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O {{PEPB|Prémio Camões|Prêmio Camões}} é um prémio literário instituído pelos Governos de [[Portugal]] e do [[Brasil]] com vista a laurear o conjunto da obra de autores lusófonos. Dentre os objetivos do prêmio, encontram-se o estreitamento dos laços culturais entre os vários países lusófonos e o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da [[Língua portuguesa|Língua Portuguesa]].  
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Trata-se do maior galardão outorgado no âmbito da [[Literatura]] em Língua Portuguesa. É atribuído a autores que com sua obra deixaram uma notável contribuição ao patrimônio literário da língua comum. O nome do prêmio é homenagem ao poeta [[Luís de Camões|Luís Vaz de Camões]], o maior escritor da História da Língua Portuguesa.  
O [[Instituto Camões]], em [[Lisboa]], é responsável pelo registo de candidaturas e laureados. O prémio é anualmente atribuído por um júri internacional, constituído por personalidades de diversos países lusófonos. O diploma entregue aos laureados contém o nome de todos os países lusófonos e é assinado pelos [[Chefe de Estado|Chefes de Estado]] de [[Portugal]] e do [[Brasil]].<ref>{{citar web|url=https://www.dn.pt/lusa/premio-camoes-lista-dos-31-distinguidos-10925711.html|título=Prémio Camões: lista dos distinguidos|autor=Diário de Notícias|data=21 de Maio de 2019|publicado=|acessodata=|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>


O valor do prêmio é de 100 000€, um dos mais elevados no mundo entre os prêmios literários<ref>{{citar web|url=http://www.gepac.gov.pt/premios/premio-camoes.aspx|título=Prémio Camões|data=|acessodata=|publicado=|autor=Ministério da Cultura|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>.
Entre os 34 laureados encontram-se autores de 5 países lusófonos. A presente detentora do prémio é [[Paulina Chiziane]], escritora moçambicana.<ref>{{citar web|url=https://www.instituto-camoes.pt/sobre/comunicacao/noticias/paulina-chiziane-vence-premio-camoes|título=Paulina Chiziane vence Prémio Camões|autor=Instituto Camões|data=21 de Outubro de 2021|publicado=|acessodata=|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>
== História ==
===Instituição===
[[Ficheiro:Luís de Camões por François Gérard.jpg|thumb|direita|150px|[[Luís Vaz de Camões]]]]
Este prémio é considerado o mais importante da [[Literatura]] a premiar um autor de [[Língua Portuguesa]] pelo conjunto da sua obra.


O prêmio é anualmente atribuído por um júri internacional, constituído por personalidades de diversos países lusófonos. O diploma entregue aos laureados contém o nome de todos os países lusófonos e é assinado pelos [[Chefe de Estado|Chefes de Estado]] de [[Portugal]] e do [[Brasil]].<ref>{{citar web|url=https://www.dn.pt/lusa/premio-camoes-lista-dos-31-distinguidos-10925711.html|título=Prémio Camões: lista dos distinguidos|data=21 de Maio de 2019|acessodata=|publicado=|autor=Diário de Notícias|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>
O Prémio [[Camões]] é atribuído anualmente por um júri especialmente constituído para o efeito. O prémio consiste numa quantia pecuniária resultante das contribuições dos dois Estados, fixada anualmente de comum acordo. Presentemente o valor monetário do prémio é de 100 000€.


Entre os 34 laureados encontram-se autores de 5 países lusófonos. A presente detentora do prêmio é [[Paulina Chiziane]], escritora moçambicana.<ref>{{citar web|url=https://www.instituto-camoes.pt/sobre/comunicacao/noticias/paulina-chiziane-vence-premio-camoes|título=Paulina Chiziane vence Prémio Camões|data=21 de Outubro de 2021|acessodata=|publicado=|autor=Instituto Camões|arquivourl=|arquivodata=|urlmorta=}}</ref>
O Prémio Camões foi instituído inicialmente pelo ''Protocolo Adicional ao Acordo Cultural entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Federativa do Brasil'', de 7 de Setembro de 1966, que cria o ''Prémio Camões'', assinado em [[Brasília]], em 22 de Junho de 1988, aprovado por Portugal através do Decreto n.º 43/88, de 30 de Novembro.<ref>{{citar periódico|título=Decreto n.º 43/88|jornal=[[Diário da República]]|data=30 de novembro de 1988|número=277|url=https://dre.pt/application/dir/pdf1s/1988/11/27700/47474748.pdf}}</ref>
 
== História ==
===Institucionalização===
[[Ficheiro:Luís de Camões por François Gérard.jpg|thumb|direita|150px|[[Luís Vaz de Camões]]]]
O gérmen do Prêmio Camões foi instituído inicialmente pelo ''Protocolo Adicional ao Acordo Cultural entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Federativa do Brasil''<ref>Protocolo Adicional ao Acordo Cultural. Governo do Brasil e República Portuguesa. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/d3927.htm. Acesso em 26 de maio de 2022.</ref> de 7 de setembro de 1966, assinado em [[Brasília]]. Neste protocolo, as partes brasileira e portuguesa concordam em difundir a Língua Portuguesa e a cultura luso-brasileira, assim como desenvolver meios para a divulgação internacional da língua.  


Em abril de 1988, Portugal e Brasil assinam o decreto de aprovação do Prêmio Camões<ref> Decreto n.º 43/88» Diário da República (277). 30 de novembro de 1988</ref>  e determina o modo de funcionamento do Prêmio. Em 1999 este protocolo foi atualizado por um decreto<ref> Decreto n.º 47/99». Diário da República (258). 5 de novembro de 1999</ref> acordado entre a República Portuguesa e o Governo do Brasil.
Este protocolo foi substituído pelo ''Protocolo Modificativo do Protocolo Que Institui o Prémio Camões'', celebrado entre a [[Portugal|República Portuguesa]] e a [[Brasil|República Federativa do Brasil]], assinado em [[Lisboa]], em 17 de abril de 1999, aprovado por Portugal, através do Decreto n.º 47/99, de 5 de Novembro.<ref>{{citar periódico|título=Decreto n.º 47/99|jornal=[[Diário da República]]|data=5 de novembro de 1999|número=258|url=https://dre.pt/application/dir/pdf1s/1999/11/258A00/76677669.pdf}}</ref>


===Secretariado===
O [[Instituto Camões]], com sede em [[Lisboa]], é responsável pelo registo das candidaturas e laureados. O júri é assistido, no exercício das suas funções, por um secretariado assegurado pelo [[Instituto Português do Livro e das Bibliotecas]] (por [[Portugal]]) e pelo Departamento Nacional do Livro da [[Fundação Biblioteca Nacional]] (pelo [[Brasil]]).
Conforme o Decreto de nº 47 de 1999 acordado entre o Brasil e Portugal, as incumbências administrativas do Prêmio pertencem ao Secretariado instituído pelo mesmo decreto. Da parte portuguesa, o Secretariado é composto pelo [[Instituto Português do Livro e das Bibliotecas]]; a contrapartida brasileira, por sua vez, é regida pela [[Biblioteca Nacional do Brasil|Fundação Biblioteca Nacional]].  


O júri do Prêmio é selecionado e assistido pelo Secretariado. Além disso, o júri é composto por seis membros: dois de nacionalidade brasileira, dois de nacionalidade portuguesa e dois de diferentes nacionalidades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Também compete ao Secretariado promover a divulgação do Prêmio Camões, realizar as tarefas preparatórias do júri, apoiar logística e administrativamente o andamento do Prêmio.  
O júri não está vinculado pelas candidaturas apresentadas. O prémio não pode ser atribuído a mais do que uma personalidade em cada ano.


As responsabilidades financeiras, especialmente no que tange ao valor do Prêmio, estão a cargo do governo brasileiro e do governo lusitano. Da parte brasileira, a Fundação Biblioteca Nacional contribui, em todas as edições, com o valor de 50 000€.  
===Júri===
O júri é constituído por 6 membros, cujo mandato é de 2 anos. Os Governos de Portugal e do Brasil designam 2 membros cada, sendo os restantes 2 membros designados de comum acordo de entre personalidades dos restantes países lusófonos.
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Edição das 15h03min de 28 de maio de 2022

Disambig grey.svg Nota: Para outros significados, veja Camões (desambiguação).

Predefinição:Info/Prémios O Prémio Camões (português europeu) ou Prêmio Camões (português brasileiro) é um prémio literário instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil em 1988 com vista a estreitar os laços culturais entre os vários países lusófonos e enriquecer o património literário e cultural da Língua Portuguesa. Atribuído anualmente desde 1989, é o maior galardão outorgado no âmbito da Literatura em Língua Portuguesa. É atribuído aos autores, pelo conjunto da obra, que contribuíram para o enriquecimento do património literário e cultural da Língua Portuguesa. O nome do prémio é igualmente uma homenagem ao poeta português Luís Vaz de Camões, o maior escritor da História da Língua Portuguesa. O valor monetário do prémio é presentemente de 100 000€, um dos mais elevados a nível mundial entre os prémios literários.[1]Predefinição:Ref infopedia

O Instituto Camões, em Lisboa, é responsável pelo registo de candidaturas e laureados. O prémio é anualmente atribuído por um júri internacional, constituído por personalidades de diversos países lusófonos. O diploma entregue aos laureados contém o nome de todos os países lusófonos e é assinado pelos Chefes de Estado de Portugal e do Brasil.[2]

Entre os 34 laureados encontram-se autores de 5 países lusófonos. A presente detentora do prémio é Paulina Chiziane, escritora moçambicana.[3]

História

Instituição

Luís Vaz de Camões

Este prémio é considerado o mais importante da Literatura a premiar um autor de Língua Portuguesa pelo conjunto da sua obra.

O Prémio Camões é atribuído anualmente por um júri especialmente constituído para o efeito. O prémio consiste numa quantia pecuniária resultante das contribuições dos dois Estados, fixada anualmente de comum acordo. Presentemente o valor monetário do prémio é de 100 000€.

O Prémio Camões foi instituído inicialmente pelo Protocolo Adicional ao Acordo Cultural entre o Governo da República Portuguesa e o Governo da República Federativa do Brasil, de 7 de Setembro de 1966, que cria o Prémio Camões, assinado em Brasília, em 22 de Junho de 1988, aprovado por Portugal através do Decreto n.º 43/88, de 30 de Novembro.[4]

Este protocolo foi substituído pelo Protocolo Modificativo do Protocolo Que Institui o Prémio Camões, celebrado entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil, assinado em Lisboa, em 17 de abril de 1999, aprovado por Portugal, através do Decreto n.º 47/99, de 5 de Novembro.[5]

O Instituto Camões, com sede em Lisboa, é responsável pelo registo das candidaturas e laureados. O júri é assistido, no exercício das suas funções, por um secretariado assegurado pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (por Portugal) e pelo Departamento Nacional do Livro da Fundação Biblioteca Nacional (pelo Brasil).

O júri não está vinculado pelas candidaturas apresentadas. O prémio não pode ser atribuído a mais do que uma personalidade em cada ano.

Júri

O júri é constituído por 6 membros, cujo mandato é de 2 anos. Os Governos de Portugal e do Brasil designam 2 membros cada, sendo os restantes 2 membros designados de comum acordo de entre personalidades dos restantes países lusófonos.

País Júri
Portugal Portugal 2 membros
Brasil Brasil 2 membros
Angola Angola
Cabo Verde Cabo Verde
Guiné-Bissau Guiné-Bissau
Moçambique Moçambique
São Tomé e Príncipe São Tomé e Príncipe
Timor-Leste Timor-Leste		 2 membros

Laureados

Ano Retrato Laureado Vida País Obra Ref
1989 Miguel Torga escritor.png Miguel Torga 1907–1995 Portugal Portugal poesia, conto, romance, teatro, novela, memórias, ensaio [6]
1990 Arquivo:JoaoCabral.JPG João Cabral de Melo Neto 1920–1999 Brasil Brasil poesia, ensaio [7]
1991 José Craveirinha 1922–2003 Predefinição:Country data Moçambique poesia [8]
1992 Vergílio Ferreira 1916–1996 Portugal Portugal romance, conto, memórias, ensaio [8]
1993 Rachel de Queiroz - Não me deixes.png Rachel de Queiroz 1910–2003  Brasil romance, crónica, tradução, teatro, memórias [8]
1994 Jorge Amado, 1935.jpg Jorge Amado 1912–2001  Brasil romance, crónica, novela, poesia, biografia, memórias [8]
1995 Saramago, José (1922)-2.jpg José Saramago 1922–2010 Portugal Portugal romance, crónica, conto, novela, poesia, memórias [8]
1996 Eduardo Lourenço 08-07-2015 IMG 6492.JPG Eduardo Lourenço 1923–2020 Portugal Portugal ensaio, filosofia, crítica literária, estudos literários [8]
1997 Arthur Pestana (Pepetela).jpg Pepetela
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos 		1941 (83 anos) Predefinição:Country data Angola romance, teatro [8]
1998 AntonioCandido (cropped).jpg Antonio Candido 1918–2017  Brasil crítica literária, estudos literários, ensaio, sociologia [8]
1999 Sophia Mello Breyner Andersen.png Sophia de Mello Breyner Andresen 1919–2004 Portugal Portugal poesia, conto, teatro, tradução, ensaio [8]
2000 Autran Dourado 1926–2012  Brasil romance, conto, ensaio, memórias [8]
2001 Eugénio de Andrade.jpg Eugénio de Andrade 1923–2005 Portugal Portugal poesia, tradução, crónica [8]
2002 Maria Velho da Costa.JPG Maria Velho da Costa 1938–2020 Portugal Portugal romance, conto, teatro, ensaio [8]
2003 Rubem Fonseca 1925–2020  Brasil romance, conto, crónica, novela [8]
2004 Agustina Bessa-Luís 1922–2019 Portugal Portugal romance, novela, conto, crónica, teatro, ensaio, biografia, memórias [8]
2005 Lygia Fagundes Telles - MinC (7) cropped.jpg Lygia Fagundes Telles 1923–2022  Brasil romance, conto [8]
2006 José Luandino Vieira
(recusou) 		1935 (89 anos) Portugal Portugal
Predefinição:Country data Angola 		romance, conto, novela [9]
2007 Antonio Lobo Antunes 20100329 Salon du livre de Paris 2.jpg António Lobo Antunes 1942 (82 anos) Portugal Portugal romance, crónica [8]
2008 Joao Ubaldo Ribeiro.jpg João Ubaldo Ribeiro 1941–2014  Brasil romance, conto, crónica, novela, ensaio [8]
2009 Conde.jpg Arménio Vieira 1941 (83 anos) Cabo Verde Cabo Verde poesia, ensaio [8]
2010 Ferreira Gullar crop.png Ferreira Gullar 1930–2016  Brasil poesia, conto, crónica, ensaio, crítica de arte, biografia [8]
2011 Manuel António Pina 1943–2012 Portugal Portugal poesia [10]
2012 Dalton Trevisan 1925 (99 anos)  Brasil conto, romance, novela [11]
2013 Mia Couto cropped.jpg Mia Couto 1955 (69 anos) Predefinição:Country data Moçambique romance, novela, conto, poesia [12]
2014 Alberto-da-costa-e-silva.jpg Alberto da Costa e Silva 1931 (93 anos)  Brasil história, poesia, memórias, ensaio, biografia [13]
2015 Hélia Correia 1949 (75 anos) Portugal Portugal romance, poesia, teatro, conto [14]
2016 RaduanNassar.jpg Raduan Nassar 1935 (89 anos)  Brasil romance, novela, conto [15]
2017 Manuel Alegre.png Manuel Alegre 1936 (88 anos) Portugal Portugal poesia, romance, novela, conto [16]
2018 Germano Almeida.jpg Germano Almeida 1945 (80 anos) Cabo Verde Cabo Verde romance, conto, crónica [17]
2019 Chico Buarque no BRAVO.jpg Chico Buarque 1944 (80 anos)  Brasil romance, poesia, música, teatro [18]
2020 Vítor Manuel de Aguiar e Silva 1939 (85 anos) Portugal Portugal ensaio, estudos literários [19]
2021 Paulina Chiziane by Otávio de Souza.jpg Paulina Chiziane 1955 (69 anos) Predefinição:Country data Moçambique romance [20]

Palmarés por país

País Laureados 1.ª Outorga
Portugal Portugal 14 1989
Brasil Brasil 13 1990
Moçambique Moçambique 3 1991
Angola Angola 2 1997
Cabo Verde Cabo Verde 2 2009

Reconhecimento e crítica

Num artigo publicado no ano 2000 Jorge Henrique Bastos assinalou que, embora o prémio tenha sido concedido a "vários autores incontornáveis" da literatura lusófona, a predominância de vencedores portugueses e brasileiros contrastava com a baixa quantidade de escritores africanos. Referindo-se à produção literária dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, o autor assinalou que a diferença poderia ser explicada "pelo facto destas literatura (sic) serem ainda jovens, e muitas das obras estão ainda em curso para se inserir nos pressupostos que norteiam a atribuição do prémio".[21] Até então, apenas dois autores africanos haviam sido premiados. Atualmente são seis em 32.

A escolha da escritora brasileira Rachel de Queiroz, em 1993, gerou polémica. Segundo uma reportagem assinada por Norma Couri veiculada no Jornal do Brasil, os membros portugueses do júri ficaram desconfortáveis com o fato de que os representantes brasileiros - Arnaldo Niskier, Oscar Dias Correia e João de Scantimburgo - chegaram a Lisboa com o nome da escritora previamente escolhido. Os portugueses procuraram sugerir outras opções, como Jorge Amado e Haroldo de Campos, porém, não obtiveram sucesso em mudar a opinião dos votantes brasileiros. Ainda segundo a reportagem, Niskier, Correia e Scantimburgo teriam defendido o prémio para Queiroz após a autora ter apoiado o ingresso dos mesmos na Academia Brasileira de Letras.[22]

O suposto 'acerto' entre os membros brasileiros do júri e Queiroz repercutiu negativamente na imprensa e na intelectualidade portuguesas. O escritor José Cardoso Pires foi bastante duro com a escolha da romancista brasileira, afirmando que "a sua obra não avaliza a exigência que caracteriza o prémio". Queiroz classificou as acusações como caluniosas, enquanto Jorge Amado e Arnaldo Niskier saíram em defesa da escritora.[22] Amado foi agraciado com o Camões no ano seguinte. Tanto Cardoso Pires, quanto Haroldo de Campos faleceram sem receber a distinção.

Segundo o Jornal do Brasil, em 1998 alguns especialistas em literatura portuguesa acreditavam que o premiado seria José Cardoso Pires, que se encontrava em coma após sofrer um derrame. O premiado, contudo, foi o professor, crítico literário e teórico brasileiro Antonio Candido. Segundo o periódico, a decisão dos jurados não foi unânime, porém, estes evitaram qualquer tipo de comentário a respeito de outros prováveis homenageados.[23] Pires faleceu em outubro daquele mesmo ano.

Premiado em 2006, o escritor José Luandino Vieira recusou o prémio alegando "razões pessoais e íntimas". Mais tarde, Luandino revelou que o facto de não editar qualquer livro há longos anos "pesou muito" na decisão de recusar o prémio. «Teria sido uma grande injustiça para os escritores que estavam a editar regularmente», disse então.[24][25]

Por ocasião da escolha de Arménio Vieira, em 2009, o Ministro da Cultura de Cabo Verde e linguista Manuel Veiga fez o seguinte comentário: «"já era mais que tempo", lamentando, porém, que Manuel Lopes, um dos maiores autores cabo-verdiano, já falecido, nunca tenha sido galardoado com um prémio "mais que merecido". "Mas é uma homenagem a toda a literatura de Cabo Verde. Desde os claridosos até aos jovens autores. Cabo Verde já merecia e Arménio Vieira também", referiu, lembrando que o prémio "conforta" todas os escritores e poetas do Arquipélago.»[26]

Em 2010, o júri escolheu o poeta brasileiro Ferreira Gullar, porém, tornou público que o nome da escritora portuguesa Hélia Correia também fora cogitado. A idade dos concorrentes serviu como critério de desempate: Gullar completaria 80 anos naquele ano, enquanto os votantes consideraram que Correia ainda "teria tempo" para ser premiada.[27] O reconhecimento da autora ocorreu em 2015.

Na cerimónia de entrega do prémio de 2017, o escritor Raduan Nassar criticou duramente o governo do então presidente do Brasil, Michel Temer. O autor também fez críticas ao Supremo Tribunal Federal e ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O então ministro da Cultura, Roberto Freire, reagiu atacando a fala de Nassar, de modo que recebeu vaias dos convidados presente.[28]

Em 2019, o artista brasileiro Chico Buarque foi o vencedor do Prémio Camões. Numa atitude muito criticada, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sugeriu que não iria assinar o diploma de entrega do prémio. "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”, reagiu Chico Buarque à notícia, segundo a coluna de Ancelmo Gois no jornal O Globo.[29]

Apesar das críticas, o Prémio Camões foi saudado por intelectuais como Antônio Carlos Secchin por conferir reconhecimento a autores de renome que transitam por diferentes gêneros e estilos, além de proporcionar uma maior circularidade das obras dos mesmos entre os países lusófonos.[30]

Referências

  1. ↑ Ministério da Cultura. «Prémio Camões» 
  2. ↑ Diário de Notícias (21 de Maio de 2019). «Prémio Camões: lista dos distinguidos» 
  3. ↑ Instituto Camões (21 de Outubro de 2021). «Paulina Chiziane vence Prémio Camões» 
  4. ↑ «Decreto n.º 43/88» (PDF). Diário da República (277). 30 de novembro de 1988 
  5. ↑ «Decreto n.º 47/99» (PDF). Diário da República (258). 5 de novembro de 1999 
  6. ↑ «É entregue a Miguel Torga o Prémio Camões». Fundação Mário Soares. Consultado em 22 de abril de 2016 
  7. ↑ «João Cabral de Melo Neto, poeta marginal». Antena 1. Rádio e Televisão de Portugal. Consultado em 22 de abril de 2016 
  8. ↑ 8,00 8,01 8,02 8,03 8,04 8,05 8,06 8,07 8,08 8,09 8,10 8,11 8,12 8,13 8,14 8,15 8,16 8,17 8,18 «Prémio Camões. A lista dos vencedores». i. 17 de junho de 2015 
  9. ↑ Lucas, Isabel (25 de maio de 2006). «Luandino Vieira recusa Camões por "razões pessoais"». Diário de Notícias 
  10. ↑ «Prémio Camões para Manuel António Pina». Jornal de Notícias. 12 de maio de 2011 
  11. ↑ Alexandra Lucas Coelho e Isabel Coutinho (21 de maio de 2012). «Dalton Trevisan distinguido com o Prémio Camões». Público 
  12. ↑ «Mia Couto "surpreendido" venceu o Prémio Camões». Jornal de Notícias. 27 de maio de 2013 
  13. ↑ «Alberto da Costa e Silva vence Prémio Camões 2014». Rádio Renascença. 30 de maio de 2014 
  14. ↑ Coelho, Sara Otto (17 de junho de 2015). «Hélia Correia vence Prémio Camões 2015». Observador 
  15. ↑ Ana Cristina Marques (30 de maio de 2016). «Raduan Nassar vence Prémio Camões de 2016». Observador 
  16. ↑ Luís Miguel Queirós (7 de junho de 2017). «Manuel Alegre é o vencedor do Prémio Camões». Público 
  17. ↑ Cipriano, Rita (21 de maio de 2018). «Cabo-verdiano Germano Almeida vence Prémio Camões 2018». Observador 
  18. ↑ Castelo, Ricardo (21 de maio de 2019). «Chico Buarque é o Vencedor do Prémio Camões 2019». Observador 
  19. ↑ Castelo (27 de outubro de 2020). «Vítor Aguiar e Silva, o Prémio Camões que não adota o novo acordo». Observador 
  20. ↑ observador.pt. «Prémio Camões atribuído a Paulina Chiziane, "a primeira romancista de Moçambique"». 20-10-2021. Consultado em 20 de outubro de 2021 
  21. ↑ BASTOS, Jorge Henrique. Prémio Camões. As vias e as vidas de um prémio. Revista Camões n.º 11, 2000
  22. ↑ 22,0 22,1 COURI, Norma. «Prêmio Camões gera polêmica» in Jornal do Brasil. Rio de Janeiro: 7 de julho de 1993, caderno B, p. 7.
  23. ↑ ANONIMO. Consagração de Antonio Candido. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 16 de julho de 1998, p. 24.
  24. ↑ RTP Notícias, em 3 de março de 2007.
  25. ↑ Sapo Notícias, em 1 de outubro de 2009.
  26. ↑ «Prémio Camões atribuído ao poeta Arménio Vieira». Expresso. 6 de junho de 2009 
  27. ↑ «Prémio Camões distingue Ferreira Gullar para quem a poesia é uma aventura». Público. 1 de junho de 2010 
  28. ↑ «Raduan Nassar critica governo ao ganhar prêmio; ministro da Cultura rebate». G1 (em português). G1. 17 de fevereiro de 2017. Consultado em 5 de janeiro de 2021 
  29. ↑ Jornal O Público, em 9 de outubro de 2019. A coluna de Ancelmo Gois só está disponível para assinantes.
  30. ↑ SECCHIN, Antonio Carlos. «Os prêmios e o reconhecimento do escritor», in Jornal do Brasil de 16 de março de 2005, caderno B, p. 2.

Ligações externas

Predefinição:Prémio Camões Predefinição:Prêmios literários do Brasil

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