O design de jogos, ou desenho de jogos, ou Projetamento de jogos, é uma extensão da prática do design cujo foco é a criação de jogos[1], sejam eles digitais ou não.
O profissional da área de design pode atuar em todas as etapas da produção dos jogos, desde o desenvolvimento da temática ou roteiro,[1] produção da arte conceitual (esboços e rascunhos da história e personagens), modelagem 3D e chegando até a programação, no caso de jogos digitais.[2]
História
Jogos vêm sendo criado desde antes da formação da cultura, já que encontramos jogos entre os animais[3]. Os jogos que jogamos hoje em dia, porém, podem ser divididos entre aqueles que foram criados em algum momento perdido da história e foram evoluindo, como a família de jogos africanos que são variações de Mancala, ou mesmo sendo esquecidos e recuperados, como Senet, e não sabemos exatamente como foram criados, como jogos que foram criados de forma específica por um autor ou empresa, como Monopoly e os jogos digitais.
Criar jogos, mesmo os não digitais, porém, era uma atividade pouco estudada antes do aparecimento dos jogos digitais, não havendo uma carreira reconhecida de designer de jogos. Com o aparecimento da indústria de video games, hoje a maior indústria de entretenimento no mundo[4][5], em torno de 1978 e 1984, o design de jogos se tornou paulatinamente uma profissão estabelecida[6], e com o conhecimento acumulado, publicações e mais recentemente a criação de cursos específicos, o design de jogos hoje é uma carreira promissora[7].
O desenho de jogos tende à multidisciplinaridade, uma vez que a construção de jogos requer subsídios de diversas áreas técnicas, como a programação, sonoplastia, computação gráfica e outros. Nele, engloba-se o game design (responsável pela concepção, criação e coordenação de todo o jogo), game art (responsável por toda criação de arte, design e efeitos visuais), game sound (responsável pela criação de sons e efeitos sonoros) e game programming (responsável pela implementação do jogos, das regras, da jogabilidade).
A preocupação fundamental do designer de jogos é agregar os conceitos de interatividade com o planeamento da interface e entretenimento, garantindo a experiência desejada do usuário final. No início da história dos jogos eletrônicos, os designers de jogos eram muitas vezes o programador principal ou o único programador para um jogo. Este é o caso de designers famosos como Sid Meier e Will Wright. Esta pessoa às vezes também incorporava todo o time de arte. Enquanto os jogos ficavam mais complexos e os computadores e consoles ficavam mais poderosos (permitindo mais características), o trabalho de designer de jogos tornou-se uma função separada, com o programador principal dividindo seu tempo entre as duas funções, indo de um papel para o outro.[8][9]
Mais tarde, a complexidade dos jogos subiu ao ponto onde começou a precisar de alguém que se concentrasse inteiramente no design do jogo. Muitos veteranos escolheram o design de jogos para não precisar programar e passar estas funções para os outros.[9][10]
Hoje em dia, é raro encontrar um jogo eletrônico onde o programador principal também é o designer principal, exceto em casos de jogos relativamente simples, como Tetris ou Bejeweled. Com muitos jogos complexos, como MMORPGs, os designers podem chegar a dezenas! Nestes casos, há geralmente um ou dois designers principais e vários programadores, com diferentes níveis de experiência, que especificam subsistemas ou subconfigurações do jogo.
Teoria do Design de Jogos
Nos últimos anos, devido ao crescimento da indústria, muitos profissionais e pesquisadores têm buscado criar uma teoria de design de jogos. Will Wright[11], por exemplo, defende a necessidade de ferramentas de modelagem que permitam pensar o jogo de alguma forma, do mesmo jeito que arquitetos e engenheiros tem suas próprias ferramentas.
Alguns autores também propõem frameworks que permitem uma melhor compreensão dos elementos que compõe um jogo, auxiliando o designer na criação. Provavelmente os mais conhecidos são a Tétrade Elementar de J. Schell, que propõe entender um jogo pela suas Estética, Mecânica, Tecnologia e História[12], e Hunicke, LeBlanc e Zubek, que propõem o Framework MDA, de Mecânica, Dinâmica e Estética[13]. É importante frisar que esses trabalhos não tem a mesma compreensão dos termos Mecânica e Estética. Variações sobre esses dois modelos, ou unificações desses dois modelos, são comuns.
Devido a característica multidisciplinar, indicada, por exemplo, pela Tétrade Elementar, a teoria de design de jogos é influenciada por várias áreas, como a Computação[14], a Narrativa[15], a Arte, o Design e outras. Com o aparecimento dos jogos em celulares e smartphone, com alto potencial de lucro, ganharam força teorias ligadas ao Marketing e a Psicologia[16], para atrair mais usuários.
Processos de Desenvolvimento de Jogos Digitais
O processo de desenvolvimento de jogos digitais é complexo e multidisciplinar, pois mistura as necessidades do desenvolvimento do jogo propriamente dito com as de desenvolvimento de software, devendo seguir as melhores práticas de Engenharia de Software.
Vários autores propõem diferentes processos de desenvolvimento de jogos digitais[17][14][18][12], porém todos concordam que é necessário partir de um conceito de jogo e seguir um processo altamente iterativo, pois é necessário entender como o jogo funciona quando jogado desde muito cedo.
Práticas comuns do design de jogos incluem a criação de um Game Design Document, ou a Bíblia do Jogo, o uso de protótipos[19], inclusive de papel e de baixa fidelidade, preocupação extreme com os testes e metodologias ágeis como Scrum.
Designers notáveis
Designers de jogos eletrônicos
- Akira Toriyama e Hironobu Sakaguchi em Chrono trigger.
- Brian Reynolds, Civilization II, Sid Meier's Alpha Centauri e Rise of Natins
- Chris Crawford
- Danielle Bunten Berry, de M.U.L.E. e Seven Cities of Gold
- David Cage, de Heavy Rain, Beyond: Two Souls e Detroit: Become Human
- Goichi Suda de Killer 7
- Hideo Kojima da série Metal Gear Solid
- Hironobu Sakaguchi da popular série Final Fantasy
- Hamilton Dadvans da série Mills - novo mundo
- Jon Freeman, designer da série de jogos Archon
- John Romero de Wolfenstein 3D, a série DOOM e Quake
- Ken Rolston, designer americano de jogos de computador e tabuleiro melhor conhecido pelo seu trabalho na West End Games e a série de jogos de computador de sucesso The Elder Scrolls.
- Leslie Benzies, designer escocês da franquia Grand Theft Auto
- Richard Garriott (Lorde britânico), desenvolvedor da série Ultima de jogos para computador
- Satoshi Tajiri criador da série Pokémon
- Shinji Mikami da famosa série de jogo de survival horror Resident Evil,Devil May Cry,Onimusha entre outros
- Sid Meier, famoso por Civilization e Railroad Tycoon
- Shigeru Miyamoto do Donkey Kong, The Legend of Zelda e da série Super Mario
- Peter Molyneux da série Populous, Black and White, Theme Park e dos 3 jogos de Fable entre outros.
- Roberta Williams, designer da série de jogos para computador King's Quest,
- Tetsuya Nomura, de Final Fantasy, Kingdon Hearts, Phantasmagoria, entre muitos outros
- Will Wright, designer de SimCity e The Sims, além de seu recente sucesso Spore
Designers de jogo de cartas colecionáveis
- Richard Garfield - por jogo de cartas colecionáveis como: Magic: The Gathering, Vampire: The Eternal Struggle, Battletech, Netrunner e jogos de tabuleiro como: Robot Rally e Grand Dalmuti
Designers de RPG
- Gary Gygax e Dave Arneson - criadores de Dungeons & Dragons
- Steve Jackson - criador da empresa de Steve Jackson Games desenvolvedora de jogos como o RPG GURPS e os Jogos de carta colecionáveis Illuminati e Munchkin.
- Ken Rolston - Antes de entrar no campo de jogo de computador, durante doze anos, Ken foi um premiado designer de jogos de RPG de Mesa. Seus créditos incluem jogos e suplementos para Paranoia, RuneQuest, Warhammer Fantasy Roleplay, AD&D, D&D.[20][21][22]
Designers de jogos de tabuleiro
- Charles Darrow - criador da versão atual do Banco Imobiliário
- Klaus Teuber - criador de Descobridores de Catan
- Mordecai Meirowitz - criador de Mastermind
- Fabiano Onça - criador de Shieldwall A Ilha de Waka Waka[2]
Designers brasileiros
- Fernando Moraes Fonseca Júnior
- Luiz Dal Monte Neto, teve cerca de 60 jogos publicados, a maioria deles nas décadas de 80 e 90.[8][9][10]
- Mário Seabra um pioneiro na criação de jogos no Brasil. Seu jogo mais conhecido é War II.[23]
- Renato Degiovani, Produtor do site TILT online.
- Sílvia Zatz
- Sérgio Halaban
- Carlos Seabra
- Fel Barros
- André Zatz
- Vince Vader
Ver também
Referências
- ↑ 1,0 1,1 Guia da Carreira. [htt://www.guiadacarreira.com.br/cursos/curso-design-de-jogos/ «Curso de Design de Jogos: Perfil do Profissional»]. Guia da Carreira. Consultado em 12 de março de 2017
- ↑ 2,0 2,1 Cham, Iana. [htt://www.http://super.abril.com.br/blog/superlistas/8-dicas-para-fazer-seu-proprio-jogo-de-tabuleiro/ «8 dicas para fazer seu próprio jogo de tabuleiro»]. Superinteressante. Consultado em 12 de março de 2017
- ↑ Huizinga, Johan (1971). Homo ludens: o jôgo como elemento da cultura. São Paulo,: Editora da Universidade de S. Paulo, Editora Perspectiva. OCLC 1302814
- ↑ House, W. D. «Mercado de games: a maior indústria do entretenimento cresce a cada ano». Diario Popular (em português). Consultado em 29 de agosto de 2022
- ↑ Sir Harold Evans (21 de janeiro de 2013). «REUTERS MAGAZINE-The do-good profit motive-Sir Harold Evans» (em inglês). Consultado em 25 de março de 2013. Arquivado do original em 11 de abril de 2013
- ↑ «Design de Games: conheça o curso, o mercado e onde estudar». Guia da Carreira (em English). 11 de janeiro de 2019. Consultado em 29 de agosto de 2022
- ↑ «An Introduction to Videogame Design History». thegamedesignforum.com. Consultado em 29 de agosto de 2022
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- ↑ 9,0 9,1 9,2 Luiz Dal Monte Neto (maio de 1992). «Um criador de problemas». Consultado em 25 de março de 2013
- ↑ 10,0 10,1 Andre Zatz (julho de 2000). «LUIZ DAL MONTE NETO». Consultado em 25 de março de 2013. Arquivado do original em 13 de maio de 2016
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