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Baixada Fluminense

Vista parcial de Nova Iguaçu, a cidade mais antiga da Grande Iguaçu, e uma das mais antigas da Baixada Fluminense.[1]
Ruínas da Fazenda São Bernardino, em Iguaçu Velho, bairro onde se situava a antiga sede da Vila de Iguassú (atual município de Nova Iguaçu).

A Baixada Fluminense[2][3] é uma região geográfica do Estado do Rio de Janeiro, pertencente à Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ou Grande Rio.[4] Existem várias formas de se identificar os limites da Baixada Fluminense, sendo a menos abrangente a que inclui apenas os 8 municípios localizados no território correspondente ao antigo município de Iguaçu (região da Grande Iguaçu), e a mais abrangente aquela que considera como integrantes da região os 13 municípios remanescentes dos desmembramentos ocorridos nos antigos municípios de Itaguaí, Nova Iguaçu e Magé durante o século XX.[5]

Atualmente, a expressão "Baixada Fluminense" apresenta duas definições: Uma em sentido estrito, outra em sentido amplo. Em sentido estrito, a expressão se refere à região de natureza política, econômica e social abordada acima, definida pela sua relação com o restante da área metropolitana do Rio de Janeiro, especialmente com o núcleo metropolitano. Esta definição de "Baixada Fluminense" é a mais comum nos dias atuais. Das várias delimitações feitas dessa região, a mais abrangente engloba os municípios de Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, Queimados, Japeri, Paracambi, Seropédica e Itaguaí.[6] Com cerca de 4 milhões de habitantes, é a segunda região mais populosa do estado (atrás, apenas, do município do Rio de Janeiro), e, tal como a capital fluminense e o Leste Metropolitano, é uma das três sub-regiões em que se divide a metrópole do Rio de Janeiro.

Já em sentido amplo, a expressão se refere à geografia física do Estado, e denota toda a região de planícies localizada entre a Serra do Mar e o litoral do RJ, desde Mangaratiba até Campos dos Goytacazes. Essa região ainda é dividida em quatro setores: Baixada de Sepetiba, Baixada da Guanabara, Baixada de Araruama e Baixada dos Goytacazes.[7]

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Geografia Física

Imagem de satélite de parte da Baixada Fluminense em sentido estrito (de Queimados até Guapimirim).

A Baixada Fluminense, no sentido amplo da expressão, apresenta largura variável: é bastante estreita no trecho inicial da "Baixada de Sepetiba" (trecho que se estende do município de Mangaratiba ao bairro Coroa Grande, em Itaguaí, entre a Serra do Mar e Baía de Sepetiba), e se alarga progressivamente no sentido leste até o rio Macacu, na região da "Baixada da Guanabara", que se prolonga até os municípios de Guapimirim e Cachoeiras de Macacu. Nesse trecho, no município do Rio de Janeiro, entre a Zona Oeste (Baixada de Sepetiba), Zona Norte e Zona Sul (Baixada da Guanabara), erguem-se os maciços da Pedra Branca e da Tijuca, que atingem altitudes um pouco superiores a mil metros. Da Baía da Guanabara até Cabo Frio, ao longo do setor da "Baixada de Araruama", a Baixada Fluminense volta a estreitar-se, apresentando uma sucessão de pequenas elevações de 200 a 500 metros de altura: os chamados "maciços litorâneos fluminenses". A partir do trecho entre o distrito de Rocha Leão, em Rio das Ostras, e o bairro Imboassica, em Macaé, a Baixada Fluminense se alarga novamente pelo seu último setor, a "Baixada dos Goytacazes", alcançando suas extensões máximas no delta do rio Paraíba do Sul, na região de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, no Norte Fluminense.[7]

Geografia Humana

Localização da Baixada Fluminense (em sentido extenso) no estado do Rio de Janeiro.

Atualmente, a expressão "Baixada Fluminense" refere-se principalmente à região pela qual a malha urbana do Rio de Janeiro (então Distrito Federal) se expandiu, em grande parte, ao longo dos ramais ferroviários de subúrbio. Essa região abrange os municípios que tiveram origem nas emancipações de distritos do antigo município de Nova Iguaçu, aos quais, geralmente, se somam os municípios originados nos desmembramentos dos municípios de Itaguaí e Magé, que também se situam na área de expansão da metrópole. Neste sentido mais abrangente, a região engloba toda a área de planícies localizada entre o atual município do Rio de Janeiro e a Serra do Mar, desde Itaguaí e Paracambi, no Extremo Oeste Metropolitano, até Guapimirim, na região do Fundo da Baía de Guanabara, reunindo municípios com características socioculturais em comum, e fortemente integrados entre si e com a capital.[5]

Em sentido amplo, a Baixada Fluminense é considerada o eixo central do estado do Rio de Janeiro, abrangendo a capital estadual, parte da Costa Verde, os municípios do Extremo Oeste Metropolitano, todos os municípios do entorno da Baía de Guanabara, as Baixadas Litorâneas (incluindo os sete municípios da Região dos Lagos) e alguns municípios do Norte Fluminense. É atravessada por algumas das principais rodovias do Estado do RJ e do Brasil, como a BR-101 (que passa pela Costa Verde, Região Metropolitana, Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense, cortando, assim, toda a Baixada Fluminense), a BR-040, a BR-116 e a RJ-106. Também é atravessada, dentro da área metropolitana, pelos ramais ferroviários Santa Cruz (que tem todo o seu percurso dentro do município do Rio de Janeiro), Japeri, Belford Roxo, Saracuruna, Paracambi (cujo percurso acessa a região turística do Vale do Café), Vila Inhomirim e Guapimirim, todos operados pela concessionária de trens urbanos SuperVia; a região também já foi servida pelos ramais Niterói, Itaguaí, Mangaratiba e Campos (os dois últimos são os únicos dos ramais citados que já serviram municípios do interior do estado). Possui os portos do Rio de Janeiro, Niterói, Itaguaí, e o Porto do Forno, em Arraial do Cabo.

História

Rio Capivari, que corta os municípios de Duque de Caxias e Belford Roxo.

Por volta do ano 1000, a região foi invadida por povos Tupis procedentes da Amazônia, que expulsaram os antigos habitantes, falantes de línguas do tronco linguístico macro-jê, para o interior do continente, onde viriam a constituir os chamados Índios Puris. No século XVI, chegaram os primeiros europeus à região. Eles se depararam com a etnia tupi dos Tupinambás (também chamados Tamoios).[9]

A região teve papel histórico fundamental na formação do atual estado do Rio de Janeiro, desde a época da chegada das expedições portuguesas de Américo Vespúcio em Arraial do Cabo em 1503 (a primeira a chegar no atual território estadual) e a de Estácio de Sá no Rio de Janeiro. Essa região veio a ser ocupada pelos franceses no século XVI, formando uma região de exploração do pau-brasil desde a região da atual cidade do Rio de Janeiro até Cabo Frio. Esta cidade foi essencial para a fundação e a consolidação da cidade do Rio de Janeiro, pois era o primeiro ponto de chegada dos invasores europeus na costa do atual estado: assim que os navios corsários eram avistados, tiros de canhão eram disparados em Cabo Frio e, quando o som chegava ao Rio de Janeiro, eram avisados de que invasores estavam se aproximando. Com a vitória dos portugueses e seus aliados temiminós sobre os tupinambás e seus aliados franceses, a Baixada Fluminense foi dividida pelos portugueses em sesmarias nas quais se plantava cana-de-açúcar e se produzia açúcar, utilizando-se de mão de obra escrava.[10]

A região conheceu um certo desenvolvimento a partir do ciclo de mineração no Brasil, no século XVIII, quando foi importante corredor de escoamento do ouro de Minas Gerais. Mais tarde, já no século XIX, foi uma das primeiras regiões de plantio do café no Brasil.

Outro grande impulso econômico se deu com a criação das estradas de ferro na região, como a Estrada de Ferro Mauá (a primeira ferrovia do Brasil) em Magé e a Estrada de Ferro Dom Pedro II (atual E.F. Central do Brasil), já no Segundo Reinado (1840-1889), o que esvaziou as rotas tradicionais pelos rios e caminhos da região, mas que fez surgir novas vilas e povoados no entorno das estações, como Maxambomba (atual Nova Iguaçu), Belém (atual Japeri), dentre outras, que, hoje, formam as principais cidades dessa região. Na época, também teve grande impulso a citricultura na região.[10]

No início do século XX, a Baixada Fluminense começou a receber obras de drenagem, ainda que de forma bastante irregular, com o intuito de torná-la minimamente habitável para receber a grande leva de migrantes vindos de outros cantos do país em busca de melhores condições de vida na então capital federal, a cidade do Rio de Janeiro, bem como diminuir os graves problemas de saúde, marcadamente os surtos de malária que assolavam a região. Tal movimento, no entanto, se dá de forma menos oficial e mais "natural" do que se imagina. A grande quantidade de terrenos vazios, somados à facilidade de transporte possibilitada pelas estradas de ferro (como a EFCB com seus ramais e a Rio d'Ouro)[11] e pela inauguração de rodovias importantes como a Presidente Dutra e a Avenida Brasil, tornaram, a ocupação da região, mais intensa a partir da década de 1970, seguindo um movimento natural de migração no Brasil.

Tais movimentos migratórios, porém, são uma constante na história da região, seja por conta do movimento dos tropeiros nas estradas que ligavam o Rio e a baixada às Serras antes da inauguração da linha férrea, seja no momento pós-abolição, quando um grande número de ex-escravos e/ou seus descendentes usam a mesma linha férrea com destino ao Rio em busca de melhores oportunidades. Muitos desses migrantes acabaram se estabelecendo na Baixada ou na Zona Norte do Rio de Janeiro. [12]

Aspectos sociais e problemas

Na segunda metade do século XX, com a onda de migração proveniente sobretudo da Região nordeste do Brasil, ficou consolidada sua imagem como uma região de grandes problemas sociais e de violência urbana, que perdura até hoje. Muitos desses problemas foram resultado dessa ausência do poder público, somada à ocupação irregular da região, que acabou ficando à mercê de chefes locais e da atuação de grupos paramilitares (esquadrões da morte, milícias)

Miguel Couto, um dos principais bairros do município de Nova Iguaçu.

A região também é conhecida pelo coronelismo, ou clientelismo, praticado pelos políticos locais muitas vezes com o uso da força: nesse campo, destacou-se Tenório Cavalcante, conhecido por controlar Duque de Caxias com mãos de ferro e crueldade para com seus opositores.

Por estes problemas citados acima, seus moradores acabam enfrentando estigma quando procuram oportunidades de emprego em alguns bairros da capital estadual, uma vez que, apesar de seu parque industrial, configura-se como uma região-dormitório, o que faz com que seus moradores enfrentem horas nos engarrafamentos diários nas vias expressas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Culturalmente, por outro lado, reina a diversidade. A leva de migrantes, fossem ex-escravos do Sul Fluminense, fossem os vindos da Região nordeste do Brasil, favoreceu a manutenção e renovação de diversas festas e comemorações, como a Folia de Reis [13] e até mesmo o jongo,[14] [15] sendo esse último não tão comum na Região Metropolitana do Rio de Janeiro atualmente, com exceção do grupo de jongo da Serrinha,[16] em Madureira.

As religiões de matriz africana também são presentes e atuantes da região. Diversas terreiros de candomblé foram fundados entre as décadas de 1970 e 1980, tornando, a região, um dos polos religiosos mais ativos e dinâmicos dessas religiões. Ialorixás importantes para a religião, como Mãe Beata de Iemanjá, [17] possuem terreiros na região, principalmente em Nova Iguaçu, Mejitó Marcia de Sàkpáta, São João de Meriti Mãe Meninazinha d'Oxum e Belford Roxo. [18]

Das regiões em que costuma ser dividido o Estado do Rio de Janeiro, é a segunda mais populosa, com mais de três milhões de habitantes, só sendo superada pela capital.[19]

Divergências quanto a seus limites

Municípios que compõem a Baixada Fluminense na sua concepção mais abrangente.[5][20]

Quanto aos municípios que pertencem à Baixada Fluminense, há unanimidade em relação a Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, Queimados e Japeri (municípios da Grande Iguaçu). No entanto, alguns autores consideram, além dos 8 municípios citados, os municípios de Guapimirim, Magé, Paracambi, Seropédica e Itaguaí (originados dos desmembramentos dos antigos municípios de Magé e Itaguaí durante o século XX) como integrantes da região.[21][5]

Municípios emancipados de Nova Iguaçu
Bandeira Município Área(km²) População (est. 2016) Data da emancipação
Duque de Caxias 467,62 886.917 31 de dezembro de 1943
São João de Meriti (emancipado de Duque de Caxias) 35,216 460.541 21 de agosto de 1947
Nilópolis 19,393 158.319 21 de agosto de 1947
Belford Roxo 77,815 494.141 3 de abril de 1990
Queimados 75,695 144.525 21 de dezembro de 1990
Japeri 81,869 100.562 2 de dezembro de 1991
Mesquita 41,477 171.020 25 de setembro de 1999

Ver também

Baixada Fluminense e seus municípios

  1. http://educacao.globo.com/artigo/municipios-do-rio-de-janeiro.html
  2. Maria Aparecida de Figuerêdo. «Gênese e (Re)Produção do espaço da Baixada Fluminense». Revista geo-paisagem ( on line ) / Latindex. Consultado em 8 de maio de 2016. Cópia arquivada em 3 de abril de 2016 
  3. Lidiane Gonçalves (31 de maio de 2016). «Dia da Baixada Fluminense: a lei que "não pegou"». Site da Baixada. Consultado em 3 de junho de 2016. Cópia arquivada em 3 de junho de 2016 
  4. Igor Costa (12 de abril de 2017). «Baixada Fluminense enfrenta explosão de sífilis congênita». UOL notícias - Ciência e Saúde. Consultado em 14 de abril de 2017. Cópia arquivada em 14 de abril de 2017 
  5. 5,0 5,1 5,2 5,3 http://anpur.org.br/xviiienanpur/anaisadmin/capapdf.php?reqid=1219
  6. "RiodeJaneiro". «Baixada Fluminense». Consultado em 13 de maio de 2016. Cópia arquivada em 2 de abril de 2015 
  7. 7,0 7,1 https://journals.openedition.org/confins/18133
  8. Simpurb 13. Disponível em http://www.simpurb2013.com.br/wp-content/uploads/2013/11/GT08_Pierre.pdf. Acesso em 6 de março de 2015.
  9. BUENO, E. Brasil: uma história. 2ª edição revista. São Paulo, Ática. 2003. p. 19.
  10. 10,0 10,1 História da Baixada Fluminense. Disponível em http://baixadafacil.com.br/historia-da-baixada. Acesso em 6 de março de 2015.
  11. ver site Estações ferroviárias do Rio de Janeiro)
  12. Carlos Eduardo Coutinho Da Costa. «(Detalhe da obra >> Dissertação >>) "Campesinato negro no pós-abolição: migração, estabilização e os registros civis de nascimentos: Vale do Paraíba e Baixada Fluminense, RJ (1888-1940)"». Portal Domínio Público - Biblioteca digital desenvolvida em software livre. Consultado em 13 de maio de 2016. Cópia arquivada em 3 de março de 2016 
  13. Andressa dos Santos Leite e José Valter Pereira (Valter Filé). «O ATRAVESSAMENTO DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANA E EUROPÉIA NAS FOLIAS DE REIS DA BAIXADA FLUMINENSE» (PDF). UFBA / VI Enecult. Consultado em 13 de maio de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 4 de março de 2016 
  14. Jongos, calangos e folias - textos
  15. Jongos, calangos e folias - vídeo
  16. [1]
  17. Criola.org
  18. Lucas de Deus da Silva. «MAPEAMENTO DAS CASAS DE RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO RIO DE JANEIRO: VISIBILIDADE E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA» (PDF). PUC-Rio. Consultado em 13 de maio de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 13 de maio de 2016 
  19. Terreiros
  20. https://baixadafacil.com.br/municipios
  21. https://www.oriodejaneiro.com/baixadafluminense-htm/

Ligações externas


Jornal de grande circulação da Baixada Fluminense.

Jornal Destaque Baixada

Lodo jornal Destaque Baixada.png


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