Saalfeld|Ernesto Frederico, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld]] | ||
|17= | |17= [[Sofia Antónia de Brunswick-Wolfenbüttel|Sofia Antônia de Brunsvique-Volfembutel]] | ||
|18= | |18= [[Henrique XXIV de Reuss-Ebersdorf|Henrique XXIV, Conde de Reuss-Ebersdorf]] | ||
|19= | |19= [[Carolina de Erbach-Schönberg]] | ||
|20= | |20= Ignác József, Conde de Koháry | ||
|21= | |21= Maria Gabriela Cavriani | ||
|22= | |22= Jorge Cristiano de Waldstein-Wartenberg | ||
|23= | |23= Isabel Ulfeldt | ||
|24= | |24= [[Pedro III de Portugal]] | ||
|25= | |25= [[Maria I de Portugal]] | ||
|26= | |26= [[Carlos IV de Espanha|Carlos IV da Espanha]] | ||
|27= | |27= [[Maria Luísa de Parma]] | ||
|28= | |28= [[Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico]] | ||
|29= | |29= [[Maria Luísa da Espanha]] | ||
|30= | |30= [[Fernando I das Duas Sicílias]] | ||
|31= | |31= [[Maria Carolina da Áustria]] | ||
}} | }}</center> | ||
{{ahnentafel | {{ahnentafel bottom}} | ||
== Ver também == | == Ver também == | ||
{{commonscat|Luís I of Portugal}} | |||
* [[Árvore genealógica dos reis de Portugal]] | * [[Árvore genealógica dos reis de Portugal]] | ||
* [[Panteão da Dinastia de Bragança]] | * [[Panteão da Dinastia de Bragança]] | ||
{{Referências}} | |||
==Bibliografia== | ==Bibliografia== | ||
*[[Augusto Carlos Teixeira de Aragão|Aragão, Augusto Carlos Teixeira de]].[http://books.google.pt/books?id=vb8WAAAAYAAJ&pg=PA233&dq=DESCRI%C3%87%C3%83O+HIST%C3%93RICA+DAS+MOEDAS+ROMANAS+existentes+no+gabinete+numism%C3%A1tico+de+sua+magestade+El-Rei+o+Senhor+D.+Luiz+I&hl=pt-PT&sa=X&ei=wuB4T_GUCM-E8gP5xKm9DQ&ved=0CDcQ6AEwAA#v=onepage&q=DESCRI%C3%87%C3%83O%20HIST%C3%93RICA%20DAS%20MOEDAS%20ROMANAS%20existentes%20no%20gabinete%20numism%C3%A1tico%20de%20sua%20magestade%20El-Rei%20o%20Senhor%20D.%20Luiz%20I&f=false Descripção Histórica das Moedas Romanas existentes no Gabinete Numismático de sua Magestade EL-Rei O Senhor Dom Luiz I]. Typographya Universal, 1870. 640p. | *[[Augusto Carlos Teixeira de Aragão|Aragão, Augusto Carlos Teixeira de]].[http://books.google.pt/books?id=vb8WAAAAYAAJ&pg=PA233&dq=DESCRI%C3%87%C3%83O+HIST%C3%93RICA+DAS+MOEDAS+ROMANAS+existentes+no+gabinete+numism%C3%A1tico+de+sua+magestade+El-Rei+o+Senhor+D.+Luiz+I&hl=pt-PT&sa=X&ei=wuB4T_GUCM-E8gP5xKm9DQ&ved=0CDcQ6AEwAA#v=onepage&q=DESCRI%C3%87%C3%83O%20HIST%C3%93RICA%20DAS%20MOEDAS%20ROMANAS%20existentes%20no%20gabinete%20numism%C3%A1tico%20de%20sua%20magestade%20El-Rei%20o%20Senhor%20D.%20Luiz%20I&f=false Descripção Histórica das Moedas Romanas existentes no Gabinete Numismático de sua Magestade EL-Rei O Senhor Dom Luiz I]. Typographya Universal, 1870. 640p. | ||
* Sousa, Manuel, ''Reis e Rainhas de Portugal'', editora SporPress, 1.ª edição, [[Mem Martins]], [[2000]], páginas 149-151, ISBN 972-97256-9-1 | * Sousa, Manuel, ''Reis e Rainhas de Portugal'', editora SporPress, 1.ª edição, [[Mem Martins]], [[2000]], páginas 149-151, ISBN 972-97256-9-1 | ||
== | == Ligações externas == | ||
* [https://ensina.rtp.pt/artigo/d-luis-o-popular/ D. Luís, "o Popular", D. Luis, Rei marinheiro (Extrato de programa), por José Hermano Saraiva, Videofono para a RTP, 2003] | |||
{{Comeca caixa}} | {{Comeca caixa}} | ||
|- | |||
| | ! colspan="3" style="background: #FBEC5D;" | D. Luís I de Portugal<br/>[[Casa de Bragança]]<br/>31 de outubro de 1838 – 19 de outubro de 1889 | ||
| | |- style="text-align:center;" | ||
| | |width="30%" align="center"| Precedido por<br/>'''[[Pedro V de Portugal|D. Pedro V]]''' | ||
| | |width="40%" style="text-align: center;"|[[Ficheiro:Coat of Arms of the Kingdom of Portugal 1640-1910 (3).svg|130px]]<br/>'''[[Lista de monarcas de Portugal|Rei de Portugal e Algarves]]'''<br/>11 de novembro de 1861 – 19 de outubro de 1889 | ||
|width="30%" align="center"| Sucedido por<br/>'''[[Carlos I de Portugal|D. Carlos I]]''' | |||
|- | |||
|width="30%" align="center"| Precedido por<br/>'''[[Maria II de Portugal|D. Maria II]]''' | |||
|width="40%" style="text-align: center;"|[[Ficheiro:Brasao-Duque-Porto.png|80px]]<br/>'''[[Duque do Porto]]'''<br/>31 de outubro de 1838 – 11 de novembro de 1861 | |||
|width="30%" align="center"| Sucedido por<br/>'''[[Afonso de Bragança, Duque do Porto|D. Afonso]]''' | |||
|} | |||
{{Monarcas de Portugal}} | {{Monarcas de Portugal}} | ||
{{Portal3|Portugal|Biografias}} | |||
{{Controle de autoridade}} | |||
{{DEFAULTSORT:Luis 01 Portugal}} | {{DEFAULTSORT:Luis 01 Portugal}} | ||
Linha 150: | Linha 180: | ||
[[Categoria:Reis do Algarve]] | [[Categoria:Reis do Algarve]] | ||
[[Categoria:Condestáveis de Portugal]] | [[Categoria:Condestáveis de Portugal]] | ||
[[Categoria:Marechais de Portugal]] | |||
[[Categoria:Capitães navais de Portugal]] | |||
[[Categoria:Fotógrafos de Portugal]] | |||
[[Categoria:Tradutores de Portugal]] | |||
[[Categoria:Violinistas de Portugal]] | |||
[[Categoria:Cavaleiros da Ordem da Jarreteira]] | [[Categoria:Cavaleiros da Ordem da Jarreteira]] | ||
[[Categoria:Grã-Cruzes da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]] | [[Categoria:Grã-Cruzes da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]] | ||
[[Categoria:Grão-Mestres da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]] | [[Categoria:Grão-Mestres da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa]] | ||
[[Categoria:Banda das Três Ordens]] | [[Categoria:Banda das Três Ordens]] | ||
[[Categoria:Casa de Bragança]] | [[Categoria:Casa de Bragança]] | ||
[[Categoria:Duques do Porto]] | [[Categoria:Duques do Porto]] | ||
[[Categoria:Sepultados no Panteão dos Braganças]] | [[Categoria:Sepultados no Panteão dos Braganças]] | ||
[[Categoria:Monarcas católicos romanos]] | [[Categoria:Monarcas católicos romanos]] | ||
[[Categoria:Naturais de Lisboa]] | [[Categoria:Naturais de Lisboa]] |
Edição atual tal como às 10h36min de 26 de julho de 2022
Luís I (Lisboa, 31 de outubro de 1838 – Cascais, 19 de outubro de 1889),[1] apelidado "o Popular", foi o Rei de Portugal e Algarves de 1861 até à sua morte. Era o segundo filho da rainha Maria II de Portugal, e seu marido, o rei Fernando II, tendo ascendido ao trono após a morte prematura do seu irmão mais velho, Pedro V.
Biografia
Infante
O Infante D. Luís nasceu a 31 de outubro de 1838, segundo filho da rainha D. Maria II e do seu consorte, D. Fernando II. Embora a sua condição de filho segundo não desse a prever que D. Luís ascenderia ao trono português, a sua educação foi esmerada e compartilhada em grande parte com o seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. Pedro: esteve a cargo do conselheiro Carl Andreas Dietz, que havia sido preceptor de D. Fernando, seu pai, até Abril de 1847, quando Dietz foi obrigado a deixar Portugal sob acusações de intromissão na política nacional associadas à sua filiação religiosa protestante, tendo sido este substituído pelo Visconde da Carreira, auxiliado por Manuel Moreira Coelho.[2]
D. Pedro e D. Luís dividiam o tempo entre os palácios de Mafra, Sintra, e de Vila Viçosa, para além de estadias esporádicas no Palácio de Belém.[2]
Na qualidade de filho secundogénito do casal real, D. Luís enveredou pela carreira naval, tendo sido nomeado praça da Companhia dos Guardas Marinhas e reconhecido em cerimónia no Arsenal da Marinha em 28 de outubro de 1846, contando apenas com 8 anos de idade. Viria a ser sucessivamente promovido a segundo-tenente (1851), capitão-tenente (1854), capitão-de-fragata (1858) e capitão-de-mar-e-guerra (1859). Teve o primeiro comando naval em Setembro de 1857, no brigue Pedro Nunes, no qual efectuou um cruzeiro na costa de Portugal e uma viagem a Gibraltar. Foi nomeado, pelo irmão D. Pedro V, comandante da corveta Bartolomeu Dias, em 21 de Junho de 1858. Ao comando da Bartolomeu Dias, veio a cumprir nove missões de serviço entre os anos de 1858 e 1860: liderou a expedição aos arquipélagos da Madeira e dos Açores; foi responsável pelo transporte do Príncipe Jorge da Saxónia para Lisboa, onde este se casou com a Infanta D. Maria Ana, sua irmã; conduziu o casal a Inglaterra; deslocou-se a Tânger; e, em 1860, a Angola; foi de novo à Madeira às ordens da imperatriz Isabel da Áustria; e trouxe o príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen de Southampton, para o seu casamento com a Infanta D. Antónia, tendo depois conduzido os noivos a Anvers.[2]
Rei de Portugal
D. Luís herdou a coroa em novembro de 1861, sucedendo ao seu irmão D. Pedro V por este não deixar descendência, e foi aclamado rei a 22 de dezembro do mesmo ano. A 27 de setembro do ano seguinte casou-se, por procuração, com D. Maria Pia de Sabóia, filha do rei Vitor Emanuel II da Itália. Quando infante serviu na marinha, visitando a África Portuguesa. Exerceu o seu primeiro comando naval em 1858.
Luís era um homem culto e de educação esmerada, como todos os seus irmãos. De grande sensibilidade artística, pintava, compunha e tocava violoncelo e piano. Poliglota, falava correctamente algumas línguas europeias. Fez traduções de obras de William Shakespeare.
Em 1869 não quis ser monarca de Espanha e fez questão de o deixar bem claro tanto ao Conselho de Ministros, presidido pelo duque de Loulé, como ao povo português. Dois dias depois da sua carta patriótica ter saído no Diário do Governo, foi a vez da publicação no Diário de Notícias, servindo assim à Casa Real para desmentir o boato de que iria haver abdicação: "Nasci português, português quero morrer", proclamou D. Luís, na primeira página do DN a 28 de setembro de 1869. D. Luís caso aceitasse a coroa espanhola teria de abdicar em Portugal para D. Carlos, o filho de apenas 6 anos, com D. Fernando II como regente, abrindo-se a médio prazo uma possibilidade de União Ibérica. Depois da recusa de D. Luís o trono espanhol foi entregue a Amadeu de Saboia.[3]
Durante o seu reinado e, em consequência da criação do imposto geral de consumo, que a opinião pública recebeu mal, originou-se o motim a que se chamou a Janeirinha (em finais de 1867). Também a 19 de maio de 1870, se verificou uma revolta militar, promovida pelo marechal Duque da Saldanha e que pretendia a demissão do governo. À revolta de 19 de maio, respondeu o monarca em 29 de agosto, com a demissão do ministério de Saldanha, chamando ao poder Sá da Bandeira.
Em setembro de 1871, subiu ao poder Fontes Pereira de Melo, que organizou um gabinete regenerador, o qual se conservou até 1877. Seguiu-se o Duque de Ávila, que não se aguentou durante muito tempo por lhe faltar maioria. Assim, e depois do conflito parlamentar que rebentou em 1878, Fontes foi chamado outra vez para constituir gabinete. Consequentemente, os progressistas atacaram o rei, acusando-o de patrocinar escandalosamente os regeneradores. Este episódio constitui um incentivo ao desenvolvimento do republicanismo. Em 1879, D. Luís chamava, então, os progressistas a formarem governo.
No seu tempo surgiu a Questão Coimbrã (1865-1866) e ocorreu a iniciativa das Conferências do Casino (1871), a que andavam ligados os nomes de Antero de Quental e Eça de Queiroz, os expoentes de uma geração que se notabilizou na vida intelectual portuguesa. De temperamento calmo e conciliador, foi um modelo de monarca constitucional, respeitador escrupuloso das liberdades públicas. Do seu reinado merecem especial destaque o início das obras dos portos de Lisboa e de Leixões, o alargamento da rede de estradas e dos caminhos-de-ferro, a construção do Palácio de Cristal, no Porto, a abolição da pena de morte para os crimes civis, a abolição da escravatura no Reino de Portugal, e a publicação do primeiro Código Civil.
Em 1884, foi efectuada a Conferência de Berlim, resultando daí o chamado Mapa Cor-de-Rosa, que definia a partilha de África entre as grandes potências coloniais: Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra e Portugal.
Fértil em acontecimentos, é no reinado de D. Luís I que são fundados alguns dos partidos políticos portugueses: o Partido Reformista (1865), que ascendeu ao poder em 1868, o Partido Socialista Português (1875), com o nome de Partido Operário Socialista, e o Partido Progressista (1876), que chega ao poder em 1879. Em 1883, dá-se a realização do Congresso de Comissão Organizadora do partido Republicano. No final do seu reinado, o Partido Republicano apresenta-se já como uma força política perfeitamente estruturada. D. Luís era principalmente um homem das ciências, com uma paixão pela oceanografia. Investiu grande parte da sua fortuna no financiamento de projectos científicos e de barcos de pesquisa oceanográfica, que viajaram pelos oceanos em busca de espécimes. Praticou, com sucesso, fotografia[4].
Luís seguiu os passos de sua mãe - D. Maria II, mandando construir e fundar associações culturais. Em 1 de Junho de 1871, D. Luís esteve no Seixal (uma vila fundada pela sua mãe), para testemunhar a fundação da Sociedade Filarmónica União Seixalense. Neste mesmo dia terminava a Guerra Franco-Prussiana.
Morreu, depois de um longo sofrimento, na cidadela de Cascais, a 19 de outubro de 1889, a poucos dias de completar 51 anos. Sucedeu-lhe o seu filho D. Carlos, sob o nome de D. Carlos I de Portugal. Jaz no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
No dizer dos biógrafos, D. Luís era "muito agradável e liberal. [...] A Sr.ª D. Maria Pia dizia que ele era um pouco doido, aludindo a certas aventuras de amor. [...] Além de tais aventuras, nada satisfazia mais o sr. D. Luís que o culto da arte. Escrevia muito, traduzia obras estrangeiras, e desenhava; mas o seu entusiasmo ia sobretudo para a música. Tinha uma grande colecção de violinos, e um bom mestre-escola [...]"
Títulos, estilos, e honrarias
Predefinição:Info/Estilos reais
Títulos e estilos
- 31 de Outubro de 1838 – 11 de Novembro de 1861: "Sua Alteza, o infante D. Luís, Duque do Porto"
- 11 de Novembro de 1861 – 19 de Outubro de 1889: "Sua Majestade Fidelíssima, o Rei"
O estilo oficial de Luís enquanto rei era: "D. Luís, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honrarias
Enquanto monarca de Portugal, D. Luís foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:
- Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo
- Ordem de São Bento de Avis
- Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de Sant'Iago da Espada
- Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada
- Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
Descendência
De sua mulher, D. Maria Pia de Saboia, princesa da Sardenha e de Piemonte e depois de Itália (1847-1911), teve:
- D. Carlos I, Rei de Portugal (1863-1908);
- D. Afonso de Bragança, Duque do Porto (1865-1920);
- Aborto espontâneo (1866).
Ancestrais
Ernesto Frederico, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld | ||||||||||||||||
Francisco, Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld | ||||||||||||||||
Sofia Antônia de Brunsvique-Volfembutel | ||||||||||||||||
Fernando de Saxe-Coburgo-Gota | ||||||||||||||||
Henrique XXIV, Conde de Reuss-Ebersdorf | ||||||||||||||||
Augusta de Reuss-Ebersdorf | ||||||||||||||||
Carolina de Erbach-Schönberg | ||||||||||||||||
Fernando II de Portugal | ||||||||||||||||
Ignác József, Conde de Koháry | ||||||||||||||||
Ferenc József, Príncipe de Koháry | ||||||||||||||||
Maria Gabriela Cavriani | ||||||||||||||||
Maria Antônia de Koháry | ||||||||||||||||
Jorge Cristiano de Waldstein-Wartenberg | ||||||||||||||||
Maria Antônia de Waldstein-Wartenburg | ||||||||||||||||
Isabel Ulfeldt | ||||||||||||||||
Luís I de Portugal | ||||||||||||||||
Pedro III de Portugal | ||||||||||||||||
João VI de Portugal | ||||||||||||||||
Maria I de Portugal | ||||||||||||||||
Pedro I do Brasil & IV de Portugal | ||||||||||||||||
Carlos IV da Espanha | ||||||||||||||||
Carlota Joaquina da Espanha | ||||||||||||||||
Maria Luísa de Parma | ||||||||||||||||
Maria II de Portugal | ||||||||||||||||
Leopoldo II do Sacro Império Romano-Germânico | ||||||||||||||||
Francisco I da Áustria | ||||||||||||||||
Maria Luísa da Espanha | ||||||||||||||||
Maria Leopoldina da Áustria | ||||||||||||||||
Fernando I das Duas Sicílias | ||||||||||||||||
Maria Teresa das Duas Sicílias | ||||||||||||||||
Maria Carolina da Áustria | ||||||||||||||||
Predefinição:Ahnentafel bottom
Ver também
Referências
- ↑ «D. Luís (1838-1889)» (em português). Infopédia. Consultado em 24 de setembro de 2018
- ↑ 2,0 2,1 2,2 Ventura, António (2009). D. Luís, o Popular. Dinastia de Bragança 1861-1889 1.ª ed. Matosinhos: Quidnovi. p. 6-12. ISBN 978-989-554-607-7
- ↑ «O dia em que D. Luís recusou ser rei de Espanha e disse no DN "português quero morrer"»
- ↑ Revista E n.º (2421), 23 de Março de 2019. Carlos Relvas, pág. 89.
Bibliografia
- Aragão, Augusto Carlos Teixeira de.Descripção Histórica das Moedas Romanas existentes no Gabinete Numismático de sua Magestade EL-Rei O Senhor Dom Luiz I. Typographya Universal, 1870. 640p.
- Sousa, Manuel, Reis e Rainhas de Portugal, editora SporPress, 1.ª edição, Mem Martins, 2000, páginas 149-151, ISBN 972-97256-9-1
Ligações externas
D. Luís I de Portugal Casa de Bragança 31 de outubro de 1838 – 19 de outubro de 1889 | ||
---|---|---|
Precedido por D. Pedro V |
Rei de Portugal e Algarves 11 de novembro de 1861 – 19 de outubro de 1889 |
Sucedido por D. Carlos I |
Precedido por D. Maria II |
Duque do Porto 31 de outubro de 1838 – 11 de novembro de 1861 |
Sucedido por D. Afonso |