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Síndrome do cólon irritável

Síndrome do cólon irritável
Arquivo:Irritable bowel syndrome.webm
Explicação em vídeo
Sinónimos Cólon/colite espástica/espasmódica, intestino espástico, cólon nervoso, colite mucosa[1]
Especialidade Gastroenterologia
Sintomas Diarreia, obstipação, dor abdominal[1]
Início habitual Antes dos 45 anos de idade[1]
Duração Crónica[2]
Causas Desconhecidas[2]
Método de diagnóstico Com base nos sintomas[3]
Condições semelhantes Doença celíaca, colite microscópica, doença inflamatória intestinal, má absorção de ácidos biliares, cancro colorretal[3]
Tratamento Sintomático: alterações na dieta, medicação, probióticos, aconselhamento)[4]
Prognóstico Esperança de vida normal[5]
Frequência 12,5% (países desenvolvidos)[1][6]
Classificação e recursos externos
CID-10 K58
CID-9 564.1
DiseasesDB 30638
MedlinePlus 000246
eMedicine med/1190
MeSH Predefinição:Mesh2
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Síndrome do cólon irritável (SCI) é um grupo de sintomas, incluindo dor abdominal e alterações no padrão de movimentos intestinais, sem que haja qualquer evidência de lesões subjacentes.[1] Estes sintomas manifestam-se durante um longo período de tempo, em muitos casos ao longo de anos.[2] É classificada em quatro subtipos com base na consistência das fezes: cólon irritável com obstipação frequente, cólon irritável com diarreia frequente, cólon irritável com formas mistas e formas não classificáveis.[1] A SCI afeta de forma negativa a qualidade de vida da pessoa e pode estar na origem de faltas no trabalho ou escola.[7] Entre pessoas com a síndrome é comum a ocorrência de distúrbios de ansiedade, de depressão e de fadiga crónica.[1][8]

A causa de SCI não é clara.[2] As principais teorias põem a hipótese de uma combinação de problemas na sinalização química entre o cérebro e o sistema digestivo, problemas de motilidade do intestino, sensibilidade à dor, infeções como a síndrome de supercrescimento bacteriano, neurotransmissores, fatores genéticos e sensibilidade alimentar.[2] O aparecimento da doença pode ser desencadeado por uma infeção do intestino[9] ou situação de stresse.[10] A SCI é um distúrbio gastrointestinal.[1] O diagnóstico tem por base os sinais e sintomas na ausência de outras evidências preocupantes.[3] Entre estas evidências preocupantes estão o início em idade superior a 50 anos, perda de peso, sangue nas fezes e antecedentes familiares de doença inflamatória intestinal.[3] Entre outras condições que produzem sintomas semelhantes estão a doença celíaca, colite microscópica, doença inflamatória intestinal, má absorção de ácidos biliares e cancro colorretal.[3]

Não existe cura para a síndrome do cólon irritável.[4] O tratamento destina-se a aliviar os sintomas[4] e consiste em alterações na dieta, medicação, probióticos e aconselhamento psicológico.[4] As alterações dietéticas incluem aumentar a ingestão de fibra dietética, dieta sem glúten ou dieta pobre em hidratos de carbono simples.[3][11] Para o alívio da diarreia pode ser administrada loperamida e para o alívio da obstipação podem ser administrados laxantes.[3] Os antidepressivos podem melhorar a generalidade dos sintomas e da dor.[3][12]

Estima-se que 10 a 15% das pessoas nos países desenvolvidos sejam afetados pela SCI.[1][6] A doença é mais comum na América do Sul e menos comum no Sudeste Asiático.[3] Afeta duas vezes mais mulheres do que homens e geralmente tem início antes dos 45 anos de idade.[1] A condição aparenta ser menos comum à medida que a idade avança.[3] A SCI não afeta a esperança de vida nem causa outras doenças graves.[5] A primeira descrição da doença foi feita em 1820. O termo atual "síndrome do cólon irritável" começou a ser usado em 1944.[13]

Sinais e sintomas

Os principais sintomas são[14]:

  • Dores e inchaço abdominais;
  • Flatulência;
  • Muco nas fezes;
  • Diarreia ou prisão de ventre durante um período prolongado.

É comum a sensação de esvaziamento incompleto do conteúdo intestinal após a evacuação.

Diagnóstico diferencial

[carece de fontes?] Como não existem lesões responsáveis pelo aparecimento da síndrome, o diagnóstico é feito clinicamente, com base na interpretação dos sintomas relatados ao médico, que diante de exames complementares exclui a possibilidade de patologias mais graves. Muitas vezes os sintomas apresentados também podem ocorrer no câncer de cólon e em doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, sendo importante o exame da colonoscopia a fim de subsidiar um diagnóstico diferencial. Entre os critérios que podem auxiliar no diagnóstico pode-se citar os critérios de Manning (1978), e os critérios de Roma III (2006).

De um modo geral o diagnóstico diferencial da síndrome do intestino irritável deve excluir:

Tratamento

Dieta

A dieta deve ser verificada. Algumas evidências indicam que uma dieta com menos gordura e rica em fibras diminui os problemas intestinais.[15]

Apesar das variações individuais, as quais são muitas, alguns alimentos parecem produzir maiores disfunções gastrointestinais. São eles[16]:

  • Café;
  • Chocolate (que contenha leite ou gordura);
  • Frituras;
  • Refrigerantes;
  • Derivados de leite (queijos, manteiga, iogurtes, coalhadas) mesmo quando não há intolerância a lactose;
  • Bebidas alcoólicas.

Há alguns casos isolados, da forma diarreica, em que uma dieta que exclui o glúten, laticínios (leite e derivados) e soja tem se mostrado eficaz na supressão dos principais sintomas. A hipótese mais plausível é a de que algumas proteínas contidas nestes alimentos seriam de difícil digestão para os portadores da síndrome.[17][18]

A dieta Low FODMAP ou dieta pobre em FODMAP é uma nova abordagem alimentar que está a ser utilizada para controlar os sintomas associados à SII. A dieta com baixo teor de FODMAP está a tornar-se mundialmente aceite como a principal estratégia de gestão dos sintomas da SII, bem como de outros distúrbios gastrointestinais.[19]

Os FODMAPs (sigla para Oligossacarídeos, Dissacarídeos, Monossacarídeos e Polióis Fermentáveis) encontram-se numa grande variedade de alimentos que são dificilmente absorvidos pelo intestino delgado. Estes hidratos de carbono mal absorvidos são por sua vez fermentados por bactérias do intestino, produzindo gases. A pesquisa atual indica fortemente que este grupo de hidratos de carbono contribui para os sintomas associados à SII.[20]

A Dra. Sue Shepherd desenvolveu a dieta low FODMAP em 1999. Ela provou, através da sua tese de doutoramento pioneira, que limitar o consumo de FODMAPs na dieta é um tratamento eficaz para quem tem sintomas associados à SII.[21]

Outro recurso valioso é o trabalho realizado pela equipa de investigação da Universidade Australiana Monash. Esta dieta foi também adoptada com sucesso no Reino Unido pela Universidade King´s College London.

Mais recentemente, um estudo feito pela Dra. Manju Girish Chandran em Kentucky mostrou que o consumo diário de iogurte caseiro pode proporcionar melhoras substanciais aos portadores do SCI.[22]

Medicação

Conforme o tipo da Síndrome do Cólon Irritável, que podem incluir tendências a constipação ou a diarreia, considera-se os seguintes tratamentos medicamentosos:

  • Antiespasmódicos: devem ser empregados com cuidado nos casos de obstipação;
  • Agentes que aumentam o bolo fecal como dieta rica em fibras: os estudos mostram, contudo, que nem sempre uma dieta rica em fibras auxilia no tratamento, podendo piorar a flatulência. Usualmente as fibras estão indicadas no tratamento da obstipação;
  • Agentes antidiarreicos: contra-indicados na obstipação;
  • Antidepressivos tricíclicos: contra-indicados na obstipação;
  • Antagonistas do receptor 5HT3 da serotonina: indicados apenas na diarreia;
  • Antagonistas do receptor 5HT4 da serotonina: indicados na obstipação e no quadro de constipação crónica.
  • A hortelã está dentro de um dos alimentos fitoterápicos a entrar na lista oficial de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), publicada pelo Ministério da Saúde, sendo utilizada no tratamento da Síndrome do Cólon Irritável.
  • Anticolinérgicos: apenas em caso de diarreia.

Epidemiologia

Estima-se que 10 a 15% das pessoas nos países desenvolvidos sejam afetados pela SCI.[1][6] A doença é mais comum na América do Sul e menos comum no Sudeste Asiático.[3] Afeta duas vezes mais mulheres do que homens e geralmente tem início antes dos 45 anos de idade.[1]

A prevalência no Brasil usando os critérios de critérios de Roma III é de 15% entre homens e 30% entre mulheres.[23] Já a prevalência de intensa dor de barriga com diarreia ou constipação sem lesão tecidual significativa atinge 43% da população do Brasil, mais que o dobro da média do resto do mundo.[24]

Referências

  1. 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 «Definition and Facts for Irritable Bowel Syndrome». NIDDKD. 23 de fevereiro de 2015. Consultado em 29 de março de 2016. Cópia arquivada em 2 de abril de 2016 
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 «Symptoms and Causes of Irritable Bowel Syndrome». NIDDK. 23 de fevereiro de 2015. Consultado em 29 de março de 2016. Cópia arquivada em 5 de abril de 2016 
  3. 3,00 3,01 3,02 3,03 3,04 3,05 3,06 3,07 3,08 3,09 3,10 Chey, WD; Kurlander, J; Eswaran, S (3 de março de 2015). «Irritable bowel syndrome: a clinical review.». JAMA. 313 (9): 949–58. PMID 25734736. doi:10.1001/jama.2015.0954 
  4. 4,0 4,1 4,2 4,3 «Treatment for Irritable Bowel Syndrome». NIDDK. 23 de fevereiro de 2015. Consultado em 29 de março de 2016. Cópia arquivada em 6 de abril de 2016 
  5. 5,0 5,1 Quigley, Eamonn M.M. (2013). «Treatment level 1». Irritable bowel syndrome : diagnosis and clinical management First edition. ed. Chichester, West Sussex: Wiley-Blackwell. ISBN 9781118444740. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2017 
  6. 6,0 6,1 6,2 Maxion-Bergemann S, Thielecke F, Abel F, Bergemann R; Thielecke; Abel; Bergemann (2006). «Costs of irritable bowel syndrome in the UK and US». PharmacoEconomics. 24 (1): 21–37. PMID 16445300. doi:10.2165/00019053-200624010-00002 
  7. Hulisz D (2004). «The burden of illness of irritable bowel syndrome: current challenges and hope for the future». J Manag Care Pharm. 10 (4): 299–309. PMID 15298528 
  8. Whitehead WE, Palsson O, Jones KR; Palsson; Jones (2002). «Systematic review of the comorbidity of irritable bowel syndrome with other disorders: what are the causes and implications?». Gastroenterology. 122 (4): 1140–56. PMID 11910364. doi:10.1053/gast.2002.32392 
  9. Spiller R, Garsed K; Garsed (maio de 2009). «Postinfectious irritable bowel syndrome». Gastroenterology. 136 (6): 1979–88. PMID 19457422. doi:10.1053/j.gastro.2009.02.074 
  10. Chang L (março de 2011). «The role of stress on physiologic responses and clinical symptoms in irritable bowel syndrome». Gastroenterology. 140 (3): 761–5. PMC 3039211Acessível livremente. PMID 21256129. doi:10.1053/j.gastro.2011.01.032 
  11. Moayyedi, P; Quigley, EM; Lacy, BE; Lembo, AJ; Saito, YA; Schiller, LR; Soffer, EE; Spiegel, BM; Ford, AC (setembro de 2014). «The effect of fiber supplementation on irritable bowel syndrome: a systematic review and meta-analysis.». The American journal of gastroenterology. 109 (9): 1367–74. PMID 25070054. doi:10.1038/ajg.2014.195 
  12. Mayer EA (abril de 2008). «Clinical practice. Irritable bowel syndrome». N. Engl. J. Med. 358 (16): 1692–9. PMC 3816529Acessível livremente. PMID 18420501. doi:10.1056/NEJMcp0801447 
  13. Hatch, Maureen C. (2000). Women and health. San Diego, Calif: Academic Press. p. 1098. ISBN 9780122881459. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2017 
  14. http://www.mayoclinic.com/health/irritable-bowel-syndrome/DS00106/DSECTION=symptoms
  15. Caldarella MP, Milano A, Laterza F, Sacco F, Balatsinou C, Lapenna D, Pierdomenico SD, Cuccurullo F, Neri M (2005). «Visceral sensitivity and symptoms in patients with constipation- or diarrhea-predominant irritable bowel syndrome (IBS): effect of a low-fat intraduodenal infusion». Am J Gastroenterol. 100 (2): 383–9. PMID 15667496 
  16. Van Vorous, Heather. Eating for IBS. 2000. ISBN 1-56924-600-9. Excerpted with author's permission at Help for Irritable Bowel Syndrome (see IBS Diet Section)
  17. NANDA R, JAMES R, SMITH H; et al. (1989). «Food intolerance and the irritable bowel symdrome». Gut. 30 (8): 1099-104 
  18. ATKINSON, W.; SHELDON, T. A; SHAATH, N.; et al. (2004). «Food elimination based on IgG antibodies in irritable bowel syndrome: a randomized controlled trial». Gut. 53 (10): 1459-64 
  19. Dietary triggers for IBS symptoms – the low FODMAP diet approach. Biesiekierski J, Yao, C. Digestive Health Matters. 2011; V20N2: 9-14.
  20. Irritable Bowel Syndrome: Contemporary Nutrition Management Strategies. Gerard E. Mullin, Sue J. Shepherd, Bani Chander Roland, Carol Ireton-Jones and Laura E. Matarese. JPEN J Parenter Enteral Nutr 2014 38: 781.
  21. A Diet Low in FODMAPs Reduces Symptoms of Irritable Bowel Syndrome. Emma P. Halmos, Victoria A. Power, Susan J. Shepherd, Peter R. Gibson, Jane G. Muir. Gastroenterology 2014;146:67.
  22. Iogurte caseiro resolve sinais e sintomas da síndrome do cólon irritável
  23. http://www.gastrojournal.org/article/S0016-5085(08)61001-X/abstract
  24. http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2036.2006.02989.x/abstract;jsessionid=62098A6A806AD64EAE316A356DD617C5.f02t04

Ver também

Ligações externas

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