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Lampreia: mudanças entre as edições

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'''Nota:''' ''Se você procura o diplomata brasileiro, consulte [[Luiz Felipe Palmeira Lampreia]].''
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'''Lampreia''' é o [[nome comum]] dado a diversas espécies de [[peixe]]s [[ciclóstomos]] de [[água doce]] ou [[anádromo|anádromos]], com forma de [[Anguilliformes|enguias]], mas sem maxilas, pertencentes à [[Família (biologia)|família]] [[Petromyzontidae]] da [[Ordem (biologia)|ordem]] dos [[Petromyzontiformes]]. Nestes peixes, a [[boca]] está transformada numa [[ventosa]] circular, com o [[diâmetro]] do corpo, reforçada por um anel de [[Tecido cartilaginoso|cartilagem]] e armada com uma ''[[língua]]-raspadora'' igualmente cartilaginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.<ref name="LampreiaSoBiologia">[http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/bioanimal3.php "Subfilo Vertebrata ou Craniata. Ágnatos ou Ciclostomados" no site SoBiologia.com.br] acessado a 5 de julho de 2009</ref>
As '''lampreias''' são [[ciclóstomos]] de [[água doce]] ou [[anádromo|anádromas]] com forma de [[Anguilliformes|enguias]], mas sem maxilas. A [[boca]] está transformada numa [[ventosa]] circular com o próprio [[diâmetro]] do corpo, reforçada por um anel de [[Tecido cartilaginoso|cartilagem]] e armada com uma ''[[língua]]-raspadora'' igualmente cartilaginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.<ref name="LampreiaSoBiologia">[http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/bioanimal3.php "Subfilo Vertebrata ou Craniata. Ágnatos ou Ciclostomados" no site SoBiologia.com.br] acessado a 5 de julho de 2009</ref>
== Descrição==
 
[[Imagem:Lamprey illustration side.png|thumb|left|250px|Anatomia da lampreia]]As lampreias possuem no topo da cabeça um "[[olho]] [[pineal]]" translúcido e, à frente, uma única "[[narina]]", o que é um caso único entre os [[vertebrados]] actuais (embora se encontre em alguns [[fóssil|fósseis]]). Esta "narina" também é chamada ''abertura naso-hipofisial'', uma vez que liga ao [[Órgão (anatomia)|órgão]] do [[olfacto]] e a um tubo cego que inclui a [[glândula]] [[pituitária]] ou [[hipófise]]. Pensa-se que este tubo seja um resíduo do ''canal nasofaringeal'' das [[mixina]]s, com quem a lampréia tem algumas características em comum.<ref>[http://tolweb.org/tree?group=Hyperoartia&contgroup=Vertebrata Tree of Life - Vertebrata]{{en}}</ref>
As lampreias são [[classificação científica|classificadas]] no [[clade]] '''Hyperoartia''', dentro do filo [[Chordata]], por oposição aos [[Gnathostomata]], que incluem os animais com [[maxila]]s. Todas as espécies conhecidas são agrupadas na [[classe (biologia)|classe]] '''Petromyzontida''' ou '''Cephalaspidomorphi''', na [[ordem (biologia)|ordem]] '''Petromyzontiformes''' e na [[família (biologia)|família]] '''Petromyzontidae'''. Ver também.<ref name="LampreiaFishBase">[http://www.fishbase.org/Summary/FamilySummary.cfm?ID=1 FishBase - Petromyzontidae]{{en}}</ref>
 
Algumas espécies de lampreias têm um número de [[cromossoma]]s que é [[recorde]] entre os cordados, chegando a 174. A [[larva]] ''[[ammocoetes]]'' tem um tamanho máximo de 10&nbsp;cm, enquanto que os adultos podem ultrapassar 120&nbsp;cm.
 
== Anatomia ==
[[Ficheiro:Lamprey illustration side.png|thumb|left|250px|Anatomia da lampreia]]As lampreias possuem no topo da cabeça um "[[olho]] [[pineal]]" translúcido e, à frente, uma única "[[narina]]", o que é um caso único entre os [[vertebrados]] actuais (embora se encontre em alguns [[fóssil|fósseis]]). Esta "narina" também é chamada ''abertura naso-hipofisial'', uma vez que liga ao [[Órgão (anatomia)|órgão]] do [[olfacto]] e a um tubo cego que inclui a [[glândula]] [[pituitária]] ou [[hipófise]]. Pensa-se que este tubo seja um resíduo do ''canal nasofaringeal'' das [[mixina]]s, com quem a lampréia tem algumas características em comum.<ref>[http://tolweb.org/tree?group=Hyperoartia&contgroup=Vertebrata Tree of Life - Vertebrata]{{en}}</ref>


Os [[olho]]s são relativamente grandes, estão equipados de [[cristalino]], mas não possuem ''[[músculo]]s oculares intrínsecos'', como os restantes vertebrados. Por trás deles, abrem-se sete [[brânquia|fendas branquiais]]. Uma outra característica deste grupo de peixes é a inexistência de verdadeiros [[brânquia|arcos branquiais]] – a câmara branquial é reforçada externamente por um ''cesto branquial'' cartilagíneo (ver figura na página [[Craniata]]).
Os [[olho]]s são relativamente grandes, estão equipados de [[cristalino]], mas não possuem ''[[músculo]]s oculares intrínsecos'', como os restantes vertebrados. Por trás deles, abrem-se sete [[brânquia|fendas branquiais]]. Uma outra característica deste grupo de peixes é a inexistência de verdadeiros [[brânquia|arcos branquiais]] – a câmara branquial é reforçada externamente por um ''cesto branquial'' cartilagíneo (ver figura na página [[Craniata]]).
[[Ficheiro:Boca de lamprea.1 - Aquarium Finisterrae.JPG|thumb|left|250px|Boca da lampreia]]
[[Imagem:Boca de lamprea.1 - Aquarium Finisterrae.JPG|thumb|left|250px|Boca da lampreia]]
A [[ventosa]] que forma a [[boca]] da lampreia funciona como tal através dum complexo mecanismo que age como uma [[bomba]] de [[sucção]]: inclui um pistão, o ''velum'' e uma depressão na cavidade bucal, o ''hydrosinus''.
A [[ventosa]] que forma a [[boca]] da lampreia funciona como tal através dum complexo mecanismo que age como uma [[bomba]] de [[sucção]]: inclui um pistão, o ''velum'' e uma depressão na cavidade bucal, o ''hydrosinus''.


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== Reprodução ==
== Reprodução ==
[[Ficheiro:Flussneunauge.jpg|thumb|150px|Lampreia marinha]]
[[Imagem:Flussneunauge.jpg|thumb|150px|Lampreia marinha]]
Tanto as lampréias [[mar]]inhas como as de [[água doce]] se reproduzem em rios. A sua vida [[larva]]r (ver abaixo), que pode durar até sete anos, é sempre passada no rio onde nascem. A certa altura, elas sofrem uma [[metamorfose]] e transformam-se em [[adulto]]s.<ref name="LampreiaSoBiologia" />
Tanto as lampréias [[mar]]inhas como as de [[água doce]] se reproduzem em rios. A sua vida [[larva]]r (ver abaixo), que pode durar até sete anos, é sempre passada no rio onde nascem. A certa altura, elas sofrem uma [[metamorfose]] e transformam-se em [[adulto]]s.<ref name="LampreiaSoBiologia" />


As [[espécie]]s [[anádromo|anádromas]] [[migração|migram]] para o mar depois da metamorfose<ref>Silva, S., Servia, M. J., Vieira-Lanero, R. & Cobo, F. (2013). Downstream migration and hematophagous feeding of newly metamorphosed sea lampreys (Petromyzon marinus Linnaeus, 1758). Hydrobiologia 700: 277–286. Doi: 10.1007/s10750-012-1237-3.</ref>, onde se desenvolvem e atingem a [[maturação]] [[sexo|sexual]]. Este processo pode durar um ou dois anos<ref>Silva, S., Servia, M. J., Vieira-Lanero, R., Barca, S. & Cobo, F. (2013). Life cycle of the sea lamprey Petromyzon marinus: duration of and growth in the marine life stage. Aquatic Biology 18: 59–62. doi: 10.3354/ab00488.</ref>. Quando atingem a maturidade sexual, as lampréias entram num rio, [[reprodução|reproduzem-se]] e morrem.
As [[espécie]]s [[anádromo|anádromas]] [[migração|migram]] para o mar depois da metamorfose<ref>Silva, S., Servia, M. J., Vieira-Lanero, R. & Cobo, F. (2013). Downstream migration and hematophagous feeding of newly metamorphosed sea lampreys (Petromyzon marinus Linnaeus, 1758). Hydrobiologia 700: 277–286. Doi: 10.1007/s10750-012-1237-3.</ref>, onde se desenvolvem e atingem a [[maturação]] [[sexo|sexual]]. Este processo pode durar um ou dois anos<ref>Silva, S., Servia, M. J., Vieira-Lanero, R., Barca, S. & Cobo, F. (2013). Life cycle of the sea lamprey Petromyzon marinus: duration of and growth in the marine life stage. Aquatic Biology 18: 59–62. doi: 10.3354/ab00488.</ref>. São espécies semélparas, quando atingem a maturidade sexual, as lampreias entram num rio, [[reprodução|reproduzem-se]] e morrem.


Cada fêmea gera milhares de [[ovo]]s pequenos e sem reservas [[nutriente|nutritivas]]. Os ovos são enterrados em "ninhos" cavados no fundo do rio.
Cada fêmea gera milhares de [[ovo]]s pequenos e sem reservas [[nutriente|nutritivas]]. Os ovos são enterrados em "ninhos" cavados no fundo do rio.
Algumas espécies de lampreias têm um número de [[cromossoma]]s que é [[recorde]] entre os cordados, chegando a 174.


== Desenvolvimento larval ==
== Desenvolvimento larval ==
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O [[Esqueleto humano|esqueleto]] da [[cabeça]] do ''ammocoetes'' é composto dum [[tecido (histologia)|tecido]] [[elástico]], a [[muco-cartilagem]] que, durante a metamorfose dá origem a uma variedade de tecidos, entre os quais a verdadeira cartilagem.
O [[Esqueleto humano|esqueleto]] da [[cabeça]] do ''ammocoetes'' é composto dum [[tecido (histologia)|tecido]] [[elástico]], a [[muco-cartilagem]] que, durante a metamorfose dá origem a uma variedade de tecidos, entre os quais a verdadeira cartilagem.
A [[larva]] ''[[ammocoetes]]'' tem um tamanho máximo de 10&nbsp;cm, enquanto que os adultos podem ultrapassar 120&nbsp;cm.


== Ecologia ==
== Ecologia ==
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== Uso humano ==
== Uso humano ==
[[Ficheiro:Portuguese Lamprey rice.jpg|thumb|Arroz de lampreia (Portugal).]]
[[Imagem:Portuguese Lamprey rice.jpg|thumb|Arroz de lampreia (Portugal)]]
Algumas espécies de lampreias são usadas como alimento. No [[sul]] da [[Europa]], sobretudo em [[Portugal]], [[Espanha]] e [[França]], a lampreia é tida por iguaria requintada, sendo vendida nos restaurantes a preços muito elevados.<ref>[http://linhaceira.net/linhaceira/gastronomia/arroz-de-lampreia/ "Arroz de lampreia" no site Linhaceira.net (aldeia da freguesia de Asseiceira, concelho de Tomar, Portugal)] acessado a 5 de julho de 2009</ref>
Algumas espécies de lampreias são usadas como alimento. No [[sul]] da [[Europa]], sobretudo em [[Portugal]], [[Espanha]] e [[França]], a lampreia é tida por iguaria requintada, sendo vendida nos restaurantes a preços elevados<ref>Araújo, M.J., Silva, S., Stratoudakis, Y., Gonçalves, M., Lopez, R., Carneiro, M., Martins, R., Cobo, F. and Antunes, C. 2016. Sea lamprey fisheries in the Iberian Peninsula, pp.115-148. In Jawless Fishes of the World. Volume 2, Chapter: 20. Ed. by A. Orlov and R. Beamish. Cambridge Schoolars Publishing</ref>.<ref>[http://linhaceira.net/linhaceira/gastronomia/arroz-de-lampreia/ "Arroz de lampreia" no site Linhaceira.net (aldeia da freguesia de Asseiceira, concelho de Tomar, Portugal)] {{Wayback|url=http://linhaceira.net/linhaceira/gastronomia/arroz-de-lampreia/ |date=20090622105043 }} acessado a 5 de julho de 2009</ref>


Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em [[arroz]] de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um [[guisado]] normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no [[espeto]], e outros ainda fazem-na de [[escabeche]]. Em Portugal, a lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril. [[Penacova]] é considerada a [[Capital]] Universal da Lampreia.
Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em [[arroz]] de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um [[guisado]] normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no [[espeto]], e outros ainda fazem-na de [[escabeche]]. Em Portugal, a lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril.


==Taxonomia==
==Taxonomia==
A taxonomia da lampreia:<ref name="LampreiaFishBase" />  
As lampreias são [[classificação científica|classificadas]] no [[clade]] [[Hyperoartia]] do [[filo]] [[Chordata]], por oposição aos [[Gnathostomata]], que incluem os animais com [[maxila]]s. Todas as espécies conhecidas são agrupadas na [[classe (biologia)|classe]] [[Petromyzontida]] (ou [[Cephalaspidomorphi]]) da [[ordem (biologia)|ordem]] [[Petromyzontiformes]] e na [[família (biologia)|família]] [[Petromyzontidae]].<ref name="LampreiaFishBase">[http://www.fishbase.org/Summary/FamilySummary.cfm?ID=1 FishBase - Petromyzontidae]{{en}}</ref>
 
A família Petromyzontidae inclui os seguintes ''taxa'':<ref name="LampreiaFishBase" />  
* Subfamilia [[Geotriinae]]
* Subfamilia [[Geotriinae]]
** Gênero ''[[Geotria]]''
** Gênero ''[[Geotria]]''
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==Em Portugal==
==Em Portugal==


Em Portugal vivem 6 espécies de lampreias: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho e ainda lampreias-da-costa-da-prata, lampreia-do-nabão e lapreia-do-sado, nomes que remetem para os seus locais de origem.
Em Portugal vivem 6 espécies de lampreias: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho e ainda lampreias-da-costa-da-prata, lampreia-do-nabão e lampreia-do-sado, nomes que remetem para os seus locais de origem.


A lampreia-marinha (''[[Petromyzon marinus]]'') é aquela que é considerada um autêntico pitéu e que leva muita gente em romarias gastronómicas. Já a lampreia-de-rio (''[[Lampetra fluviatilis]]'') e a lampreia-de-riacho (''[[Lampetra planeri]]'') não se comem e são mais raras do que a sua congénere marinha, pelo que estão classificadas como ''[[criticamente em perigo]]'' de extinção, na última versão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, de 2005.
A lampreia-marinha (''[[Petromyzon marinus]]'') é aquela que é considerada um autêntico pitéu e que leva muita gente em romarias gastronómicas. Já a lampreia-de-rio<ref>{{Citar web |ultimo=Infopédia |url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lampreia-de-rio |titulo=lampreia-de-rio {{!}} Definição ou significado de lampreia-de-rio no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa |acessodata=2021-07-01 |website=Infopédia - Dicionários Porto Editora |lingua=pt}}</ref> (''[[Lampetra fluviatilis]]'') e a lampreia-de-riacho (''[[Lampetra planeri]]'') não se comem e são mais raras do que a sua congénere marinha, pelo que estão classificadas como ''[[criticamente em perigo]]'' de extinção, na última versão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, de 2005.


A lampreia-de-riacho está presente sobretudo em Portugal, desde o Douro até ao Sado. Já a lampreia-de-rio foi declarada extinta em Espanha e, em Portugal, encontra-se somente no troço inferior dos rios Tejo e Sorraia. Para cada uma destas espécies, a população não ultrapassará os dez mil indivíduos.
A lampreia-de-riacho está presente sobretudo em Portugal, desde o Douro até ao Sado. Já a lampreia-de-rio foi declarada extinta em Espanha e, em Portugal, encontra-se somente no troço inferior dos rios Tejo e Sorraia. Para cada uma destas espécies, a população não ultrapassará os dez mil indivíduos.


Há três espécies endémicas de Portugal, o que significa que vivem apenas aqui. A lampreia-da-costa-da-prata (''[[Lampetra alavariensis]]'') é endémica das bacias hidrográficas do Vouga e do Esmoriz, enquanto a lampreia-do-sado (''[[Lampetra lusitanica]]'') existe só nesta rede hidrográfica e a lampreia-do-nabão (''[[Lampetra auremensis]]'') se restringe a esta bacia afluente do Tejo.
Há três espécies endémicas de Portugal, o que significa que vivem apenas aqui. A lampreia-da-costa-da-prata<ref>{{Citar web |ultimo=Infopédia |url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lampreia-da-costa-de-prata |titulo=lampreia-da-costa-de-prata {{!}} Definição ou significado de lampreia-da-costa-de-prata no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa |acessodata=2021-07-01 |website=Infopédia - Dicionários Porto Editora |lingua=pt}}</ref> (''[[Lampetra alavariensis]]'') é endémica das bacias hidrográficas do Vouga e do Esmoriz, enquanto a lampreia-do-sado<ref>{{Citar web |ultimo=Infopédia |url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lampreia-do-sado |titulo=lampreia-do-sado {{!}} Definição ou significado de lampreia-do-sado no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa |acessodata=2021-07-01 |website=Infopédia - Dicionários Porto Editora |lingua=pt}}</ref> (''[[Lampetra lusitanica]]'') existe só nesta rede hidrográfica e a lampreia-do-nabão<ref>{{Citar web |ultimo=Infopédia |url=https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lampreia-do-nab%C3%A3o |titulo=lampreia-do-nabão {{!}} Definição ou significado de lampreia-do-nabão no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa |acessodata=2021-07-01 |website=Infopédia - Dicionários Porto Editora |lingua=pt}}</ref> (''[[Lampetra auremensis]]'') se restringe a esta bacia afluente do Tejo.


Ao todo, as três espécies terão dez a 20 mil indivíduos e medem cerca de 15 centímetros, não se alimentam depois da metamorfose. Na fase adulta, de alguns meses apenas, limitam-se a reproduzirem-se e, depois disso, morrem<ref>{{citar web|url=http://www.publico.pt/ciencia/noticia/afinal-ha-seis-e-nao-tres-especies-de-lampreias-em-portugal-1576356|título=Afinal, há seis (e não três) espécies de lampreias em Portugal|autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref>.
Ao todo, as três espécies terão dez a 20 mil indivíduos e medem cerca de 15 centímetros, não se alimentam depois da metamorfose. Na fase adulta, de alguns meses apenas, limitam-se a reproduzirem-se e, depois disso, morrem<ref>{{citar web|url=http://www.publico.pt/ciencia/noticia/afinal-ha-seis-e-nao-tres-especies-de-lampreias-em-portugal-1576356|título=Afinal, há seis (e não três) espécies de lampreias em Portugal=}}</ref>.


== Espécies extintas ==
== Espécies extintas ==
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* ''[[Mayomyzon pieckoensis]]''
* ''[[Mayomyzon pieckoensis]]''
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* ''[[Priscomyzon riniensis]]''
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==Ligações externas==
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Edição atual tal como às 12h56min de 3 de dezembro de 2021

Predefinição:Links ambíguos

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPetromyzontidae
lampreias
Lampreia europeia
Lampreia europeia
Classificação científica
Domínio: Eukariota
Reino: Animalia
Sub-reino: Metazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Infrafilo: Agnatha
Classe: Cephalaspidomorphi
Subclasse: Hyperoartia
Ordem: Petromyzontiformes
Família: Petromyzontidae
Sub-famílias

Lampreia é o nome comum dado a diversas espécies de peixes ciclóstomos de água doce ou anádromos, com forma de enguias, mas sem maxilas, pertencentes à família Petromyzontidae da ordem dos Petromyzontiformes. Nestes peixes, a boca está transformada numa ventosa circular, com o diâmetro do corpo, reforçada por um anel de cartilagem e armada com uma língua-raspadora igualmente cartilaginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.[1]

Descrição

Anatomia da lampreia

As lampreias possuem no topo da cabeça um "olho pineal" translúcido e, à frente, uma única "narina", o que é um caso único entre os vertebrados actuais (embora se encontre em alguns fósseis). Esta "narina" também é chamada abertura naso-hipofisial, uma vez que liga ao órgão do olfacto e a um tubo cego que inclui a glândula pituitária ou hipófise. Pensa-se que este tubo seja um resíduo do canal nasofaringeal das mixinas, com quem a lampréia tem algumas características em comum.[2]

Os olhos são relativamente grandes, estão equipados de cristalino, mas não possuem músculos oculares intrínsecos, como os restantes vertebrados. Por trás deles, abrem-se sete fendas branquiais. Uma outra característica deste grupo de peixes é a inexistência de verdadeiros arcos branquiais – a câmara branquial é reforçada externamente por um cesto branquial cartilagíneo (ver figura na página Craniata).

Boca da lampreia

A ventosa que forma a boca da lampreia funciona como tal através dum complexo mecanismo que age como uma bomba de sucção: inclui um pistão, o velum e uma depressão na cavidade bucal, o hydrosinus.

As lampreias não têm um esqueleto mineralizado, mas encontram-se regiões de cartilagem calcificada no seu endoesqueleto. O crânio é composto por placas cartilagíneas, como o das mixinas, mas é mais complexo e inclui uma verdadeira caixa craniana onde está alojado o cérebro.[1]

A coluna vertebral é basicamente formada pelo notocórdio, tal como as mixinas, mas nas lampréias existem pequenos reforços cartilagíneos, os arcualia dorsais.

Reprodução

Lampreia marinha

Tanto as lampréias marinhas como as de água doce se reproduzem em rios. A sua vida larvar (ver abaixo), que pode durar até sete anos, é sempre passada no rio onde nascem. A certa altura, elas sofrem uma metamorfose e transformam-se em adultos.[1]

As espécies anádromas migram para o mar depois da metamorfose[3], onde se desenvolvem e atingem a maturação sexual. Este processo pode durar um ou dois anos[4]. São espécies semélparas, quando atingem a maturidade sexual, as lampreias entram num rio, reproduzem-se e morrem.

Cada fêmea gera milhares de ovos pequenos e sem reservas nutritivas. Os ovos são enterrados em "ninhos" cavados no fundo do rio.

Algumas espécies de lampreias têm um número de cromossomas que é recorde entre os cordados, chegando a 174.

Desenvolvimento larval

As lampreias sofrem um desenvolvimento larvar que pode durar até sete anos, passando-se sempre em água doce. A larva, denominada ammocoetes, não tem ventosa e os olhos são pouco desenvolvidos. A câmara branquial não é fechada e a larva alimenta-se capturando pequenas partículas orgânicas com uma fita de muco produzida na faringe.

Para promover o fluxo de água, o ammocoetes possui entre a boca e a faringe um sistema de bombagem anti-refluxo com duas válvulas, o velum que nos adultos não toma parte na respiração.

O esqueleto da cabeça do ammocoetes é composto dum tecido elástico, a muco-cartilagem que, durante a metamorfose dá origem a uma variedade de tecidos, entre os quais a verdadeira cartilagem.

A larva ammocoetes tem um tamanho máximo de 10 cm, enquanto que os adultos podem ultrapassar 120 cm.

Ecologia

As lampreias encontram-se principalmente em águas temperadas, tanto no hemisfério norte, como no sul.

Algumas espécies são parasitas, fixando-se a outros peixes[5], cuja pele abrem com a sua língua-raspadora e sugam-lhes o sangue. Esta é também uma forma de se deslocarem.

A ventosa bucal também lhes serve para se agarrarem a pedras ou vegetação aquática para descansarem. Por esta razão, em alguns locais da Europa são conhecidas por suga-pedra ("stone-sucker" em inglês).

As lampreias, principalmente a larva ammocoetes, são usadas como isco na pesca. No entanto, em alguns países (como Portugal, por exemplo), os adultos são considerados uma especialidade culinária.

A poluição dos rios, à qual as larvas são especialmente sensíveis, tem sido a causa da sua quase extinção em muitos rios da Europa.

Existem registos fósseis de lampreias desde o período Carbónico superior, com cerca de 280 milhões de anos de idade.

Uso humano

Arroz de lampreia (Portugal)

Algumas espécies de lampreias são usadas como alimento. No sul da Europa, sobretudo em Portugal, Espanha e França, a lampreia é tida por iguaria requintada, sendo vendida nos restaurantes a preços elevados[6].[7]

Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em arroz de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um guisado normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no espeto, e outros ainda fazem-na de escabeche. Em Portugal, a lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril.

Taxonomia

As lampreias são classificadas no clade Hyperoartia do filo Chordata, por oposição aos Gnathostomata, que incluem os animais com maxilas. Todas as espécies conhecidas são agrupadas na classe Petromyzontida (ou Cephalaspidomorphi) da ordem Petromyzontiformes e na família Petromyzontidae.[8]

A família Petromyzontidae inclui os seguintes taxa:[8]

Em Portugal

Em Portugal vivem 6 espécies de lampreias: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho e ainda lampreias-da-costa-da-prata, lampreia-do-nabão e lampreia-do-sado, nomes que remetem para os seus locais de origem.

A lampreia-marinha (Petromyzon marinus) é aquela que é considerada um autêntico pitéu e que leva muita gente em romarias gastronómicas. Já a lampreia-de-rio[9] (Lampetra fluviatilis) e a lampreia-de-riacho (Lampetra planeri) não se comem e são mais raras do que a sua congénere marinha, pelo que estão classificadas como criticamente em perigo de extinção, na última versão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, de 2005.

A lampreia-de-riacho está presente sobretudo em Portugal, desde o Douro até ao Sado. Já a lampreia-de-rio foi declarada extinta em Espanha e, em Portugal, encontra-se somente no troço inferior dos rios Tejo e Sorraia. Para cada uma destas espécies, a população não ultrapassará os dez mil indivíduos.

Há três espécies endémicas de Portugal, o que significa que vivem apenas aqui. A lampreia-da-costa-da-prata[10] (Lampetra alavariensis) é endémica das bacias hidrográficas do Vouga e do Esmoriz, enquanto a lampreia-do-sado[11] (Lampetra lusitanica) existe só nesta rede hidrográfica e a lampreia-do-nabão[12] (Lampetra auremensis) se restringe a esta bacia afluente do Tejo.

Ao todo, as três espécies terão dez a 20 mil indivíduos e medem cerca de 15 centímetros, não se alimentam depois da metamorfose. Na fase adulta, de alguns meses apenas, limitam-se a reproduzirem-se e, depois disso, morrem[13].

Espécies extintas

Referências

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  3. Silva, S., Servia, M. J., Vieira-Lanero, R. & Cobo, F. (2013). Downstream migration and hematophagous feeding of newly metamorphosed sea lampreys (Petromyzon marinus Linnaeus, 1758). Hydrobiologia 700: 277–286. Doi: 10.1007/s10750-012-1237-3.
  4. Silva, S., Servia, M. J., Vieira-Lanero, R., Barca, S. & Cobo, F. (2013). Life cycle of the sea lamprey Petromyzon marinus: duration of and growth in the marine life stage. Aquatic Biology 18: 59–62. doi: 10.3354/ab00488.
  5. Silva, S., Servia, M. J., Vieira-Lanero, R., Nachón, D. J. & Cobo, F. (2013). Haematophagous feeding of newly metamorphosed European sea lampreys Petromyzon marinus on strictly freshwater species. Journal of Fish Biology. doi:10.1111/jfb.12100.
  6. Araújo, M.J., Silva, S., Stratoudakis, Y., Gonçalves, M., Lopez, R., Carneiro, M., Martins, R., Cobo, F. and Antunes, C. 2016. Sea lamprey fisheries in the Iberian Peninsula, pp.115-148. In Jawless Fishes of the World. Volume 2, Chapter: 20. Ed. by A. Orlov and R. Beamish. Cambridge Schoolars Publishing
  7. "Arroz de lampreia" no site Linhaceira.net (aldeia da freguesia de Asseiceira, concelho de Tomar, Portugal) Arquivado em 22 de junho de 2009, no Wayback Machine. acessado a 5 de julho de 2009
  8. 8,0 8,1 FishBase - Petromyzontidae(em inglês)
  9. Infopédia. «lampreia-de-rio | Definição ou significado de lampreia-de-rio no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora (em português). Consultado em 1 de julho de 2021 
  10. Infopédia. «lampreia-da-costa-de-prata | Definição ou significado de lampreia-da-costa-de-prata no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora (em português). Consultado em 1 de julho de 2021 
  11. Infopédia. «lampreia-do-sado | Definição ou significado de lampreia-do-sado no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora (em português). Consultado em 1 de julho de 2021 
  12. Infopédia. «lampreia-do-nabão | Definição ou significado de lampreia-do-nabão no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora (em português). Consultado em 1 de julho de 2021 
  13. «Afinal, há seis (e não três) espécies de lampreias em Portugal=» 

Ligações externas

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