O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (em inglês: Inter-American Treaty of Reciprocal Assistance; em espanhol: Tratado Interamericano de Asistencia Recíproca), também conhecido pela sigla TIAR ou como Tratado do Rio, é um tratado de defesa mútua celebrado em 1947 na cidade do Rio de Janeiro entre diversos países americanos.[1] O princípio central do acordo é que um ataque contra um dos membros será considerado como um ataque contra todos, com base na chamada "doutrina da defesa hemisférica". O TIAR entrou em vigor em 3 de dezembro de 1948, conforme o seu artigo 22.[2]
O Brasil é o Estado depositário original do tratado, enquanto que a Organização dos Estados Americanos (OEA) é a depositária para fins de administração do acordo.
Membros
Os Estados-membros estão indicados com o ano da respectiva assinatura entre parênteses.[3]
|
|
|
Ex-membros
- Bolívia (1948–2012)[4]
- Cuba (1948–2012)
- Equador (1948–2012)
- Predefinição:Country data México (1947-2002)[5]
- Nicarágua (1948–2012)
História
O tratado foi adotado pelos signatários originais em 2 de setembro de 1947, no Rio de Janeiro, e entrou em vigor em 3 de dezembro de 1948. Foi registrado nas Nações Unidas em 20 de dezembro daquele ano.[6] O acordo representa a formalização da Ata de Chapultepec, adotada na Conferência Interamericana sobre os Problemas de Guerra e Paz, realizada em 1945 na Cidade do México. Os Estados Unidos mantinham uma política de defesa hemisférica conforme a Doutrina Monroe e, durante os anos 1930, preocuparam-lhe as tentativas de aproximação militar do Eixo com governos latino-americanos, em especial o que via como uma ameaça estratégica contra o canal do Panamá. Durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA haviam logrado assegurar apoio aliado dos governos do hemisfério, exceto Argentina e Chile, que se mantiveram neutros até 1945, e Washington desejava tornar permanentes estes compromissos. O estreitamento das relações entre os militares norte-americanos e latino-americanos, na palavras do historiador Voltaire Schilling, gerada por este tratado, fazendo com que os generais latino-americanos passassem a ver seus países em função da estratégia da Guerra Fria, a luta contra a "subversão interna" estendida tanto a comunistas como a governos "populistas" levou-os a instituírem, por meio de golpes militares, os Estados de Segurança Nacional (Brasil em 1964, Argentina em 1966 e 1976, Peru e Equador em 1968, Uruguai e Chile em 1973).
O tratado foi invocado algumas vezes, especialmente pelos EUA durante a Guerra Fria. Exceto por Trinidad e Tobago e pelas Bahamas, nenhum país americano que tenha se tornado independente após 1947 aderiu ao acordo. Durante a Guerra das Malvinas/Falklands, os Estados Unidos, que são partes tanto do Tratado do Rio quanto da OTAN, alegando que o agressor era a Argentina, favoreceu o Reino Unido, o que foi visto por países latino-americanos como o fracasso derradeiro do acordo.[7] Em 2001, os EUA invocaram o tratado após os atentados de 11 de setembro, mas os países da América Latina não se lançaram à "Guerra ao Terror" de maneira ativa. Em setembro de 2002, citando o exemplo das Malvinas e na expectativa da Guerra do Iraque, o México renunciou formalmente do tratado, que cessou seus efeitos para aquele país dois anos depois. Em 2012, Bolivia, Equador, Nicarágua e Venezuela também abandonaram o tratado, usando os mesmos motivos do México na época que abandonou.[4]
Referências
- ↑ Inter-American Treaty of Reciprocal Assistance definition of Inter-American Treaty of Reciprocal Assistance in the Free Online Encyclopedia.
- ↑ Texto em português do tratado.
- ↑ As datas completas de assinatura e ratificação podem ser encontradas na [http://www2.mre.gov.br/dai/tiar.htm página correspondente do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
- ↑ 4,0 4,1 http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-06-06/paises-anunciam-que-nao-seguirao-tratado-interamericano-de-assistencia-reciproca
- ↑ http://www.jornada.unam.mx/2002/09/07/022n2pol.php?printver=1%7C1
- ↑ OEA: Informação geral sobre o tratado: B-29
- ↑ The Brazilian foreign policy and the hemispheric security
Ligações externas
- Versão em português do Tratado do Rio, do Ministério das Relações Exteriores do Brasil
- Página da OEA sobre o tratado (em inglês)