As eleições federais na Alemanha foram realizadas a 18 de Setembro de 2005 e, serviram para eleger 614 deputados para o Bundestag.[1]
Contexto político
Após a reeleição em 2002, o governo SPD-B'90/GRÜ, após anos de dificuldades económicos e altas taxas de desemprego, decidiu embarcar num programa económico que iria alterar, profundamente, o Estado social alemão e iria flexibilizar as leis laborais. Este programa, conhecido por "Hartz IV", estava inserido na "Agenda 2010", que pretendia fazer modificações profundas a nível económico e social, para dar a volta a anos de dificuldades.[2] O "Hartz IV" teve efeitos sociais profundos, levando a inúmeras manifestações e greves, em especial na antiga RDA, e, também, teve impactos profundos no SPD, com muitos dos seus membros e simpatizantes, a acusarem o partido de embarcar num programa económico neoliberal que contrariava os princípios social-democratas e de centro-esquerda historicamente ligados ao partidos.[3]
O SPD foi obtendo resultados, a partir de 2003, desastrosos, refletindo a impopularidade do seu programa económico, atingindo o seu ponto mais baixo em 2004, quando obteve o seu pior resultado em eleições, ao ficar-se pelos 21,5% nas eleições europeias.[4]
Após a derrota nas regionais de Renânia do Norte-Vestfália em 2005 para a CDU, região governada pelo SPD desde 1966,[5] Gerhard Schröder, decidiu pedir a dissolução do parlamento e convocação de eleições antecipadas.[6]
Análise dos resultados
Os resultados eleitorais foram surpreendentes. Apesar de, inicialmente, nas sondagens, terem grande vantagem, com as sondagens a darem entre 41% a 43%, os partidos irmãos de centro-direita, União Democrata-Cristã e União Social-Cristã não só não beneficiaram da impopularidade do governo de Schröder, como perdeu votos, baixando dos 38,5% e 248 deputados de 2002 para 35,2% dos votos e 226 deputados, um resultado frustrante para CDU/CSU que esperavam uma vitória clara.[7] A baixa popularidade da candidata de CDU/CSU, Angela Merkel e os inúmeros erros cometidos durante a campanha, em muito, explicam o mau resultado de CDU/CSU.[7]
Por outro lado, o Partido Social-Democrata, apesar de ter perdido votos, como era expectável, conquistou 34,2% e e 229 deputados, ficando a, apenas, 1,0% de CDU/CSU.[7] Apesar das sondagens iniciais preverem um péssimo resultado do SPD, entre os 23% e os 28%, a relativa popularidade de Gerhard Schröder e a forte campanha eleitoral dos social-democratas explicam a capacidade, surpreendente, do SPD em manter uma forte base eleitoral.[7]
O Partido Democrático Liberal obteve o seu melhor resultado desde 1990, conquistando 9,8% dos votos e 61 deputados. Apesar deste bom resultados dos liberais, o FDP não conseguiu objetivo de voltar a entrar num governo federal, muito por culpa dos maus resultados de CDU/CSU, seus parceiros naturais.[7]
A Aliança 90/Os Verdes perdeu votos e deputados, passando dos 8,6% e 55 deputados de 2002 para 8,1% e 51 deputados. O desgaste de governo e a impopularidade do programa económico, tal como os parceiros de governo do SPD, também prejudicaram eleitoralmente.[7]
Por fim, A Esquerda, coligação entre o Partido do Socialismo Democrático e a Alternativa Eleitoral para o Trabalho e a Justiça Social, partido fundado pela ala opositora do SPD ao programa "Hartz IV", foi o grande vencedor das eleições, passando dos 4,0% e 2 deputados do PDS em 2002 para 8,7% dos votos e 52 deputados.[7] O sucesso da coligação PDS-WASG justifica-se pela forte conquista de votantes desiludidos do SPD e, também, pela forte base de apoio na antiga RDA.[7]
Após as eleições, e depois de semanas de incertezas, CDU/CSU e SPD chegaram a um acordo de governo e, pela sua segunda vez na história, foi formado um governo de "Grande Coligação", com Angela Merkel como chanceler.[8]
Resultados Oficiais
Método Proporcional (Lista)
Método Uninominal (Distrito)
Total de Deputados
Resultados por Estado Federal
A tabela de resultados apresentada refere-se aos votos obtidos na lista de partido e, apenas, refere-se a partidos com mais de 1,0% dos votos:
Estado | % | D | % | D | % | D | % | D | % | D | % | D | Votantes |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
CDU
CSU |
SPD | FDP | LINKE | GRÜ | NPD | ||||||||
Baden-Württemberg | 39,2 | 33 | 30,1 | 23 | 11,9 | 9 | 3,8 | 3 | 10,7 | 8 | 1,1 | - | 5 923 917 |
Baixa Saxônia | 33,6 | 21 | 43,2 | 27 | 8,9 | 6 | 4,3 | 3 | 7,4 | 5 | 1,3 | - | 4 828 902 |
Baviera | 49,3 | 46 | 25,5 | 24 | 9,5 | 9 | 3,5 | 3 | 7,9 | 7 | 1,3 | - | 7 181 842 |
Berlim | 22,0 | 5 | 34,4 | 8 | 8,2 | 2 | 16,4 | 4 | 13,7 | 3 | 1,6 | - | 1 887 397 |
Brandemburgo | 20,6 | 4 | 35,8 | 10 | 6,9 | 1 | 26,6 | 5 | 5,1 | 1 | 3,2 | - | 1 594 983 |
Bremen | 22,8 | 1 | 42,9 | 2 | 8,1 | - | 8,5 | - | 14,3 | 1 | 1,5 | - | 367 282 |
Hamburgo | 28,9 | 4 | 38,8 | 6 | 9,0 | 1 | 6,3 | 1 | 14,9 | 2 | 1,0 | - | 954 153 |
Hesse | 33,7 | 15 | 35,7 | 16 | 11,7 | 5 | 5,3 | 2 | 10,1 | 5 | 1,2 | - | 3 437 326 |
Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental | 29,6 | 4 | 31,8 | 4 | 6,3 | 1 | 23,7 | 3 | 4,0 | 1 | 3,5 | - | 1 010 887 |
Renânia do Norte-Vestfália | 34,4 | 46 | 40,0 | 54 | 10,0 | 13 | 5,2 | 7 | 7,6 | 10 | 0,8 | - | 10 385 230 |
Renânia-Palatinado | 36,9 | 12 | 34,6 | 11 | 11,7 | 4 | 5,6 | 2 | 7,3 | 2 | 1,3 | - | 2 427 981 |
Sarre | 30,2 | 3 | 33,3 | 4 | 7,5 | 1 | 18,5 | 2 | 5,9 | - | 1,8 | - | 650 089 |
Saxônia | 30,0 | 14 | 24,5 | 8 | 10,2 | 4 | 22,8 | 8 | 4,8 | 2 | 4,8 | - | 2 695 532 |
Saxônia-Anhalt | 24,7 | 5 | 32,7 | 10 | 8,1 | 2 | 26,6 | 5 | 4,1 | 1 | 2,6 | - | 1 481 671 |
Schleswig-Holstein | 36,4 | 8 | 38,2 | 9 | 10,1 | 2 | 4,6 | 1 | 8,4 | 2 | 1,0 | - | 1 739 113 |
Turíngia | 25,7 | 5 | 29,8 | 6 | 7,9 | 1 | 26,1 | 5 | 4,8 | 1 | 3,7 | - | 1 477 829 |
Alemanha | 35,2 | 226 | 34,2 | 222 | 9,8 | 61 | 8,7 | 54 | 8,1 | 51 | 1,6 | - | 48 044 134 |
Baden-Württemberg
Baixa Saxônia
Baviera
Berlim
Brandemburgo
Bremen
Hamburgo
Hesse
Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental
Renânia do Norte-Vestfália
Renânia-Palatinado
Sarre
Saxônia
Saxônia-Anhalt
Schleswig-Holstein
Turíngia
Ver também
Referências
- ↑ «Bundestagswahl 18.09.2005». www.bundeswahlleiter.de. Consultado em 18 de março de 2016. Arquivado do original em 22 de dezembro de 2015
- ↑ «Hartz and minds». The Economist. ISSN 0013-0613
- ↑ «Was schlägt die WASG vor im Kampf gegen Hartz?». sozialismus.info. Consultado em 18 de março de 2016
- ↑ «Der Bundeswahlleiter». www.bundeswahlleiter.de. Consultado em 18 de março de 2016. Arquivado do original em 3 de abril de 2016
- ↑ «NRW-Wahl: SPD abgewählt, CDU triumphiert». SPIEGEL ONLINE. Consultado em 18 de março de 2016
- ↑ «Politisches Beben: Schröder will Neuwahlen». SPIEGEL ONLINE. Consultado em 18 de março de 2016
- ↑ 7,0 7,1 7,2 7,3 7,4 7,5 7,6 7,7 «Serie Bundestagswahlen: 2005: Turbulenter Sommer - - - Tagesspiegel». www.tagesspiegel.de. Consultado em 18 de março de 2016
- ↑ «Kalender: 22. November 2005, Geschichte der CDU, Konrad-Adenauer-Stiftung». Konrad-Adenauer-Stiftung. Consultado em 18 de março de 2016
- ↑ 9,0 9,1 9,2 «Bundestagswahl 18.09.2005». www.bundeswahlleiter.de. Consultado em 23 de outubro de 2015. Arquivado do original em 7 de setembro de 2015