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Maria de Portugal, Rainha de Castela

Predefinição:Info/Nobre Maria de Portugal (1313[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]][1]Évora, 18 de janeiro de 1357[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]), a «Fermosíssima Maria» a que se refere Luís de Camões em Os Lusíadas,[2] foi uma infanta portuguesa, a filha primogénita do rei de Portugal Predefinição:Lknb e sua esposa Beatriz, e rainha de Castela como a esposa do rei Predefinição:Lknb.

Biografia

Em 1326 foi proposta por seu pai como noiva de Eduardo III de Inglaterra, então duque da Aquitânia e herdeiro da Coroa inglesa. Para esse efeito, Afonso IV enviou a Inglaterra como embaixadores o almirante Manuel Pessanha e o Mestre Rodrigo Domingues, mas a proposta não teve acolhimento porque aquele príncipe encontrava-se já comprometido com a irmã do rei de Castela.[3][4]

Tornou-se rainha de Castela pelo seu casamento, em 26 de março de 1328, em Alfaiates, com Afonso XI,[5] filho de Predefinição:Lknb e da infanta Constança de Portugal.[6] Foi senhora dos alcáceres, castelos e vilas de Guadalajara, Talavera e Olmedo que recebeu do rei Afonso, por ocasião do seu casamento.[7] O rei praticamente esteve para se separar dela, por não dar à luz um herdeiro, o que viria a acontecer em 30 de agosto de 1334 na cidade de Burgos (o futuro rei Predefinição:Lknb).[8] Contudo, o rei manteve abertamente uma relação extraconjugal com Leonor de Gusmão,[9] o que levou a jovem rainha a regressar a Portugal, fixando-se em Évora, onde então se achava a corte de seu pai.[10] Tal facto gerou um breve conflito entre Portugal e Castela,[10] pela honra da rainha portuguesa, com o rei português a atacar as terras da raia.

O conflito viria a ser sanado, por um tratado assinado em Sevilha em 1339. O rei Afonso XI, embora ao abrigo do acordo de casamento com D. Maria, pudesse contar com a ajuda recíproca do sogro no combate aos muçulmanos, temeu que Afonso IV de Portugal se negasse a fazê-lo devido à traição para com a esposa sua filha, num momento em que o sultão de Marrocos se preparava para invadir a Península Ibérica. Por isso enviou a própria esposa ir ter com o pai a Évora, a fim de solicitar a sua participação no conflito que se avizinhava com os mouros.[11]

Maria acedeu gentilmente ao pedido e depois regressou à corte do rei castelhano "com a obrigação de Afonso XI a dar à sua mulher o tratamento e honra que lhe devia e o consequente exílio da corte de Leonor Nunes de Gusmão", no entanto, segundo o cronista-historiador Fernão Lopes, "Afonso XI não podia sofrer a comverçaçam da mulher, nem a pryvançam e apartamento da favorita. E em fim tudo se tornaua ao que primeiro fora".[10] Afonso IV ter partido em campanha para Castela, desta feita para batalhar o inimigo da fé cristã. A peleja travou-se nas margens do Rio Salado, donde houve nome a batalha do Salado, com a participação destacada das tropas portuguesa, em 29 de Outubro de 1340, tendo os mouros sido completamente derrotados.[12]

O rei Afonso XI morreu da peste negra em 27 de março de 1350.[2] Na primavera de 1351, a rainha Maria vingou-se da amante de seu esposo e mandou matar a Leonor de Gusmão,[13] segundo relata o cronista Pero Lopes de Ayala:

O infante Predefinição:Lknb, cognominado o Cruel, subiu ao trono com 16 anos após a morte de seu pai.[2] e practicou todo o género de atrocidades que muito consternaram a mãe. Ironicamente, Pedro também abandonou a sua mulher, Branca de Bourbon, para viver com a sua favorita Maria de Padilla,[2] e o filho que Afonso XI tivera da amante, Henrique de Trastâmara acabaria também por vingar-se, ao assassinar Pedro I e subir ao trono como Predefinição:Lknb.

Em 26 de Janeiro de 1356, a rainha e outros nobres, incluindo o seu mordomo-mor Martim Afonso Telo de Meneses, estavam no Alcazar de Toro quando o rei Pedro, acompanhado por vários escudeiros, entrou e mandou matar muitos dos nobres que estavam lá com a rainha.[8] Pero Lopes de Ayala na crónica dos reinados de Pedro e três de seus sucessores, descreveu os acontecimentos da seguinte forma:[15]

Morte e sepultamento

Sepulcro da rainha María no Mosteiro de São Clemente em Sevilha

Depois deste episódio, Maria retornou a Portugal em 1356,[2] acolhendo-se a Évora (onde então estava a corte), onde viria a falecer, em 1357.[2][16] Havia outorgado testamento em Valhadolide no dia 8 de Novembro de 1351, e nele dispôs que o seu cadáver, revestido com o hábito de Santa Clara, fosse enterrado na Capela Real da Catedral de Sevilha, onde estava o seu esposo, Afonso XI, e que, se a este último o trasladassem, o mesmo fizessem aos seus restos mortais.[17]

Após o seu falecimento recebeu sepultura em Évora, até que, contrariamente aos desejos expressos no seu testamento, os seus restos foram trasladados à Sevilha. Em 1371, o rei Henrique II dispôs que o seu pai recebesse sepultura definitiva na Real Colegiada de São Hipólito em Córdova, e é provável que ao mesmo tempo haja decidido que a rainha Maria, que tinha sido responsável pela morte de sua mãe, Leonor, fosse enterrada no Mosteiro de São Clemente em Sevilha.[2] «Desta maneira se separavam definitivamente os que em vida estiveram pouco unidos».[18] Os seus restos mortais repousam num sepulcro de madeira singelo, decorado com escudos heráldicos e coberto por um arco no lado do Evangelho da igreja do mosteiro..[18]

Túmulo do rei Afonso XI na Real Colegiada de São Hipólito em Córdova

O epitáfio da rainha, numa lápide de azulejos singelos, reza:[17]

DONA MARIA DE PORTUGAL
VIÚVA DO SENHOR REI DOM AFONSO XI
MÃE DO SENHOR REI DOM PEDRO.
COM DOIS TERNOS INFANTES
DE CASTELA SEUS FILHOS.Predefinição:Ref label2

Descendência

Realeza Portuguesa
Casa de Borgonha
Descendência
PortugueseFlag1185.svg

Notas

Predefinição:Refbegin Predefinição:Note label2Sobre os «ternos infantes» (ou seja, «tenros», «de tenra idade») somente se conhecia a existência do primogénito, Fernando, que faleceu poucos meses após o nascimento. A referência ao outro infante falecido é feita pela lápide sepulcral e por uns pergaminhos que foram descobertos dentro da sepultura em 1813, quando se exumaram os cadáveres sepultados na igreja do mosteiro. Estes pergaminhos mencionam que dois meninos foram enterrados com sua mãe. Predefinição:Refend

Referências

  1. Rodrigues Oliveira 2013, p. 217.
  2. 2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 Rodrigues Oliveira 2013, p. 220.
  3. Alessandrini, Nunziatella; Duarte, Luís Miguel (2019). «Porquê os Pessagno? Novos dados para o conhecimento desta família genovesa». Academia de Marinha. Consultado em 18 de Abril de 2020 
  4. Lourenço Menino, Vanda Lisa (2012). «A rainha D. Beatriz e a sua casa (Tese de Doutoramento)» (PDF). Universidade Nova de Lisboa, FCSH. Consultado em 18 de abril de 2020 
  5. Borrero Fernández 1991, p. 66.
  6. Rodrigues Oliveira 2013, p. 163.
  7. Martín Prieto 2011, p. 228.
  8. 8,0 8,1 Valdeón Baruque 2002, p. 48.
  9. Rodrigues Oliveira 2013, p. 218.
  10. 10,0 10,1 10,2 Rodrigues Oliveira 2013, p. 219.
  11. Segura González 2005, p. 27.
  12. Segura González 2005, p. 29.
  13. Valdeón Baruque 2002, p. 117.
  14. Valdeón Baruque 2002, p. 59.
  15. López de Ayala 1780, p. 207-208, Ano sexto, capítulo II.
  16. Borrero Fernández 1987, p. 141.
  17. 17,0 17,1 Borrero Fernández 1991, p. 67.
  18. 18,0 18,1 Borrero Fernández 1991, p. 69.

Bibliografia

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