Insuficiência hepática | |
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Ascite com veias visíveis (circulação colateral) é o sintoma mais característico da insuficiência hepática | |
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Classificação e recursos externos | |
CID-10 | K72.9 |
OMIM | 161800 256030 605355 |
DiseasesDB | 5728 |
eMedicine | med/990 |
MeSH | Predefinição:Mesh2 |
Leia o aviso médicoPredefinição:Pad |
Insuficiência hepática refere-se às disfunções do fígado em desempenhar suas funções normais de metabolizar e sintetizar proteínas e auto-regeneração. Pode ser fulminante, aguda ou crônica e de causas benignas ou malignas.
Tipos
Podem ser classificadas de acordo com o tempo entre o aparecimento dos primeiros sintomas, como pele amarelada (icterícia) e edema abdominal, e os sintomas neurológicos (encefalopatias) como edema cerebral e hipertensão intracraniana.[1]
- insuficiência hepática hiperaguda: menos de 8 dias, bom prognóstico se recebem atendimento médico rápido.
- insuficiência hepática aguda: entre 8 e 28 dias, pior prognóstico sem transplante.
- insuficiência hepática sub-aguda: entre 5 e 12 semanas, menos sintomas neurológicos, mal prognóstico.
- insuficiência hepática fulminante: menos de 8 semanas, em indivíduo previamente saudável
- insuficiência hepática crônica: mais de 8 semanas, o tipo mais comum
Causas
- Causas tóxicas[2]
- Hepatotoxinas intrínsecas
- Acetaminofeno (paracetamol)
- Amanita phalloides
- Arsénico
- Tetracloreto de carbono (e outros hidrocarbonetos clorados)
- Metais pesados: Cobre, Ferro, Ouro e derivados.
- Etanol (alcoolismo)
- Ervas medicinais: Jin Bu Huan, Ma-Huang, Sho-saiko-to, Teucrium chamaedrys, Larrea tridentata, Atractylis gummifera, Callilepsis laureola...[3]
- Metotrexato
- Fósforo
- Hepatotoxinas idiosincrásicas
- Alopurinol
- Amiodarona
- Clorpromazina
- Clorpropamida
- Dissulfiram
- Estolato de eritromicina
- Haloalcanos: halotano, Isoflurano e enflurano
- Antituberculosos: Isoniazida, Rifampicina, etambutol
- Cetoconazol
- Metildopa
- Inibidores da monoamina oxidase
- Nitrofurantoína
- Propiltiouracil e sulfonamidas
- Tetraciclina
- Anticonvulsivantes: Ácido valpróico, Fenitoína
- Drogas ilícitas: Cocaína; anfetaminas; ecstasy e similares.
- Causas não-tóxicas[2]
- Hepatite viral
- Fígado gorduroso agudo, principalmente na gravidez
- Hepatite autoimune
- Síndrome de Budd-Chiari e doença veno-oclusiva
- Hipertermia
- Hipoxia
- Infiltração maligna
- Síndrome de Reye
- Sepsis
- Doença de Wilson
- Metástase Hepática
Sintomas
Os sintomas iniciais de insuficiência hepática são muitas vezes devidos as condições primárias. Os primeiros sintomas geralmente incluem[4]:
- Perda de apetite;
- Náusea e vómitos;
- Diarreia;
- Dor ou desconforto no quadrante abdominal superior direito (hipocôndrio direito).
Conforme avança aparecem os seguintes sintomas[4]:
- Icterícia (pele amarelada): por aumento das bilirrubinas, refletem o progresso da lesão hepática.
- Distensão abdominal com vísceras agrandadas: Ascite ou anasarca devido a redistribuição de líquidos e falta de proteínas em sangue (hipoalbuminemia). Pacientes desidratados podem não ter muita ascite. Hepatomegalia e esplenomegalia, são comuns.
- Hemorragias e coagulação lenta devido a diminuição da síntese de fatores de coagulação dependentes de vitamina K, que podem causar manchas roxas ou avermelhadas na pele.
- Acidose láctica pode ocorrer como resultado da deficiência da captação e metabolismo do lactato ou pelo aumento da produção do lactato secundário à hipoxia dos tecidos.
- Encefalopatia hepática: edema cerebral com aumento da pressão intracraniana, alteração de consciência, sonolência, depressão da função cognitiva, função neuromuscular anormal (aumento do tônus muscular, movimentos mioclónicos e tremores).
Complicações incluem: Hipoglicemia, acidose láctica, insuficiência renal, hérnia cerebral, hipotensão persistente, infecções bacterianas ou fúngicas, sepse e coma. [5]
Diagnóstico diferencial
- Hipertensão portal
- Hemólise
- Encefalopatia devido a outras causas
- Transtornos metabólicos como hipoglicemia, cetoacidose, desequilíbrio hidroeletrolítico, hipóxia, hipercapnia.
Investigações relevantes
Os exames recomendados incluem[2]:
- Glicemia
- Função renal (Creatinina e ureia)
- Albumina
- Bilirrubinas
- Amonia sérica
- Eletrólitos séricos
- Transaminases (ALT/TGP e AST/TGO)
- Tempo de protrombina
- Culturas de sangue
- Marcadores dos vírus da hepatite A, B e C
- Exames de imagem:
- Tomografia computadorizada ou ressonância magnética do fígado e crânio,
- EEG,
- Ultrassom doppler das veias hepáticas.
Tratamento
Todos os agentes que podem contribuir para hepatotoxicidade devem ser descontinuados imediatamente.
O tratamento é primariamente de suporte. Pacientes que desenvolvem insuficiência hepática fulminante requerem tratamento de suporte intensivo e das complicações agudas, incluindo a encefalopatia, coagulopatia, distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos, insuficiência renal, sepse e edema cerebral.
A administração de n-acetil cisteína endovenosa está indicada na insuficiência hepática aguda causada pela intoxicação por acetaminofen.
Evolução clínica e monitorização
Em pacientes que não desenvolvem encefalopatia, geralmente ocorre a recuperação completa. As transaminases, bilirrubinas, função renal e balanço hídrico devem ser monitorizados cuidadosamente até a melhora clínica.
A insuficiência hepática fulminante está associada com mortalidade aguda extremamente elevada, mesmo com tratamento intensivo agressivo.
O transplante hepático pode salvar em alguns casos. Entretanto, os sobreviventes de insuficiência hepática fulminante geralmente terão a recuperação completa em 6 a 10 semanas, com o restabelecimento da estrutura e função hepáticas.
Não é comum haver complicações tardias.
Referências
- ↑ O'Grady JG, Schalm SW, Williams R (1993). "Acute liver failure: redefining the syndromes". Lancet. 342 (8866): 273–5. doi:10.1016/0140-6736(93)91818-7. [1]
- ↑ 2,0 2,1 2,2 http://patient.info/doctor/liver-failure
- ↑ Stickel F, Egerer G, Seitz HK; Hepatotoxicity of botanicals. Public Health Nutr. 2000 Jun;3(2):113-24.
- ↑ 4,0 4,1 http://www.webmd.com/digestive-disorders/digestive-diseases-liver-failure#1
- ↑ Farmer, DG; Anselmo, DM; Ghobrial, RM; Yersiz, H; McDiarmid, SV; Cao, C; Weaver, M; Figueroa, J; Khan, K; Vargas, J; Saab, S; Han, S; Durazo, F; Goldstein, L; Holt, C; Busuttil, RW (May 2003). "Liver transplantation for fulminant hepatic failure: experience with more than 200 patients over a 17-year period.". Annals of Surgery. 237 (5): 666–75; discussion 675–6. doi:10.1097/01.sla.0000064365.54197.9e. PMID 12724633.