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José Travassos Valdez

José Travassos Valdez
Conde do Bonfim
Presidente do Conselho
de Ministros de Predefinição:PRT1830 Portugal
Período 26 de novembro de 1839 até 9 de junho de 1841
Antecessor(a) Barão de Sabrosa
Sucessor(a) Joaquim António de Aguiar
Dados pessoais
Nome completo José Lúcio Travassos Valdez
Nascimento 23 de fevereiro de 1787[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Elvas, Flag Portugal (1750).svg Portugal
Morte 10 de julho de 1862 (75 anos)[[Categoria:Predefinição:Categorizar-ano-século-milénio/1]]
Lisboa, Predefinição:PRT1830 Portugal
Nacionalidade Predefinição:Country data Portugal Português
Progenitores Mãe: Antónia Eufrásia de Sousa Godinho Valdez
Pai: José Bento Travassos da Silveira Araújo
Esposa Emília Godinho Valdez
Partido Setembrista
Profissão Militar e político
Assinatura Assinatura de José Travassos Valdez
Títulos nobiliárquicos
1.º conde do Bonfim 4 de abril de 1838
1.º barão do Bonfim 17 de setembro de 1835

José Lúcio Travassos Valdez (Elvas, 23 de fevereiro de 1787Lisboa, 10 de julho de 1862), primeiro barão (1835) e desde 1838 primeiro conde do Bonfim, foi um estadista e político português no tempo da monarquia.

Vida

O seu pai era escrivão da Mesa da Consciência e Ordens e cavaleiro de Cristo. Em sua juventude, o futuro conde do Bonfim estudava na Universidade de Coimbra para a carreira eclesiástica[1] e participou a partir de 1808 da revolta portuguesa contra a ocupação napoliônica de sua terra. Aí ele serviu como voluntário sob o comando de Gomes Freire de Andrade e participou das batalhas da Roliça (17 de Agosto de 1808) e de Vimeiro (21 de Agosto de 1808) contra os franceses. Até ao fim da Guerra Peninsular entrou em muitas batalhas, dando sempre provas de grande energia e coragem.

Mesmo depois da expulsão dos franceses, Bonfim permaneceu no Exército português. Em Junho de 1821 foi promovido a coronel e em 1823, quando em Trás-os-Montes se deu o levante absolutista, promovida pelo conde de Amarante, foi nomeado comandante da divisão ligeira, perseguiu os revoltosos, e entrou na Espanha chegando até Astorga, León e Gradefes.

Voltando para Portugal foi dirigir uma coluna de operações na Beira, sendo escolhido para marchar à frente das forças destinadas a opor-se à insurreição de Vilafrancada liderada pelo infante D. Miguel nos últimos dias de Maio de 1823. Tendo D. João VI aderido ao movimento iniciado por seu filho, foi dissolvida a coluna do coronel Valdez, e este intimado a residir em Mora, de onde conseguiu, com o auxílio de alguns dos seus amigos e antigos companheiros de armas, ser transferido para Setúbal.

Só depois de promulgada por Pedro IV de Portugal a Carta Constitucional de 1826, sendo ministro da guerra o general Saldanha, é que ao coronel Valdez se deu novamente o comando de um regimento. Mandado com o seu regimento e outras forças combater o movimento miguelista que aparecera em Bragança, e tendo sido obrigado pelos revoltosos, depois de duro combate, a recolher-se ao castelo da vila, viu-se forçado a capitular no dia 26 de Novembro de 1826, e foi conduzido para Miranda e depois para Moncorvo. Sabendo que existia ali um depósito de armas, tratou com os seus companheiros de se apoderar delas e tentar cruzar o rio Douro a fim de juntar-se às tropas fieis à Carta, sendo porém acossado pelas numerosas guerrilhas que então infestavam a província de Trás-os-Montes, teve de atravessar a fronteira, e as autoridades espanholas o mandaram para Salamanca e depois para Valladolid.

Passado alguns dias retornou ele a Portugal, chegando a Lisboa pediu um conselho de guerra para se justificar da capitulação de Bragança, e sendo-lhe a sentença não só favorável mas até honrosa, Valdez foi pouco depois nomeado, em 7 de Abril de 1827, governador e capitão-general da Madeira e Porto Santo.

D. João VI

Dedicou-se então aos melhoramentos materiais e agrícolas daquelas ilhas, e nestes trabalhos ficou sabendo dos motins ocorridos em Lisboa e dos projetos do infante D. Miguel, de se apoderar da regência do reino, declarando-se rei.

Valdez havia fundado um jornal, "A Flôr do Oceano", e no dia 22 de Junho publicou um manifesto protestando contra aqueles projetos, cuidando imediatamente de se prevenir para a defesa da ilha, se acaso D. Miguel a mandasse atacar pela sua esquadra, e comunicou o ocorrido ao duque de Bragança, aos ministros de Portugal e Brasil, em Londres, bem como ao embaixador desta última potência em Viena na Áustria. Pouco depois destes acontecimentos chegou à Madeira o novo capitão-general nomeado por D. Miguel, mas não tendo podido desembarcar regressou a Lisboa. Ao mesmo tempo saíram deste porto uma corveta e dois navios de guerra para bloquearem a ilha, e por fim o capitão-general Valdez recebeu no dia 16 de Agosto de 1828 uma intimação para se render ao comandante de uma esquadra, composta de uma nau, duas fragatas, duas corvetas, dois brigues e duas charruas. Valdez não desanimou, apesar de ver a grande força dos inimigos, tendo estes, porém, conseguido apoderar-se do porto de Machico, reconheceu a impossibilidade da resistência, e entrou em acordo com o vice-almirante por intermédio do cônsul inglês residente na ilha.

Partiu então para Inglaterra com sua mulher e filhos, e ali esteve lutando com inúmeras dificuldades, chegando a passar privações, até 1832, em que partiu para a ilha Terceira, no arquipélago dos Açores, e apenas desembarcou em Angra do Heroísmo, foi-lhe dado o comando da 1.ª companhia do batalhão sagrado, batalhão só composto de oficiais, e com ele fez a guarda avançada do exército libertador quando marchou do Mindelo para o Porto (Desembarque do Mindelo); mas depois, foi mandado pelo imperador para o quartel general do duque da Terceira, para que este o informasse dos movimentos do inimigo, sendo em 21 de Julho de 1832 escolhido para ajudante general.

Em 6 de Agosto seguinte foi promovido a brigadeiro, continuando como ajudante do duque da Terceira, até que D. Pedro IV assumiu o comando-em-chefe, passando nessa ocasião Travassos Valdez a servir de chefe do estado-maior.

Quando o imperador saiu do Porto ficou ali o brigadeiro Valdez como chefe do estado-maior de Saldanha, e no combate de 18 de Agosto de 1833 comandou a ala esquerda, e a 20 de Agosto seguiu para a capital com o regimento de infantaria a bordo da fragata "D. Maria II". Tomou parte na defesa das linhas de Lisboa, ficando gravemente ferido no ataque de 5 de Setembro, o que o obrigou a afastar-se do serviço por muito tempo; acompanhando porém já D. Pedro para Santarém nos princípios de 1834, e regressando depois com ele a Lisboa, quando em seguida a batalha da Asseiceira se formaram dois exércitos de operações sob o comando dos generais duque da Terceira e Saldanha.

Pedro I, imperador do Brasil. Pedro IV, rei de Portugal

Quando da morte de D. Pedro IV ficou dissolvido o estado-maior imperial, e o brigadeiro Valdez ficou desempregado até que eclodiu a revolução de 9 de Setembro de 1836, em que se proclamou uma nova constituição.

No dia 16 do referido mês foi nomeado membro do Supremo Conselho de Justiça Militar.

Em outubro teve o comando do exército do sul, que se formou para evitar a invasão dos cartistas e em 14 de Dezembro seguinte foi nomeado comandante da 7.ª divisão militar, continuando naquela comissão.

Eleito deputado no congresso constituinte de 1837 pelo distrito de Leiria, quando surgiu a tentativa cartista da Ponte da Barca, foi Travassos Valdez, já, então agraciado com o título de Barão do Bonfim, encarregado do comando em chefe das forças do sul do reino, recebendo plenos poderes sobre todas as autoridades civis e militares.

Apaziguado o Alentejo, o Barão do Bonfim juntou-se a Sá da Bandeira, e em 28 de Agosto de 1837 deu aos marechais a ação do Chão da Feira, seguindo depois para Almeida e para o Douro para conversar com o conde das Antas, que voltava da Espanha e logo a seguir terminava a revolta cartista ganhando a ação de Ruivães.

Regressando à capital, foi nomeado ministro da marinha e interino da guerra em 9 de Novembro de 1837, conservando-se no ministério até 9 de Março de 1838, voltando a encarregar-se da pasta da guerra desde 20 de Abril até 18 de Abril de 1839 (20 A 18?).

Foi deputado nas legislaturas de 1839 e de 1840, sendo eleito por vários círculos do continente do reino, e em 1839 pelo de Goa.

Em 26 de Novembro de 1840 entrou novamente no ministério, com o encargo da presidência do gabinete e as pastas da guerra, e interino da marinha e estrangeiros. Apresentou então às câmaras importantes e notáveis relatórios, tomou medidas enérgicas quando em fins de 1840 estiveram para se romper as boas relações de Portugal com a Espanha, dirigiu as negociações para o reconhecimento do governo português pela Santa Sé e pelos Países Baixos, fundou o presídio que depois se transformou na vila de Moçamedes, e finalmente em 9 de Julho de 1841, querendo sustentar a instituição dos batalhões nacionais e encontrando resistência, pediu a exoneração em 9 de Junho de 1841, sendo substituído pelo ministério presidido por Joaquim António de Aguiar.

Em 1842 combateu sempre na câmara alta o governo de Costa Cabral, depois marquês de Tomar, até que decidida a revolta pela oposição, partiu para o Alentejo.

O conde do Bonfim, título com que fora agraciado em 1838, pôs-se à frente do movimento iniciado pelo regimento de cavalaria em Torres Novas no dia 4 de Fevereiro de 1844, e com esse corpo, infantaria e caçadores marchou sobre a Guarda. Malogradas ainda outras combinações, seguiu para Almeida e ali sustentou o cerco, emigrando depois para Espanha, França e Inglaterra.

Voltou a Lisboa em 9 de Junho de 1846, vindo da Inglaterra a bordo do vapor "Mindelo", sendo em 29 de Junho nomeado comandante da guarda nacional, e em 22 de Agosto comandante da 1.ª divisão militar, lugar de que foi exonerado em consequência do golpe de estado de 6 de Outubro.

Partindo para Évora foi pela junta, formada nessa cidade, nomeado comandante em chefe das forças do sul e logo depois presidente da mesma junta. Na batalha de Torres Vedras em 22 de Dezembro de 1846 foi prisioneiro, sendo conduzido a Lisboa, de onde passou a bordo de diferentes navios do Estado, e por último para o brigue "Audaz", que saiu da barra em 2 de Fevereiro de 1847 com destino a Angola. Chegando a Luanda em 25 de Março, os presos políticos foram levados para diversas prisões, mas o conde do Bonfim e dois filhos que o acompanhavam, Luís e José, ficaram a bordo da corveta "Relâmpago". Receando-se alguma revolta, a corveta levantou âncora e seguiu para Moçâmedes, onde chegou em 6 de Maio. No dia 20 deste mês começou em Moçâmedes uma revolução a favor da Junta do Porto, o conde saiu no dia seguinte, com os dois filhos, para Santa Helena (território), a bordo de uma velha escuna, que foi abordada por um brigue de guerra inglês que nessa ocasião entrava no porto de Moçâmedes, levando-a para Luanda, apresentando ao governador o conde do Bonfim e seus filhos. Desse modo, o conde foi novamente encarcerado na corveta "Relâmpago", seu filho Luís em outro navio, e José mandado para Benguela, ficando nesta situação até 23 de Agosto data em que chegou a Luanda a fragata "Terrible", que em consequência da convenção que pusera termo à guerra civil, trouxe os deportados para Portugal, onde chegaram em 9 de Outubro.

Depois de ter estado em comissão até Dezembro de 1852, foi nomeado membro do conselho de justiça militar, cargo que desempenhou até falecer. Encontra-se sepultado no Cemitério de Elvas.

  1. RedirecionamentoPredefinição:fim

Referências

Bibliografia

  • GLOVER; Peninsular War - 1807-1814; Coleção Penguin Classic Military History; Penguin UK; 2001; ISBN 0141390417.
  • LOPES, Marcos Antonio; O Absolutismo, Política e Sociedade na Europa; Coleção Tudo e História, 150; Brasiliense; 1996; ISBN 851100159x.
  • MATTOSO, José, et al; O Liberalismo (1807-1890); Coleção História de Portugal; Estampa; 1997.
  • MATTOSO, José; História de Portugal 5, O Liberalismo; Coleção História de Portugal - Edição Acadêmica; Estampa; 1998; ISBN 9723313103.

Ligações externas

Ver também

Ligações externas

Precedido por
Barão de Sabrosa
Presidente do Conselho de Ministros de Portugal
1839 — 1841
(XI Governo da Monarquia Constitucional)
Sucedido por
Joaquim António de Aguiar

Predefinição:Ministros da Guerra da Monarquia Predefinição:Ministros da Marinha da Monarquia Predefinição:Ministros dos Negócios Estrangeiros da Monarquia Predefinição:9.º governo da Monarquia Constitucional Predefinição:11.º governo da Monarquia Constitucional

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