Predefinição:Estado extinto A Capitania do Rio Grande ou Capitania do Pará[1] foi uma das capitanias do Brasil durante o período colonial, administrada por João de Barros, historiador lusitano, e Aires da Cunha. Seu território situava-se entre a foz do rio Jaguaribe (a norte) e a baía da Traição (a sul), realizando divisa com a Capitania de Itamaracá. Abrangia terras do atual estado do Rio Grande do Norte, além de trechos dos atuais Ceará e Paraíba.[2]
História
A Capitania do Rio Grande constituiu o segundo lote doado a João de Barros e a Aires da Cunha. Em 1535 vieram ocupar as terras, acompanhado também por Fernão Álvares de Andrade. Tendo o empreendimento de ambos sido direcionado ao primeiro lote (a Capitania do Maranhão), devido às dificuldades ali encontradas em 1535, este segundo lote permaneceu abandonado.
Após a primeira tentativa fracassada de colonização, em 1555 houve outra sendo também mal sucedida. A presença francesa na costa da capitania, aliado aos grupos indígenas locais, dificultaram o desenvolvimento português na região.[2] Em 1597 ocorreu a terceira tentativa de colonização das terras potiguares, ordenada por D. Francisco de Souza, fidalgo lusitano então Governador Geral do Brasil, em definitivo onde em 1598 estabeleceu-se a Fortaleza dos Reis e, em 1599 seria a Cidade de Natal.[2]
Ao fim do século XVI, já no contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), para conter a ameaça dos contrabandistas franceses de pau-brasil naquele litoral, Filipe II de Espanha ordenou ao capitão Alexandre de Moura, que, com o auxílio do Capitão-mor da Capitania da Paraíba, Feliciano Coelho de Carvalho, seguissem para o Rio Grande, para estabelecer uma colônia e um forte, e dar combate aos franceses, ali associados com os potiguaras (1597).
A foz do rio Potenji foi alcançada em 25 de dezembro de 1597, pelo capitão-mor da Capitania de Pernambuco, Manuel de Mascarenhas Homem, que ali ergueu um primeiro núcleo defensivo - o embrião da Fortaleza da Barra do Rio Grande, preparando o terreno para a futura cidade do Natal. Feliciano Coelho de Carvalho uniu-se a ele em abril do ano seguinte (1598), e em junho ambos retornaram a Pernambuco, deixando os trabalhos da fortaleza e povoação nascentes a cargo de Jerônimo de Albuquerque Maranhão (1548-1618). Em 25 de dezembro de 1598 foi inaugurada a Igreja Matriz da povoação fundada a cerca de três quilômetros da barra, que passou a ser denominada povoação do Natal.
O Forte dos Reis Magos foi conquistado em 1633 e ocupado pelos neerlandeses até ao fim da invasões holandesas do Brasil (1630-1654).
Subordinada ao governo-geral do Estado do Brasil, a capitania do Rio Grande ficou subordinada à Capitania de Pernambuco a partir de 1701.
Pelo Aviso de 7 de outubro de 1807 a Coroa portuguesa solicitou ao governador do Rio Grande do Norte, tenente-coronel José Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, informações do que convinha fazer para a defesa daquela capitania. A resposta, em um detalhado memorial, acarretou na construção de diversas fortificações ligeiras, erguidas no ano seguinte (1808), concomitantes com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil no contexto da Guerra Peninsular.
Com a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves (1815), passou à categoria de província. Envolveu-se na Revolução Pernambucana (1817), instalando-se uma junta de governo provisório em Natal. Com a Proclamação da República Brasileira (1889), transformou-se em estado.
Território
Originalmente foi em área uma das maiores capitanias da América portuguesa, mas sua primeira perda territorial se deu quando a então capitania vizinha também sofreu sua grande perda territorial frente a coroa, só que nos séculos posteriores a perda seria do lado oeste via expansão pecuarista cearense. Depois de todas essas perdas de território e soberania, restou um território que corresponde a mera fração de sua área original.
Perdas Territoriais
Embora originalmente fosse das maiores capitanias do Brasil, o território do Rio Grande sofreu muitas perdas. A oeste, a capitania do Ceará ao se expandir pro sul via pecuária tomou grande área do Rio Grande do Norte. A anexação do sudeste de Itamaracá pelo nordeste pernambucano acabou se refletindo no Rio Grande do Norte., já que para compensar territorialmente a recém-criada capitania da Paraíba (ex-nordeste de Itamaracá), se retirou parte do sudeste do Rio Grande do Norte.
Síntese histórica por século
- XV: Alegada visita de Vicente Pinzon entre o Cabo de São Roque e o Cabo Branco.
- XVI: Navegadores franceses e ingleses comercializam no litoral da capitania em associação com os Potiguaras.
- XVII: Os potiguaras são cada vez mais empurrados para o Norte pelos portugueses em retaliação a suas alianças comerciais com os franceses e ingleses. Nova Amsterdã se torna uma das três principais centros da Nova Holanda.
- XVIII: O Rio Grande do Norte (antigo Siará Mirim ou Siará do Leste)[carece de fontes] assim como outras capitanias vizinhas perde a soberania para Pernambuco, mas ao contrário destas (mais populosas), só recuperaria sua soberania mais de meio século após a anexação no século XIX.
- XIX: O Rio Grande do Norte recupera sua soberania político-administrativa.
Ver também
Bibliografia
- CASCUDO, Luís da Câmara. História do Rio Grande do Norte. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura/Serviço de Documentação. 1955.
- LOPES, Fátima Martins (org.). Catálogo de Documentos Manuscritos Avulsos da Capitania do Rio Grande do Norte (1623-1823). Natal: EDUFRN, 2000.
- MEDEIROS, Tarcísio. Aspectos geopolíticos e antropológicos da História do Rio Grande do Norte. Natal: Imprensa Universitária, 1973.
Referências
- ↑ Villalta, Luiz Carlos; Antunes, Priscila Carlos Brandão. «Capitanias_Hereditarias». Projeto de Bolsas Acadêmicas Especiais (PAE). Faculdade de filosofia e ciências humanas (FAFICH UFMG). Consultado em 24 de agosto de 2017
- ↑ 2,0 2,1 2,2 MALULY, Vinicius. «Capitania do Rio Grande». Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa (BiblioAtlas). Consultado em 24 de agosto de 2017
Ligações externas
- Projeto Resgate: Catálogo de documentos manuscritos avulsos referentes à Capitania do Rio Grande do Norte existentes no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa
- Mecanismo de busca no banco de dados do Projeto Resgate
- REDIRECIONAMENTO Predefinição:Antigos estados e territórios do Brasil