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Perda auditiva

Perda auditiva
Símbolo internacional para a surdez e perda auditiva
Sinónimos Surdez; anacusia é a surdez total[1]
Especialidade Otorrinolaringologia, audiologia
Complicações Solidão[2]
Tipos Condutiva, neurossensorial, mista[3]
Causas Genética, envelhecimento, exposição ao ruído, algumas infeções, complicações do parto, trauma no ouvido, alguns medicamentos ou toxinas[2]
Prevenção Vacinação, cuidados de saúde na gravidez, evitar ruído intenso, evitar alguns medicamentos[2]
Tratamento Aparelho auditivo, língua gestual, implante coclear, legendas[2]
Frequência 1,33 mil milhões / 18,5% (2015)[4]
Classificação e recursos externos
CID-10 H90H91
CID-9 389
DiseasesDB 19942
MedlinePlus 003044
eMedicine article/994159
MeSH Predefinição:Mesh2
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Perda auditiva é a incapacidade parcial ou total de ouvir sons.[5] A perda audtiva pode ser temporária ou permanente. Uma pessoa surda é incapaz de ouvir ou ouve com dificuldade.[2] A perda audtiva pode ocorrer em apenas um ou em ambos os ouvidos.[2] Durante a infância, a perda auditiva pode afetar a capacidade de aprendizagem da língua e causar dificuldades no trabalho em adulto.[6] Em algumas pessoas, principalmente idosos, a perda auditiva pode estar associada a solidão.[2]

A perda auditiva pode ser causada por uma série de fatores, entre os quais o envelhecimento (nesse caso a perda é também chamada de presbiacusia), exposição ao ruído, algumas infeções, complicações do nascimento, trauma no ouvido e alguns medicamentos ou toxinas. Uma das causas mais comuns são as infeções crónicas do ouvido. Algumas infeções durante a gravidez, como a rubéola, podem também causar a condição. A perda auditiva é diagnosticada quando um exame auditivo confirma que a pessoa é incapaz de ouvir 25 decibéis em pelo menos um dos ouvidos.[2] Os exames auditivos são recomendados para todos os recém-nascidos.[6] A condição pode ser classificada em leve, moderada, severa e profunda.[2] Existem três tipos principais de perda auditiva: condutiva, neurossensorial e mista.[3]

A perda auditiva pode ser evitada. Entre as medidas de prevenção estão a vacinação, cuidados de saúde adequados durante a gravidez, evitar a exposição a ruídos intensos e evitar o consumo de determinados medicamentos.[2] A Organização Mundial de Saúde recomenda que os jovens limitem a audição de reprodutores de média portáteis a uma hora por dia de forma a diminuir a exposição ao ruído.[7] O diagnóstico precoce e o apoio são importantes durante a infância. Para muitas pessoas com a condição, os aparelhos auditivos, a linguagem gestual, os implantes cocleares, as legendas e a leitura labial são medidas eficazes que ajudam a contornar as dificuldades. No entanto, o acesso a aparelhos auditivos é difícil em muitas partes do mundo.[2]

Em 2013, cerca de 1,1 mil milhões de pessoas em todo o mundo eram afetadas por um qualquer grau de perda auditiva.[8] A condição causa incapacidade auditiva em cerca de 5% das pessoas afetadas (360 a 580 milhões de pessoas), de entre as quais 124 milhões apresentam incapacidade moderada a grave.[2][9][10] Entre as pessoas com incapacidade moderada a grave, 108 milhões vivem em países de rendimento baixo a moderado.[9] As pessoas que usam linguagem gestual e estão integradas na cultura dos surdos vêem-se a si próprias como sendo simplesmente diferentes, e não como tendo uma doença.[11] Muitos membros desta comunidade opõem-se a tentativas de curar a surdez[12][13][14] e levantam objeções aos implantes cochlear, uma vez que essas medidas têm o potencial de eliminar a sua cultura.[15] O termo "deficiência auditiva" é muitas vezes visto de forma negativa, uma vez que salienta aquilo que as pessoas não conseguem fazer.[11] Predefinição:TOC limit

Ponto de vista médico

Em termos médicos, a surdez é categorizada em níveis do ligeiro ao profundo. É também classificada de deficiência auditiva, ou hipoacúsia.[16] Os tipos de surdez quanto ao grau de perda auditiva:

  • Perda auditiva leve: não tem efeito significativo no desenvolvimento desde que não progrida, geralmente não é necessário uso de aparelho auditivo.
  • Perda auditiva moderada: pode interferir no desenvolvimento da fala e linguagem, mas não chega a impedir que o indivíduo fale.
  • Perda auditiva severa: interfere no desenvolvimento da fala e linguagem, mas com o uso de aparelho auditivo poderá receber informações utilizando a audição para o desenvolvimento da fala e linguagem.
  • Perda auditiva profunda: sem intervenção, a fala e a linguagem dificilmente irão ocorrer.

Ponto de vista educacional

Deste ponto de vista, surdez refere-se à incapacidade ou dificuldade da criança aprender a linguagem, por via auditiva. A criança surda pode aprender a falar, ainda que haja dificuldades.

A partir da Lei 10436, o governo brasileiro reconhece a LIBRAS, como língua, e os surdos têm o direito de, nas instituições educacionais, as aulas sejam ministradas em LIBRAS, ou, pelo menos com a presença de um interprete de língua de sinais.

Também em Portugal, o decreto-lei 3/2008 regulamentou a educação especial, em particular, o direito da criança surda crescer bilingue.[17] Em Portugal a LGP (Língua Gestual Portuguesa) foi reconhecida em 1997.

Ponto de vista cultural

Em termos culturais, surdez é descrita como diferença linguística e identidade cultural, a qual é partilhada entre indivíduos surdos.[18]

A surdez é o paradigma da cultura surda, a base sobre a qual se constrói a estrutura e forma da cultura surda, cujo principal elemento espelhador é a Língua de Sinais, o idioma natural dos surdos. Portanto, sem surdez não há cultura surda.[19]

Cognição e envelhecimento

A perda auditiva, que é uma consequência do processo natural do envelhecimento, afeta aproximadamente um terço dos idosos com idade entre 61 a 70 anos e mais de 80% daqueles com mais de 85 anos, configurando-se assim como um dos distúrbios de saúde mais comumente encontrado nessa população.[20]

A presbiacusia, que é a perda auditiva decorrente do envelhecimento, é um dos fatores que justifica uma das queixas mais comumente relatadas pelos idosos que refere-se a dificuldade de compreensão de fala principalmente em ambientes ruidosos. Considerada um transtorno complexo e multifatorial, pode sofrer influência de fatores ambientais (ruído, drogas ototóxicas, aterosclerose, diabetes, hipertensão arterial) e genéticos (suscetibilidade genética).[21][22]

Esta perda auditiva associada ao envelhecimento é descrita como uma perda auditiva sensorioneural, com o grau podendo variar de leve a profundo tanto nas frequências baixas (sons graves) quanto nas frequências altas (sons agudos), apresenta início gradual e progressivo, de forma simétrica, descendente e bilateral para sons em frequências altas (3 a 8kHz), muitas vezes acompanhada por dificuldades no reconhecimento de fala.[23][24] Os resultados audiométricos apresentam uma configuração descendente[25] e achados audiológicos descritos na literatura mostram a prevalência das curvas timpanométricas do tipo A, cuja configuração representa normalidade de orelha média.[26]

A perda auditiva relacionada a idade pode influenciar na reorganização neural por meio do recrutamento de outros sistemas sensoriais na tentativa de regular o processamento neural deficitário da informação auditiva objetivando assim uma boa comunicação na presença da perda auditiva.[27] Esse processamento compensatório pode gerar um esforço cognitivo adicional, o que poderia levar a um efeito em cascata que afetaria a percepção, compreensão e memória do que foi ouvido mesmo em perdas auditivas leves.[28]

A partir do exposto, é importante chamarmos a atenção para o fator preditor que envolve a relação entre a perda auditiva e o declínio cognitivo em idosos uma vez que o risco de declínio cognitivo é aproximadamente duas vezes maior quando a perda auditiva está presente, podendo preceder em até 10 anos, o seu início.[29][30] Considerada como um possível biomarcador pode oferecer uma via para modificação dos resultados clínicos.[31]

Apontada como um risco reversível, modificável, no que se refere ao declínio cognitivo e ao desenvolvimento da demência na população idosa, a perda auditiva deve ser diagnosticada o mais precocemente possível, uma vez que tal processo é pré requisito para que intervenções adequadas sejam feitas e assim o curso das alterações cognitivas e da demência sejam minimizados ou até mesmo evitados.[32]

A presbiacusia é um dos transtornos de saúde mais frequentes relatados por idosos e compromete aspectos biopsicossociais na vida do indivíduo,[33][34] causando dificuldades de comunicação, podendo desencadear o isolamento social, baixa autoestima, sintomas depressivos e maior risco de declínio cognitivo, e, assim, causando grande impacto na qualidade de vida do idoso e de sua família. Esse transtorno acontece por meio de processos neuro-degenerativos que afetam as células receptoras cocleares e os circuitos cerebrais envolvidos na percepção auditiva, acarretando na redução da sensibilidade auditiva e compreensão da fala em ambientes ruidosos.[35][36]

A reabilitação auditiva mais comum, nesses casos, é a adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI), uma vez que estudos comprovam a melhora na capacidade auditiva e cognitiva por meio deles.[37][38] Porém, em alguns casos, o indivíduo com perda de audição severa ou profunda não possui benefícios com o uso do AASI, sendo indicado o uso de próteses auditivas implantadas, principalmente o implante coclear (IC).

Presbiacusia e música

A percepção e escuta musical dependem do funcionamento normal do sistema auditivo central e periférico, mesmo idosos sem perda auditiva costumam apresentar uma alteração na percepção musical de altura e temporal.[39] Outros estudos também correlacionam a diminuição e alterações perceptivas e acústicas relacionadas à idade em idosos sem perda auditiva.[40][41][42][43]

Ver também

Referências

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