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História de Honduras: mudanças entre as edições

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==[[Pré-história]] e descoberta==
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[[Ficheiro:IMG 2311.JPG|thumb|Ruínas de Copán.]]
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== [[Pré-história]] e descoberta ==
[[Ficheiro:Copán_Maya_stelae_2.jpg|thumb|esquerda|Ruínas de Copán.]]


Durante o I milênio d.C., a parte ocidental de [[Honduras]] constituiu o extremo sudeste da grande [[civilização maia]], cujo alto grau de desenvolvimento é demonstrado pelas ruínas de [[Copán]]. Em [[1502]], quando [[Cristóvão Colombo]], em sua quarta viagem, chegou a costa hondurenha, a civilização maia estava em decadência e os remanescentes da outrora gloriosa civilização habitavam [[Copán]], [[Quiriguá]] e outros locais. Só após um período de [[guerra]] contra os [[índio]]s ([[1523]]-[[1539]]), é que os [[Espanha|Espanhóis]] conseguiram assegurar o controle da [[colônia]]. Ante a brutalidade dos invasores, os maias fugiram para a [[península de Yucatán]]. Em [[1525]], [[Hernán Cortés]], o conquistador do México, chegou à região, cuja conquista caracterizou-se por sangrentas lutas entre os diversos centros de poder espanhol, localizados no [[México]], no [[Panamá]] e em [[Santo Domingo]]. Colonizou a região auxiliado por seus prepostos [[Cristóbal de Olid]], [[Francisco de Las Casas]] e [[Pedro de Alvarado]], que fundou a cidade de [[San Pedro Sula]].
Durante o I milênio d.C., a parte ocidental de [[Honduras]] constituiu o extremo sudeste da grande [[civilização maia]], cujo alto grau de desenvolvimento é demonstrado pelas ruínas de [[Copán]]. Em [[1502]], quando [[Cristóvão Colombo]], em sua quarta viagem, chegou a costa hondurenha, a civilização maia estava em decadência e os remanescentes da outrora gloriosa civilização habitavam Copán, [[Quiriguá]] e outros locais. Só após um período de [[guerra]] contra os [[índígena]]s ([[1523]]-[[1539]]), que, sob comando do chefe [[Lempira]], resistiram bravamente ao avanço do inimigo em direção ao interior, até serem impiedosamente massacrados, é que os [[Espanha|espanhóis]] conseguiram assegurar o controle da [[Colônia (história)|colônia]].


A primeira capital de Honduras, [[Comayagua]], foi fundada por [[Alonso de Cáceres]]. Esse período de conquista foi marcado por [[violenta]] repressão aos indígenas, que, sob comando do chefe [[Lempira]], resistiram bravamente ao avanço dos espanhóis em direção ao interior, até serem impiedosamente massacrados.
Em [[1525]], [[Hernán Cortés]], o conquistador do México, chegou à região, cuja conquista caracterizou-se por sangrentas lutas entre os diversos centros de poder espanhol, localizados no [[México]], no [[Panamá]] e em [[Santo Domingo]]. Ante a brutalidade dos invasores, os maias fugiram para a [[península de Yucatán]]. Cortés colonizou a região auxiliado por seus prepostos [[Cristóbal de Olid]], [[Francisco de Las Casas]] e [[Pedro de Alvarado]], que fundou a cidade de [[San Pedro Sula]].


==Período colonial==
A primeira capital de Honduras, [[Comayagua]], foi fundada por [[Alonso de Cáceres]].


[[Ficheiro:SanFernadodeOmoa.jpg|thumb|200px|left|Fortaleza de San Fernando de [[Omoa]]: Construída pelos espanhóis para defenderem-se dos piratas.]]
== Período colonial ==
[[Ficheiro:SanFernadodeOmoa.jpg|thumb|200px|esquerda|Fortaleza de San Fernando de [[Omoa]]: Construída pelos espanhóis para defenderem-se dos piratas.]]


Em [[1539]] Honduras foi incorporada à Capitania Geral da Guatemala (também colônia espanhola) e ficou nessa condição durante todo o período colonial. Com a descoberta de [[Mineração|minas]] de [[ouro]] e [[prata]] em seu território, entre [[1570]] e [[1580]], numerosos grupos de imigrantes chegaram ao país, transformando-o num centro de intrigas e conflitos, embora as [[jazida]]s fossem menores do que se acreditava. Enquanto o litoral do [[mar do Caribe]] era transformado em ponto de encontro de [[pirata]]s. As Honduras começaram a ser alvo de ataques perpetrados pelos piratas e pelos [[Inglaterra|ingleses]], empurrando os [[Espanha|Espanhóis]] para o interior, situação constante até ao [[século XVIII]], durante a qual a Espanha empreendeu uma recuperação territorial culminada em [[1779]]. Mais tarde a região foi invadida por [[madeireiro]]s ingleses, que já em fins do [[século XVIII]] controlavam a [[costa do Mosquito]].
Em [[1539]] Honduras foi incorporada à Capitania Geral da Guatemala (também colônia espanhola) e ficou nessa condição durante todo o período colonial. Com a descoberta de [[Mineração|minas]] de [[ouro]] e [[prata]] em seu território, entre [[1570]] e [[1580]], numerosos grupos de imigrantes chegaram ao país, transformando-o num centro de intrigas e conflitos, embora as [[jazida]]s fossem menores do que se acreditava. Enquanto o litoral do [[mar do Caribe]] era transformado em ponto de encontro de [[pirata]]s. As Honduras começaram a ser alvo de ataques perpetrados pelos piratas e pelos [[Inglaterra|ingleses]], empurrando os [[Espanha|Espanhóis]] para o interior, situação constante até ao [[século XVIII]], durante a qual a Espanha empreendeu uma recuperação territorial culminada em [[1779]]. Mais tarde a região foi invadida por [[madeireiro]]s ingleses, que já em fins do século XVIII controlavam a [[costa do Mosquito]].


==Independência==
== Independência ==
[[Ficheiro:FMorazan.jpg|thumb|150px|Francisco Morazán.]]


[[Ficheiro:FMorazan.jpg|thumb|Francisco Morazán.]]
Em [[1821]], já com o [[Independência do México|México independente da Espanha]], as províncias integrantes da [[Capitania Geral da Guatemala]] romperam seus vínculos com a Metrópole e, no [[1822|ano seguinte]], passaram a integrar o [[Império Mexicano]] de [[Agustín de Iturbide]], do qual separaram-se um [[1823|ano depois]], para formar a [[Federação das Províncias Unidas da América Central|República Federal das Províncias Unidas da América Central]]. A [[federação]] foi governada inicialmente por [[Manuel José Arce]], e posteriormente por [[Francisco Morazán Quesada|Francisco Morazán]]. Divergências entre os países membros provocaram sua dissolução, e os estados-membros tornaram-se independentes ([[1838]]). Em [[5 de novembro]] de 1838 Honduras proclamou-se Estado soberano e independente e, no começo do [[1839|ano seguinte]] uma assembléia constituinte aprovou sua primeira [[Constituição]]. No entanto, diversas vezes, Honduras apoiou tentativas de reconstituição parcial ou total da antiga união centro-americana.


Em [[1821]], já com o México independente da Espanha, as províncias integrantes da Capitania Geral da Guatemala romperam seus vínculos com a Metrópole e, no [[1822|ano seguinte]], passaram a integrar o Império Mexicano de [[Agustín de Iturbide]], do qual separaram-se um [[1823|ano depois]], para formar a [[Federação das Províncias Unidas da América Central|República Federal das Províncias Unidas da América Central]]. A [[federação]] foi governada inicialmente por [[Manuel José Arce]], e posteriormente por [[Francisco Morazán Quesada|Francisco Morazán]]. Divergências entre os países membros provocaram sua dissolução, e os estados-membros tornaram-se independentes ([[1838]]). Em [[5 de novembro]] de [[1838]] Honduras proclamou-se Estado soberano e independente e, no começo do [[1839|ano seguinte]] uma assembléia constituinte aprovou sua primeira [[Constituição]]. No entanto, diversas vezes, Honduras apoiou tentativas de reconstituição parcial ou total da antiga união centro-americana.
A situação de [[Estado]] independente data de quando a união se rompeu e uma ininterrupta sucessão de [[caudilho]]s dominou o país no restante do [[século XIX]]. Os ditadores liberais, que dominaram o país entre o fim do século XIX e o início do [[Século XX|XX]], voltaram a atenção para a necessidade de aumento das [[Exportação|exportações]]. No século XX, várias empresas dos [[Estados Unidos]] tornaram a [[banana]] o principal produto de exportação do país, convencendo o governo da necessidade de concessões favoráveis ao setor. A ''[[United Fruit Company]]'' desempenhou papel capital na vida [[Economia|econômica]] e [[política hondurenha]]. Por sua posição geográfica, Honduras tem-se visto afetada pelas agitações políticas da [[América Central]].


A situação de [[Estado]] independente data de quando a união se rompeu e uma ininterrupta sucessão de [[caudilho]]s dominou o país no restante do [[século XIX]]. Os ditadores liberais, que dominaram o país entre o fim do século XIX e o início do [[Século XX|XX]], voltaram a atenção para a necessidade de aumento das [[Exportação|exportações]]. No [[século XX]], várias empresas dos [[Estados Unidos]] tornaram a [[banana]] o principal produto de exportação do país, convencendo o governo da necessidade de concessões favoráveis ao setor. A ''[[United Fruit Company]]'' desempenhou papel capital na vida [[Economia|econômica]] e [[política hondurenha]]. Por sua posição geográfica, Honduras tem-se visto afetada pelas agitações políticas da [[América Central]].
O primeiro presidente constitucional foi o [[Conservadorismo|conservador]] [[Francisco Ferrera]], que foi eleito [[presidente da República]] em [[1841]].Os conservadores mantiveram-se no Poder até [[1876]], aquando da eleição do [[Liberalismo|liberal]] [[Marco Aurelio Soto]], que abriu caminho, [[1880|quatro anos depois]], à promulgação de uma nova Constituição em que os princípios liberais estavam presentes. Nas últimas décadas do século XIX Honduras sofreu interferências da [[Guatemala]] em seus assuntos internos.


O primeiro presidente constitucional foi o [[Conservadorismo|conservador]] [[Francisco Ferrera]], que foi eleito [[presidente da República]] em [[1841]].Os conservadores mantiveram-se no Poder até [[1876]], aquando da eleição do [[Liberalismo|liberal]] [[Marco Aurelio Soto]], que abriu caminho, [[1880|quatro anos depois]], à promulgação de uma nova [[Constituição]] em que os princípios liberais estavam presentes. Nas últimas décadas do século XIX Honduras sofreu interferências da [[Guatemala]] em seus assuntos internos.
[[Ficheiro:Manuel Bonilla.jpg|thumb|esquerda|[[Manuel Bonilla]].]]


Progressos no processo político ocorreram gradativamente ao longo do [[século XX]]. [[Ditador]]es [[militar]]es continuaram ocupando a presidência em maior escala que os civis. Nos primeiros anos do século XX, o presidente da [[Nicarágua]], [[José Santos Zelaya]], impôs [[Manuel Bonilla]] como presidente de Honduras, fato que mergulhou o país num período de rebeliões internas, entre [[1911]] e [[1912]]. A pretexto de controlar a [[anarquia]], os [[Estados Unidos]] intervieram no país e enviaram tropas para proteger os interesses das empresas [[Banana|bananeiras]]. A influência da Nicarágua sobre a vida política hondurenha teve seu ponto alto a eleição de [[Miguel Dávila]] para presidente das Honduras.
Progressos no processo político ocorreram gradativamente ao longo do [[século XX]]. [[Ditador]]es [[militar]]es continuaram ocupando a presidência em maior escala que os civis. Nos primeiros anos do século XX, o presidente da [[Nicarágua]], [[José Santos Zelaya]], impôs [[Manuel Bonilla]] como presidente de Honduras, fato que mergulhou o país num período de rebeliões internas, entre [[1911]] e [[1912]]. A pretexto de controlar a [[anarquia]], os [[Estados Unidos]] intervieram no país e enviaram tropas para proteger os interesses das empresas [[Banana|bananeiras]]. A influência da Nicarágua sobre a vida política hondurenha teve seu ponto alto a eleição de [[Miguel Dávila]] para presidente das Honduras.


A conjuntura de instabilidade continuou até 1932, ano em que foi eleito o general [[Tiburcio Carías Andino]] que, como presidente, realizou reformas constitucionais que lhe permitiram instituir uma [[ditadura]]. Apesar da acentuada crise econômica existente causada pelos excedentes de exportação (que provocou uma explosão nos níveis de [[desemprego]]) e das constantes tentativas de [[golpe de Estado]], Tiburcio Carías se manteve no Poder até [[1949]], quando a ditadura terminou com uma revolta política. Em [[1949]], foi sucedido por [[Juan Manuel Gálvez]], que tentou restaurar a normalidade. Mas entre [[1954]] e [[1956]] o país recaiu na ditadura sob a administração de [[Júlio Lozano Díaz]], deposto por uma junta chefiada pelo coronel [[Hector Caraccioli]].
A conjuntura de instabilidade continuou até 1932, ano em que foi eleito o general [[Tiburcio Carías Andino]] que, como presidente, realizou reformas constitucionais que lhe permitiram instituir uma [[ditadura]]. Apesar da acentuada crise econômica existente causada pelos excedentes de exportação (que provocou uma explosão nos níveis de [[desemprego]]) e das constantes tentativas de [[golpe de Estado]], Tiburcio Carías se manteve no Poder até [[1949]], quando a ditadura terminou com uma revolta política. Em 1949, foi sucedido por [[Juan Manuel Gálvez]], que tentou restaurar a normalidade. Mas entre [[1954]] e [[1956]] o país recaiu na ditadura sob a administração de [[Júlio Lozano Díaz]], deposto por uma junta chefiada pelo coronel [[Hector Caraccioli]].


O país só voltou a ter uma eleição pacífica em [[1957]]. O vencedor foi o liberal [[Ramón Villeda Morales]], que promulgou uma nova [[Constituição]]. Apesar dessa eleição ter desencadeado esperanças em relação ao futuro, a política liberal do novo presidente provocou a desconfiança da [[oligarquia]] hondurenhaque, assustada pelo triunfo do [[comunismo]] em [[Cuba]], apoiou, em [[1963]], um [[golpe de Estado]]. O presidente foi derrubado pelo [[exército hondurenho]] antes que pudesse implementar o programa de reformas que havia conseguido aprovar no [[Congresso]]. O líder do golpe, o coronel [[Osvaldo López Arellano]], cuja ascensão à presidência formalizou-se em [[1965]], manteve-se no poder até [[1974]]. Em [[1965]] foi promulgada mais uma [[Constituição]]. Em [[1969]], o entrincheiramento militar foi ainda mais solidificado durante o conflito de [[fronteira]] com [[El Salvador]]: os dois países entraram em guerra por causa de um jogo de [[futebol]] (que as Honduras tinham ganho), terminando os combates cinco dias depois do seu início com a vitória militar de El Salvador que, no entanto, se retirou do território hondurenho. A chamada "[[guerra do futebol]]", fora solucionada com a intervenção da [[Organização dos Estados Americanos]] ([[OEA]]). A frágil economia hondurenha ficou ainda mais debilitada devido ao conflito.
[[Ficheiro:Oswaldo Lopez Arellano.JPG|thumb|150px|[[Osvaldo López Arellano]].]]


Em [[1971]], [[Ramón Ernesto Cruz]] foi eleito presidente, mas no [[1972|ano seguinte]] o general López Arellano voltou ao poder após um [[golpe de Estado]]. Em [[1975]] López Arellano foi deposto pelo coronel [[Juan Alberto Melgar Castro]], por sua vez obrigado a renunciar em [[1978]], quando o general [[Policarpo Paz García]] assumiu o poder. Em [[1979]], a [[América Central]] passou a viver um período de forte instabilidade provocada pelas guerras civis na [[Nicarágua]] e em [[El Salvador]].  
O país só voltou a ter uma eleição pacífica em [[1957]]. O vencedor foi o liberal [[Ramón Villeda Morales]], que promulgou uma nova [[Constituição]] e tentou realizar uma [[reforma agrária]]. Apesar dessa eleição ter desencadeado esperanças em relação ao futuro, a política liberal do novo presidente provocou a desconfiança da [[oligarquia]] hondurenha que, assustada pelo triunfo do [[comunismo]] em [[Cuba]], apoiou, em [[1963]], um [[golpe de Estado]]. O presidente foi derrubado pelo [[exército hondurenho]] antes que pudesse implementar o programa de reformas que havia conseguido aprovar no [[Congresso]]. O líder do golpe, o coronel (depois general) [[Osvaldo López Arellano]], cuja ascensão à presidência formalizou-se em [[1965]], manteve-se no poder até [[1974]]. Em 1965 foi promulgada mais uma Constituição. Em [[1969]], o entrincheiramento militar foi ainda mais solidificado durante o conflito de [[fronteira]] com [[El Salvador]]: os dois países entraram em guerra por causa de um jogo de [[futebol]] (que as Honduras tinham ganho), terminando os combates cinco dias depois do seu início com a vitória militar de El Salvador que, no entanto, se retirou do território hondurenho. A chamada "''[[guerra do futebol]]''", que favoreceu a agitação política no interior, fora solucionada com a intervenção da [[Organização dos Estados Americanos]] ([[OEA]]). A frágil economia hondurenha ficou ainda mais debilitada devido ao conflito.


Em [[1981]], após nove anos de regime militar, [[Roberto Suazo Córdova]], do Partido Liberal, venceu as eleições presidenciais. Em [[1982]], uma nova [[Constituição]], apoiada pelos [[EUA]], almejava o aumento da atividade [[Democracia|democrática]]. Como condição para o apoio norte- americano, no entanto, o país forneceu a base para os "[[contras]]" da Nicarágua. O país foi incluido, em [[1983]], nos planos de defesa da região proposto pelos [[EUA]], servindo de base para treinamento de [[soldado]]s, mas em [[1984]] o governo pediu revisão do Tratado de Aliança com esse país. Em [[1985]], aumentou a tensão com a [[Nicarágua]].  
Em [[1971]], [[Ramón Ernesto Cruz]] foi eleito presidente, mas no [[1972|ano seguinte]] o general López Arellano voltou ao poder após um golpe de Estado. Em [[1975]] López Arellano foi deposto pelo coronel [[Juan Alberto Melgar Castro]], por sua vez obrigado a renunciar em [[1978]], quando o general [[Policarpo Paz García]] assumiu o poder. Em [[1979]], a [[América Central]] passou a viver um período de forte instabilidade provocada pelas guerras civis na [[Nicarágua]] e em El Salvador.


Em [[1986]] ocorreu a primeira transferência de poder na história do país sem interferência militar direta, com a eleição do liberal [[José Azcona del Hoyo]] ([[1986]]-[[1990]]). O novo presidente abraçou um movimento pacifista levado a cabo pelos países da [[América Central]]. Ameaçou interromper a atividade dos "contras", assim como diminuir o poder dos militares. Honduras, no entanto, manteve-se economicamente dependente dos EUA, e, em [[1989]], [[Rafael Leonardo Callejas]], do Partido Nacional, foi eleito presidente com o apoio norte-americano e no [[1990|ano seguinte]] um plano de ajuste econômico provocou a greve dos plantadores de [[banana]], que terminou com a intervenção do [[Exército]]. O início da [[década de 1990]] encontrou o país ainda agitado por divergências internas, agravadas pela luta contra três grupos [[guerrilheiro]]s. A crise econômica, a atividade [[Guerrilha|guerrilheira]] de [[esquerda]] e as forças de segurança ficaram fora de controle, com 40 [[assassinato]]s e mais de 4 mil violações dos [[direitos humanos]]. Em [[1991]], o [[governo]] anunciou [[anistia]] e iniciou negociações com [[guerrilheiro]]s de [[esquerda]]. Em [[11 de setembro]] de [[1992]], o conflito com [[El Salvador]] terminou com a intervenção da [[Corte Internacional de Justiça]], que traçou definitivamente os limites territoriais dos dois países.
[[Ficheiro:Robeto Suazo Cordova.JPG|thumb|left|150px|[[Roberto Suazo Córdova]].]]


Em [[1980]], o governo americano em uma tentativa de manter o regime, enviou miolitares para treinar batalhões de tortura.<ref>[http://www.baltimoresun.com/news/maryland/bal-negroponte2-story.html#page=1 Torturers' confessions] Baltimore Sun, [[13 de junho]] de [[1995]]</ref> Em [[1981]], após nove anos de regime militar, [[Roberto Suazo Córdova]], do Partido Liberal, venceu as eleições presidenciais. Em [[1982]], uma nova Constituição, apoiada pelos [[Estados Unidos]], almejava o aumento da atividade [[Democracia|democrática]]. Como condição para o apoio norte- americano, no entanto, o país forneceu a base para os "[[contras]]" da Nicarágua. O país foi incluido, em [[1983]], nos planos de defesa da região proposto pelos Estados Unidos, servindo de base para treinamento de [[soldado]]s, mas em [[1984]] o governo pediu revisão do Tratado de Aliança com esse país. Em [[1985]], aumentou a tensão com a Nicarágua.


O candidato de oposição ao [[neoliberalismo]], [[Carlos Roberto Reina Idiáquez|Carlos Roberto Reina]], um grande defensor dos [[direitos humanos]], venceu as eleições de novembro de [[1993]] e tornou-se [[presidente]] em [[27 de Janeiro]] de [[1994]]. Desde então, Carlos Reina tem orientado a sua política (através de medidas preventivas dos direitos humanos) na busca de estabilidade social que lhe permita avançar com programas económicos que desenvolvam o país, como, por exemplo, a reestruturação da administração estatal sobre as [[floresta]]s e a definição do papel do setor privado neste campo.


===Golpe Militar (2009) ===
 
Em [[1986]] ocorreu a primeira transferência de poder na história do país sem interferência militar direta, com a eleição do liberal [[José Simón Azcona del Hoyo]] ([[1986]]-[[1990]]). O novo presidente abraçou um movimento pacifista levado a cabo pelos países da [[América Central]]. Ameaçou interromper a atividade dos "contras", assim como diminuir o poder dos militares. Em [[1987]] e [[1989]] foram assinados acordos com [[Costa Rica]], [[Guatemala]], [[Nicarágua]] e [[El Salvador]] visando restabelecer a paz na região. Honduras, no entanto, manteve-se economicamente dependente dos Estados Unidos, e, em [[1989]], [[Rafael Leonardo Callejas]], do Partido Nacional, foi eleito presidente com o apoio norte-americano e no ano seguinte um plano de ajuste econômico provocou a greve dos plantadores de [[banana]], que terminou com a intervenção do [[Exército]]. O início da [[década de 1990]] encontrou o país ainda agitado por divergências internas, agravadas pela luta contra três grupos [[guerrilheiro]]s. A crise econômica, a atividade [[Guerrilha|guerrilheira]] de [[esquerda]] e as forças de segurança ficaram fora de controle, com 40 [[assassinato]]s e mais de 4 mil violações dos [[direitos humanos]]. Em [[1991]], o [[governo]] anunciou [[anistia]] e iniciou negociações com guerrilheiros de esquerda. Em [[11 de setembro]] de [[1992]], o conflito com [[El Salvador]] terminou com a intervenção da [[Corte Internacional de Justiça]], que traçou definitivamente os limites territoriais dos dois países.
 
O candidato de oposição ao [[neoliberalismo]], [[Carlos Roberto Reina Idiáquez|Carlos Roberto Reina]], um grande defensor dos direitos humanos, venceu as eleições de novembro de [[1993]] e tornou-se [[presidente]] em [[27 de Janeiro]] de [[1994]]. Desde então, Carlos Reina tem orientado a sua política (através de medidas preventivas dos direitos humanos) na busca de estabilidade social que lhe permita avançar com programas económicos que desenvolvam o país, como, por exemplo, a reestruturação da administração estatal sobre as [[floresta]]s e a definição do papel do setor privado neste campo. Seguiram-se no poder o liberal [[Carlos Roberto Flores]] ([[1998]]-[[2002]]) e o conservador [[Ricardo Maduro]] ([[2002]]-[[2006]]), do [[Partido Nacional]].
 
=== Deposição de Manuel Zelaya ===


[[Ficheiro:Zelaya en Brasil Agosto 2009.jpg|thumb|O presidente deposto de Honduras [[Manuel Zelaya|Manuel "Mel" Zelaya]].]]
[[Ficheiro:Zelaya en Brasil Agosto 2009.jpg|thumb|O presidente deposto de Honduras [[Manuel Zelaya|Manuel "Mel" Zelaya]].]]
{{Artigo principal|[[Golpe militar em Honduras em 2009]]}}


{{AP|[[Golpe militar em Honduras em 2009]]}}
Nas eleições presidenciais de [[2006]], [[Manuel Zelaya|Manuel "Mel" Zelaya]] é eleito presidente de Honduras, com mandato até [[2010]]. Em [[2009]], Zelaya tentou convocar um [[plebiscito]] para modificar uma [[cláusula pétrea]] da Constituição Hondurenha e instituir a [[reeleição]]. O [[Congresso]] e o [[Judiciário]] proibiram o plebiscito sobre o tema, o qual foi mantido por Zelaya. O chefe das [[Forças Armadas]] se nega a fornecer apoio logístico para um pré-plebiscito (marcado para [[28 de junho]]) e é destituído por Zelaya. Sem apoio do exército e em uma situação de tensão, o presidente convoca partidários para viabilizar a votação de 28 de junho, que decidiria sobre a realização do polêmico plebiscito. A [[Suprema Corte]], então, decretou sua prisão. Em vez de prendê-lo, porém, um comando militar invadiu sua casa durante a madrugada e o expulsou do país, ainda de [[pijama]]s. Uma carta-renúncia falsa é lida no [[Parlamento]] e o presidente do Congresso, [[Roberto Micheletti]], membro do mesmo partido do presidente deposto, assume interinamente a presidência. O governo interino manteve as eleições marcadas para [[29 de novembro]]. Desde que assumiu, o governo de Micheletti não foi reconhecido por nenhum país. Logo após o golpe, Honduras teve suas linhas de crédito internacionais congeladas e foi suspensa da [[Organização dos Estados Americanos]] - [[OEA]].


Zelaya tentou obter apoio internacional para voltar ao poder até que, em [[21 de setembro]], retornou clandestinamente ao país, tendo se hospedado com numerosa comitiva no prédio onde funciona a [[Embaixada]] do [[Brasil]] em [[Tegucigalpa]].


Em [[2009]] surgiu [[Golpe militar em Honduras em 2009|um golpe de estado]], novamente aplicado pelo exército, que depôs [[Manuel Zelaya]] da presidência, obrigando-o a deixar o país. Tentou obter apoio internacional para voltar ao poder até que, em [[21 de setembro]] de [[2009]], retorna clandestinamente ao país e se [[Refúgio|refugia]] na embaixada do Brasil.[http://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_de_estado_em_Honduras_em_2009 Golpe de Estado em Honduras em 2009]
A outra versão do fato é que não se trata de um [[Golpe Militar]], mas do [[Legislativo]] e Judiciário de Honduras cumprirem seu papel constitucional, com apoio das Forças Armadas, as quais também cumprem seu papel constitucional, de afastar imediatamente e manter inelegível presidente e vice-presidente que proporem mudança do princípio da obrigatoriedade da alternância de poder que consta textualmente no artigo 269 da Constituição de Honduras. De qualquer maneira, é assumido implicitamente que o país é líder mundial em homicídios proporcionalmente a sua população.<ref>[http://www.huffingtonpost.com/eric-zuesse/hillary-clintons-two-fore_1_b_3714765.html Hillary Clinton's Two Foreign-Policy Catastrophes]</ref>


{{Referências}}
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{{História da América Central}}
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[[Categoria:História de Honduras| ]]
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[[es:Historia de Honduras]]
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[[nl:Geschiedenis van Honduras]]
[[pl:Historia Hondurasu]]
[[ru:История Гондураса]]
[[sv:Honduras historia]]

Edição atual tal como às 01h09min de 1 de junho de 2022

Pré-história e descoberta

Ruínas de Copán.

Durante o I milênio d.C., a parte ocidental de Honduras constituiu o extremo sudeste da grande civilização maia, cujo alto grau de desenvolvimento é demonstrado pelas ruínas de Copán. Em 1502, quando Cristóvão Colombo, em sua quarta viagem, chegou a costa hondurenha, a civilização maia estava em decadência e os remanescentes da outrora gloriosa civilização habitavam Copán, Quiriguá e outros locais. Só após um período de guerra contra os índígenas (1523-1539), que, sob comando do chefe Lempira, resistiram bravamente ao avanço do inimigo em direção ao interior, até serem impiedosamente massacrados, é que os espanhóis conseguiram assegurar o controle da colônia.

Em 1525, Hernán Cortés, o conquistador do México, chegou à região, cuja conquista caracterizou-se por sangrentas lutas entre os diversos centros de poder espanhol, localizados no México, no Panamá e em Santo Domingo. Ante a brutalidade dos invasores, os maias fugiram para a península de Yucatán. Cortés colonizou a região auxiliado por seus prepostos Cristóbal de Olid, Francisco de Las Casas e Pedro de Alvarado, que fundou a cidade de San Pedro Sula.

A primeira capital de Honduras, Comayagua, foi fundada por Alonso de Cáceres.

Período colonial

Fortaleza de San Fernando de Omoa: Construída pelos espanhóis para defenderem-se dos piratas.

Em 1539 Honduras foi incorporada à Capitania Geral da Guatemala (também colônia espanhola) e ficou nessa condição durante todo o período colonial. Com a descoberta de minas de ouro e prata em seu território, entre 1570 e 1580, numerosos grupos de imigrantes chegaram ao país, transformando-o num centro de intrigas e conflitos, embora as jazidas fossem menores do que se acreditava. Enquanto o litoral do mar do Caribe era transformado em ponto de encontro de piratas. As Honduras começaram a ser alvo de ataques perpetrados pelos piratas e pelos ingleses, empurrando os Espanhóis para o interior, situação constante até ao século XVIII, durante a qual a Espanha empreendeu uma recuperação territorial culminada em 1779. Mais tarde a região foi invadida por madeireiros ingleses, que já em fins do século XVIII controlavam a costa do Mosquito.

Independência

Francisco Morazán.

Em 1821, já com o México independente da Espanha, as províncias integrantes da Capitania Geral da Guatemala romperam seus vínculos com a Metrópole e, no ano seguinte, passaram a integrar o Império Mexicano de Agustín de Iturbide, do qual separaram-se um ano depois, para formar a República Federal das Províncias Unidas da América Central. A federação foi governada inicialmente por Manuel José Arce, e posteriormente por Francisco Morazán. Divergências entre os países membros provocaram sua dissolução, e os estados-membros tornaram-se independentes (1838). Em 5 de novembro de 1838 Honduras proclamou-se Estado soberano e independente e, no começo do ano seguinte uma assembléia constituinte aprovou sua primeira Constituição. No entanto, diversas vezes, Honduras apoiou tentativas de reconstituição parcial ou total da antiga união centro-americana.

A situação de Estado independente data de quando a união se rompeu e uma ininterrupta sucessão de caudilhos dominou o país no restante do século XIX. Os ditadores liberais, que dominaram o país entre o fim do século XIX e o início do XX, voltaram a atenção para a necessidade de aumento das exportações. No século XX, várias empresas dos Estados Unidos tornaram a banana o principal produto de exportação do país, convencendo o governo da necessidade de concessões favoráveis ao setor. A United Fruit Company desempenhou papel capital na vida econômica e política hondurenha. Por sua posição geográfica, Honduras tem-se visto afetada pelas agitações políticas da América Central.

O primeiro presidente constitucional foi o conservador Francisco Ferrera, que foi eleito presidente da República em 1841.Os conservadores mantiveram-se no Poder até 1876, aquando da eleição do liberal Marco Aurelio Soto, que abriu caminho, quatro anos depois, à promulgação de uma nova Constituição em que os princípios liberais estavam presentes. Nas últimas décadas do século XIX Honduras sofreu interferências da Guatemala em seus assuntos internos.

Progressos no processo político ocorreram gradativamente ao longo do século XX. Ditadores militares continuaram ocupando a presidência em maior escala que os civis. Nos primeiros anos do século XX, o presidente da Nicarágua, José Santos Zelaya, impôs Manuel Bonilla como presidente de Honduras, fato que mergulhou o país num período de rebeliões internas, entre 1911 e 1912. A pretexto de controlar a anarquia, os Estados Unidos intervieram no país e enviaram tropas para proteger os interesses das empresas bananeiras. A influência da Nicarágua sobre a vida política hondurenha teve seu ponto alto a eleição de Miguel Dávila para presidente das Honduras.

A conjuntura de instabilidade continuou até 1932, ano em que foi eleito o general Tiburcio Carías Andino que, como presidente, realizou reformas constitucionais que lhe permitiram instituir uma ditadura. Apesar da acentuada crise econômica existente causada pelos excedentes de exportação (que provocou uma explosão nos níveis de desemprego) e das constantes tentativas de golpe de Estado, Tiburcio Carías se manteve no Poder até 1949, quando a ditadura terminou com uma revolta política. Em 1949, foi sucedido por Juan Manuel Gálvez, que tentou restaurar a normalidade. Mas entre 1954 e 1956 o país recaiu na ditadura sob a administração de Júlio Lozano Díaz, deposto por uma junta chefiada pelo coronel Hector Caraccioli.

O país só voltou a ter uma eleição pacífica em 1957. O vencedor foi o liberal Ramón Villeda Morales, que promulgou uma nova Constituição e tentou realizar uma reforma agrária. Apesar dessa eleição ter desencadeado esperanças em relação ao futuro, a política liberal do novo presidente provocou a desconfiança da oligarquia hondurenha que, assustada pelo triunfo do comunismo em Cuba, apoiou, em 1963, um golpe de Estado. O presidente foi derrubado pelo exército hondurenho antes que pudesse implementar o programa de reformas que havia conseguido aprovar no Congresso. O líder do golpe, o coronel (depois general) Osvaldo López Arellano, cuja ascensão à presidência formalizou-se em 1965, manteve-se no poder até 1974. Em 1965 foi promulgada mais uma Constituição. Em 1969, o entrincheiramento militar foi ainda mais solidificado durante o conflito de fronteira com El Salvador: os dois países entraram em guerra por causa de um jogo de futebol (que as Honduras tinham ganho), terminando os combates cinco dias depois do seu início com a vitória militar de El Salvador que, no entanto, se retirou do território hondurenho. A chamada "guerra do futebol", que favoreceu a agitação política no interior, fora solucionada com a intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). A frágil economia hondurenha ficou ainda mais debilitada devido ao conflito.

Em 1971, Ramón Ernesto Cruz foi eleito presidente, mas no ano seguinte o general López Arellano voltou ao poder após um golpe de Estado. Em 1975 López Arellano foi deposto pelo coronel Juan Alberto Melgar Castro, por sua vez obrigado a renunciar em 1978, quando o general Policarpo Paz García assumiu o poder. Em 1979, a América Central passou a viver um período de forte instabilidade provocada pelas guerras civis na Nicarágua e em El Salvador.

Em 1980, o governo americano em uma tentativa de manter o regime, enviou miolitares para treinar batalhões de tortura.[1] Em 1981, após nove anos de regime militar, Roberto Suazo Córdova, do Partido Liberal, venceu as eleições presidenciais. Em 1982, uma nova Constituição, apoiada pelos Estados Unidos, almejava o aumento da atividade democrática. Como condição para o apoio norte- americano, no entanto, o país forneceu a base para os "contras" da Nicarágua. O país foi incluido, em 1983, nos planos de defesa da região proposto pelos Estados Unidos, servindo de base para treinamento de soldados, mas em 1984 o governo pediu revisão do Tratado de Aliança com esse país. Em 1985, aumentou a tensão com a Nicarágua.


Em 1986 ocorreu a primeira transferência de poder na história do país sem interferência militar direta, com a eleição do liberal José Simón Azcona del Hoyo (1986-1990). O novo presidente abraçou um movimento pacifista levado a cabo pelos países da América Central. Ameaçou interromper a atividade dos "contras", assim como diminuir o poder dos militares. Em 1987 e 1989 foram assinados acordos com Costa Rica, Guatemala, Nicarágua e El Salvador visando restabelecer a paz na região. Honduras, no entanto, manteve-se economicamente dependente dos Estados Unidos, e, em 1989, Rafael Leonardo Callejas, do Partido Nacional, foi eleito presidente com o apoio norte-americano e no ano seguinte um plano de ajuste econômico provocou a greve dos plantadores de banana, que terminou com a intervenção do Exército. O início da década de 1990 encontrou o país ainda agitado por divergências internas, agravadas pela luta contra três grupos guerrilheiros. A crise econômica, a atividade guerrilheira de esquerda e as forças de segurança ficaram fora de controle, com 40 assassinatos e mais de 4 mil violações dos direitos humanos. Em 1991, o governo anunciou anistia e iniciou negociações com guerrilheiros de esquerda. Em 11 de setembro de 1992, o conflito com El Salvador terminou com a intervenção da Corte Internacional de Justiça, que traçou definitivamente os limites territoriais dos dois países.

O candidato de oposição ao neoliberalismo, Carlos Roberto Reina, um grande defensor dos direitos humanos, venceu as eleições de novembro de 1993 e tornou-se presidente em 27 de Janeiro de 1994. Desde então, Carlos Reina tem orientado a sua política (através de medidas preventivas dos direitos humanos) na busca de estabilidade social que lhe permita avançar com programas económicos que desenvolvam o país, como, por exemplo, a reestruturação da administração estatal sobre as florestas e a definição do papel do setor privado neste campo. Seguiram-se no poder o liberal Carlos Roberto Flores (1998-2002) e o conservador Ricardo Maduro (2002-2006), do Partido Nacional.

Deposição de Manuel Zelaya

O presidente deposto de Honduras Manuel "Mel" Zelaya.
Ver artigo principal: Golpe militar em Honduras em 2009

Nas eleições presidenciais de 2006, Manuel "Mel" Zelaya é eleito presidente de Honduras, com mandato até 2010. Em 2009, Zelaya tentou convocar um plebiscito para modificar uma cláusula pétrea da Constituição Hondurenha e instituir a reeleição. O Congresso e o Judiciário proibiram o plebiscito sobre o tema, o qual foi mantido por Zelaya. O chefe das Forças Armadas se nega a fornecer apoio logístico para um pré-plebiscito (marcado para 28 de junho) e é destituído por Zelaya. Sem apoio do exército e em uma situação de tensão, o presidente convoca partidários para viabilizar a votação de 28 de junho, que decidiria sobre a realização do polêmico plebiscito. A Suprema Corte, então, decretou sua prisão. Em vez de prendê-lo, porém, um comando militar invadiu sua casa durante a madrugada e o expulsou do país, ainda de pijamas. Uma carta-renúncia falsa é lida no Parlamento e o presidente do Congresso, Roberto Micheletti, membro do mesmo partido do presidente deposto, assume interinamente a presidência. O governo interino manteve as eleições marcadas para 29 de novembro. Desde que assumiu, o governo de Micheletti não foi reconhecido por nenhum país. Logo após o golpe, Honduras teve suas linhas de crédito internacionais congeladas e foi suspensa da Organização dos Estados Americanos - OEA.

Zelaya tentou obter apoio internacional para voltar ao poder até que, em 21 de setembro, retornou clandestinamente ao país, tendo se hospedado com numerosa comitiva no prédio onde funciona a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.

A outra versão do fato é que não se trata de um Golpe Militar, mas do Legislativo e Judiciário de Honduras cumprirem seu papel constitucional, com apoio das Forças Armadas, as quais também cumprem seu papel constitucional, de afastar imediatamente e manter inelegível presidente e vice-presidente que proporem mudança do princípio da obrigatoriedade da alternância de poder que consta textualmente no artigo 269 da Constituição de Honduras. De qualquer maneira, é assumido implicitamente que o país é líder mundial em homicídios proporcionalmente a sua população.[2]

Referências


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