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Frente Nacional de Libertação de Angola

Predefinição:Info/Partido político

A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) é um partido político angolano orientado no espectro de centro-direita à direita.

Foi fundado em 1954,[1] com o nome de "União das Populações do Norte de Angola" (UPNA), assumindo em 1958 o nome de "União das Populações de Angola" (UPA). Em 1961, a UPA e um outro grupo anticolonial, o Partido Democrático de Angola (PDA), constituíram conjuntamente a FNLA.[2]

A FNLA foi um dos movimentos nacionalistas angolanos durante a guerra anticolonial de 1961 a 1974, juntamente com a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). No processo de descolonização de Angola, em 1974/1975, bem como na Guerra Civil Angolana de 1975 a 2002, combateu o MPLA ao lado da UNITA. Desde 1991 é um partido político cuja importância tem vindo a diminuir drasticamente, em função dos seus fracos resultados nas eleições legislativas de 1992, 2008, 2012 e 2017.

História

Guerra anticolonial

Emblema da UPA.

Predefinição:Angola/Política A FNLA, enraizada principalmente entre os congos, mas com aderentes também entre os ambundos e os ovimbundos, foi o primeiro movimento anticolonial a desenvolver actividades de envergadura em Angola. Sua orientação era mais tribalista em vez de nacionalista (como era o caso do MPLA), além de ser mais conservadora que o MPLA e a UNITA, dado os compromissos imediatos com seus aliados externos: o Congo-Léopoldville de Joseph Kasa-Vubu e depois o Zaire de Mobutu Sese Seko, além dos Estados Unidos.[3]

Sua fusão com o Partido Democrático de Angola (PDA) vinha como tentativa de formar uma frente única de luta anticolonial baseada em princípios étnicos-raciais.[3] O PDA chamava-se antes "Aliança Nacional Zombo" (Aliazo) e tinha raízes no tocoísmo, uma comunidade religiosa sincrética fundada por Simão Toco. A constituição da FNLA deu-se quando a breve experiência de uma frente comum com o MPLA, em Quinxassa, fracassou em fins de 1960.[3] Meses depois, houve em Brazavile uma segunda tentativa de constituir uma frente comum, a "Frente Democrática de Libertação de Angola (FDLA)", que tão pouco alcançou o seu objectivo, e acabou sendo absorvida pelo MPLA.[3]

A FNLA iniciou a sua luta armada na região do norte de Angola em Predefinição:DataExt, nomeadamente no então distrito do Uíge, estendendo-se mais tarde para o sul, até à actual província do Bengo. Ela teve como retaguarda de luta o Zaire, actual República Democrática do Congo, a seu tempo liderada por Mobutu Sese Seko que — no quadro da sua política regional — manteve boas relações com o líder da FNLA, Holden Roberto. Este apoio possibilitou a constituição em Quinxassa, imediatamente depois da formação da FNLA, do Governo de Resistência de Angola no Exílio (GRAE), cujos vice-presidentes eram de proveniência ambunda, e cujo secretário geral era o ovimbundo Jonas Savimbi, e posteriormente fundador da UNITA.[3] O braço armado do GRAE era o Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), cujos comandantes provinham de várias partes de Angola, inclusive de Cabinda. Nem o MPLA nem a Frente para a Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) quiseram participar do GRAE, o que viria a ser decisivo para a complexa e contraditória configuração da luta anticolonial em Angola.[4]

A luta armada desenvolvida pela FNLA/ELNA contra a potência colonial teve fortes limitações. Apesar dos apoios por parte de Mobutu, mas também durante algum tempo da parte da China e da Roménia. Ao dar este apoio, os últimos países fizeram deliberadamente frente à então União Soviética que tinha optado por um apoio exclusivo ao MPLA. Diferentemente dos outros dois grupos, o FNLA/ELNA não conseguiu resistir aos contra-ataques militares portugueses, além de ser continuamente limitado por Mobutu, que perseguia seus próprios interesses.[3] Não teve a capacidade de manter o controle sobre qualquer parcela do território angolano, no nordeste do país, embora tivesse marcado um mínimo de presença, sob a forma de actividades de guerrilha. Uma tentativa de abrir uma segunda frente no leste de Angola, não foi para além da constituição de um pequeno núcleo de guerrilha, ao norte de Luena, cujas actividades foram mais simbólicas.

Década de 1970

Recrutas da FNLA em treinamento em uma base no Zaire, em 1973.

Quando a Revolução dos Cravos, realizado em Portugal em 25 de Abril de 1974, levou este país a declarar a sua intenção de apoiar activamente o acesso das suas então colónias à independência, os três movimentos nacionalistas, no início cada um por si, lançaram quase de imediato tentativas de assegurar-se o controlo do país por meios militares. Dados os seus efectivos bem treinados e equipados, o FLNA parecia ter uma vantagem evidente nesta contenda. Penetrando em Angola pelo nordeste, avançou com alguma facilidade até ao norte de Luanda onde viu a seu caminho barrado na batalha de Quifangondo, por forças do MPLA apoiadas por um forte contingente de tropas cubanas.

Abandonando o seu plano de chegar até Luanda, o FLNA despachou várias das suas unidades para o centro e o sul de Angola onde acabaram por concluir uma aliança com a UNITA. No dia 11 de Novembro de 1975, enquanto o MPLA declarava em Luanda a independência do país, UNITA e FNLA proclamam no Huambo e em Ambriz a criação da República Popular Democrática de Angola, um "contra-governo" que teve o apoio dos Estados Unidos e do então regime sul-africano do apartheid, que isolou a FNLA e a UNITA no continente africano. Face à superioridade militar das forças cubanas e do MPLA, apoiadas pela União Soviética, a aliança FNLA-UNITA desfez-se no entanto rapidamente.

Período pós-colonial

Durante a primeira fase pós-colonial, a FNLA quase desapareceu do campo militar e político. Uma vez que o MPLA tinha instalado um regime monopartidário que, a partir de 1977, professava o marxismo-leninismo, outros movimentos ou partidos — portanto também a FNLA — não podiam, durante este período, ter uma existência legal em Angola. Por outro lado, e ao contrário da UNITA, a participação da FNLA na Guerra Civil foi muito fraca e acabou por praticamente deixar de existir. O movimento entrou numa fase de degenerescência, cujo indicador porventura mais forte foi o facto de Holden Roberto passar a residir em Paris durante muitos anos. Outro indicador forte foi a passagem para o lado do MPLA de alguns dos seus dirigentes, como Johnny Eduardo Pinnock e Pedro Hendrick Vaal Neto que chegaram a fazer parte do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional.

Quando, no fim dos anos 1980, o governo do MPLA anunciou a passagem de Angola para um sistema de democracia multipartidária, marcando primeiras eleições para 1992, a FNLA constituiu-se em partido político, com os últimos quadros de seu braço armado, o ELNA, integrando-se às Forças Armadas Angolanas. Porém, os resultados do escrutínio foram-lhe extremamente desfavoráveis: nas eleições legislativas obteve 2.40%, e nas eleições presidenciais Holden Roberto obteve 2.11%. Estes resultados reflectem a radical perda de credibilidade da FNLA mesmo entre os congos onde, por sinal, se constituíram vários outros partidos que concorreram às eleições sem sucesso, diminuindo ainda mais o eleitorado da FNLA.

O conjunto destes desenvolvimentos levou à divisão do partido em duas alas, sendo uma delas liderada pelo sociólogo Lucas Ngonda, professor da Universidade Agostinho Neto. A aproximação das segundas eleições legislativas em Angola, em 2008, levou a que as duas alas negociassem o reencontro que no entanto não se realizou, tendo Holden Roberto falecido em 2007.[5] Nas referidas eleições, a FNLA obteve ainda menos votos do que em 1992, ficando-se pelos 1.11% e deixando de ser um actor político relevante.

O vice-presidente do partido, Ngola Kabangu, assumiu a presidência em 2007. Foi presidente do FNLA até o III Congresso ordinário do partido, realizado de 20 a 22 de dezembro de 2011. Foi derrotado por Lucas Ngonda, mas contestou os resultados judicialmente, com a agremiação entrando em um novo período de lutas internas.[6][7][8] Nas eleições de 2012, a percentagem do votos foi sensivelmente a mesma, mas o partido perdeu mais um deputado, ficando reduzido a apenas 2 representantes na Assembleia Nacional de Angola. Nas eleições de 2017 reduziu-se a um parlamentar.

Em 2021 Ngonda disputou a reeleição para a presidência da FNLA com o secretário-geral do partido, Pedro Dala, e foi derrotado. Menos de um mês depois um novo congresso foi realizado destituíndo Dala, refletindo as divisões entre Kabangu e Ngonda.[9] As disputas entre os dois somente terminaram após a eleição de Nimi A Simbi como presidente do partido em 2021.[10]

Para as eleições gerais de Angola de 2022, o partido indicou Nimi A Simbi como cabeça de lista.[10] O partido ficou em quarto nas eleições, com 66.337 de votos nas urnas, registrando 1,06%, uma melhora em seus resultados eleitorais, conquistando 2 cadeiras parlamentares, face ao único assento das eleições de 2017.[11]

Resultados eleitorais

Eleições presidenciais

Data Candidato 1ª Volta 2ª Volta
CI. Votos % CI. Votos %
1992 Holden Roberto 4.º 83 135 Predefinição:Info/Partido político/lugares Não se realizou

Eleições legislativas

Data Líder CI. Votos % +/- Deputados +/- Status
1992 Holden Roberto 3.º 94 742 Predefinição:Info/Partido político/lugares Predefinição:Info/Partido político/lugares Oposição
2008 Ngola Kabangu 5.º 71 416 Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Baixa1,29
Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Baixa2
Oposição
2012 Ngola Kabangu 5.º 65 163 Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Aumento0,02
Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Baixa1
Oposição
2017 Lucas Ngonda 5.º 61 394 Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Baixa0,22
Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Baixa1
Oposição
2022 Nimi A Simbi 4.º 65 223 Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Aumento0,14
Predefinição:Info/Partido político/lugares
  1. REDIRECIONAMENTO Predefinição:Aumento1
Oposição

Referências

  1. «História do FNLA». Site da FNLA. Consultado em 19 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 13 de dezembro de 2009 
  2. John Marcum, The Angolan Revolution, vol. I.
  3. 3,0 3,1 3,2 3,3 3,4 3,5 Pinto, João Paulo Henrique (dezembro de 2016). «A questão identitária na crise do MPLA de (1962-1964)». Irati: Universidade Estadual de Ponta Grossa. Revista TEL. 7 (2): 140-169. ISSN 2177-6644 
  4. A fonte principal para esta parte é o vol. I de livro de referência de John Marcum: ver "Bibliografia". Veja também Lúcio Lara (org.), Um amplo movimento: Itinerário do MPLA através de documentos de Lúcio Lara, especialmente o vol. II (1961-1962), Luanda: Ed. Lúcio Lara, 2006
  5. «Angola: Ngola Kabangu Elected FNLA President». Angola Press Agency via AllAfrica. 2007. Consultado em 12 de novembro de 2007 
  6. «Angola: Oposição desiludida com discurso de João Lourenço». RFI (em português). 15 de outubro de 2020. Consultado em 23 de dezembro de 2020 
  7. «FNLA: Falha tentativa de reconciliação entre Lucas Ngonda e Ngola Kabango». VOA (em português). Consultado em 23 de dezembro de 2020 
  8. Novo Jornal 23/12/2011.
  9. Angola: Crise interna na FNLA entra num novo capítulo? DW. 20 de setembro de 2021.
  10. 10,0 10,1 Nimi Ya Simbi promete "fazer tudo para acabar com a fome". DW. 5 de agosto de 2022.
  11. CNE angolana divulga resultados definitivos e proclama João Lourenço como Presidente de Angola. Observador. 29 de agosto de 2022.

Bibliografia

  • John Marcum, The Angolan Revolution, vol. I, The anatomy of an explosion (1950-1962), vol. II, Exile politics and guerrilla warfare (1962-1976), Cambridge/Mass. & Londres: MIT Press, 1969 e 1978, respectivamente
  • Edmundo Rocha, Angola: Contribuição ao estudo do nacionalismo moderno angolano (Período de 1950-1964). Testemunho e Estudo Documental, 2 volumes, Luanda: Kilombelombe & Lisboa: Edição do autor, 2002 e 2003
  • Jean Martial Arsène Mbah, As rivalidades políticas entre a FNLA e o MPLA (1961-1975), Luanda: Mayamba, 2012
  • Adriano Araujo "Angola no período das independências", Luanda 1999

Ver também

Predefinição:Partidos políticos angolanos

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