Região Metropolitana de Belém | |
Localização da Região Metropolitana de Belém | |
Unidade federativa | Pará |
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Lei | Lei Complementar Federal nº14 de 1973 |
Data da criação | Lei de criação: 1973 Primeira alteração: 1995 Segunda alteração: 2010 Terceira alteração: 2011 |
Número de municípios | 7 |
Cidade-sede | Belém |
Características geográficas | |
Área | 3 565,783 km²[1] |
População | 2 505 242 hab. (14º) Estimativa populacional IBGE/2019 |
Densidade | 702,58 hab./km² |
IDH | 0,748 (18º) – Predefinição:Alto (IDHM) PNUD/2017[2] |
PIB | R$ #REDIRECIONAMENTO Predefinição:Aumento42 229 941 mil IBGE/2015[3] |
PIB per capita | R$ 17 577,96 IBGE/2015[3] |
Região Metropolitana de Belém (RMB), também conhecida como Grande Belém,[4] reúne sete municípios do estado do Pará em relativo processo de conurbação (integrados socioeconomicamente). Refere-se à extensão da capital paraense, formando com seus municípios lindeiros (ou próximos) uma mancha urbana contínua.
Foi instituída pela Lei Complementar Federal em 1973, alterada em 1995, 2010 e 2011, sua população é de 2 505 242 habitantes, segundo a estimativa populacional de 2019 do IBGE, sendo a segunda região metropolitana mais populosa da Região Norte do Brasil.[5]
A RMB é formada pelos municípios de Ananindeua, Belém, Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel do Pará [6][7] Em 2013, adentrou a listas das 16 regiões brasileiras com alto Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), baseado nos Censos Demográficos entre 2000 e 2010, do IBGE.[8][9]
Em 2011, a RMB concentrava aproximadamente 40% da riqueza e 35% da população de todo o estado do Pará, em pouco mais de 2% de território. Este peso demográfico e econômico no estado do Pará pôde ser sentido durante o plebiscito sobre a divisão do estado.[10]. Embora seja um peso importante na composição econômica e demográfico do estado, está distante de perfis de concentração[11] como os visualizados na Região Metropolitana de Manaus (RMM), maior região metropolitana do Norte do Brasil.
História
1973 - O Governo Federal, por meio da Lei Complementar nº 14 de 1973, instituiu a Região Metropolitana de Belém, em conjunto com outras sete RM's no território nacional (Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo) . As regiões metropolitanas instituídas tinham a finalidade de realizar o serviços considerados de interesse metropolitano: planejamento integrado do desenvolvimento econômico e social, saneamento básico (água, esgoto, limpeza pública), uso do solo, transportes e sistema viário, gás canalizado, aproveitamento de recursos hídricos e controle da poluição ambiental. A Região Metropolitana de Belém foi a única RM da região Norte do País e foi formada originalmente por dois municípios: Belém e Ananindeua.
1989 - Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a responsabilidade de instituir regiões metropolitanas passa a ser dos estados federados. No caso do estado do Pará, por meio da Constituição Estadual de 1989, abre-se a possibilidade de se instituir regiões metropolitanas no estado, com o artigo 50 da Constituição Estadual, que trata da organização regional do Estado[12].
1995 - O Governo do Estado do Pará institui uma nova configuração para a Região Metropolitana de Belém, por meio da Lei Complementar 27, de 1995, dessa vez com cinco municípios. Passam a compor a RMB, além de Belém e Ananindeua, os municípios de Benevides, Marituba e Santa Bárbara do Pará.
2009 - O município de Santa Izabel do Pará passa a fazer parte da Região Metropolitana de Belém, após a aprovação na Assembleia Legislativa Estadual, por meio da Lei Complementar 72, de 2009.
2011 - O município de Castanhal passa a fazer parte da Região Metropolitana de Belém, por meio da Lei Complementar 76, de 2011.
Características dos municípios
Belém como município-sede, apresenta uma grande concentração de indústrias, bancos, pontos comerciais, serviços e órgãos públicos que servem à toda região. Com aproximadamente 1,5 milhão de habitantes, a capital paraense é a segunda mais populosa da Amazônia e uma das mais importantes do país.[13] Sua economia urbana é baseada em serviços e administração pública, além de uma pequena participação do setor de indústria de transformação e construção civil[14]. A agricultura e o extrativismo são apenas residuais.[carece de fontes]
Ananindeua, o segundo mais populoso município da RMB, apresentou um grande crescimento nos últimos trinta anos, tornando-se, hoje, o quarto mais populoso município da Amazônia brasileira e o 41º do Brasil.[15] Segundo estimativas do IBGE em 2020, o município contava com 535.547 habitantes. O crescimento do município é expressão da expansão da área urbana de Belém para além dos limites municipais e consolidou-se, por um lado com a construção de grandes áreas de habitação planejada pelo Estado, como por exemplo o conjunto habitacional Cidade Nova, a partir de um projeto federal de habitacional na década de 1970, que desponta como uma boa alternativa na metrópole paraense.[16]. Por outro lado, o crescimento também se deu com a expansão de significativas áreas de ocupação habitacional "espontânea", em geral pouco dotadas de infraestrutura urbana e social.[carece de fontes]
Marituba é outro município da RMB que apresenta crescimento acelerado, ultrapassou a marca de cem mil habitantes, e destaca-se pelas suas boas redes de serviços rodoviários e centros de distribuição. Em 2014, o IBGE estimou a população da cidade em 120.305 habitantes (crescimento de 11,1% em relação a 2010), sendo o nono maior município do Pará em população.[17]
Benevides, com mais de 60 mil habitantes, desponta como excelente alternativa para indústrias e centros logísticos na BR-316, estando em construção o maior terminal de cargas rodoviárias da Amazônia. Merece destaque também o distrito de Benfica, famoso pelos seus sítios, igarapés e pela produção de flores.[18]
Santa Bárbara, com pouco mais de 20 mil habitantes, é um grande produtor de hortaliças e outros produtos agrícolas que abastecem a RMB. Localiza-se na PA-391, a meio caminho do distrito de Mosqueiro.[18]
Santa Izabel do Pará, localizada 36 quilômetros de Belém, integrou-se a região metropolitana em 2010. Apresenta relativo fluxo de pessoas e mercadorias com os outros municípios da Grande Belém. Destaca-se pelas indústrias e centros de distribuição às margens da BR-316.[19]
Castanhal, com mais de 200 mil habitantes, é o terceiro município mais populoso da RMB, localiza-se a 68 quilômetros de Belém, está entre as cinco principais cidades do Estado e figura como uma espécie de metrópole da região Nordeste do Pará. e foi incorporado a RMB em 2011, via LCE 076/2011. É uma cidade em crescimento, sediando um polo industrial razoável às margens da rodovia BR-316, principalmente para os ramos de alimentos e de pré-moldados.[20]
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da RMB é 0,729, em 2013, baseado nos Censos Demográficos entre 2000 e 2010, do IBGE - Nesse período, o índice da RMB passou de 0,621 para 0,729, superando o atual IDHM nacional: 0,727 (avanço relativo de 17,4%, o terceiro mais expressivo dentre as regiões metropolitanas) atrás, apenas das evoluções da RM de Fortaleza e de São Luís - O município está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM acima de 0,700).[8][9] Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,230), seguida por Longevidade e por Renda. Entre 1991 e 2000, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,167), seguida por Renda e por Longevidade.[carece de fontes]
Apesar dessa elevação nos índices de desenvolvimento na última década, a Região Metropolitana de Belém apresenta um conjunto de deficiências estruturais de natureza socioeconômica e socioambiental em áreas como habitação e saneamento básico (acesso a água tratada e tratamento de esgoto)[21]. Essas deficiências se apresentam de forma bastante desigual entre as áreas centrais da metrópole e sua área de expansão e periféricas. Quanto ao abastecimento de água por rede geral, por exemplo, enquanto em Belém 65,9% dos domicílios contam com essa condição, o município de Ananindeua, apresenta apenas 34,2%. Em Benevides essa proporção é um pouco maior, de 47,4% e em Marituba apenas 15,4% dos domicílios. Em termos de escoamento sanitário, ou seja, domicílios com esgotamento ligado à rede geral ou à fossa séptica, Belém apresenta 76,1% do numero de domicílios, enquanto Ananindeua 79,9%. Esses percentuais caem um pouco nos municípios mais afastados, como Benevides 60% e Santa Bárbara do Pará, 68%, em virtude da maior área rural dos mesmo. Embora seja notável uma evolução nesses índices, ela segue a tendência geral brasileira de ser bastante lenta em relação as demandas da população.
O componente habitacional é também um forte elemento de desigualdade na Região Metropolitana de Belém, pois segundo as estimativas levantadas pela Companhia de Habitação do Estado do Pará[22] (Cohab/PA), até o final da década de 1990, o déficit total era de 1.430.000 unidades (890.000, déficit quantitativo, e 540.000, déficit qualitativo); sendo os maiores nos município de Belém (170.000 unidades , sendo 115.000, déficit quantitativo e 55.000, déficit qualitativo) e Ananindeua (31.000 unidades, com 20.000 de déficit quantitativo, e 11.000, déficit qualitativo). Não a toa nesses municípios foram efetivados os maiores programas de habitação e também estão localizadas grandes áreas de assentamentos sub-normais.
Estatísticas
Município | Legislação | Área (km²)[1] | População (2020)[23] |
PIB em mil R$ (2015)[24] |
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Ananindeua | LCF 14/1973 | 190,451 | 535.547 | 6.236.495 | |||
Belém | LCF 14/1973 | 1.059,458 | 1.499.641 | 29.280.972 | |||
Benevides | LCE 027/1995 | 187,826 | 63.768 | 1.204.062 | |||
Castanhal | LCE 076/2011 | 1.028,889 | 203.251 | 3.166.660 | |||
Marituba | LCE 027/1995 | 103,343 | 133.685 | 1.600.819 | |||
Santa Bárbara do Pará | LCE 027/1995 | 278,154 | 21.449 | 129.470 | |||
Santa Izabel do Pará | LCE 072/2010 | 717,662 | 71.837 | 611.460 | |||
Total | 3.565,783 | 2.529.178 | 42.229.941 |
Economia Metropolitana
Há predomínio bastante visível do setor terciário na economia da Região Metropolitana de Belém, que de maneira geral é reflexo de um fenômeno que vem se consolidando pelo menos desde a metade da década de 1970, quando teve início uma redução sistemática na participação da indústria no Produto Interno Bruto da RMB, como reflexo da integração da Região Norte à economia brasileira. Em período mais recente, particularmente nos anos 1990, esse fenômeno também reflete o processo de abertura financeira e comercial do país e de mudança de rumo das políticas de incentivo fiscal para a industrialização regional. Esse predomínio do terciário superior pode ser observado na composição geral das atividades econômicas, com a presença significativa de empresas privadas de porte regional e mesmo nacional, como nos casos dos Grupos Líder e Y. Yamada, no setor de supermercados e lojas de departamento, atuando no varejo e no atacado. Além dos empreendimentos privados do terciário, a economia metropolitana é fortemente dependente dos gastos do Estado, tanto a partir de políticas sociais de expansão da infraestrutura logística, social e urbana, quanto por meio de políticas redistributivas. No período mais recente, considerando os dados entre 2006 a 2014, houve uma dinâmica de expansão econômica seguida de uma forte desaceleração para o período de 2014 a 2016. No caso da RMB, o crescimento do PIB no primeiro período (2,70% a.a.) foi acompanhado de uma retração no período seguinte (-3,63%), fortemente influenciada pela Indústria, que retraiu fortemente entre 2014 e 2016 na RMB (-10,71% a.a)[25]. O período de expansão se consolidou uma infraestrutura logística importante para que a RMB se viabilizasse como um polo de circulação de bens e mercadorias na Região Norte.
Políticas de Planejamento e Gestão
Ver também
- Delta do Amazonas
- Lista de regiões metropolitanas do Brasil por população
- Lista de regiões geográficas intermediárias e imediatas do Pará
Referências
- ↑ 1,0 1,1 IBGE (29 de junho de 2018). «Área territorial oficial». Resolução Nº 01, de 28 de junho de 2018. Consultado em 26 de agosto de 2018
- ↑ «Radar IDHM: evolução do IDHM e de seus índices componentes no período de 2012 a 2017» (PDF). Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 2019. Consultado em 29 de abril de 2021
- ↑ 3,0 3,1 «Produto Interno Bruto dos Municípios 2010 - 2015». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 23 de agosto de 2018
- ↑ do Vale , Ricci e Oliveira, Maria Suely Margalho, Fabio e Edson Aparecida. «Grande Belém: Região Metropolitana e Cidades Sustentáveis» (PDF). XV Encontro Latino Americano de Iniciação Científica – Universidade do Vale do Paraíba. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ IBGE. «Tabelas e gráficos especiais - Estimativas 2019». Sala de Imprensa. Consultado em 1 de setembro de 2018
- ↑ Lei Complementar Estadual n.º 27/1995 - JusBrasil
- ↑ [1] - Lei Complementar Estadual n.º 76/2011
- ↑ 8,0 8,1 «Regiões metropolitanas avançam no desenvolvimento humano e reduzem disparidades». Atlas de Desenvolvimento Humano no brasil. 25 de novembro de 2013. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ 9,0 9,1 Thiago Vilarins (26 de novembro de 2014). «IDH sobe na Grande Belém». ORM News. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ «'Sim' vence em cidades que seriam capitais de Tapajós e Carajás». Portal G1
- ↑ Santos, Tiago Veloso dos (dezembro de 2017). «Metropolização e diferenciações regionais: estruturas intraurbanas e dinâmicas metropolitanas em Belém e Manaus». Cadernos Metrópole (40): 865–890. ISSN 2236-9996. doi:10.1590/2236-9996.2017-4008. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ SANTOS, Tiago Veloso dos (2020). Fronteiras de papel: os planos diretores da Belém metropolitana. Curitiba: APPRIS. p. 20. ISBN 9786555231069
- ↑ «Nota Técnica - Estimativas da população dos municípios brasileiros com data de referência em 1 de julho de 2014» (PDF). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 1 de julho de 2014. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ Santos, Tiago Veloso dos (11 de fevereiro de 2021). «Ajuste espacial e urbanização desigual: involução industrial e metropolização terciária em Belém». Confins. Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia (em français) (49). ISSN 1958-9212. doi:10.4000/confins.35423. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ «Municípios do Pará em Destaque - Ananindeua». Portal Paramazonia. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ Editorial Programa "É do Pará" (4 de janeiro de 2014). «Conheça a história de Ananindeua, que completa 70 anos de fundação». Programa "É do Pará" - "Rede Globo". Consultado em 1 de janeiro de 2016
- ↑ «Marituba Pará - Caracterização do Território». Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ 18,0 18,1 da Saúde e Mundial, Ministério e Banco (20 de janeiro de 2012). «Proposta do subprojeto QualiSUS – Rede parar a Região Metropolitana de Belém» (PDF). Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ IBGE. «Santa Isabel do Pará - Pará». Portal Cidades do Meu Brasil. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Castanhal. «Sobre Castanhal». Prefeitura de Castanhal. Consultado em 1 de fevereiro de 2016
- ↑ «Painel de saneamento». Painel de Saneamento Brasil. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ COHAB. «Companhia de Habitação do Estado do Pará». http://www.cohab.pa.gov.br/. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (27 de agosto de 2020). «IBGE estima população do país em 211,8 milhões de habitantes». Consultado em 13 de março de 2021
- ↑ «Produto Interno Bruto dos Municípios 2015». IBGE. 15 de novembro de 2017. Consultado em 23 de agosto de 2018
- ↑ RIBEIRO, Marcelo Gomes; CLEMENTINO, Maria do Livramento Mirando (2020). Economia metropolitana e desenvolvimento regional: do experimento desenvolvimentista à inflexão ultraliberal. Rio de Janeiro: Letra Capital. pp. 21–75