Predefinição:Info/Corrida automobilística
Resultados do Grande Prêmio da Espanha de Fórmula 1 realizado em Jerez em 2 de outubro de 1988.[1] Décima quarta etapa do campeonato, foi vencido pelo francês Alain Prost, da McLaren-Honda, com Nigel Mansell em segundo pela Williams-Judd e Alessandro Nanini em terceiro pela Benetton-Ford.[2][3]
Resumo
Duas equipes em uma
Na relargada do Grande Prêmio de Portugal, Alain Prost tomou o espaço de Ayrton Senna obrigando-o a pôr as rodas na grama enquanto lutavam pela liderança. Irascível em seu temperamento, o brasileiro tomou uma decisão tão inequívoca quanto perigosa espremendo seu companheiro de equipe contra o muro.[4] Felizmente para a McLaren, ambos seguiram na pista, mas enquanto Alain Prost venceu a corrida e assumiu a liderança do campeonato com 81 pontos, Ayrton Senna não foi além do sexto lugar somando apenas 76 pontos.[4]
Alain Prost vituperou contra Ayrton Senna a plenos pulmões ao condenar a manobra tresloucada do seu companheiro de equipe em Portugal, mas o pior estaria por vir. Numa confidência ao jornalista Gilles Pernet, o líder do campeonato acusou a Honda de fornecer sempre o melhor motor a Senna. Ao ver publicada a notícia no L'Équipe, Prost agiu com descompostura empurrando o seu compatriota com tamnha força que o mesmo só não caiu no chão devido ao amparo de terceiros.[5] Questionado pela imprensa sobre as declarações do rival, Senna respondeu apenas ao final do treino de sexta-feira quando marcou a pole provisória. "Seria muito fácil alimentar uma polêmica, mas minha resposta, como vocês viram hoje, será dada na pista. Esta é a maneira certa de se conversar na Fórmula 1".[6] Nas atividades de pista, a baixa velocidade do Circuito de Jerez beneficiou os carros com motores apirados, pois a Benetton de Thierry Boutsen ficou em segundo lugar (antes de ser desclassificada) e a Williams de Nigel Mansell findou em terceiro, cabendo a Alain Prost a sexta marca.[7]
Outro ingrediente adicionado à fervura espanhola são os renitentes boatos sobre o péssimo desempenho de Ayrton Senna no Autódromo do Estoril, o qual teria sido uma trama da Honda a fim de decidir o mundial de pilotos no Grande Prêmio do Japão em 30 de outubro. De fato, o computador de bordo da McLaren indicou um consumo de combustível acima do normal[8] e o brasileiro, temendo uma pane seca, reduziu o seu ritmo facilitando a vitória de Alain Prost em terras lusitanas e as ultrapassagens da March de Ivan Capelli e da Ferrari de Gerhard Berger.[4] Com o abandono do austríaco, Senna chegou ao terceiro lugar, posição onde estava ao ser abalroado pela Williams de Nigel Mansell. Neste momento, Senna foi para os boxes e voltou em sexto lugar numa toada tão lenta que foi incapaz de chegar em quinto, mesmo com a Ferrari de Michele Alboreto rateando sem gasolina na última volta.[4]
Embora reconheça o valor simbólico de uma decisão em casa, a Honda negou a hipótese de um "resultado fabricado", segundo o porta-voz da companhia.[5] Mesmo assim existem opiniões para todos os gostos. "Só porque o Senna foi mal, ficam tentando arrumar uma explicação mirabolante. O carro dele estava ruim e pronto",[5] disse o tricampeão Nelson Piquet. Por outro lado, há quem discorde. "Acho que foi armação, achei isso no mesmo momento em que aconteceu. Quer apostar quanto que a decisão será no Japão?",[5] perguntou o mecânico da Lotus, Kenny Szymanski.
McLaren na primeira fila
Definido como um um "emaranhado de curvas" por quem a conhece, a pista de Jerez não permite aos turbos a extração máxima de sua potência, razão pela qual esperava-se um treino equilibrado e assim o foi, mas com alguma emoção. Na sua primeira volta lançada, Ayrton Senna travou os freios ao ultrapassar a March de Maurício Gugelmin, deixando a McLaren atravessada na pista. Estranhamente o treino não foi interrompido e os fiscais demoraram mais de um minuto até devolverem o bólido vermelho e branco à pista. "Poderia ter acontecido um acidente feio",[9] reclamou o brasileiro. Com o asfalto menos sujo em relação ao dia anterior, todos os que foram à pista melhoraram as suas marcas, tendo Nigel Mansell, da Williams, na pole position. Tal ilusão caiu por terra quando Senna marcou a volta mais rápida em sua segunda tentativa.[10]
Faltavam onze minutos para o fim da sessão quando Senna fez o melhor tempo, mesmo assim ele optou por recolher-se aos boxes. "Resolvi parar para não correr riscos desnecessários. Preferi poupar o carro".[9] Enquanto isso, Alain Prost fez o segundo melhor tempo ressaltando as mudanças no carroː dos freios ao arrasto do chassis. E embora queixando-se do tráfego em suas voltas lançadas, parecia satisfeito com o resultado obtido. Pior para Nigel Mansell, cuja Williams foi reposicionada em terceiro no grid, ao lado da Benetton de Thierry Boutsen.[11]
Coube ao veterano Riccardo Patrese o lance mais bizarro do dia quando, em sua volta rápida, tocou a Tyrrell de Jonathan Bailey. Disposto a revidar, o italiano freou diante do britânico, que atingiu a traseira da Williams em cheio fazendo a frente da Tyrrell subir por um metro e quase capotar. Multado em US$ 10 mil por sua manobra perigosa, Patrese insistiu que Bailey deveria olhar os retrovisores e dar mais espaço aos pilotos em voltas rápidas.[12]
Alain Prost vence e ressuscita
Mesmo largando na pole position, Ayrton Senna patinou na largada devido à sujeira trazida à pista pelos ventos característicos do sul da Espanha nessa época do ano e assim caiu para terceiro atrás da Williams de Nigel Mansell e da McLaren de Alain Prost, o líder da prova. Perguntado sobre esse momento, o brasileiro respondeuː "Eu errei, provavelmente foi a largada que eu mais errei este ano".[13] Por outro lado, surgiu a interpretação segundo a qual Prost queimou a largada ao sair da inércia antes da luz verde.[14] Naquela época a fiscalização das largadas era presencial e tinha mais peso em comparação ao ângulo das imagens de TV. Para os adeptos deste raciocínio, a punição deveria ser aplicada conforme o regulamento da época, acrescendo-se um minuto ao tempo do vencedor no final da corrida, mas a direção de prova considerou normal a largada e não houve punição.[2]
Durante trinta e oito voltas o trio Prost, Mansell e Senna comandou as ações em Jerez, contudo alguns giros antes Ivan Capelli superou Riccardo Patrese na luta pelo quarto posto e graças ao bom rendimento da March, o italiano tomou o terceiro lugar de Ayrton Senna, permanecendo na frente do piloto da McLaren entre as voltas trinta e nove e quarenta e cinco.[14][15] A quebra do motor Judd, entretanto, deixou Capelli pelo caminho devolvendo a terceira posição a Senna, cujo rendimento ruim do carro o deixou ao alcance da Benetton de Alessandro Nanini calçada com pneus novos. Mais adiante, Nigel Mansell chegou a dois segundos de Alain Prost, que acelerou e distanciou-se do piloto britânico.[14] Ao trocar os pneus na volta quarenta e sete, o "leão" perdeu tempo graças a uma porca emperrada e três giros mais tarde, foi Prost quem demorou no pit stop ao selecionar a marcha errada na hora de voltar à pista. A partir de então, Prost, Mansell e Nanini mantiveram suas posições até o fim da prova.[16]
Com o computador de bordo indicando, mais uma vez, um consumo de combustível acima do esperado, Senna refreou o ímpeto restando-lhe fazer mais uma parada nos boxes, quase ao mesmo tempo que Prost, frise-se. Entretanto, o brasileiro voltou ao asfalto fora da zona de pontuação.[14] Premido pelas circunstâncias, ele utilizou o combustível que poupara e acelerou o que pôde superando Gerhard Berger, Maurício Gugelmin e Riccardo Patrese. Como o italiano da Williams não trocara os pneus, foi alcançado por Senna na volta sessenta e cinco e assim o brasileiro chegou ao quarto posto,[2][17] cruzando a linha de chegada quase sem gasolina,[18] mas na frente de Riccardo Patrese, da Williams, e Gerhard Berger, da Ferrari.[16]
Partícipe do Grande Prêmio da Espanha há cinco edições, Alain Prost tem um excelente histórico em Jerez onde chegou em terceiro lugar em 1986, segundo em 1987 e agora vencedor em 1988.[19] Com o triunfo de agora, o francês mantém cinco pontos de vantagem na liderança do campeonato com 84 pontos contra os 79 acumulados por Ayrton Senna.[nota 1] Em segundo lugar, Nigel Mansell foi festejado pela Williams (igualando os números de Prost em solo espanhol), mas nada igualou-se à alegria de Alessandro Nannini ao ver o pai aplaudindo seu feito, surpreendendo o piloto da Benetton.
Mesmo vencendo a corrida, o clima na McLaren não era totalmente festivo, afinal as queixas de Ayrton Senna quanto ao desempenho de seu carro demandaram uma reunião onde o semblante do piloto demonstrava irritação.[20] Senna rechaçou, inclusive, a hipótese de que o seu estilo de pilotagem consumiria mais combustível e seria a causa de seu mau desempenho na Península Ibérica, citando o seu retrospecto nas corridas anteriores. Cientes do potencial explosivo contido nesses rumores, Ron Dennis, Creighton Brown e Osamu Goto trataram de dissipá-los da melhor forma possível. "Agora, com apenas duas corridas para o fim do campeonato, a Honda estará pronta para dar a nossos pilotos uma igual oportunidade de vitória",[21] afirmou o dirigente da montadora nipônica. Sempre medindo as palavras para não melindrar a equipe ou legitimar qualquer especulação, Ayrton Senna respondia às perguntas da imprensa quando ouviu em silêncio e com ar de tristeza a afirmação de um jornalista para quem a "marmelada" contra o piloto foi evidente.[20]
Classificação
Pré-classificação
Pos. | N.º | Piloto | Construtor | Tempo | Dif. |
---|---|---|---|---|---|
1 | 36 | Predefinição:Country data ITA Alex Caffi | Dallara-Ford | 1:28.378 | — |
2 | 21 | Predefinição:Country data ITA Nicola Larini | Osella | 1:29.293 | + 0.915 |
3 | 32 | Predefinição:Country data ARG Oscar Larrauri | EuroBrun-Ford | 1:30.003 | + 1.625 |
4 | 33 | Predefinição:Country data ITA Stefano Modena | EuroBrun-Ford | 1:30.419 | + 2.041 |
DNPQ | 31 | Predefinição:Country data ITA Gabriele Tarquini | Coloni-Ford | 1:30.459 | + 2.081 |
Treinos classificatórios
- Nota: Cassaram o tempo de Boutsen no Q1 por irregularidades no tamanho de seus aerofólios dianteiros.
Corrida
Tabela do campeonato após a corrida
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Referências
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