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O Partido de Reedificação da Ordem Nacional (PRONA)[1] foi um partido político brasileiro[2] de cunho nacionalista e conservador.[3][4][5] O seu código eleitoral era 56 e suas cores eram o verde e o amarelo. Foi fundado em 1989 pelo médico cardiologista Enéas Carneiro, que foi o presidente da legenda.[6] Suas propagandas partidárias no horário eleitoral gratuito tornaram-se distintas e famosas pela rapidez com que eram veiculadas, devido ao pouco tempo de que dispunha o partido e pelo uso da Quinta Sinfonia de Beethoven como trilha sonora.[3][7][8]
O partido era fortemente identificado com a figura de Enéas, que se candidatou à presidência do Brasil em 1989, 1994 e 1998.[2]
O partido foi extinto em 2006, pouco antes da morte de Enéas, sendo sucedido pelo Partido Liberal.[2]
História
Por não possuir ao menos um representante no Congresso Nacional, o PRONA só pôde contar, nas eleições de 1989, com duas inserções diárias de 15 segundos no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Até então desconhecido, seu candidato Enéas Carneiro ficou conhecido pelo tom enfático e pela rapidez com que defendia suas propostas, sempre terminando sua fala com a frase: “Meu nome é Enéas!”[2]
No ano seguinte, o partido lançou diversos candidatos próprios a governadores, senadores, deputados estaduais e federais, sem contudo eleger ninguém.[2] Apenas em 30 de outubro daquele ano o Prona obteve seu registro definitivo no TSE.[2]
Após obter novamente resultados inexpressivos nas eleições municipais de 1992, o partido conquistou maior força na eleição de 1994, quando novamente apresentou a candidatura presidencial de Enéas, com o almirante Roberto Gama e Silva sendo seu candidato a vice-presidente. Seu tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV foi ligeiramente ampliado, devido à mudança de partido da então deputada federal fluminense Regina Gordilho, eleita pelo PDT.
Registrado em 17 estados, o partido apresentou candidatos a governador em 12 deles.[2] Nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, os candidatos foram respectivamente o brigadeiro Álvaro Dutra e o coronel-aviador Paulo Santoro. O PRONA até então negava-se a realizar coligações com outros partidos, por isso apresentou ainda candidatos próprios ao Senado, à Câmara e às assembleias legislativas.[2]
Afirmando que o PRONA era a “única coisa séria que existe no país”, Enéas, como seu líder máximo, fazia uma campanha ferrenhamente crítica aos demais partidos.[2] Afirmava que, “da ação centralizadora das décadas de 1960 e 1970, que esmagava o pensamento e silenciava as vozes de oposição, chegou-se, num processo dialético, à sua antítese, à não-autoridade, à não-decisão, à não-realização, à inação, à quase anarquia”.[2] Em contraposição ao neoliberalismo, propunha um “Estado forte, intervencionista e técnico”.[2] Afirmando ser um partido “nacionalista”, o PRONA criticava “a abertura total do sistema produtivo nacional”, “a entrega do subsolo do país às mineradoras multinacionais” e “a eliminação de qualquer privilégio às empresas de capital nacional”.[2] O PRONA afirmava que a democracia brasileira estava “a serviço das alienadas elites dirigentes” e defendia um modelo econômico que priorizasse o mercado interno e combatesse a concentração da renda e os desequilíbrios regionais.[2] O Plano Real foi classificado, ainda em 1994, como “político-eleitoreiro” e apontado como responsável por uma enorme queda no poder aquisitivo da população.[2]
Ocupando um espaço político maior que na disputa anterior, Enéas obteve 4.671.810 votos, que equivaleram a 7,4% dos votos válidos, que lhe valeram a terceira posição entre os nove concorrentes.[2] O desempenho dos demais candidatos do PRONA, naquele ano, não acompanhou a votação de Enéas, uma vez que nenhum dos candidatos aos governos estaduais e ao Senado conseguiu uma votação expressiva, o partido não conseguiu eleger ao menos um deputado federal.[2]
Nas eleições gerais de 1998 o partido apresentou novamente a candidatura de Enéas à presidência da República, mas dessa vez, seu desempenho ficou abaixo da eleição anterior: obteve apenas o quarto lugar, e sua votação caiu para 1.447.080 votos, ou cerca de 2,14% do total.[2] O candidato a governador do partido no Rio de Janeiro foi o médico Lenine de Sousa, que obteve 0,96% dos votos, obtendo o quinto lugar. Em São Paulo, o partido lançou Constantino Cury Neto, que acabou em sexto lugar com 0,41% dos votos válidos.[2] Naquele eleição, o PRONA pela primeira vez elegeu um deputado, o pastor evangélico De Velasco, de São Paulo.[2]
Nas eleições municipais de 2000, o partido lançou candidatos a prefeito em quinze cidades, entre as quais São Paulo, Rio de Janeiro, e em importantes municípios das regiões metropolitanas destas duas capitais. Nenhum deles, no entanto, se elegeu.[2]
Já dois anos depois, nas eleições gerais, o PRONA pela primeira vez não lançou candidatura própria para presidente da República,[2] e tampouco apoiou qualquer das demais candidaturas.[2] Enéas Carneiro lançou-se candidato à Câmara Federal por São Paulo, quando o partido obteve o mais expressivo resultado de sua história.[2] Naquele ano, elegeu seis[9] deputados, Enéas e outros quatro.[9] Apesar da baixa votação dos demais, a expressiva votação de Enéas levou a que aqueles seus correligionários fossem também eleitos,[2] pelo sistema de voto proporcional de lista aberta nominal. Enéas obteve mais de 1,5 milhão de votos, sendo o deputado mais votado do país naquele ano. O resultado e disparidade das votações obtidas pelo PRONA deram início, inclusive, a debate sobre o modelo de sistema eleitoral.[2] Ainda naquele ano foram eleitos pelo partido sete deputados estaduais, concentrados em sua maioria, também em São Paulo.[2]
Naquela eleição, o Prona foi acusado de ter comercializado vagas para quem quisesse se candidatar, pela legenda, a deputado estadual da Assembleia Legislativa de São Paulo.[10] O comerciante Clóvis Kazuo Yoshiura teria pago R$ 5 000, em três cheques, para concorrer à vaga. Ivan Batista Marinho também teria pago esse mesmo valor, em quatro cheques.[11] Uma afiliada da Rede Globo exibiu reportagem em que Havanir Nimtz cobra R$ 5 000 do empresário Santos Jorge Roberto Leite para garantir uma vaga na legenda: "[é um] dízimo que a pessoa dá". Enéas e Havanir defendem-se qualificando a reportagem como uma "interpretação maliciosa" e "sensacionalista".[12] Em maio do ano seguinte, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa decidiu não abrir investigação para apurar denúncia contra Havanir. Entretanto, o corregedor Álvaro Lazzarini, do TRE/SP, determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal do Partido, bem como o de Havanir, o de Enéas Carneiro e o da Livraria e Editora Enéas Ferreira Carneiro LTDA.[11][13] Eles declararam que não recorreriam das quebras de sigilo, classificando a acusação como "perseguição política".[14]
De um total de 37 candidatos a prefeito lançados pelo PRONA nas eleições de 2004, sete tiveram êxito no 1º turno, quase todos no Nordeste, particularmente no Maranhão.[2]
Após a bem-sucedida eleição de 2002, diversos políticos eleitos pelo PRONA passaram a sofrer denúncias de corrupção e fraudes eleitorais. Suely Santana da Silva, ex-assessora de Enéas, eleita vereadora no Rio de Janeiro em 2004, foi investigada pelo Ministério Público por indícios de irregularidade no domicílio eleitoral.[15]
Em 2006, quatro deputados federais que haviam sido eleitos pelo Prona – Vanderlei Assis, Ildeu Araújo, Irapuan Teixeira e Amauri Gasques – viram seus nomes na lista de suspeitos da CPI dos Sanguessugas.[16][17] À época do inquérito, entretanto, já não faziam mais parte do quadro do partido, tendo Enéas se referido a Irapuan como um "traidor".[16] Vanderlei Assis também foi acusado de fraude eleitoral.[18][19][20]
Nas eleições gerais de 2006, Enéas chegou a anunciar sua candidatura à Presidência da República outra vez, mas desistiu após ser acometido por uma leucemia.[2] Concorreu à reeleição para deputado federal, sendo bem sucedido, embora com uma votação bem menor: 387 mil votos. O partido naquele ano também elegeu a deputada Suely Santana, no Rio de Janeiro.[2] Candidatos a governador foram lançados, sem sucesso, no Acre, Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco.[2]
Após as eleições de 2006, para contornar as restrições impostas pela cláusula de barreira que começaria a vigorar, no Congresso Nacional, a partir da legislatura de 2007, o partido se fundiu, em 24 de outubro de 2006, com o PL, criando o Partido da República.[21][22][23] Cumpriam mandato na data: Elimar Máximo Damasceno e Enéas Carneiro. Os outros quatro deputados federais eleitos pelo Prona, todos fundadores do partido,[24] já haviam se filiado ao PP e ao PL em 2003.[9]
Predefinição:Partido da República/origem
O sindicalista fluminense Marcelo Vivório declarou, ao final de março de 2015, que já conseguira mais de 200 mil assinaturas, das 500 mil necessárias, para o registro no TSE de um novo partido com o nome "PRONA", que contaria com grandes figuras da antiga sigla, como a Dra. Havanir Nimtz.[25][26]
Controvérsias
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, com base em dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral, divulgou um balanço, em 4 de outubro de 2007, com os partidos com maior número de parlamentares cassados por corrupção desde o ano 2000. O Prona aparecia em último lugar na lista, com uma única cassação, empatado com Partido Humanista da Solidariedade (PHS), Partido Verde (PV) e Partido Republicano Progressista (PRP).[27]
Participação nas eleições presidenciais
Ano | Imagem | Candidato a Presidente | Candidato a Vice-Presidente | Coligação | Votos | % | Colocação |
---|---|---|---|---|---|---|---|
1989 | Enéas Carneiro | Lenine Madeira de Souza | Sem coligação | 360 561 | 0,50 | Predefinição:Fmtnx | |
1994 | Enéas Carneiro | Roberto Gama e Silva | Sem coligação | 4 671 457 | 7,38 | Predefinição:Fmtnx | |
1998 | Enéas Carneiro | Irapuan Teixeira | Sem coligação | 1 447 090 | 2,14 | Predefinição:Fmtnx |
Ver também
Referências
- ↑ Manual de redação 2 ed. Brasília: Jornal do Senado. 2003. p. 131. Consultado em 28 de dezembro de 2015
- ↑ 2,00 2,01 2,02 2,03 2,04 2,05 2,06 2,07 2,08 2,09 2,10 2,11 2,12 2,13 2,14 2,15 2,16 2,17 2,18 2,19 2,20 2,21 2,22 2,23 2,24 2,25 2,26 2,27 2,28 2,29 Fundação Getúlio Vargas. «PARTIDO DE REEDIFICACAO DA ORDEM NACIONAL (PRONA)». Consultado em 2 de setembro de 2018
- ↑ 3,0 3,1 Correa Lima, Natasha (28 abril 2017). «Nacionalista, Enéas Carneiro fez história com bordão e apenas 15 segundos na TV». Acervo, jornal O Globo. O Globo. Consultado em 10 de abril de 2019
- ↑ Ryff, Luiz Antonio (21 de julho de 1998). «Campeão da rejeição, Enéas prega moralidade». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de abril de 2019.
Na sua terceira tentativa de conquistar a Presidência, cardiologista defende Estado forte e intervencionista.
- ↑ Esteves Galvão Lopes, Guilherme (julho de 2016). «ENÉAS CARNEIRO E O PRONA: NACIONALISMO E CONSERVADORISMO NO BRASIL PÓS-DITADURA MILITAR». Revista Dia-logos, revista dos alunos de Pós-graduação em História. UERJ. Consultado em 10 de abril de 2019
- ↑ «PARTIDO DE REEDIFICACAO DA ORDEM NACIONAL (PRONA)». CPDOC. Consultado em 10 de janeiro de 2017
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- ↑ 9,0 9,1 9,2 Congresso em foco (12 de dezembro de 2006). «Veja quais deputados mudaram de partido». Reportagem Local
- ↑ 11,0 11,1 Amorim, Sílvia (23 de maio de 2003). «Justiça Eleitoral quebra sigilos de Enéas e Havanir». Eleições 2002. Folha de S.Paulo. Consultado em 7 de abril de 2016
- ↑ imirante.com (22 de maio de 2003). «Quebrado o sigilo bancário do deputado federal Enéas». Notícias. Imirante.com. Consultado em 7 de abril de 2016
- ↑ Agência Estado (24 de maio de 2003). «Enéas e Havanir acatam quebra de sigilo». Política. O Estado de S. Paulo. Consultado em 6 de abril de 2016
- ↑ UOL News (15 de outubro de 2004). «Ministério Público investiga vereadora eleita pelo Prona». Rio de Janeiro. UOL Notícias. Consultado em 7 de abril de 2016
- ↑ 16,0 16,1 Agência Folha (28 de julho de 2006). «Dos cinco eleitos ligados a Enéas, 4 estão sob suspeita». Brasil. Folha de S.Paulo. Consultado em 7 de abril de 2016
- ↑ Freitas, Ronald (7 de agosto de 2006). «O deputado de 673 votos». Época. Consultado em 6 de abril de 2016
- ↑ Name, Daniela (8 de outubro de 2004). «Procura-se Senhorita Suely, eleita vereadora pelo Prona». O Globo. Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro
- ↑ Araújo, Luís Edmundo; Cecília Maia (3 de fevereiro de 2003). «Deputados Problema». Política. ISTOÉ Gente. Consultado em 7 de abril de 2016
- ↑ Spigliatti, Solange (12 de agosto de 2010). «TRE confirma condenação a ex-deputado do Prona». Política. O Estado de S. Paulo. Consultado em 6 de abril de 2016
- ↑ «PL e PRONA oficializam união e apoiam Lula». Partido da República. Consultado em 28 de dezembro de 2013. Cópia arquivada em 7 de junho de 2013 🔗
- ↑ Guerreiro, Gabriela (26 de Outubro de 2006). «Prona e PL se unem e criam o Partido da República». Consultado em 18 de Agosto de 2013
- ↑ Cristina da Silva, Valéria (27 de Outubro de 2006). «PL, Prona e PT do B se fundem e nasce o PR». Consultado em 18 de Agosto de 2013. Arquivado do original em 28 de dezembro de 2013
- ↑ Folha de S.Paulo (8 de outubro de 2002). «Bancada do Prona será de fundadores». Reportagem Local
- ↑ Perosa, Teresa (30 de março de 2015). «O Prona vai voltar». Época. Consultado em 6 de abril de 2016
- ↑ Vivório, Marcelo (1.º de novembro de 2016). «O PRONA É CONTRA: O Casamento gay e a legalização do aborto.». Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Campos. Consultado em 4 de novembro de 2016. Arquivado do original em 5 de novembro de 2016
- ↑ «Desde 2000, 623 políticos foram cassados. DEM lidera ranking». O Globo. Consultado em 2 de dezembro de 2013. Cópia arquivada em 20 de outubro de 2011 🔗
Predefinição:Partidos políticos extintos da Sexta República Brasileira